quarta-feira, 28 de setembro de 2022

 

BRASIL 2022

 

O que vai escrito, e foi publicado no blog em 2020, deve ser relido hoje.

Estamos a poucos dias das eleições e a desinformação é total.

A tremenda luta que os órgãos de informação fazem contra o atual presidente é, além de absurda, criminosa, porque falsa.

O mundo aplaude, faz bandeirinhas e T-shirts, com as caras dos maiores assassinos e pilantras que têm passado neste mundo, como Tche Guevara que, quando ministro do barbaças de Cuba, ia com regularidade à prisão onde estavam os opositores ao fidel, mandava buscar meia dúzia às celas, encostava-os à parede e descarregava o revolver matando-os todos. Um herói que continua cultuado. Josef de Ferro (Stalin) teve as mesmas “honras”, continua-se a fazer uma vénia ao passar frente a uma estátua ou pintura do Zé Dong, depois apareceu Keck Walesa, operário, católico, criando uma força contra o governo comunista e inflamou o mundo, tendo recebido aplausos mundiais; quando deixou ser presidente (para a reeleição teve 2% dos votos e na 3ª vez só1%) porque o governo foi péssimo e os poloneses descobriram que ele tinha sido um agente comunista!

Surge no brasil outro operário e o mundo aplaude. É eleito, e reeleito (com a promessa de criação de 260.000  novos empregos por anos – só conseguiu 15.000 no primeiro e logo abandonou o prometido) e desviou para os seus bolsos, seus filhos e seus apaniguados mais de R$ 200.000.000.000 – isso mesmo, mais de duzentos bilhões de reais – e agora conseguiu até o apoio dos banqueiros por o Presidente lhes ter corta parte da enorme mamata que eles também estavam a sugar do povo.

Também tem milhares de seguidores, em todo o mundo que querem derrubar as culturas tradicionais, vestindo camisetas com as suas ventas (dele) estampadas.

Estamos em vésperas de eleições. A mídia ataca o Presidente com toda a ferocidade. E ainda há milhões que querem o ladrão de volta, o que está a prejudicar, muito, o desenvolvimento do país.

Até o mentecapto presidente de um país europeu (seria português?) vem ao Brasil a convite do Presidente e começa por ir beijar a mão do bandido/ladrão.

A luta deve ser cerrada, porque as mentes andam demasiado sujas e o nível cultural da população é de chorar.

Tenhamos esperanças, mas vale a pena ler o que escrevi há dois anos.

 

Reflexões sobre o Brasil em Outubro de 2001


Depois de ler e ouvir muitas asneiras vale a pena ler isto.

 
Afinal que Brasil é este? O que está realmente acontecendo com o Brasil?

Afinal por que estão as maiores empresas americanas e européias afirmando que seu maior portfólio de investimentos para os próximos 10-15 anos será nesta região do mundo? Será que viraram devotos de Nossa Senhora Aparecida do dia para a noite?

Acredito que seja o momento de passarmos de uma consciência ingênua para uma consciência crítica sobre o momento atual  brasileiro. Nos corredores do Fórum Econômico Mundial em Davos os Ministros e autoridades declaravam sua intenção de investir no Brasil nos próximos anos o que nunca haviam pensado. Afinal que mercado é este?

Vejo dados confusos sobre o Brasil. Os jornais mostram a desgraça, o estupro, as balas perdidas... e esse pessoal continua vindo para o Brasil? As empresas espanholas e portuguesas acabam sendo maiores aqui do que na própria Espanha e Portugal e assim por diante. Acho que está na hora de explicar o Brasil com dados - dados de pesquisa - dados sérios, em vez do "chutômetro" aplicado a todo o momento para nos confundir.

Um exemplo digno de "chutômetro" é o dado divulgado em abril do ano passado, nos 500 anos do Brasil. Todos os jornais estamparam para o mundo todo que eram 5 milhões de índios no Brasil em 1500. Ora, se há dúvidas de quantas pessoas exatamente vieram nas caravelas em 1500, como é que sabemos que eram 5 milhões de índios em 1500 no Brasil?

Quem contou? Qual o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) da época ou GPS que mediu os 5 milhões? Algum louco, com base em especulações referentes à mortalidade infringida pelos espanhóis no México, chegou à conclusão absolutamente absurda de que eram 5 milhões e isso virou "verdade"! E assim logo dizemos que temos 120.000 desabrigados nas ruas de São Paulo, 45 milhões de miseráveis, etc., etc. Até quando seremos obrigados a engolir essas verdadeiras barbaridades?

Para passarmos de uma consciência ingênua para uma consciência crítica e compreendermos o que está acontecendo, temos que saber que o mundo tem o que se chama de "mercados maduros". "Mercado maduro" é o mercado em que o crescimento do consumo é equivalente ao incremento vegetativo da população - ou seja - se a população cresce aumenta o consumo. Se não cresce o consumo continua estático. Assim o consumo de cerveja nos EUA, por exemplo, cresceu 2% acumulado nos últimos 5 anos e deverá crescer apenas 2% nos próximos cinco anos. No Japão, 35 prefeituras exigem um atestado que diga que você tem onde colocar seu carro para que um concessionário possa vender um automóvel novo a você - problema de espaço vital. O consumo de biscoitos na Inglaterra não cresce há dez anos. Esses mercados maduros - EUA, Europa e Japão - onde se encontram as empresas igualmente maduras - IBM, Toyota, Electrolux, etc. - precisam de mercados emergentes - onde o crescimento do consumo seja maior do que o incremento vegetativo da população. Quais são esses maiores mercados hoje no mundo? Brasil, Índia e China. Mas não nos iludamos muito com a China.

A China tem 76% de sua população em campesinato. A Índia 72% e o Brasil apenas 22%. Assim, o país pronto para consumir produtos ocidentais de alguma tecnologia que não seja bicicleta, alfanje, etc. é o Brasil, e por extensão o Mercosul. Por isso estão todos aqui e querendo investir mais e mais aqui. O mercado brasileiro, segundo dados da Nielsen, cresceu nos últimos 5 anos: (Os dados abaixo assinalados com asteriscos têm como fonte a AC Nielsen)

* 859% em fraldas descartáveis

* 369% em mistura para bolos
* 310% em alimentos para gatos
* 282% em leite aromatizado
* 273% em alimentos para cães
* 219% em leite longa vida
* 201% em massas instantâneas
* 176% em cereais matinais
* 116% em carnes congeladas
* 81% em água mineral
O Brasil é, hoje, um mercado que apresenta alguns  dados impressionantes:
* 1,3 milhão de lavadoras de roupa * 82% mais que no Canadá * 4o. Maior mercado do mundo
* 8,02 trilhões de litros de refrigerantes * 343% mais que no Canadá * 3o. Maior mercado do mundo
* US$1,3 bilhão em alimentos "diet" ou "light" * US$100 milhões em 1990 * US$6 bilhões em 2010
* 63,4 mil toneladas de creme dental * 456% mais que na Itália
* 51,4 mil títulos de livros * 12% mais que a Itália *

* US$1,2 bilhão em CD's * 5o. maior mercado fonográfico do mundo
* 681,9 mil toneladas de biscoito * 27% mais que o Japão * 2o.maior mercado do mundo
* 3 milhões de geladeiras * 66% maior que o Reino Unido * 4o.maior mercado do mundo
* 11 milhões de usuários da Internet * 95% das declarações de IR foram via  Internet, * 40% do total na América Latina e o dobro do  México.
E é importante que saibamos que somente a chamada classe média e emergente no Brasil, hoje, representa 35 milhões de famílias (IBGE). Assim, só a classe média e emergente no Brasil é:
* 8% maior que a população da Alemanha.
* Maior que a República Checa, Bélgica, Hungria, Portugal, Suécia, Áustria, Suíça, Finlândia, Dinamarca, Noruega, Irlanda, Nova Zelândia, Luxemburgo e Islândia juntos.
* É maior que a França e Canadá juntos.
* Equivale a um terço da população dos Estados Unidos.
* Equivale a 72% da população do Japão.
Nós também não temos consciência de que o Brasil representa 42% do PIB da América Latina, incluindo o México e seu PIB.
Representa 13,3% do PIB total dos países em desenvolvimento, incluindo a China. E que:
* Todo o PIB da Argentina equivale ao PIB do Interior do Estado de São Paulo

* Todo o PIB do Chile equivale ao PIB da Grande Campinas (cidade que dista 93km da cidade de São Paulo) (Ernest & Young)

* Todo o PIB do Uruguai equivale ao PIB do bairro de Santo Amaro, na cidade de São Paulo.
É preciso compreender que as empresas multinacionais estão investindo aqui porque o Brasil é o 5º País do mundo em Poder de Compra, com mais de US $1trilhão de dólares em Purchasing Power Parity.
Hoje, o ranking é:

* EUA, China, Japão, Alemanha e Brasil. Pense nisso. Passe de uma consciência ingênua para uma consciência crítica a respeito do Brasil. Se somos 33 milhões de pobres, somos também 120 milhões de "não-pobres"; e isso quer dizer muita coisa num mundo de mercados maduros. E, acredite, dentro de mais alguns anos - 3 ou 4 - teremos no Brasil juros internacionais. Isso significa que poderemos ir ao banco para que ele financie o nosso crescimento a juros decentes de bem menos de 10-12% ao ano e não ao mês. Como a empresa brasileira é a mais "líquida" do mundo (não deve muito a bancos - pois se dever, quebra), o crescimento será exponencial, uma vez que todas as pesquisas mundiais mostram ser o brasileiro o mais "empreendedor" dos povos. E juros internacionais também farão com que o consumidor brasileiro possa consumir mais, dever mais, criando um círculo virtuoso de crescimento do mercado. Daí a razão de todos os bancos internacionais estarem comprando ou expandido suas ações de varejo no Brasil. Agora é o momento de acreditar e investir, lembrando que o futuro do Brasil é maior que o seu passado. O Brasil é um cálice de vinho com metade cheia e metade vazia. Mas é importante não vermos só a parte vazia desse cálice. Ela existe e é grave. Mas existe uma parte cheia que está atraindo a atenção do mundo inteiro.

Pense nisso - Valorize o Brasil.

Isto era o panorama em 2001.

 

Não conseguimos obter os números para os últimos anos, mas podemos ver entretanto que o PIB cresceu 51% desde 2001 até hoje, 2020, mesmo sabendo que os anos do PT (18 anos de roubalheira e incompetência) esvaziaram as finanças do país em vários, muito bilhões.

Hoje o PIB do Brasil é superior aos de Portugal, Grécia, Dinamarca, Áustria. Noruega Bélgica e Suíça, todos juntos.

O problema é a fúria vermelha a atacar o Brasil porque os ladrões esquerdistas foram derrotados. Mas o Brasil continua a ser e será sempre um grande país, o único no mundo em que a oposição, sabendo que o Presidente está com o COVID põe na Internet mais de 6.000 mensagens a desejarem a sua morte! Parece que poucos se importam com o país. O que importa é que a esquerda possa voltar para roubar.

O foco dos investimentos acima descritos baseavam-se na alta, altíssima, taxa de juros que fazia a dívida total aumentar assustadoramente. Hoje os juros estão perto de um patamar “europeu” e a dívida está a ser consideravelmente reduzida.

O Brasil é hoje o maior produtor mundial de alimentos: soja, milho, feijão, café, carnes bovina, suína e aviária, e sozinho pode alimentar 1,5 bilhões de pessoas, 205 da população mundial.

Teve um violento ataque da COVID e há muita gente, por exemplo em Portugal, que pensa que os hospitais aqui não têm respiradores! É a mídia mundial a massacrar o governo atual. Tem respiradores, sim, e muitos hospitais estão já com leitos vazios. Foi o país que teve mais recuperados da doença.

Esquecem-se até de mencionar o número de habitantes – 211 milhões – e procuram compará-lo, por exemplo com Portugal!

Não imaginam que há muitas mortes atribuídas a COVID para que nalguns municípios e estados possam roubar, e ninguém fala de mortes por outras causas. Basta ver o mapa abaixo, (Fonte IHME – Global Burden of Disease) para se ter uma ideia da desinformação que reina... EM TODO O MUNDO, e se compararmos com as mortes pela COVID vê-se que aquelas por doenças cardiovasculares e cânceres são bem superiores e parece que ninguém quer saber disso.

Quem se preocupa com as mortes, sobretudo em África, com a fome, a mortalidade infantil, malária, etc. onde uma pequena parte do que se tem gastado a difundir o terror da COVID já teria ajudado milhares a serem salvos.

 Por hoje chega. Cada um se informe e não aceite, no seu conforto, as mentiras que os órgãos de desinformação lhe metem pelos ouvidos e cérebro a toda a hora.

Daqui a 5 dias já teremos os resultados do primeiro escrutínio

 

10/07/2020

 

 

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

 

Relações Ginecológicas

 

Depois de muita canseira e pesquisa consegui fechar mais um texto sobre os vikings, deixando imensa história para contar. Mas já tinha escrito um bocado sobre eles, cujos textos ainda estão no blog e podem ser lidos por quem quiser:

 - https://fgamorim.blogspot.com/2014/06/d-relacoes-norte-sul-rainhas-de.html  e

- http://fgamorim.blogspot.com/2017/05/hispania-vikingse-cruzados-nao-se.html.

Mas hoje surgiu na cabeça – minha – uma ideia curiosa: é que possivelmente eu devo ter sangue viking, porque um trisavô fugiu de França durante a Revolução e era da Normandia. Não tenho espírito de roubar, pilhar, estuprar, assaltar, etc., mas não levo desaforo de graça, o que algumas vezes me custou caro!

Pesquisando no Google, encontro várias localidades com o nome La Rocque, e todas na Normandia. Se era descendente de algum Ragnar ou Rollo, isso ele não deixou para os descendentes! Foi pena.

Aproveitando esta passagem por França vale lembrar que outra bisavó era neta de um, certamente elegante, capitão dos exércitos napoleónicos que invadiram Portugal.

O belo e gentil capitão, não se sabe se à chegada se à retirada para França, passou numa linda povoação à beira do Rio Tejo, pertinho do magnífico Castelo de Almourol, Vila Nova da Barquinha, um lugar que segundo estudos, aí ao lado foram identificados por um grupo de cientistas vestígios de ocupação humana (Neandertal), datados de há 300 mil anos (Paleolítico Inferior).

Não que a minha bisavó fosse desse tempo, mas segundo a minha mãe (ela era avó do meu pai) era um encanto de senhora, de boa e rija têmpera que morreu aos 94 anos!

Voltando ao capitão, Jacques Tirolet, viu a gatinha, (elas que sempre se encantam com uma farda!), deixou as napolionices e preso naqueles “olhos cristalinos” embarcou lá nessa terra da Barquinha. Não se sabe nada dele a não ser que teve três filhos de que só há conhecimento da neta que foi uma excelente bisavó minha, Maria Luiza da Silva Barbosa, que casou com o meu bisavô e homónimo, que eu respeito muito e, vindo do povo, é uma das personalidades mais lembradas e estimadas na sua terra: Averomar em Vila do Conde.

Na árvore do lado do meu pai, andando muito, mas mesmo muito para trás, vou encontrar uma outra senhora da mais alta estirpe (se assim não fosse não estaria na história) neta do 3° califa de Córdova, Abdallah ibn Muhammed, Zayra ibn Zayda, que casou com um cara importantérrimo, Lovesendes Ramires, filho do rei Ramiro II, cujos próximos descendentes foram os Senhores da Maia.

Casamento certamente político, em 960 – cristão com “moura” – mas o tal califa quando perdeu uma batalha com outro mouro, ficou danado e mandou matar todos os cristãos que apanhou e mais um grande mão cheia de muçulmanos. Era bravo, o tal Abdallah.

Eu podia até usar um anel com o crescente, mas não gosto de pindurezas nos dedos, tanto mais que as armas dos Amorim, são ferozmente anti mouros!

E nada tenho a ver com aquelas brigas, mouros-cristãos, mas gostava de conhecer esta senhora. Um destes dias ainda a vou chamar para um papo e oferecer-lhe um xícara de chá. Pode dar uma conversa interessante.

Do lado do meu pai tem só estas ginecologias estranhas. Mas do lado da mãe há uma maior abrangência geográfica, como au diante se verá.

Comecemos com o Frick. Nome curioso de uma pequena povoação junto à fronteira entre a Suíça e a Alemanha, e daí o meu tetravô que veio dessas bandas e se intitulava suíço-alemão: Johan Daniel Frick.

Uma vez em Lisboa também se encantou com uma linda portuguesa e em 1798 se amarrou com a Teresa de Araújo, da Penha de França, de Lisboa. Dali vieram vários João alternando com Francisco, até chegar a mim que tenho ainda esse sobrenome!

Que se saiba os Frick em Portugal estão a extinguir-se com a minha geração! Só há dois que ainda têm Frick no sobrenome, e assim mesmo em 2° lugar o que significa que o não vão transmitir aos filhos. Sobram uns do Brasil, de um bisavô comum, que depois de enviuvar casou com uma filha do Visconde de Mauá, e deixou família. Até hoje. Meios parentes.

O primeiro filho Frick, Francisco, crismado João (como gostavam de complicar as coisas!) nascido em Portugal, casou com a filha de um casal de imigrantes vindo da Boémia, hoje República Checa, de sobrenome Driesel. Comerciantes, parece que com razoáveis meios de subsistência porque assim que chegaram a Lisboa, logo estavam estabelecidos com uma boa casa comercial F. A. Driesel & C° (F. A. de Francisco António).

A sua única filha, Luiza, casou com o Francisco crismado João, tiveram um único filho homem e três meninas que casaram também com descendentes de alemães: Finger, Schroeter e Wimmer, e o meu bisavô, João Driesel Frick.

Este andou pelo Brasil, projetou e construiu o abastecimento de água às vilas de Sorocaba, Goiás, e Porto Alegre. Dirigiu mais uma série de obras importantes, mas um dia o Brasil deixou de lhe pagar, sem o indenizar, e ele mandou-se para Londres.

Do primeiro casamento teve só um filho homem, meu avô Francisco, que conheci muito bem. Faleceu quando eu tinha mais de 30 anos. Este avô casou com uma senhora vinda de um casal curioso:

- a mãe, nascida em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, chamou-se Maria José Amorim (Tota), nome da minha mãe depois de casada!

- o pai, nascido no Porto, Portugal, descendente de bascos, foi uma pessoa notável, como aliás toda aquela família Arroyo. Meu bisavô, António José Arroyo, que muito estimo e admiro, engenheiro civil, fiscalizou, na Bélgica a construção da ponte Dom Luis, do Porto, fundou as escolas técnicas e além de apoiar artistas (não era rico nem mecenas) era muito conceituado no meio musical, tendo sido quem recebeu Richard Strauss quando ele esteve em Portugal..

Os pais, nascidos ambos em Oyarzun, Guipuscoa, no País Basco, descendem de uma muito antiga família que tinha já o seu solar no século no século XV, havendo documentos, de 1415, com a certificação de fidalguia de três irmãos Rezola.

Um pouco mais de história: um músico cordovês, Juan Manuel Marcelo Carrasco y Arroyo, aparece em Oyarzun e casa, c. 1817, com dona Josefa Ignacia de Rezola y Aurela e tiveram um só filho, José Francisco de Arroyo (Carrasco) y Rezola.

Não se conhece a razão, mas o casal e filho abandonam Espanha e passam a Portugal fixando-se no Porto.

O pai foi dar os seus toques de flautista numas orquestras pelo norte, e o filho, também músico foi quem fundou em Portugal a primeira fábrica de instrumentos musicais, e todos os seus cinco filhos tiveram grande influência na música da época. Uma filha foi até cantora de ópera.

É evidente que falta falar no principal: os AMORIM.

Gente portuguesa, de uma terrinha linda (na época!) e com o mais bonito nome – A-Ver-O-Mar – na freguesia de São Tiago de Amorim, no Concelho da Póvoa de Varzim.

Tem-se notícia que um dos mais velhos tinha confortáveis meios de subsistência, e com isso dava ordens na aldeia (!) e um dos seus filhos, meu tri, homem do mar, deixou seus ossos entre a Bahia, Salvador, Brasil, e Portugal, deixando três filhos pequenos, um deles o meu bisavô e homónimo.

De tudo isso posso concluir que é bem possível que o DNA deles todos misturados me tenha moldado:

- dos Vikings o gosto pelo mar, aventuras, novas terras, novas gentes.

- dos Bascos, ideias firmes, e não levar desaforo sem retribuir...

- dos franceses, o gosto pelos patês, queijos e o vinho! Ah! O vinho!!! E os Impressionistas.

- dos mouros, o gosto por filosofar e pela agricultura, de que eram mestres.

- dos Driesel, checos, a terra onde se produz e criou a melhor cerveja do mundo, Pilsen, que muita bebi e ainda ter estado 10 anos a trabalhar em cervejeiras.

- da Suíça/Alemanha o gosto pela mecânica, disciplina, Mercedes e Beethoven, e o vício de trabalhar... bem.

- de Córdova talvez o gosto pelas touradas (entrei em muitas) e pela música gitana (de que sou fã) e aquela escrita lindíssima que os árabes por lá deixaram, que ninguém sabe ler... a não ser eles, mas indiscutivelmente, é muito bonita.

E dos portugueses esta coisa de ser obrigado a estar sempre a malhar nos governos, mas a não perder um bom copo (vários) sobretudo de Ramisco e ter saudade de Sintra, Évora e Porto.

E principalmente dos Amigos, muita, o que deve ser evidente. Muita saudade mesmo.

Pertenço àquele grupo dos que imigram porque procuram novos horizontes.

Horizontei-me por muito lado! Nascido no Porto, vivido em Lisboa, estudado em Évora, mais de 20 anos em África, saudosa, jamais esquecida, e já 47 de Brasil.

Pronto. Agora ficam a conhecer-me melhor.

 

23/09/22

domingo, 18 de setembro de 2022

 

Encontros Conversados ‘3’

Chegam os Vikings

 

Tal como era esperado, estes textos, confusos, envolvendo Grandes desconhecidos, não têm merecido o interesse habitual dos meus “seguidores”. E têm dado uma trabalheira miserável!

Estão confusos, porque têm que estar de acordo com as minhas meninges já bastante bolorentas, e porque isto de conversar com pessoas que estão no Além há milhares de anos, certamente sem abrirem a boca... é dose! Até para mim é uma canseira.

Também ninguém me mandou meter em sandas incógnitas... e tentar “ouvir” o que os “passados” poderiam dizer-me!

Atrevimentos.

Primeiro descobrir os que poderiam “dizer” alguma coisa, e depois procurar perguntas que possam interessar.

