domingo, 19 de janeiro de 2025

 

O Lobo Mau e os 3 Porquinhos

Era uma vez... Não, já por várias vezes, sempre pelo mundo fora desde que a humanidade entrou na sua fase mais destrutiva e a que se deu o nome de Homo Sapiens, por eles, nós, aprendemos rapidinho a destruir tudo que aparecesse pela frente.

Mas esta é mais uma história à la George Orwell, e qualquer semelhança com a realidade hodierna, não é coincidência. É história.

Todos sabem que os Três Porquinhos, no original, representam o povo, o povinho, humilde e desprotegido. Neste caso são “figuras importantes”!

Fábula de que se não sabe a origem - Contos de Fadas Celtas? Ésopo? -  mas que ficou na cultura talvez de todo o mundo (exceto Coreia do Norte?) divulgada que foi por Joseph Jacobs em 1853. Consta até que já se contava essa historinha no século X.

A verdade, se é que verdade existe, é que continuam, por todo o lado, muitos porquinhos a viver mal, ameaçados por maus, péssimos lobos, que por sua vez sabem que acima deles há uma foça maior que os pode derrubar se eles não cumprirem ordens que vêm lá do “alto”.

Nesta história mudamos os nomes dos porquinhos até porque ninguém sabe como eles se chamavam no tempo de Etelredo, rei da Inglaterra no ano 1000; estes são atuais.

Porquinhos espertos, artistas, mas sem representação popular, tipo puxa saco construíram casas de todo o tipo, interessaram-se por artes, adotaram nomes das cores com que pintaram suas casas, e nunca mais pensaram nos outros porcos que de entrada punham neles a esperança de se verem livres de maus lobos e de deuses enraivecidos.

Um deles construiu a casa perto da costa, chamou-se Azul, como o mar; o segundo, mais dentro da floresta, o Verde, e o terceiro numa capina, plana, muito sol, Branco.

O Lobo Mau, bem gostaria que lhe chamassem o rei da matilha e adotou o nome, inglês, de King Cefalop, o “Mau”, mas temia algo superior, chamado Camulus, nome que ouvira (?) aos celtas, alguma coisa a que mais tarde se definiu na Bíblia, como Tzevaot, o Deus da Guerra, mesmo que em outras línguas tenha outro nome, como Xandaot, mas sempre a mesma incógnita, o mesmo poder de vida e de morte sobre qualquer ser vivente.

O lobo, King Cefalop, era psicopata, sociopata, sonhava perpetuar-se como King, mas sempre à sombra do medo que Tzevaot lhe fazia, podendo tirar-lhe o poder terreno.

Para agradar ao seu deus King Cefalop fazia guerra aos mais indefesos, e de muitas maneiras.

Roubava tudo quanto podia, exigia tributos absurdos mas, esperto, precisou de três capangas para executar a sua maldade, ameaçando-os com a destruição de sus casas e até com a hipótese os comer.

E assim obrigava os Três porquinhos a lhe fornecerem alimentação, sempre boa. Cordeiros, perdizes, vitelos, que pacificamente pastavam nos prados onde morava o Azul, que há tarde se deliciava vendo os bandos de patos que voavam por cima da sua cabeça irem aterrar num lago no meio da campina, lagosta, ostras, vieiras, camarão grande, peixe fresco que o Branco tinha que lhe arranjar, queixando-se em segredo às brancas ondas do mar 1que vinham quase lavar-lhe os pés (as patas!), e o Verde, sentindo-se senhor das florestas e montanhas onde habitavam os grandes animais como búfalos e elefantes, explorava também outros infelizes para dali obter verduras saudáveis, como trufas, alho poró, espargos, pupunha. Nenhum trabalhava diretamente. Todos tinham subalternos que obedeciam, para que os Três não levassem desaforo para casa, ou perdessem tão elevada posição...

Cantava assim o king Cefalop:

- Estou muito contente, na boa festança, sempre bons petiscos para encher a minha pança!

