domingo, 5 de junho de 2011

 
SUMMUM JUS
 
SUMMUM INJURIA 
 
 II

 
Com o título acima (sem o II !) foram escritos estes três primeiros parágrafos em Maio de 2007:
“Não é do tempo de Roma antiga que esta expressão veio mostrar o quanto de injusto é o excesso do direito: Quanto mais direito (justiça) mais injustiça! Já vinha de trás.
Os homens inventam leis que, se tiveram nos seus primórdios a intenção de regular e proteger as sociedades, as populações, logo se foram revelando uma prepotência e uma forma “legalizada” de, SEMPRE, prejudicar os mais fracos.
A história, por norma contada pelos vencedores, apodam os vencidos de bandidos e terroristas, e os vencedores de heróis, quase santos, e o direito, teoricamente estabelecido para reger igualitariamente o bem estar comum, quando entregue a um juiz, se mostra desde logo injusto.
O que pensa a cabeça de um, não é o mesmo do que pensa um outro, muito menos quando os juízes, como homens, ou mulheres, são vulneráveis às chaves de ouro, que abrem TODAS as portas.”
A tal “justiça” tem coisas que um semi-analfabeto, como eu, não consegue entender. Por exemplo, este primeiro caso, que vai a julgamento dentro de dias, o do famosérrimo Dominique Strauss Khan, que se terá atracado com uma camareira africana.
Não está causa saber quem atracou quem, nem se ele a forçou, nem sem ela consentiu, mas na forma com age a tal justiça.
Se o galã se declarar culpado, negocia uns diasitos de prisão – aberta, já se vê – dá um troco à camareira e não se fala mais nisso. Mas se o cara se declara inocente, aí os juízes viram feras. Vão malhar em cima do desgraçado (?) até o esfolarem todo.
Vamos ver se entendi: se ele se diz culpado... fica tudo numa boa. Se inocente (porque não?) vão-lhe para cima como hienas esfaimadas.
Será que os juízes agora se consideram iguais ao Deus Supremo, que perdoa a todos os homens do alto da sua magnanimidade, talvez por saber que algo deu errado com este seu “produto”?
O presumido réu, de qualquer das maneiras fica sempre entre a espada e a caldeirinha. Caldeirinha esta que mesmo cheia de água benta não o vai proteger da sanha jurídica!
O mesmo se está a passar com o famoso “terrorista, matador, genocida, etc.”, Ratko Mladic, considerado pelos seus compatriotas um super herói. Mas Haia acha que ele cometeu uma porção de crimes contra a humanidade (típico de uma besta apocalítica) e vá de sentar o tal Ratko no banco dos réus.
E volta a mesma conversa: se ele se declarar inocente, o que provocaria um grito mais atroz do que o de Edvard Munch, talvez fique hospedado em hotel de luxo... preso! Culpado, vai levar na cabeça!
Enquanto um terá tido um, possivelmente agradável, “acidente” com a camareira, este outro só não enfiou os muçulmanos todos numa câmara de gás, talvez por considerar esse método muito trabalhoso, caro e pouco original!
Pois fiquem sabendo: se me acontecer o azar (grande) que me obrigue a comparecer perante a justiça humana, mesmo sem saber do que estou sendo acusado, vou logo declarando que sou culpado. Não vou nem querer saber quais as eventuais acusações que poderiam pesar contra mim.
Há muitos anos (Luanda, aí por 1965), ainda eu não havia refletido sobre estes desequilíbrios próprios da covardia humana, fui multado por dois chefes de polícia (logo dois) que não me queriam deixar estacionar o carro onde eu acha que podia. E podia. Pediram-me os documentos, por desobediência à alta dignidade dos “chefias”, mas sem responder virei-lhes as costas e fui embora. Uns meses passados recebi uma “contra-fé” para me apresentar no tribunal! De entrada nem fazia idéia da razão disso, mas acabei sabendo que era por causa dessa multa declaradamente prepotente e injusta.
Lá fui, sem advogado. Para que advogado se eu tinha toda a razão?
O juiz, um baixinho que mal aparecia atrás da sua mesa. Ouviu a acusação, e depois o “réu”. Expliquei, com toda a clareza, o absurdo da multa. E sexa, o representante da lei e do Estado, declara: “Efectivamente parece que o senhor tem razão”. (Não só a tinha toda, como naquele tempo o efectivamente ainda tinha, também, o c!) E continua: “Mas como a multa foi aplicada por dois chefes de polícia vou ter que a confirmar!”
O juiz, baixinho, miserável. Acovardou-se perante dois analfabetos da polícia! Comecei a abrir a goela para o tal grito de Munch que o oficial de diligências, a meu lado, não deixou sair. E tive que pagar multa, custas, etc.
Confiar na justiça dos homens, vendo a pouca vergonha que se passa à nossa volta, eu, hein? Não!
Espero pela de Deus, até porque já não falta muito para ouvir o Veredito Final!
Amén.

04/06/2011

Um comentário:

  1. Olá. O Gomes Amorim escreveu na revista panorama, uma série de crónicas chamadas Viagem ao Minho. Eu gostaria de saber se tem acesso ao Cap. XVIII dessas crónicas, uma vez que é nesse capítulo que fala sobre a minha freguesia, S. Martinho de Sande. O meu pai gostava muito de ter uma cópia desse capítulo. Se me conseguir arranjar agradeço imenso. Contacte por favor para: pedromanuelmendes@hotmail.com.

    Obrigado desde já pelo tempo dispendido.
    Pedro Mendes

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