Uma canseira, para mim, não para os etéreos, que devem ficar a rir com esta “aventura” em que me meti.

Mas assim mesmo vou continuar um pouco mais. Pelo menos quando lá chegar a Cima, vou encontrar uma mão cheia de “novos” amigos! E, com uma prévia conversinha com o senhor Petrus (em latim), ex-Simão, que por aqui dizem ser o zelador lá das Alturas, talvez ele autorize uma farra, com churrasco de mentirinha e caipirinha de névoa, e uns copos de tinto falso, para continuarmos o papo agora iniciado a correr.

Vamos entretanto continuar chamando os talvez primeiros grandes, Grandes mesmo, navegadores, os Vikings.

Tem má fama, de serem uns brutos, beberem cerveja pelos crâneos dos inimigos vencidos e degolados, levantando orgulhosamente esses crâneos, com cerveja ou aquavit, e gritando “Skol”, como nós hoje dizemos “txim-txim”. Só que skol significa crâneo que o vencedor exibe, e txim-txim, é aquele barulhinho que só fazem os copos de verdadeiro cristal e não tem tradução!

Fizeram e desfizeram o diabo entre os séculos IX e XI. Andaram mais de dois séculos na doideira, a matar, pilhar, estuprar, destruir e só sossegaram quando se uniram os três grupos: suecos, noruegueses e dinamarqueses depois de muito se terem guerreado entre eles.

O primeiro e mais que brutal assalto que se conhece terá sido ao Mosteiro de Lindisfane (em 793), numa pequena ilha no norte da Inglaterra, onde só havia monges em oração e meia dúzia de pobres pastores. Desconhece-se o nome do besta que comandava. Gostaria de lhe dizer umas coisas. Entre elas: covarde.

Chegaram nos seus belos drakkars, foram recebidos atenciosamente pelos monges, mataram todos, saquearam o que havia – só material religioso – e foram embora no mesmo dia.

Deixaram os ingleses aterrados, eles que viviam em bom sossego.

Mas havia muitos nobres e reis na Escandinávia, que se guerreavam constantemente. A população ia crescendo, treinada para guerrear, e a “solução” encontrada foi... roubar. Começa a era do terror viking.

Em 845 Ragnar Lodbrok, um rei tranquilo, matou o rei sueco Fro que havia matado o seu avô, com 120 navios ataca e cerca Paris, na altura em que a cidade se limitava à Ille de France (onde está a catedral) e só foram embora quando o rei Carlos II, de França lhes pagou mais de 2,5 toneladas de ouro e prata!

Em 865, parece que o mesmo Ragnar invade a Inglaterra, por Wessex. Vou chamá-lo.

- Ragnar, rei da Dinamarca e Suécia, que necessidade tinha de ir atacar povos pacíficos e indefesos?

- A vida na Escandinávia, estava confusa. Guerra constante entre reis, entre jarls (earls – condes), e era difícil viver em paz. A população crescia e o que mais tinham para fazer era guerrear! Assim fomos procurar outras terras onde encontrámos muita riqueza mal distribuída que nos levou à pilhagem. Só quem anda com homens valentes e sedentos de melhorar a vida, sabe o quanto custa segurá-los em frente de tesouros que se podem raptar!

- E porque não deixou destruir a abadia de Saint-Denis, quando os escandinavos ainda adoravam Odin?

- Já tínhamos atacado e pilhado Rouen e achei que aquela igreja não nos poderia trazer nada de interesse.

- Mas foi uma carnificina terem feito 111 prisioneiros e os enforcado em frente do povo francês, só para os aterrorizar. Talvez ajudasse a que Carlos de França pagasse altamente esse vosso cerco a Paris. Esse dinheiro foi distribuído ou usado para pouco depois montar outra esquadra e ter invadido a Inglaterra?

- É evidente que esse despojo que levei de Paris me permitiu armar uma grande e forte esquadra.

- Quer dizer que alguns anos depois, esquadra bem preparada, invadem Wessex e vão subindo a Inglaterra matando tudo e todos, até estabelecerem um rei normando. Obrigado Ragnar, vou consultar outros feitos.

Pouco tempo depois o rei Rollo, Rolão, o grande viking saiu da Escandinávia, foi saqueando pelo caminho, atacou Paris, cerca do ano 911, que saqueou.

Face à constante força invasora dos vikings o Rei Francês Carlos, o Simples, concordou em entregar uma ampla região costeira ao controle viking em troca da interrupção das invasões e saques. Esse acordo foi selado em 911, e Rolão foi estabelecer-se em Rouen, no que é hoje a Normandia, sendo o primeiro Duque da Normandia, no norte da atual França.

Este pedacinho de história é para localizarmos e nos apresentarmos ao Rolão, senhor duque.

- Duque Hrólfr (era assim o nome dele em língua eslava!) porquê os Vikings estavam constantemente a atacar povos tranquilos, a roubá-los, assassiná-los, etc.?

- Lá na nossa terra, além de muito frio, tem poucas terras cultiváveis. A população crescia e não conseguíamos produzir alimento suficiente. Além disso havia constantes lutas entre nobres e reis. Precisámos de mais espaço, mais terra, e terra para agricultura. Também estivemos também muito tempo em guerra com invasores bárbaros, e vizinhos orientais e decidimos partir à procura de novas terras.

- Mas já tinham colonizado a Islândia, grande parte da Bretanha, porque mais? A seguir as costas da Hispânia,  e  foram até à Itália!

- O povo achou fácil viajar e saquear, além de estarmos em constante guerra com invasores do sul e do leste.

- Naquele mar do Norte, por vezes muito bravo, os drakkar aguentavam-se bem ou perdiam muitos barcos e gente?

- Saíamos sempre muitos. Barcos e guerreiros. Alguns ficavam pelo caminho. Mas o resultado era sempre positivo. Havia muita riqueza que nos aproveitou e estimulou para continuarmos.

- Hrólfr, ou Rolo, continue a descansar... mas sem os aparatos do ducado!

 

Entretanto da Escandinávia não paravam de sair inúmeros grupos ou esquadras que assaltavam a Frísia, hoje Holanda e Bélgica, a França e por todos os lados a Inglaterra onde acabaram por reinar durante dois séculos até chegar William II, ele mesmo um Normando, francês, descendente de vikings.                                                                                                           

No século IX saíram por esses mares “au diante” a pilhar e matar tudo que pudessem. Já cristianizados encontraram no sul da Hispânia uns inimigos “ideais”, os mouros, muçulmanos. Mas aí a luta ficou empatada, Os vikings perdiam tantos homens nas lutas como os hispânicos, só que estes tinham gente para repor e os vikings foram ficando desfalcados, de gente e barcos que lhes capturavam e pegavam fogo. Chegaram à Sicília, mas pelo caminho iam dando porrada, matando e pilhando quaisquer uns. Gente fina. Enfim.

Um desses selvagens, “o povo pagão”, como de entrada lhe chamavam os britânicos, foi outro nobre chamado Ulf, que ficou conhecido como Galizu Ulf.

Ali, sentado no chão à sombra da mesma árvore da minha casa, telecomuniquei-me com o dito Ulf, um nobre dinamarquês, que sabendo das minhas intenções, respondeu de “má cara”.

- Senhor Ulf. Porque ficou conhecido por Galizu Ulf?

- Quando aportámos à Galiza, a ideia era assaltar a cidade de Jacobus (São Tiago de Compostela) mas como estavam em guerra os reis de Leon e Castilla, Bermudo III de Leon nos propôs que o ajudássemos, fez inúmeras promessas e depois não cumpriu. Então fomos atacando e saqueando tudo por onde passávamos.

O medo do povo foi tão grande que nos chamaram “os lobos” da Galiza. Também apoiámos Rodrigo Romániz num assalto a um castelo em Leon, e contra os Bascos, mas do mesmo modo não cumpriu depois o que nos tinha prometido. Seríamos pagos com parte dos saques, mas nada cumpriram.

- E como acabou isso?

- O bispo Cresconius, juntou uma grande quantidade de homens veio contra nós e tivemos que zarpar. Já tínhamos perdido muitos homens naquelas lutas.

Não há dúvida que estes escandinavos eram bravos. E fizeram estragos em todo o lado onde passavam!

Houve mais um que teve que dar o fora da terra porque o seu pai tinha assassinado um outro nobre. Filho de um grande chefe, Érico, o Vermelho, foi um explorador e o primeiro europeu a criar um assentamento na América.

Leif Eriksson.

- Leif porque se meteu ao mar à procura de novas terras, tendo os escandinavos já tantos assentamentos, e tantas terras para colonizar?

- Muito se falava lá na Escandinávia que haveria novas terras para poente. O meu pai teve que sair e eu aproveitei, reuni um grande grupo de homens e barcos, e parti com ele à procura dessas terras. Encontramos ao fim de longa navegação, no ano 984, uma terra cheia de árvores, um clima talvez até mais agradável que o da nossa terra, e ali fundámos duas colónias. Como no meio de tanto gelo havia uma grande área muito verde chamámos-lhe a “Terra Verde” – Groenland”! Hoje essas colónias não existem mais. O clima esfriou muito, o verde, que deu origem ao nome da terra, quase desapareceu, a fome fazia sentir-se e tiveram que ser abandonadas, mas muitos séculos mais tarde.

- E como foi o relacionamento com os povos originais que ali se encontravam há milénios?

- Muito bom. Houve até casamentos entre os povos. Nunca houve qualquer desentendimento.

- Mas o seu instinto também lhe dizia que para sul havia terras ainda melhores. E o seu espírito irrequieto ajudou!

- É verdade. Embarquei, 16 anos depois, com um grupo grande, homens e mulheres e encontramos uma nova ilha, essa muito bonita, muito verde, onde pudemos até fazer vinho com uvas que lá encontrámos, e assim se chamou Vinland.

- Mas aí os indígenas parece que não apreciaram a vossa presença.

- Houve uns desentendimentos e somente dois anos depois eles arrasaram tudo que tínhamos feito. Tivemos que abandonar, e como o meu pai tinha falecido em Gardar, cidade que ele fundara na Groelância, e era governador de uma terra na Noruega, voltei para casa, para assumir o lugar dele.

- Tem noção de quantos dias, ao todo andou no mar?

- Muitos meses, com dias de mar chão e outros de grandes ondas, mas conseguimos fazer essas viagens graças à qualidade e boa construção dos nossos drakkars, como ao espírito de luta do nosso povo.

- Obrigado Leif. Um dia continuaremos a nossa conversa!

Estes vikings eram muito duros de roer. Levou tempo a que sossegassem. Só depois que Canuto II se tronou rei da Dinamarca, Noruega e Inglaterra, em 1035.

Que foram grandes navegadores, e os primeiros em longas distâncias, parece ser uma realidade.

Depois só recomeçam as “novas” grande navegações cerca de 500 anos mais tarde!

Chineses, portugueses, espanhóis, muitos outros e árabes no Índico comerciando escravos e ouro em África e especiarias na Índia.

Deixaremos essa gente. Talvez volte para falar com eles, mas não tão cedo!

 

17/09/2022

 

 

 

 

 

terça-feira, 6 de setembro de 2022

 

Encontros Conversados ‘2’

 

Querendo começar os “encontros” por ordem cronológica e não conseguindo encontrar nenhum persa, sabendo que os persas navegaram muito, experimentei um cartaginês, Hannon, que terá vivido entre c. 500 a.C. e ?440 a.C. Ainda pensei que não teria como me entender com tão estranha linguagem que ele teria, mas... no Além o que falam são os espíritos e todos se entendem.

