A GRANDE METÁFORA
Metáfora,
virá do latim, que a foi buscar ao grego metaphéro,
significava “eu transporto”, quando
se trocava uma palavra de sentido próprio por outra de sentido figurado cuja
finalidade seria enriquecer o discurso.
Por
exemplo quando se diz “aquele sujeito é
um burro”, querendo dizer que é idiota, mas esta é o tipo de metáfora de
que eu não gosto por sou grande admirador de burros, aqueles estupendos,
resistentes, calmos animais de quatro patas, que se mostram SEMPRE inteligentes.
Daí
chamar “burro” a um indivíduo... pode
até parecer um elogio! Abrenuncio.
Antes
do grande Big-Band, se é que existiu, ou se é um fenómeno cíclico, o que me
parece mais lógico e, sobretudo muito antes do “papo” do Adão (palavra adaptada
do hebraico que significa simplesmente “homem”), a Bíblia, escrita por grandes
pensadores, definiu que no Princípio era o Verbo… nunca esclareceram de que
verbo se tratava, tudo bem, mas acrescenta que o Verbo estava voltado para
Deus.
Começa
a Bíblia a mentir. Se não havia Nada, como havia algo que eles decidiram chamar
Deus, ou IHVH, a que os gregos introduziram as vogais, dando Iehovah?
No
Princípio o que existia era NADA. E foi do NADA, substantivo, que tudo terá
começado, o que para quem quer pensar com alguma base física, fica logo perdido
porque nada é a inexistência de algo.
Temos
que dar uma chance a Darwin porque ele, e outros, pensaram e repensaram e
concluíram, com base também em Lavoisier que, se “na natureza nada se cria, nem nada se transforma”, era fundamental
que tudo evoluísse. Aqui o Lavoisier baralhou-se um pouco, porque se há
evolução há alguma transformação, como por exemplo terem-se transformado os
dinossauros em galinhas! Mas nós perdoamos-lhe esse ligeiro lapso, até porque
no século XVIII pouco ou nada se sabia desses antepassados dos bichinhos que
hoje nos dão uma rica canja (quando são galinhas e não frangos, e criadas na
roça!).
Voltemos
do Verbo, e depois vamos a IHVH, com todo o respeito.
De
uma bactéria, em quatro milhões de anos surgiu este mundo, que poderia ser
lindo, onde até os humanos vivem em constante confusão, certamente só por
raiva, por reconhecerem – os que reconhecem – que somos descentes de uma
bactéria, e com isto pensam em destruir tudo e começar de novo.
Como?
Novo Verbo? Novo INVH? Nova bactéria?
Os
homens ainda hoje não sabem como apareceram na Terra, mesmo aceitando de má
vontade que descendem de uma bactéria, que foram irmãos de um série de
primatas, pesquisam, soltam pronunciamentos graves e inúteis, e começam, faz
tempo, a procurar algo, superior, que eles sentem que teria comandado o
princípio de tudo.
Afogavam-se
com enchentes, dilúvios, morriam de fome com secas, nuvens de gafanhotos, eram
atropelados por povos invasores e nada mais faziam do que olhar para o alto à
procura de uma resposta.
Os
pensadores concluíram que deveria haver “algo” superior que tudo comandava, mas
não dava explicações tal como hoje quando o povo reza para pedir paz, a cura de
uma doença, a miséria em que vive, e solta um estribilho vazio como “valha-me
Deus”. Outros colocam dísticos nos seus carros dizendo “Deus é fiel”, como se
Deus fosse um cachorro, um fiel de armazém ou um funcionário da contabilidade!
Começaram
então a criar Deuses, à imagem e semelhante de alguém que eles consideravam
inteligente, bondoso e forte.
Uns
deuses teriam a função de estabelecer a paz entre os humanos, outros para os
ajudarem nas guerras (infames) que faziam a vizinhos para lhes roubarem as
terras, gado e mulheres.
E
assim foram criando. Talvez o conhecido há mais tempo seja Enquidu, deus criado pelos sumérios
para frear as loucuras de Gilgamesh, depois criaram Anu seu Deus supremo, tudo
isto por volta de 3.000 anos a.C., mais tarde Ahura-Mazda também dos persas que
seria um pacificador, cerca de 800 anos a.C., Moisés um líder religioso entre
1.400 e 1.500 a.C. que se intitulava mandado por Dus, que mais tarde na Bíblia,
escrita em alguma língua semita, por volta de 600 a.C., o Dus servia para tudo:
guerra, amores lícitos para os nobres, ilícitos para os pobres,
Na Índia cerca de
1.100 a.C., Gamexa assim como Varuna foram os grandes criadores de tudo que
existe, levados pelos arianos, povos do Norte que se apropriaram desses deuses
para se apropriarem também das novas terras e seu povo, em estado muito
primitivo.
Chega Jesus, o
Cristo, quer acabar com todo esse paganismo, enfrentando os poderosos
sacerdotes e reis, e não tardaram em o liquidar.
Por fim os
árabes, baseando um pouco a sua doutrina com princípios bíblicos e cristãos,
criam uma religião de ódio a todos os que nos os não seguem, dizendo que querem
dominar o mundo pelo medo!
Por esse mundo
fora, todos os povos, desde os mais primitivos, criaram um Deus “à sua imagem” sempre com a finalidade
básica de poderem dominar pelo medo que esses Deus inspiravam aos que não
seguiam os preceitos dos chefes!
