domingo, 28 de agosto de 2022

 

Encontros Conversados ‘1’

 

Aquele jovem* que há poucos anos se lembrou de “organizar” um Encontro de Escritores”, que foi um sucesso para quem teve o privilégio de nele participar e para os que somente puderam servir de testemunhas, continuava com esse evento bem vivo na sua cabeça, e pensava como poderia repetir tal acontecimento, mas com outras personalidades. Quem haveriam de ser os próximos?

Seria disparate plagiar ou repetir o que já fora feito. Começou a pensar em grandes navegantes.

Mas precisava de um patrono, de alguém que o auxiliasse em tão complexa tarefa.

Um dia, descendo a pé a Avenida da Liberdade, devagar, para gozar um belo dia de primavera, ia parando para contemplar cada uma das estátuas que ali se se encontram, e que lhe lembrava o tempo de criança quando o pai lhe dizia que “as quatro estátuas da avenida representavam as cinco partes do mundo que são fé, esperança e caridade”, brincadeira que jamais esqueceu.

Lá estava, e está, Almeida Garrett, que foi quase um segundo pai para o seu bisavô! Já célebre no seu tempo, ministro, deputado, par do Reino, achou graça ao jovem que, pobre, regressara do Brasil, dfeterminado cheio de vontade de vencer e se instruir, que um dia, quando morava ainda num pequeno andar alugado com um colega, onde a desordem e desarrumação eram gerais, no então bastante sombrio e soturno Largo do Regedor, recebe a inesperada visita do seu “patrono”, sempre impecavelmente vestido.

Espantados, assistem ao já Senhor Visconde, depois de os cumprimentar, começar ele, o “grande senhor” a arrumar-lhes a casa! O “pupilo” e o colega, envergonhados, tiveram que rapidamente começar a dar um ar de decência à habitação!

É evidente que situações como esta, rara, raríssima tinha que ficar registada para a história. E ficou.

Parado em frente da estátua (que a Câmara Municipal devia mandar lavar com frequência, porque não é lixo que dá grandeza) comecei a dizer para mim mesmo:

- Ó, Almeida Garrett, que estátua feia lhe fizeram, e ainda por cima não a lavam como deve ser! Apetece-me ir buscar uma escova e uns baldes de água e dar-lhe um aspecto mais digno, que bem o merece!

Quando me calei, senti como que um encolher de ombros que me dizia:

- Isto é só uma pedra a que ninguém liga!

Fiquei estarrecido! Garrett estava a falar comigo, ou eu estava a ficar louco? E insisti:

- Ainda por cima viraram a sua cabeça para o alto! Com que ideia? Como se os olhos da estátua pudessem ver o Além. E há tantos anos na mesma posição deve dar um violento torcicolo. Também Alexandre Herculano está cheio de sujeira! Desleixo da Câmara.

Nessa altura ouvi uma risada. Garrett estava mesmo a falar comigo.

- Estando Lá no Alto devem saber tudo, e talvez até saiba quem eu sou. Mas que tenho muita admiração e reconhecimento pelo que fez pelo meu bisavô.

Pelo sussurro pareceu-me que ele não me conhecia e aventurei:

- Sou bisneto e homónimo do seu pupilo e biógrafo, com quem sempre procurei, modestamente, me identificar. Como sabe não se pode admirar o meu bisavô esquecendo o que o Mestre fez por ele.

De repente eu já ouvia, distintamente, uma voz, e o choque era tão grande que me sentei aos pés da estátua.

­- Esse meu pupilo foi um jovem extraordinário. Gostava muito dele, e considerei-o como uma espécie de filho adotivo. E quando fechei os olhos as minhas últimas palavras foram para ele.

- Mestre Garrett, estar a conversar consigo, deixa-me confuso, sinto-me um anão a seu lado. Mas é um dom que me está a ser concedido, e vou aproveitar para lhe fazer um pedido.

- Continua. Estou a gostar de falar contigo. Passam aqui nesta avenida milhares e milhares de pessoas e jamais alguém me dirigiu a palavra! Nem o olhar, para saberem o que diz o pedestal.

- Vou voltar mais vezes quando, e se, voltar a Portugal. Talvez possamos continuar a conversar mesmo longe daqui, porque eu vivo muito longe, no Brasil. Não na majestosa Amazónia do seu pupilo, mas no Rio de Janeiro. Fica no entanto o pedido: em vez de organizar um novo Encontro de gente célebre, eu prefira ensaiar, quando estiver só, em silêncio e sossegado, conversar, como agora, com cada um. Mas os escolhidos para estas conversas, não serão escritores, mas navegadores. E para isso irei pedindo o seu apoio e conselho.

- Francisco, conta comigo, mesmo que pouco possa ajudar. Mas estás a recordar-me o meu querido pupilo, e isso é muito bom para mim, e para ele, a quem vou contar este nosso encontro.

- Obrigado. Já vou embora e aproveito para dar uma palavrinha ao Alexandre Herculano mais uma figura que tanto estimo e admiro.