Concentrei-me, imaginei como seria o Almirante Hannon, certamente um homem determinado, culto, muito afeito ao mar, uma vez que o Mediterrâneo era constantemente percorrido por cartagineses, que se encontravam em situação privilegiada no Meio da Terra!

A civilização cartaginesa é produto de hibridação. Os fenícios misturaram-se com os autóctones, berberes, a que chamavam de 'libu',"os líbios.

Então o nosso almirante seria parecido com um hispânico!

Ele já estava a seguir o meu pensamento, e diz-me

- Sou um homem típico do que hoje se chama o Magrebe! E ando no mar desde criança.

- Como surgiu essa ideia de tentar dar a volta a África?

- Nós, cartagineses, fenícios e egípcios somos quase o mesmo povo. Vários reis, mas quase uma família. Eu conhecia o périplo que Faraó Neco II (660 a.C. - 593 a.C) mandou fazer, há cerca de uns cem anos, estudei-o bem e decidi ir completar o que os navegadores egípcios não conseguiram. Entretanto perdeu-se o nome dos responsáveis, os que comandaram ou escreveram sobre esse périplo que, segundo consta não terá passado do encontro com algumas ilhas no grande mar oceano.

- Mas de quem foi a iniciativa dessa viagem?

- Desde há muito que Cartago dominava o Mar Mediterrâneo, com inúmeras colónias, na Espanha, na Sicília, Marrocos, Malta, etc. e tudo isso lhe dava um grande poderio económico. Então a ideia foi correr a costa de África para negociar e fundar novas colónias, que não eram outra coisa do que entrepostos comerciais.

- Para isso saíram 60 embarcações a remo e à vela, com milhares de famílias para novos assentamentos?

- Era, sim, uma esquadra imensa, mas com uma organização perfeita, que me foi confiada, devido à minha vida toda dedicada à navegação.

- E resultou em algo positivo?

- Não exatamente. Estabelecemos bons contatos mas somente em assentamentos a Norte das Montanhas Atlas. Para sul o povo era extremamente atrasado e nada tinha de interesse para negociarmos.

Mas qual foi a razão principal para interromper a viagem e regressarem a Cartago?

- Tínhamos saído com uma multidão de gente, que deveriam fundar ou criar outras colónias, fora os milhares de remadores, para o que foi necessário reservar boa parte dos barcos somente para levar alimentos, na esperança de encontrar no caminho gente que nos pudesse abastecer, mas isso não foi possível. Assim, com receio de nos faltar comida demos meia volta. Ao mesmo tempo estávamos muito para sul e de repente a terra começa a cuspir imenso fogo quando estávamos fundeados numa sossegada baía. O fogo chegava ao mar e num instante tivermos que pôr a esquadra no alto mar e voltar para casa.

- Foi fácil o retorno, que em princípio seria navegar contra-vento?

- Não esqueça que todas as embarcações tinham remos. Cinquenta homens cada barco, e aproveitávamos cada pouco de vento que às vezes nos aparecia favorável.

- Quer dizer, Cartago procurou expandir-se para sul e para Norte, neste périplo com o Almirante Himilco. Pouco hoje se sabe da sua viagem e navegação, mas que procurou e terá achado as Ilhas Cassiteritas, à procura de estanho.

- Isso mesmo. Fez uma magnífica navegação, apanhou calmarias e grandes mares, foi muito auxiliado pelos Tartessos que já faziam essa viagem com a mesma finalidade e nos vendiam depois o estanho em Gadis.

- Almirante Hannon, foi uma grande honra conversar com o Senhor. Muito obrigado, e espero que continue a descansar na Paz do Alto, lá nos etéreos do seu deus Baal.

Estas conversas iam me deixando meio tonto. Eu mesmo receava que estivesse a endoidecer, com conversas impossíveis.

Mas eram reais, porque sempre levei comigo um caderno e várias canetas para não perder nada do que conversássemos.

Nesse dia decidi que não podia conversar com mais ninguém. A cabeça doía. Fui andar, sozinho, por ruas onde quase ninguém passa, e só dois dias depois me fui sentar no mesmo lugar e invocar novas testemunhas de tempos que o tempo não sabe já quando foi.

Escolhi três, da Grécia.

Duas mulheres e um homem: ambas Artemísias e ele Temístocles.

Elas por se saber o quanto foram determinadas e inteligentes nas batalhas navais em que estiveram envolvidas, e ele, também não navegador porque comandou uma esquadra em batalha naval, que venceu.

- Artemísia, sátrapa de Cária, uma região bem grande na Anatólia grega, porque decidiu entrar da Batalha de Salamina apoiando Xerxes um rei persa?

- Apesar de ser de origem grega toda a Anatólia estava sob o domínio de Xerxes, que era obcecado por conquistar a Grécia, e eu não podia ficar neutra.

- Preparou e comandou até 5 embarcações de guerra pagas do seu bolso?

- Não era grande coisa, já que a frota persa era de uns 800 barcos, mas a nossa atuação teve muita influencia pelos conselhos que fomos dando ao rei.

- A sua atuação foi tão inteligente que os próprios gregos a elogiaram. E não quiseram mais tarde revidar a sua escolha?

- Não, porque logo se estabeleceu a paz, o rei Xerxes abandonou a batalha, derrotado e voltou para Persépolis.

- Quer dizer que Artemísia entrou para a história como uma almirante estratega?

- Lá isso não sei. Soubemos que Xerxes ficou meio louco com a derrota e acabou sendo assassinado.

- E Cária continuou grega?

- Sim, mas eu pouco depois saí do mundo terreno! E nada mais fiquei sabendo.

