segunda-feira, 8 de agosto de 2022

 

QUEM CHORA MAIS ?

e

ZEBRA

Filosofia e História


Hoje vou espraiar-me em considerandos variegados: filosofar sobre quem chora mais, se homem ou mulher, e depois tecer algumas considerações sobre a zebra, não as zebras, que essas estão lá na vida delas, algumas a serem comidas por leões, leopardos ou jacarés. Não, só zebra.

Antes de entrar na choradeira consultei alguns homens, sobre o choro, e todos foram de opinião que eles choram mais do que elas... disfarçam bem, vão chorar em lugares isolados, mas parece terem lágrima mais fácil.

Por outro lado as mulheres choram mais abertamente, mas talvez menos vezes. Como não sou nem psicólogo muito menos psiquiatra, limito-me às minhas observações diretas, que pouco mais ultrapassam do que os limites da nossa casa, a minha mulher e eu.

Que ela sofre com traumas vários, e temos sofrido bastantes ao longo da nossa vida, não há a menor dúvida.

Talvez as mulheres que carregaram filhos, muitos, tanto tempo dentro delas, que padeceram para os pôr cá fora e os receberam com a maior alegria do mundo e os olhos molhados, sejam mais fortes para enfrentarem os dissabores da vida.

Eu que fui caçador em África notei, muito claramente que o macho atingido por um tiro deixa-se ir abaixo muito mais rapidamente do que a fêmea, sobretudo se ela estiver a carregar um filho na barriga. Ela tem que lutar por si e pelo novo ser. O macho talvez aproveite uma ocasião dessas para se aposentar desta vida. Outro irá substitui-lo na conservação da espécie. Qui lo sai?

Mas estes considerandos têm-me estado bem presentes porque de há uns anos para cá, encontro-me frequentemente com os olhos marejados. A minha sensibilidade está bastante fragilizada. Não choro por mim, mas pelo que vivi dolorosamente.

E isso acontece-me cada vez com mais frequência.

Choro disfarçadamente, porque passo o dia no meu escritório, sozinho, e se por acaso as lágrimas teimam em aparecer quando estou na sala, com mulher e filho, procuro não falar porque a voz se embarga, e discretamente vou limpando os olhos.

Vergonha? Não, não é. Mas quando memórias ou notícias dolorosas nos alcançam não quero transmitir a tristeza que me vai na alma para outros. A vida já é difícil de qualquer modo, nada de estar a afligir ou entristecer mais os que me rodeiam.

Às vezes saio até de casa e vou andar um pouco na rua. Aí deixo as lágrimas correrem, porque mesmo que alguém me veja pensa que me deve ter entrado poeira nos olhos!

Também não é por pensar que estou numa idade já exagerada, porque quando a minha hora chegar, chegou. É assim. Nessa ocasião, chorará quem cá ficar, se… ficar com saudades!

Assim concluo que as mulheres choram mais descontraidamente (será?), enquanto os homens, muito machos, escondem suas fraquezas!

Afinal essa definição de sexo forte e do fraco é uma falácia: as mulheres são mais fortes mesmo que a maioria tenha menos força física, mas parece não haver dúvidas que têm muito mais força interior.

Quem carregou uma criança dentro de si… é coisa que o homem não sabe o que é. E isso, sem dúvida, dá às mães uma força e uma resistência que supera, em muito, o homem que simplesmente se for pai, se limita a aguardar que que o filho apareça, sem lhe ter custado um só ái!

Depois desta busca pelo entendimento do choro, mais uma vez e por muitas razões tenho que tirar o chapéu às mulheres e dar risada na cara dos machos!

* * * * *

Vamos agora à ZEBRA.

É uma palavra, um termo, que designa, normalmente aquele animal lindo, mamífero africano do género Equus, da família dos equídeos, não domável, com riscas pretas que até hoje mantém os “especialistas” a discutirem se o animal é branco com riscas pretas ou preto com riscas brancas.

Devia, só por esta razão, simbolizar a maioria dos parlamentos políticos onde os eleitos lá não vão para melhorar a vida do povo, para se sacrificarem pela nação, mas para usufruírem de altas posições, discutindo a filosofia ou a zootecnia das riscas das zebras ou, mais simplesmente só o sexo dos anjos.

Mas deixemos esses sanguessugas a desbaratarem os mais fracos e vamos ao que interessa.

É sabido que o Brasil tem uma loteria, proibida por lei em todo o país, mas que se vende nas ruas, à vontade, e que é um altíssimo negócio.

O famoso Jogo do Bicho, que tem uma história muito interessante, é um jogo mais que popular, e toda a gente, mesmo pobre pode jogar e joga. São dezenas de milhões de apostadores no Brasil.

Pode apostar-se só R$ 1,00 e poucas horas depois já sabe se ganhou ou não, e se jogar esse realinho em uma milhar no primeiro prêmio (conhecido como cabeça por ser a primeira milhar no topo da lista de resultados), caso acerte ela inteira (os quatro números), ele ganha até 3 000 Reais!

A história deste jogo é muito curiosa. Foi criado em 1892 pelo barão João Vieira Drummond, fundador do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro. Uma crise econômica que ocorreu no Brasil, entre o final da Monarquia e início da República, marcada por uma forte inflação e pela formação de uma bolha de crédito, estourou durante a chama República da Espada, 1889/94 –dos marechais, desencadeando uma grave crise financeira e institucional.

Para melhorar as finanças do zoológico que estava em dificuldades financeiras, o barão, senhor de terras e escravos, criou uma loteria em que o apostador escolhia um entre os 25 bichos do zoológico.

Como naquele tempo não havia nenhuma zebra no zoológico, ela não está entre os 25 animais que emprestam o nome a essa loteria. Por isso, no jogo do bicho, dar zebra é algo impossível. Com o tempo, o termo passou a significar um resultado muito inesperado. Começou pelo futebol e, depois, para as demais modalidades esportivas. Atualmente, aplica-se a resultado inesperado em qualquer atividade. Não deu o previsto: é zebra. Qualquer coisa que dê errado… deu zebra!

Deste modo zebra é um nome, talvez uma metáfora (?) que ficou importantíssima no vocabulário do Brasil.

Além disso foi a zebra, ngolo palavra angolana, kimbundo, que os angolanos trouxeram para o Brasil um jogo bem mais interessante e não proibido que aqui ficou chamado de “capoeira”!

Porque, na origem, em Angola, essa espécie de luta ou de dança, tenta reproduzir a zebra que não se deixa domesticar e que resolve os seus problemas com admiráveis coices!

Abaixo a tabela dos bichos do jogo.


08/08/22

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