- Podes dar-lhe um abraço da minha parte, e que não esqueça de me perdoar de o ter levado ao meu encontro com a Viscondessa da Luz. Ele ficou danado comigo. Mas passou-lhe. Éramos amigos e respeitávamo-nos muito. E olha, ele é quem mais te pode ajudar. O mais profundo conhecedor da nossa História.

- Mestre Almeida Garrett, saio daqui com a cabeça a mil, e não posso contar isto a ninguém. Não acreditariam! Até breve.

Ali perto, lá estava o Grande Alexandre Herculano. Olhar grave, para baixo, fazendo sentir que não gosta de ser importunado, ele que muitas vezes durante a vida esteve de mau humor. Mas a minha admiração por ele foi mais forte e arrisquei:

- Mestre Alexandre Herculano, não pretendo incomodá-lo, mas simplesmente lhe render as minhas homenagens.

Estava atento! E tinha ouvido toda a conversa que eu tivera com Almeida Garrett.

- Eu também conheci bem o teu bisavô. Foi-me apresentado lá em casa por outro jovem brilhante, o Raimundo Bulhão Pato. Dois jovens cheios de vida. E vejo que tu tens um dom: o respeito pelos mais velhos. Olha podes dizer ao Garrett que aquele passeio a que ele me levou e depois me deixou na caleche para ir ver a desavergonhada Viscondessa, foi o que hoje se chama uma molequice. Mas que, evidente, esqueci logo. Quando quiseres alguma coisa podes sempre falar comigo.

- Como me honra e o quanto lhe agradeço. Vou ver se a Câmara Municipal também vem limpar esta sua estátua.

 Saí dali com a cabeça a zoar. Parecia que um enxame de abelhas tinha tomado posse do meu cérebro. Tão baralhado estava que corri para o Café Martinho d’Arcada. Ali estiveram Garrett, Herculano e Bulhão Pato mais de um século atrás. Sentei-me na primeira mesa, queria refletir sobre o acabava de viver, mas era difícil. Mais ainda sabendo que continuava rodeado pelo espírito dos grandes homens que frequentaram este Café. Ao fim de meia dúzia de copos de cerveja a zoada foi embora, e eu... tonto. Não sei da cerveja se das conversas.

Arrastei-me depois, sempre a pé, até ao hotel onde estava hospedado, junto ao Marquês de Pombal, mas pelo lado esquerdo da avenida. Não queria voltar a encarar os Mestres.

Dormi mal, e de manhã não sabia se tinha sido um sonho, se realidade, nem me atrevi a ir testar.

Poucos dias depois regressei a casa.

Já no sossego do lar, a área externa tranquila, muita sombra, muita árvore e muito verde, sentei num canto a continuei a pensar no que me tinha sucedido, que não me saía da cabeça.

E a pensar em “chamar” o próximo para a conversa. Quem, para falar sobre navegantes?

O pensamento corre para o Infante Dom Henrique, mas não é persona com quem simpatize muito. Fez muita coisa mas era super ambicioso, abandonou o irmão, enfim, o grande filho de Filipa de Lencastre de quem dou fã é o Dom Pedro, Duque de Coimbra. Este virá mas um pouco mais pardiantemente.

 Nota - * Jovem, na altura com mais de oitenta anos!

 A seguir...

 27/08/2022

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

 

A Vida do Zé

(o pai do Alcebíades)

 Lembram do Zé? O pai do Alcebíades do último texto do blog? Pois é. Ele também tem uma história que merece ser contada.

Nasceu mal começara o século XX, na Beira Baixa, Portugal, num lugar hoje abandonado, Monte do Marmelitos, na Serra do Carregal, onde grassava a fome, o desemprego total, as chuvas raras, o chão não produzia sequer para comer e o povo mal sobrevivia.

O pai do Zé ouviu falar na Índia. Chegavam tarde as notícias àquelas bandas, e ainda havia uma réstea de sonho, não de riqueza, mas de vida sem fome.

Um dia, Zé tinha menos de um ano, o pai saiu de casa e nunca mais alguém soube dele.

A mãe abandonou o casebre, pôs o filho no colo e meteu-se a caminho da vila mais próxima, Idanha-a-Nova, sede do maior munícipio de Portugal, que vivia nesse tempo pouco mais que dos rebanhos de ovelhas, pertencentes a poucos senhores.

Pelo caminho foi comendo o pouco que outros pobres lhe davam, mão estendida, à procura de um afastado parente que se lembrava vivia na vila e teria um pequeno comércio.

O parente, com uma pequena loja, deu-lhe albergue em cima de um monte de palha, mas garantiu-lhe alguma coisa que comer, para dois, já que o filhote só se alimentava com o pouco leite da mãe.

Ao fim de algum tempo conseguiu trabalho na casa de um dos grandes senhores, ajudante na cozinha, sempre levando ao lado o Zé que ia crescendo.

Com 6 anos o parente da loja, que se afeiçoara ao garoto ia-lhe dando umas pequenas missões, como levar uma ou outra pequena encomenda que algum freguês tivesse feito, onde lhe davam uns centavos, reis naquele tempo, que deixavam o pequeno feliz.

Esperto, muito vivo, logo que chegou o tempo foi para a escola, onde aprendeu a ler e escrever, e mesmo sem ter terminado o primário, ficou a “trabalhar” com o parente. Entretanto aqueles míseros reis que lhe davam já conseguia ajudar, mesmo com pouco, a vida difícil dele e da mãe.

Aos 10 anos começou a trabalhar em tempo integral com o “tio”, como chamava ao parente, mesmo recebendo pouco mais que esmola, mas ia aprendendo tudo quanto lhe passava pelas mãos, e não só.

Ia deitando corpo, forte, e aos 14 anos despediu-se da mãe e do “tio” e foi procurar vida em outro lugar mais promissor.

Aquela região da Beira é pobre. O Zé sabia que para sul havia um grande rio, e onde há água, sempre se pode fazer alguma coisa, e lá vai ele.

Sempre que no caminho avistava uma casa mais ajeitada, batia na porta e oferecia-se para trabalhar. Nada. Ao menos que lhe dessem um pouco de pão, o que raro era negado, e se estivesse no fim do dia que o deixassem dormir em qualquer canto. Assim, sem desanimar, continuou a andar, e só parou, ao fim de mais de dois meses, e para cima de duzentos quilómetros andados, na vila do Redondo, Alentejo, onde chega com 15 anos.

Na sua herdade o Dr. Romão, que tinha um filho da mesma idade, ouviu a saga do jovem e o contratou, do que jamais se arrependeu.

(Nota: o texto anterior refere Alexandre e Guiomar como dois filhos do dr. Romão, mas são netos)

A herdade, com várias centenas de hectares, vivia da cortiça, azeitona, fazendo em casa o azeite para consumo próprio e do seu pessoal, e ainda vendia bastante que lhe sobrava, de uma pequena vinha, que igualmente lhe fornecia vinho para a casa e para os trabalhadores, e vários animais, como ovelhas, gado vacum e muitos porcos. E algum trigo.

Era uma casa rica.

O Dr. Romão, médico, estava nessa altura com 40 anos, tinha começado a vida profissional em Coimbra, onde se formara, mas quando o pai adoeceu, regressou a casa, assumiu a gestão da propriedade e abriu um consultório na vila, além de prestar assistência no Hospital da Misericórdia local.

O Zé foi um trabalhador a juntar a mais uma dezena, e não tardou a se destacar pelo seu zelo, a sua educação e respeito pelos colegas mais velhos, e até pela sua cultura, porque era o único letrado, o que permitiu que o patrão lhe fosse confiando cada vez mais tarefas e mais controle, em mapas que ele fazia, de toda a exploração agrícola. Atento aos filhos do patrão, um deles da sua idade a progredirem na escola, depois, liceu e faculdade, vendo o mais velho a formar-se em medicina, como o pai, e ficava a pensar o quanto ele daria para poder seguir os mesmos passos. Gostava de conversar com este, bom estudante, e aplaudia o seu progresso, bem como o da irmã, em veterinária, que tinha nascido dois anos depois.

Com regularidade escrevia para a mãe, mas raro recebia notícias, limitando-se a saber que continuava viva, mas por pouco mais tempo, o que o fez desligar-se completamente dos seus primeiros anos, bem sofridos.

Ao fim de pouco tempo, Zé já funcionava como uma espécie de primeiro auxiliar na herdade, tinha já uma casinha, só para ele, onde podia escrever, fazer mapas, etc. deixando o dormitório da maioria dos outros trabalhadores.

Numa das feiras anuais, onde concorre muita gente, e todos os vizinhos, conheceu uma jovem, o seu coração bateu, ainda forte, já com mais de 30 anos, e conquistou o coração daquela que, após ter pedido ao patrão autorização para casar, virou a sua companheira.

No ano seguinte nasce Alcebíades, e a mãe em pouco tempo falece.

Vimos que o Dr. Romão, passados os 60 anos, assume a criação do recém nascido, que foi mimado pelos filhos do já Dr. Augusto (o filho mais velho do Dr. Romão), um rapaz com 11 e uma filha com 9 anos.

Zé era já o capataz geral da herdade, e desde que enviuvara, tinha autorização de, no fim do dia compartilhar da refeição dos empregados domésticos, depois de ter estado a conversar com o filho que crescia “em graça e sabedoria”.

A cozinheira, mulher de idade igual à dele, a Rita, também enviuvara havia alguns anos, e o entendimento entre eles ia crescendo.

Assim que Alcebíades foi estudar agronomia para Lisboa, deixando o pai mais isolado, mais uma vez o Zé pediu ao novo patrão, o Dr. Augusto, visto que o pai estava muito velhote e afastado da gestão da herdade e até de serviços clínicos, para se juntar com a Rita. Tinha a casa na herdade, estava relativamente folgado de finanças, e com o ordenado dele e dela, poderiam viver felizes os anos que ainda lhe estavam sobrando.