Uma voz grave ouviu-se ressuou:

- E o que bebes? Também é o Verde que fornece?

- É. Ele esmaga umas frutinhas que dão um líquido muito bom, e chamam-lhe PerMank, Rotxil, Bruto do Montalchin, Pedradus, etc. Até um que ele chama Castel Amargou.

- Ao almoço. E à janta?

Ah! A jenja também come e bebe tudo isto.

Era uma vida luxuosa e miserável que os porquinhos viviam, sempre ameaçados de perderem as suas casas, que se iam transformando em mansões, medo de perderem, os Três, o seu sossego, sem atinar como sair daquela tirania, com pavor à medida que satisfaziam as exigências do Cefalop, este absoluto escravo obedecendo ao deus Xandaot.

O deus dos Três era o deus do bem bom, do “não te preocupes, não te rales nem te entales”, mas a vida estava a tornar-se impossível para os outros milhares ou milhões de porcos, carneiros e restantes mamíferos que viam tudo degradar-se, sem encontrarem um líder que os conduzisse para a paz geral.

O Verde, o Branco, e o Azul, sectários do King Cefalop, iam vivendo bem, bem demais, mas lá no fundo sabiam que um dia o pau os ia comer...

Nesta difícil situação começaram algumas vozes a levantar-se contra a situação.

Quando chegavam aos ouvidos do deus Xandaot (este deus ouvia muito bem, coisa rara) logo essas vozes eram abafadas e os falantes ameaçados, maltratados, sem apoio perdiam até o que comer porque lhes era retirado o espaço de pastagem!

A natureza tem o seu modo de reagir. Nada é a correr. Os mais desprezados começaram a movimentar-se e do meio deles saíram uns jovens porcos, carneiros e até mulas, cavalos e bois, que, em reunião supersecreta estabeleceram um plano.

“Temos que correr com o king cefalop das nossas terras e passarmos também a adorar outro deus que não este feroz e imoral xandaot.”

Aplauso na reunião.

“Mas quem assume a liderança?”

Dois respeitados idosos, que assistiam à reunião aconselharam:

“Nós lutámos muito quando jovens. Hoje não temos mais condições; mas o caminho, para evitar assassinatos e outras mortes é juntar o maior número possível de todos os animais – o ideal seriam todos – e chamar para a reunião os Três covardes e que tragam o Cefalop. Nessa altura dizemos-lhes:

Não queremos mais a vossa presença em nossas terras.

Podeis trazer mais capangas para nos matarem.

Mas reparem, nós somos milhões!

Vão-nos matar a todos? Vocês serão esfolados vivos.

Cefalop tremeu. Ficou lívido. Teve um ataque e ali mesmo virou cadáver. Teve um AVC (naquele tempo conhecido como paulada na testa). Os Três covardes coloridos saíram de fininho da reunião e desapareceram com suas fortunas para muito longe.

E os velhos terminaram com esta solução:

Quem vai agora escolher aqueles que nos possam governar somos nós. Estamos pobres porque nos roubam tudo e nos ameaçam. Se algum novo escolhido se atrever a roubar nem que seja uma pequena palha, nós corremos com ele. E notem bem, a partir de agora, desacreditamos também o deus Xandaot. Ele que vá dar ordem no reino de Hades. Aqui... chega. Não mais nos ameaçará. Já escolhemos uma deusa. As fêmeas são mães, protetoras. Os machos são guerreiros. A nossa deusa a partir deste instante será Freya, associada à paz, harmonia e natureza, assim como à compaixão, beleza, magia e fertilidade.

Naquelas terras a harmonia voltou, Cefalop apagou-se, e Xandaot entrou no reino de Hades. Vai lá arder até ao fim dos tempos.

Oxalá!

O póbrema é, de acordo com Orwell, que sempre haverá uns porcos que são mais porcos que outros!

 

18/01/25

 

Um comentário: