quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011



REVOLUÇÕES
E
PARTIDOCRACIA


“Ter coragem física não é muito difícil;
o que é difícil e valioso é ter atitudes racionais
e coragem moral.”
(Armando M. Janeira in Introdução a “Antologia” de Wenceslau de Morais)

”Este mundo não é um mundo de anjos;
quem o julgar assim e for desiludido,
só tem que culpar a própria ingenuidade.”
Wenceslau de Morais
.
Parece, só parece, que a democracia, será a menos pior forma de governo. Mas essa “coisa” de democracia há muito que sumiu da maioria dos governos do mundo. Sobram só uns tantinhos, que insistem, insistem, bradam, bradam, mas o seu exemplo não é seguido. Basta ver, por exemplo, a velha República DEMOCRÁTICA da Alemanha, a democracia em Angola, Congo, etc.!
A tal democracia representativa (algumas vezes chamada "democracia indireta"), onde o povo expressa sua vontade (ou ignorância?) através da eleição de representantes que tomam decisões em nome daqueles que os elegeram, só funciona onde o nível cultural dos eleitores for MUITO alto.
Ao que normalmente se assiste é a um partido, por qualquer razão majoritário, alcançar o poder, e depois governar-se; a si e sua camarilha. Quando forma coligações, o escândalo aumenta, pela constante compra de votos, ficando a esperança, ao povo, o tal eleitor, que eles um dia se entendam. Porque governar para o bem de todos, do país como um todo, sem previlegiar os compadrios, ou compartidários, isso é coisa rara. Deve ser até uma espécie louca.

Mas é nessa espécie que os olhos do mundo se põem, à espera do milagre acontecer em todo o lugar, ou aguardando séculos de instrução e cultura, ou através de revoluções.

Lembram da Revolução Francesa e os anos, largos anos, de terror e total anarquia, antes da chegada de Napoleão?
E a bolchevique, seguida de setenta anos de profundo desprezo pelo povo, em todas as repúblicas democráticas sovieticas!
A famosa revolução no Irã contra o babaca do Xá, transformou uma monarquia no pior governo deste planeta: a teocracia.
Outra revolução “popular” foi em Cuba. Deu na democracia fidelista. Há cincoenta anos!

A chamada Revolução dos Cravos em Portugal, teve passagens curiosas e dolorosas. Em primeiro lugar não foi uma revolução popular, como a que assistimos, torcendo para que vencessem... na Tunisia e Egito. Os cravos que quase não existiam em Portugal chegaram na manhã da “revolução”, de Paris, aos milhares e milhares, ecomendados com a devida antecedência pelo unico partido organizado, clandestino, o comunista! Uma “revolução” de capitães que não queriam a concorrência de milicianos e estavam cansados da infindável “guerra colonial”; num instante foram dominados pelos comunistas que mandaram e desmandaram, enquanto, pela violência, o que lhes era ingénito, aproveitaram para saquear o país e destruir a sua economia. Quando ao fim de alguns anos se conseguiram fazer eleições, os comunistas que dominavam tudo, ou quase, receberam 10 ou 12% dos votos, grande parte deles oriundos dos que se tinham apropriado de explorações agrícolas, indústrias, bancos, etc. Que deixaram destroçados.

Na Polónia, no fim da II Guerra, com o exército soviético a ocupar o país, fizeram-se eleições. Os comunistas tiveram 9% dos votos e... com os outros 91% dos canhões, ali ficaram e desmandaram até ao, esse sim famoso, movimento do Solidarinosk, que culminou com eleições livres em 1989.

Estava aceso o rastilho que derrubaria o Muro de Berlim e logo a seguir o regime soviético.
Foi uma época vivida com imensa intensidade e entusiasmo por quem queria liberdade, e por aqueles que já se sentiam livres.

Hoje estamos numa conjuntura semelhante. A Tunísia deu o “grito” e as monarquias/ditaduras/sultanatos e sheikatos árabes começaram a cair, mas...

Ninguém ainda pode prever o que se vai passar no mundo árabe. Mas sabe-se que tanto na Tunísia, como no Egito, e ainda na Argélia, Iemen, etc., “Los Hermanos Musulmanes” são a única força organizada! Podem não ser maioria, mas...

Apesar de terem sido dois movimentos populares maravilhosos, os olhos do mundo estão voltados para o desenrolar dos acontecimentos, e para a esperança de autêntica, ou quase, democracia, que todos almejam e merecem, e que seria um profundo golpe nos fundamentalistas, a Al Qaeda.

Em Portugal havia uma sólida estrutura administrativa que nada tinha a ver com política, nem partidos (aliás só havia um, a União Nacional) e todos os serviços funciovam normalmente. Até isso os vermelhos conseguiram desestabilizar.

E nestes países árabes, será que as estruturas administrativas, que estavam fortemente manietadas, vão conseguir organizar-se e funcionar, independente de quem ficar com o poder?

O problema se repitará: se um partido só ganhar a maioria, pode dar mau ou péssimo resultado. Se houver que fazer coligações e os decendentes de milhares de anos de história quiserem, MESMO, um país democrático, vão ter que continuar a sair às ruas para imporem o bem geral

Que Deus, Allah, Jeová, Nzimbo ou que tenha qualquer outro nome, os ajude e proteja.
Vamos cantar com Verdi “Gloria all' Egitto”


Rio 13/02/2010



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