Foi uma festa na Herdade, em que participaram patrões, empregados e até vizinhos, além do padre da Santa Casa da Misericórdia que veio abençoar a união.

Alcibíades, curso terminado segue para Angola, e entretanto a gestão da herdade estava cada vez mais nas mãos do Zé. Os filhos do Dr. Romão, Alexandre e Guiomar, ocupados com as suas atividades profissionais, confiavam inteiramente na gestão do Zé, que lhes dava, quase diariamente notícias do andamento dos negócios.

Chega a triste revolução, de porca memória, e vimos Alcibíades, regressar de Angola imiscuir-se na política e conseguir que os capitãezecos da revolução, que estavam a nacionalizar as propriedades agrícolas, entregassem a Herdade do Romão a ele e seu pai, nessa altura com 70 anos, garantindo melhoria de salários aos restantes trabalhadores e a reordenação da exploração agrícola,

Foi difícil Alcibíades convencer o pai do que estava fazendo. Zé considerava aquilo um roubo, ele que ali trabalhava há mais de meio século e sempre fora muito bem tratado, faria tudo que estivesse ao seu alcance para defender o património dos seus patrões. Mas o risco de serem também invadidos por hordas de comunistas, que a primeira coisa que fariam era venderem tudo quanto lá encontrassem e até largar fogo a plantações, era real.

Alcibíades só lhe disse que se não “ocupassem” eles, iriam perder tudo, como o pai estava a ver o que se passava com tantos outros à sua volta.

As invasões de trabalhadores comandados pelo governo comunista eram uma loucura. Tudo e todos estavam com medo que uma guerra civil estourasse.

O corte de relações entre Alcebíades e os proprietários foi um choque tremendo para estes. A verdade é que eles sabiam o que se estava a passar em todo o país, e que a herdade seria ocupada pelos sindicatos comunistas, se Alcibíades não a conseguisse segurar.

Zé ficou triste, abalado, doente. Estava com mais de 70 e o choque foi grande. Não podia cortar relações com o filho, nem compreendia bem o que ele estava a fazer.

Mas com a dinâmica que Alcibíades foi dando na administração da casa, mantendo e estimulando os trabalhadores que ficaram (alguns juntaram-se à “revolução”), Zé que era quem conhecia tudo aquilo como as suas mãos, foi sossegando e a saúde recompôs-se.

Dois anos de aflição sem que os trabalhos agrícolas fossem interrompidos e até uma grande extensão da vinha iniciada.

A mudança de governo, com a saída de ministros comunas e entrada de um social-democrata (António Barreto) pôs imediato travão à caótica chamada “reforma agrária”, e na herdade os trabalhos prosseguiram. Mas mais tranquilos.

Zé agora com quase 80, estava novamente viúvo. A Rita fechara os olhos, e ele nada mais fazia do que ficar sentado à porta de casa e olhar à sua volta. Gostava de ver os progressos que o filho fizera na herdade.

Os netos já lhe tinham dado três bisnetos que o visitavam com frequência, era o pouco que ainda o agarrava à vida, e já não conseguiu entender quando Alcibíades lhe disse que, finalmente, pudera conversar abertamente com os verdadeiros proprietários, filhos e netos do Dr. Romão, o que não tinha sido possível cinco anos antes, garantindo-lhes que tudo o que fizera foi para salvar a propriedade das mãos dos assaltantes.

A paz voltou àquelas terras, e Zé pôde finalmente descansar, rodeado de filhos e netos seus, e toda a família do seu velho patrão que lhe foram dizer adeus.

Sim, houve muita lágrima, mesmo que disfarçada.

 

18/08/2022

 

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

 

ALCIBÍADES


Não se preocupem. Não vou tecer considerandos sobre o velho Alcebíades que viveu meio milénio antes da E.C. É bem possível que este, de quem vou escrever, ainda hoje esteja vivo.

Isto começa lá, nas largas planas do Alentejo, onde trabalhava José, um homem simples, que, desde o começo do século XX, muito novo, dava seu melhor, braçal, e vivia numa modesta casa na herdade do dr. Romão de Matos, médico herdado e abastado, muito conceituado na região.

Um dia, já homem feito, humilde, foi pedir autorização para casar! Encontrara a sua Anastácia, filha de outro trabalhador rural. Tinham-se visto numa feira e faíscas saltaram!

Aplaudido pelo patrão que o estimava e logo providenciou para que a casa do Zé recebesse mais alguns móveis e conforto; ainda lhe prometeu a festa do casório!

A vida seguiu, os dois filhos do dr. Romão estariam com uns 10 a 12 anos, e não tardou a ver-se a barriguinha da Anastácia a aumentar de volume.

O patrão chamou o Zé e disse-lhe: “Esse filho ou filha que vais ter, não vai andar no campo de enxada ou a tocar os bois. Vai estudar. E se for esperto e trabalhador como os pais, chegará longe. E tem mais, os padrinhos da criança vão ser a minha mulher e eu. Você merece.”

Zé, quis beijar as mãos do patrão, que não deixou, saiu eufórico e foi contar à futura mamãe. A criança ainda não nascera e já tinha o futuro assegurado.

Mas o azar rondou a casa de José. Anastácia não se recompôs do parto e logo deixou um órfão pouco mais do que recém nascido e um viúvo.

Batizado de imediato, o dr. Romão assumiu fez questão de dar o nome à criança: Alcebíades, porque sabia que em grego significava filho de um homem com muita força vital! E ainda decidiu levar o afilhado para ser criado em sua casa, com todos os cuidados e segurança, deixando o Zé triste mas sem o problema de ter que cuidar aquele pequenino ser.

Todo o dia, depois do tralhado, o triste pai, ia a casa do patrão, pedia permissão para entrar, tirava o chapéu, cumprimentava os compadres, muito cerimoniosamente a comadre, D. Guiomar, e ia sentar-se ao lado do filho que estava a crescer cheio de saúde. Ali ficava a olhar para a criança, os olhos sempre molhados, mas o coração feliz, sabendo que melhor para o órfãozinho não havia.

Assim que o garoto começou a crescer e a brincar era a atração de todos. Uma criança saudável, risonha, tratada quase como irmão. Os filhos da casa, Amélia e Alexandre estimavam-no como um irmãozinho… pobre, mas quando foi para a escola ajudavam-no e estimulavam-no, fazendo com que ele sempre fosse um dos melhores alunos daquela escola.

À tarde, com o pai, desabafava: “Eles ajudam-me muito, é verdade, mas tratam-me com superioridade. Bem sei que são mais velhos e os donos da casa. Eu sinto que a amizade deles tem alguma coisa, que me reconhecem como um favor, ou um peso”.

O pai retrucava: “meu filho, o que fizeram e estão a fazer contigo, é milagre. Porta-te sempre muito bem e sente-te agradecido. Nunca lhes faltes ao respeito, nem percas a amizade que, melhor ou menos bem, têm para contigo”.

Alcebíades, no entanto, sentia que tudo isso era verdade, mas bem lá no fundo algo o incomodava. Sabia que não era igual a eles...

Quando entrou para o liceu os “irmãos maiores” estavam já na universidade, Amélia em veterinária e Alexandre em medicina.

Não tardou a haver mais dois doutores naquela família e Alcibíades com esses exemplos já tinha decidido que iria ser engenheiro agrónomo.

Estava um belo rapaz, forte, simples, sempre muito bem classificado nos seus estudos foi para Lisboa e não tardou a terminar o seu curso o curso superior.

Aplaudido, festa na herdade que o padrinho não dispensava, desta vez ao “senhor engenheiro!”

Já com uns anos de guerra em África, o curso terminado, Alcebíades é logo convocado e mandado para Angola, onde no fim da sua comissão decidiu ficar. Queria afastar-se um pouco daquela “pressão” dos “irmãos, mais velhos e mais importantes”, e em Angola, sentia-se senhor e dono absoluto de si mesmo. Admitido pelos serviços oficiais para trabalhar na região do Huambo, no Instituto de Investigação Agronómica, onde o conheci.

Lembro dele, jovem, vivo, estimado pelos colegas e agricultores da região, com quem eu conversava sobre o “seu” Alentejo, onde tinha vivido cinco anos.

Ia a Portugal com alguma frequência, ver os padrinhos e o pai, a ficaram velhotes, sem nunca esquecer de estar com “os irmãos”, nem de lhes mostrar algum complexo ou descontentamento.

Um dia, a filha de um colono italiano há anos radicado em Angola, Mirela, cativou o simpático engenheiro, com quem acaba por casar. Passaram a lua-de-mel em Portugal para apresentar a noiva a todos os “familiares”, cerimónia que Alcibíades não podia fazer longe de quem o criara.

Estoura a vergonhosa revolução dos cravos vermelhos, esquerdistas, que vai desestabilizar o país, forçar o abandono das colónias e nacionalizar as propriedades agrícolas, sobretudo as mais extensas, no Alentejo.

Alcebíades volta a Portugal, e vê a oportunidade de se tornar, pelo menos por algum tempo, o dono daquela herdade, junto com o já bem velho pai, igualando-se aos antigos donos.

Filho de pobre, mistura-se à política e decide assumir a herdade onde nascera, com a argumentação “vermelha” que o seu pai dera toda a sua vida trabalhando ali.

O governo esquerdopata, de mau grado aceitou a argumentação e permitiu que a herdade passasse para o seu nome. Certidões que mais tarde foram simplesmente anuladas.

Cinicamente informa os “irmãos” que fazia aquilo para o proteger, mas no fundo sentia uma estranha satisfação em se ter tornado igual aos que sempre foram seus superiores. Estava até mais bem economicamente do que eles, o que lhe dava satisfação ao seu ego.

Na herdade, morando na casa senhorial, nascem dois filhos de Alcebíades, que retomara o seu trabalho de agrónomo a serviço do Estado.

Amélia trabalhava na Direção Geral de Veterinária desde que se formara e Alexandre além de dar plantão em hospitais tinha consultório em Lisboa e outro em Redondo, no Alentejo, perto da herdade, onde tratava os trabalhadores da região, que lastimaram e comentaram a ingratidão de Alcibíades.

Nem um nem outro foram atingidos pela revolução e conseguiram fingir à revolta pelo “roubo” que haviam sofrido, a perda da sua herdade, para um “ingrato” que consideravam irmão.

Tudo comprometido, quando se cruzavam na rua desviavam-se um do outro. Já nem se cumprimentavam.

Alexandre não conseguia conceber que o seu “irmão” tivesse tomado tal atitude, mas também sabia que se não fosse qualquer ele, qualquer outro se ir aproveitar do comunismo exacerbado que se tinha instalado no país e lhe nacionalizado a propriedade.

Logo chegou o tempo de apanhar a cortiça, uma mina para quem se apropriou das herdades. Alcebíades vendeu com rapidez toda a cortiça retirada e, contra o olhar de espanto de todos, a maioria dos quais preferiu ir gozar o dinheiro roubado, começou uma extensa plantação de vinha, planificação de melhor captura de águas, etc. Ele era agrónomo e sabia o que estava a fazer.

Mirela tinha discutido muito com o marido. Sabia o quanto ele devia aos antigos proprietários que melhor ou menos bem o tinham elevado na vida e tratado como um filho, mas Alcibíades, só respondia que se não fosse ele um qualquer selvagem teria feito o mesmo e destruído tudo, e que sabia muito bem o que estava a fazer. Ele não era nem bandido nem ladrão, e se não se tivesse antecipado outro teria feito o mesmo e destruído o que ali havia. Mirela, sem saber o porquê de tal atitude sempre a achou uma vergonha.

A discussão entre os dois quase os levou à separação. Ele ia dizendo: “deixa o tempo passar e vais ver como tudo se arranja”.

Naquela herdade, não se matou um único animal para festas, nem se destruiu o que de produtivo lá existia. Parecia, e era verdade, que estava a ser um exemplo para todos.

Não durou muito tempo esse bolchevismo rural, e quando a política em Portugal começou a desfazer os erros cometidos Alcebíades procurou Amélia e Alexandre que, de muito má cara o quiseram receber, e contou-lhes o que tinha feito na propriedade de onde não tirara um centavo. Vivia do seu salário de engenheiro dos Serviços de Agricultura, e tudo quanto saiu da herdade, cortiça e gado foi revertido em investimento, em vinha e hidráulica.

Vivia na casa principal sim, porque isso seria evidente. Mas agora queria reverter a situação “oficial” e entregar-lhes o que era deles.

O espanto foi grande. Ninguém fizera isso. Praticamente todos que se apoderaram do que não era deles, dizimaram o que foi parar às suas mãos e deixaram as propriedades arrasadas!

Amélia e Alexandre, perplexos, mudos, como primeiro gesto abraçaram Alcebíades, dizendo-lhe que nunca tinham conseguido compreender porque ele tinha feito aquilo. Consideraram um ato de tristíssima ingratidão, e agora viam como estavam enganados.

Alcebíades até representou perfeitamente o papel de vingança, para que ninguém entendesse o que se estava a passar, e tinha o prazer de lhes devolver tudo, e com consideráveis melhorias! Os irmãos, unânimes, logo propuseram então transformar a propriedade familiar em sociedade, ficando Alcebíades com 1/3 das quotas!

Alcebíades continuou a viver na casa grande, uma vez que os irmãos viviam na cidade, mas sempre com os seus quartos prontos para quando visitassem a herdade, o que faziam agora com frequência. Eles e os filhos.

Hoje a “Herdade do Romão” é produtora de um dos melhores vinho daquela ubérrima região.

Os padrinhos e o pai, já anos falecidos, estariam orgulhosos e felizes com a trajetória daquele afilhado/filho, mais ainda se pudessem ter assistido ao alegre e festejado casamento de uma filha de Amélia com o mais velho de Alcebíades, competente enólogo.

Belo fecho para uma história de vidas.

Se eu tivesse conhecimento disto há mais tempo, tinha lá ido ver se o vinho era mesmo bom!


14/08/22

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

 

QUEM CHORA MAIS ?

e

ZEBRA

Filosofia e História


Hoje vou espraiar-me em considerandos variegados: filosofar sobre quem chora mais, se homem ou mulher, e depois tecer algumas considerações sobre a zebra, não as zebras, que essas estão lá na vida delas, algumas a serem comidas por leões, leopardos ou jacarés. Não, só zebra.

Antes de entrar na choradeira consultei alguns homens, sobre o choro, e todos foram de opinião que eles choram mais do que elas... disfarçam bem, vão chorar em lugares isolados, mas parece terem lágrima mais fácil.

Por outro lado as mulheres choram mais abertamente, mas talvez menos vezes. Como não sou nem psicólogo muito menos psiquiatra, limito-me às minhas observações diretas, que pouco mais ultrapassam do que os limites da nossa casa, a minha mulher e eu.