- Obrigado, Almirante Artemísia. A sua atuação foi há 2502 anos e é necessário que a gente dos tempos atuais saibam que houve grandes mulheres, desde sempre.

- Chegou a encontrar-se, pelo menos na Batalha com Temístocles?

- Não. Ele usou uma estratégia muito bem planejada, e atacou sobretudo os barcos dos maiores almirantes de Xerxes e o próprio navio em que este se encontrava. Eu ocupava outra ala, que felizmente venci, mas no fim Xerxes deu-se por vencido e fugiu.

Foi rápida a conversa com Artemísia, a primeira, mas duas se destacaram na história.

Havia que chamar para um pequeno papo Temístocles, que com toda a sua capacidade foi-se organizando para enfrentar Xerxes I, filho do Rei Aqueménida Dario I, que tinha alargado imenso as fronteira do seu reino, e queria continuar as conquistas do pai, ocupando toda a Grécia

Creio que Temístocles estava à espera que o chamasse, porque afinal foi ele que organizou e comandou a frota grega, com 200 embarcações com Xerxes que tinha mais de 800.

E já comecei a ouvir a voz já triste de Temístocles, o grande general e almirante.

- Porque me chamas?

- Porque me lembrei de recordar grandes nomes de navegadores, e de almirantes. Li um pouco sobre a sua vida, mesmo havendo pouco disponível, mas achei que seria uma figura fundamental em se tratando de navegador ou almirante, e pelo que li a sua estratégia foi sensacional na Batalha de Salamina.

- Eu estive a ouvir a tua conversa com Artemísia. Mulher a admirar, valente, habilidosa, e que felizmente não atacámos porque Xerxes entretanto tinha dado fim á Batalha. Mesmo tendo lutado contra nós, criou no povo grego grande respeito, mas faleceu logo a seguir.

- Sei que foi toda a vida um grande líder militar e mostrou grande coragem ao atacar diretamente a embarcação do rei Xerxes, o que ajudou a desmoralizar toda a frota dele e se retirarem da Batalha.

- Éramos 200 contra 800 e defendíamos a nossa terra que Xerxes já tinha ocupado parte dela. Tinha que ser tudo ou nada.

 - Foi muito ovacionado, mas não tardou a ser posto de parte. O que se passou?

- Inveja, inveja, um dos maiores males que dominam os homens. Eu não era oriundo de famílias ricas ou nobres, mas estava no comando geral dos exércitos gregos, e isso incomodou muita gente!

- E retirou-se logo para junto do inimigo que tinha vencido.

- O rei Xerxes apreciava homens com coragem e saber e recebeu-me muito bem. Foi lá que vivi, em paz os últimos dez anos da vida terrena.

Grande Almirante, muito obrigado por me ter dispensado uns momentos da sua verdadeira Paz.

Foi uma grande figura da história da Grécia. Simples, mas GRANDE.

E, para depois deixar a Grécia em Paz vou chamar mais uma grande figura daquele tempo: Artemísia II.

Outra mulher excecional.

Irmã e depois esposa de Mausolo, filhos de Hecatomno, como seus irmãos Hidrieus e Ada, também casados, todos foram sátrapas de Cária, começando por Mausolo, uns 70 anos depois da morte de Artemísia I.

Este reinou por meio século e, ao morrer deixou o cargo à irmã/esposa. Cária e Rodes não estavam em boas relações e Rodes decide atacar Cária.

É assim que Artemísia entra para a história, e não só.

- Porque casaram dois irmãos com duas irmãs? Era normal nesse tempo, ou foi exigência do pai Hecatomno para manter o domínio de Cária na família?

- Não era normal, mas havia inúmeros casos, sobretudo nas famílias nobres para manterem o poder. No Egito há até casos de faraós que herdavam do avô que era pai deles!

- Depois que Mausolo faleceu como foi o seu governo face aos ataques de Rodes.

- O povo não aceitou muito bem que uma mulher os governasse. Mas como estávamos em estado de geurra com Rodes, nada fizeram.

- Mas Rodes decidiu-se a atacar, e a começar por Halicarnasso. Como foi a sua estratégia?

- Mandei construir um porto escondido e secreto e deixei a armada rodeana avançar. Quando chegaram a Halicarnasso desembarcaram todos os homens, deixando as embarcações fundeadas, convencidos que a conquista tinha sido fácil. Nessa altura mandei sair a nossa esquadra que se apropriou de todos as embarcações de Rodes, e navegámos para lá, nos barcos deles e nos nossos. Ao verem chegar, na frente, os seus barcos abriram logo as portas da cidade. Desembarcámos e conquistámos de vez aquela grande ilha que nos importunava.

- E os rodeanos que ficaram em Halicarnasso?

- Foram todos mortos pela população local.

- Magnífica estratégia.

- E que ideia foi essa de todos os dias misturar um pouco das cinzas do irmão/marido morto a uma bebida e toma-la?

- Eu sabia que não ia durar muito. Foi grande a revolta contra uma mulher no poder. Assim fui-me juntando ao meu amado irmão e marido até morrer. O que levou pouco tempo,

- Mas assim que ele morreu mandou erguer o mais belo monumento a um falecido que a história regista.

- É verdade. Mandei construir em Halicarnasso e dei-lhe o nome de Mausoleu. Foi um templo imponente tal como ele foi quando reinou. Morri antes dele estar construído.

- Grande mulher. Um exemplo que grande determinação e capacidade de gestão. Obrigado. E uma mulher linda, como a imaginou o pintor italiano Francesco Furini, em meados do século XVII.

- Foi muita bondade dele. Eu não era tão bonita assim!

- Mas é bom que a história nos mostre mulheres valentes e bonitas. Adeus Artemísia

Vamos deixar a Grécia e seus heróis em Paz. Continuaremos com outros que se destacaram muitos séculos mais tarde.

05/09/22