Chegamos ao
século XIX, judeus e cristãos batizam-se e casam-se com aparato por vezes
superior à sua situação económica, e a grande, esmagadora maioria, não tem
ideia do que é ser cristão. Mas as festas não podem faltar.
Os judeus unem-se
e não gostem que entre um novo ser não nascido de mãe judia. Tratam-no como se
fosse psoríase, uma forma simpática
de os manter afastados.
Nos cristãos
acabou o discurso antigo de que o juro era pecado, e Calvino, um assassino,
estimulou o acumulo de riqueza.
Os muçulmanos,
rezam três ou quatro vezes por dia, em público para não serem castigados,
destroem o que podem de cristãos e judeus e, de castigo Deus deu-lhes um
deserto cheio de petróleo para que possam mais rapidamente destruir o mundo com
poluição.
Mas todos têm um
Deus, até os ateus, “graças a Deus” já
que ao reconhecerem que Deus não existe devem ter encontrado uma outra fórmula
semelhante, só com outro nome.
Os agnósticos são
mais prudentes. Sentem que um Deus existe, nada sabem d’Ele, mas não aceitam
nenhuma religião. Até porque os códigos de TODAS as religiões têm aspetos
duvidosos, poéticos e até absurdos.
Conclui-se com
facilidade que todos são metafóricos quando falam de Deus.
O Todo Poderoso,
o Incognoscível, o Deus do castigo ou da bondade, Aquele que tudo pode resolver
com um milagre, como remover montanhas continuará,
eternamente incognoscível.
Mas os humanos
não deixarão de continuar a criar deuses metafóricos a seu belo prazer e conveniência,
Metáfora essa muitas vezes para justificarem atos, sobretudo condenáveis, mas sempre
com o objetivo primário do domínio dos povos.
Cada vez mais o
deus atual é o dinheiro, o poder as armas de destruição, as drogas e outras
barbaridades.
Não fica difícil
terminar afirmando que
Deus é a Grande Metáfora
29/11/23
Francisco,
ResponderExcluirBelo texto.
Aqui vão umas achegas.
1) "No princípio era o Verbo..."
Estou a ponto de considerar esta a afirmação mais verdadeira de toda a Bíblia.
O Verbo aqui é a Palavra, ou seja, é a codificação da realidade circundante (a Natureza e os restantes elementos da comunidade a que se pertence).
Ao ter a realidade circundante codificada através de imagens mentais (codificação que associa a cada componente dessa realidade uma imagem mental, que designarei por étimo, palavra que pode ser expressa por uma sequência de sons) de uma forma bi-unívoca (a cada étimo corresponde uma e uma só componente dessa realidade e a cada uma dessas componentes um e um só étimo, sempre o mesmo, comum a todos os elementos dessa comunidade e invariante ao longo do tempo próximo; perdoe-me a matemática) passou a ser possível comunicar (isto é, induzir, ou evocar, no Outro uma imagem mental que é objecto de partilha), planear - e insultar. O Verbo é a imagem mental da realidade circundante, a projecção desta última, tanto na mente, como na mente colectiva (Platão e a sua "Alegoria da Caverna" acertaram na mouche).
Na ausência do Verbo, a mente individual, nem se forma, nem se estrutura, nem se reconhece - logo, a imagem mental de cada componente da realidade circundante não tem como se fixar. E ao não se fixar, só por acaso, permitirá estabelecer relações (entre étimos) e encadear sequências (de étimos) - sequências que se crê formarem o elemento distintivo da espécie humana relativamente aos seus parentes próximos, os chimpanzés. Aquilo que se designa correntemente por "pensamento" ou, melhor, "pensamento lógico". O oposto do Caos (da entropia total, onde nada é relacionável, onde não existe informação para lá do próprio Caos).
2) Tal como a escrita grega do antigamente não tem vogais, também as escritas em aramaico não as tinham. Porquê? Porque, nesses recuados tempos, a literatura (as extensas colecções de pensamentos cristalizadas no tempo), aí, era puramente oral, guardada na memória (isto é, como sequência de imagens mentais) e recitada por poetas (aedes). E, em tais circunstâncias, a escrita servia apenas como "cábula" de quem estivesse a recitar literatura. Por isso, as vogais (as cambiantes dos sons consoantes) eram dispensáveis e dispensadas.
3) Nos textos bíblicos mais antigos, a expressão YHWH é, frequentemente, cambiado por ELOHIM, um plural. Na realidade, parece que o monoteísmo judaico começou na Bablónia, durante o cativeiro.
4) É interessante notar que onde prevalece o politeísmo há certamente muitos mais rituais de enorme crueldade, mas não parece haver guerras religiosas.
Em Roma, os episódios de repressão dos Cristãos tiveram origem, quase sempre, na recusa destes últimos em sacrificar ao deus-imperador - e isso, mais do que levantar suspeitas, era visto como traição maior. Agora, se eles sacrificassem, depois, poderiam adorar o deus que melhor lhes parecesse.
As lutas religiosas são, invariavelmente, o resultado fatal de monoteísmos que se confrontam.
5) Sim, concordo plenamente consigo: a ideia de um Deus Único é a Grande Metáfora. Uma conclusão assustadora, terrível.
Abraço
APM
Querido teu Chico
ResponderExcluirObrigada
Gosto da sua escrita, curiosidade, uma certa ironia e ouso dizer, irreverência
Desejo que estejam muito bem
Um carinhoso abraço, ga
Graça Amaral