Que ela sofre com traumas vários, e temos sofrido bastantes ao longo da nossa vida, não há a menor dúvida.

Talvez as mulheres que carregaram filhos, muitos, tanto tempo dentro delas, que padeceram para os pôr cá fora e os receberam com a maior alegria do mundo e os olhos molhados, sejam mais fortes para enfrentarem os dissabores da vida.

Eu que fui caçador em África notei, muito claramente que o macho atingido por um tiro deixa-se ir abaixo muito mais rapidamente do que a fêmea, sobretudo se ela estiver a carregar um filho na barriga. Ela tem que lutar por si e pelo novo ser. O macho talvez aproveite uma ocasião dessas para se aposentar desta vida. Outro irá substitui-lo na conservação da espécie. Qui lo sai?

Mas estes considerandos têm-me estado bem presentes porque de há uns anos para cá, encontro-me frequentemente com os olhos marejados. A minha sensibilidade está bastante fragilizada. Não choro por mim, mas pelo que vivi dolorosamente.

E isso acontece-me cada vez com mais frequência.

Choro disfarçadamente, porque passo o dia no meu escritório, sozinho, e se por acaso as lágrimas teimam em aparecer quando estou na sala, com mulher e filho, procuro não falar porque a voz se embarga, e discretamente vou limpando os olhos.

Vergonha? Não, não é. Mas quando memórias ou notícias dolorosas nos alcançam não quero transmitir a tristeza que me vai na alma para outros. A vida já é difícil de qualquer modo, nada de estar a afligir ou entristecer mais os que me rodeiam.

Às vezes saio até de casa e vou andar um pouco na rua. Aí deixo as lágrimas correrem, porque mesmo que alguém me veja pensa que me deve ter entrado poeira nos olhos!

Também não é por pensar que estou numa idade já exagerada, porque quando a minha hora chegar, chegou. É assim. Nessa ocasião, chorará quem cá ficar, se… ficar com saudades!

Assim concluo que as mulheres choram mais descontraidamente (será?), enquanto os homens, muito machos, escondem suas fraquezas!

Afinal essa definição de sexo forte e do fraco é uma falácia: as mulheres são mais fortes mesmo que a maioria tenha menos força física, mas parece não haver dúvidas que têm muito mais força interior.

Quem carregou uma criança dentro de si… é coisa que o homem não sabe o que é. E isso, sem dúvida, dá às mães uma força e uma resistência que supera, em muito, o homem que simplesmente se for pai, se limita a aguardar que que o filho apareça, sem lhe ter custado um só ái!

Depois desta busca pelo entendimento do choro, mais uma vez e por muitas razões tenho que tirar o chapéu às mulheres e dar risada na cara dos machos!

* * * * *

Vamos agora à ZEBRA.

É uma palavra, um termo, que designa, normalmente aquele animal lindo, mamífero africano do género Equus, da família dos equídeos, não domável, com riscas pretas que até hoje mantém os “especialistas” a discutirem se o animal é branco com riscas pretas ou preto com riscas brancas.

Devia, só por esta razão, simbolizar a maioria dos parlamentos políticos onde os eleitos lá não vão para melhorar a vida do povo, para se sacrificarem pela nação, mas para usufruírem de altas posições, discutindo a filosofia ou a zootecnia das riscas das zebras ou, mais simplesmente só o sexo dos anjos.

Mas deixemos esses sanguessugas a desbaratarem os mais fracos e vamos ao que interessa.

É sabido que o Brasil tem uma loteria, proibida por lei em todo o país, mas que se vende nas ruas, à vontade, e que é um altíssimo negócio.

O famoso Jogo do Bicho, que tem uma história muito interessante, é um jogo mais que popular, e toda a gente, mesmo pobre pode jogar e joga. São dezenas de milhões de apostadores no Brasil.

Pode apostar-se só R$ 1,00 e poucas horas depois já sabe se ganhou ou não, e se jogar esse realinho em uma milhar no primeiro prêmio (conhecido como cabeça por ser a primeira milhar no topo da lista de resultados), caso acerte ela inteira (os quatro números), ele ganha até 3 000 Reais!

A história deste jogo é muito curiosa. Foi criado em 1892 pelo barão João Vieira Drummond, fundador do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro. Uma crise econômica que ocorreu no Brasil, entre o final da Monarquia e início da República, marcada por uma forte inflação e pela formação de uma bolha de crédito, estourou durante a chama República da Espada, 1889/94 –dos marechais, desencadeando uma grave crise financeira e institucional.

Para melhorar as finanças do zoológico que estava em dificuldades financeiras, o barão, senhor de terras e escravos, criou uma loteria em que o apostador escolhia um entre os 25 bichos do zoológico.

Como naquele tempo não havia nenhuma zebra no zoológico, ela não está entre os 25 animais que emprestam o nome a essa loteria. Por isso, no jogo do bicho, dar zebra é algo impossível. Com o tempo, o termo passou a significar um resultado muito inesperado. Começou pelo futebol e, depois, para as demais modalidades esportivas. Atualmente, aplica-se a resultado inesperado em qualquer atividade. Não deu o previsto: é zebra. Qualquer coisa que dê errado… deu zebra!

Deste modo zebra é um nome, talvez uma metáfora (?) que ficou importantíssima no vocabulário do Brasil.

Além disso foi a zebra, ngolo palavra angolana, kimbundo, que os angolanos trouxeram para o Brasil um jogo bem mais interessante e não proibido que aqui ficou chamado de “capoeira”!

Porque, na origem, em Angola, essa espécie de luta ou de dança, tenta reproduzir a zebra que não se deixa domesticar e que resolve os seus problemas com admiráveis coices!

Abaixo a tabela dos bichos do jogo.


08/08/22

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

 

A Dança da Doença


Há já alguns anos escrevi um pequeno texto reclamam ao éter sobre o preço dos medicamentos no Brasil.

É evidente que sabemos que estamos agora a atravessar um período de inflação mundial, resultado, em parte, pequena, da guerra na Ucrânia, mas fruto do crescimento da ganância humana que, para alguns não tem limites.

Bem sei que é chover no molhado, mas basta atentarmos sobre a pandemia, fabricada e distribuída mundialmente pela China, do mesmo modo que distribui quase tudo que compramos, desde roupas a telefones, máquinas de todos os tamanhos, brinquedos, pratos, copos, facas, computadores, e um monte de outros etcs.

Para ganharem mais e mais, os arquimilionários da “fashion” - Diors, Armanis, YSL e mais uns quantos – fazem as suas horrorosas maravilhas na China, Bangladesh, Vietnam, porque lá o povo pouco mais passa do que fome e eles enchem, também mais o bandulho.

É também sabido que o maior negócio do mundo são os equipamentos para matar – que todos os países vendem, como por exemplo Portugal e Brasil – a seguir são as drogas de que se não faz distinção entre as da indústria farmacêutica e as do tráfico internacional.

Todas estas atividades visam, não a resolver problemas, mas criá-los, em confronto direto com o Ser Superior que creou tudo quanto existe para que vivêssemos, todos, em PAZ.

O Brasil é uma exceção só num ponto: deve ser o único país do mundo onde farmácias anunciam descontos de até 90%.

Não é mentira não, é verdade, verdadinha.

Ninguém, ninguém deve dirigir-se à primeira farmácia que encontra e/ou conhece, e comprar o que quer que seja.

O médico passa a receita e o paciente, pacientemente tem que ir para casa, ou pedir ajuda a outrem para pesquisar na Internet onde pode encontrar o sobredito medicamento mais barato.

Vou dar só uns dois exemplos do que aconteceu comigo.

Fui com a minha mulher ao neurologista, por o tal covid lhe deu uma grande paulada na cabeça – coisa que parece não vai passar, mas ela consegue ir vivendo razoavelmente bem desde tenha alguém que lhe lembre das coisas – e para não perder tempo, eu, idiota, e sabendo do esquema, ao passar na farmácia comprei o medicamento: R$ 88,00. Uma droga de 5mg para o primeiro mês e a mesma de 10 mg para o segundo. Quando fui comprar a segunda, o preço “da tabela” é de $ 104,00, e a primeiro farmácia fazia por 4 88. A segunda por $ 59, a terceira por $ 60, e quando pensei que teria que gastar os 60 reaisinhos, encontrei por $ 37,92 !!!

Um descontinho de $ 66,36 que representa 63,6%.

Há uns meses o urologista receitou-me um medicamento cujo preço “oficial” é de R$ 924,70, 30 comprimidos, e tomar dois por dia, o que equivaleria para cima de um dinheiral imenso. Fui pesquisar e encontrei por $949,00 (acima da tabela) $424,92, $124,00, $66,71 e acabei por comprar por $52,30!!! Dá para acreditar? Um desconto de 94,3% !

Só para terminal; um medicamento de preço “oficial” $ 92,40, estava por $29,25, e se comprasse três embalagens saía cada uma por $10,75 (x3 = 32,25). Desconto 65%

O que isto significa? Quem marca o preço “oficial”? A ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a mesma que aprova ou não novos medicamentos?

Como é possível estabelecer um preço que deve ser equivalente a 1000% o custo para a farmácia?

Uma loucura, e fica fácil ver como nos roubam, porque as farmácias são grandes conglomerados, e ganham bilhões!

Tudo à custa do “Zé Doente”.

Comparando com Portugal, onde não há descontos; a seguir preços, seguido de Brasil e Portugal

- R$104,oo pago $37,92 = 7,10 * Portugal € 5,80

- R$ 924,70 pago R$ 52,30 = 10,00 * Portugal

- R$ 92,40 pago R$ 10,75 (devia ser liquidação!) = 2,00 ! *Portugal só tem 25 mg - 4,40

Para que acreditem melhor, cópia de uma Nota Fiscal

Gostaram?

Então, quem vive no Brasil… olho atento e vivo.

Quem aqui vier passear, turista, se lhe der um “treco” já sabe que tem que pesquisar antes de engolir o caroço dos ladrões.


03/08/22