sexta-feira, 24 de junho de 2022

 

Lembrando

Manuel Bandeira,

Alboácem ibne Ali Almaçudi

e até do Imperador Dom Pedro II - *


Andei anos a pensar

Ir embora pra Pasárgada.

Lá tinha no rei um amigo,

Que me dava lindas mulheres,

Até para dormir comigo.

Belo sonho acalentei.

Agora já não tem rei,

Os palácios destroçados,

Os hotéis todos fechados,

Os habitantes exilados,

Só restos amontoados.

Pensei então em Omã,

Naquela mulher linda,

Amiga da minha irmã.

Telefonei-lhe, atendeu,

Disse o nome, Sherazade!

Mostrou grande ansiedade

Em viver minha amizade.

Imaginem, Sherazade,

Tanta história para contar,

Mais de mil pra me agradar.

Diz que só conta ao deitar.

Irei sim se houver luar,

Onde eu possa respirar,

Tanto amor que há pra dar!

Logo, já estava em Omã,

Cheguei bem cedo, de manhã,

À minha espera só ela,

Linda, do sheik irmã.

Sherazade me abraçou

E logo ali me cativou.

Uma porção de criados,

Automóveis enfeitados,

Aguardavam, estacionados,

Todos muito alinhados.

Pró palácio me levou.

Lindo, bem decorado,

Muito quadro pendurado,

Com histórias do velho Estado.

Veio até antiga dama

Que fez questão de mostrar

Que o quadro mais bonito

Era o do Vasco da Gama.

Quando a questão eu lhe puz

Ela me confirmou

Que há mesmo muito tempo,

O tinham trazido de Ormuz.

Chega a noite, Sherazade,

Ela, uma beldade,

Uma ninfa, uma naiade.

Agarra na minha mão

Com muita suavidade,

Leva-me pra uma alcova

Com linda decoração,

Pressentindo de antemão

Viver longa felicidade.

Depois de me acarinhar

Logo começa a contar

Mil histórias para amar.

Deixou-me sem respirar!

Mas eu que estava a gostar,

Nem me atrevi a falar.

Fiquei com ela nos braços,

Em apertados abraços,

Até o sol nascer.

Olhei-a bem, queria ver

Se não estaria a sonhar.

Foram contos sempre lindos

Amores quase que infindos.

Nenhum se podia queixar.

Tarde já, quando acordei,

Olhei em volta, aturdido.

Estava muito confundido.

E devagar realizei

Que aquele tempo vivido

Foi só o tempo que sonhei.


*

Bandeira, fez-me sonhar;

Almaçudi, contou as histórias;

D. Pedro II traduziu do primeiro original.


06/2022

quarta-feira, 15 de junho de 2022

 

Utopia Globalitária



Não sei quem terá sido o primeiro a utilizar esta pequena “frase”, felizmente sem verbo, mas vi-a há poucos dias num texto escrito por um esquerdista aparentemente desiludido.

Apesar disso a sanha devastadora da esquerdopatia voraz, aparentemente, segundo alguns mais equilibrados, significará uma doença mental grave em estágio terminal. Quem sabe se será “O Canto do Cisne”! Tomara que sim.

Em medição de tempo cósmico, é evidente que tem que estar terminal, mas no momento está numa das suas fases mais agudas, em que o vírus se espalha mais rapidamente, auxiliado por tudo quanto seja aberração, voragem, ganância, e o mais evidente sinal de extinção manifesta-se, também, através do quererem desqualificar os dois géneros com que a natureza criou os animais, e que assim vivem há bilhões de anos, que são o macho e a fêmea, o masculino e o feminino.

Pensam os doentes esquerdistas que através dessa hipotética descaracterização vão poder dominar o mundo impondo as ideias LGBTistas, como uma das principais soluções da humanidade.

E o mais absurdo de tudo isto é que essas ideias estão já a ser forçadas, impostas, por leis e atitudes de governos de países de tão disparatado sentido de sociedade, felicidade e ética, doença esta que essa ignora, espezinha e atropela.

Atacam tudo que não se alinhe com o seu objetivo, inflam números para extorquirem mais dinheiro à sociedade (impostos) e, os covardes governantes e legisladores, com medo de perderem votos dessa quantidade “imensa” de leitores estropiados… vão-lhes concedendo benesses.

Em boa hora o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – que não pôde realizar o censo demográfico em 2020 por covidescas e evidentes razões, já previa e vai em breve executar esse censo, em que cada um identificará o seu género destacando se homo ou hetero.

Numa prévia já estudada, em que foram consultados mais de 3.000.000 de indivíduos três milhões – já se começou a ter noção de quantos “homo” existem independente serem isto ou aquilo ou trans aqueloutro. Até agora os movimentos dessa gente têm querido convencer que essa desequilibrada gente alcança 10, 20 ou 30% da população. Absurdo, que prevê obter assim mais verbas oficiais. O pré censo deixa desde já prever que não ultrapassa 1,5%!!!

Os coitados vão ter que ir arranjar verbas para as farras… talvez na Disney, que está cada vez mais globatizada, lançando barbies masculinas e superhomem de saias cor de rosa!

De vez em quando, felizmente raras vezes fico a pensar que se essa gente conseguisse impor as suas desequilibradas e gananciosas ideias e vícias, como se iria comportar o crescimento da população mundial!
É evidente que não cresceria. Regrediria.

Eu já cá não vou estar para ver isso. Talvez do meu poleiro, lá no alto, mesmo que esteja muito quente (ainda não se sabe se o putinho vai também cortar o gás ao Demo) eu assista a um renascer da humanidade.

Lá… no Além, o tempo não conta e ninguém fica esperando para ver o evoluir de toda a natureza, do Cosmos. Vê-se tudo no mesmo instante, isto se por lá houver tempo, instantes, minutos.

A esquerda caviar – porque não se alimenta de carapau ou sardinha assada – tem vindo a alimentar-se desta falácia e de outros crimes como o caso da pandemia do covid, que a mim ninguém me convence de que não esteja, ainda, a ser manipulada por clintons, soros, gates, xixi-pingos, e outros, procurando com isso alcançar o governo globalitário, além de matar e destruir vidas com doenças que a medicina ainda não sabe como tratar.

A grande Rússia, com os seus bilhões de km2 de permafrost ou pior, assusta a Europa, que senil e covarde assiste, medrosa, à luta desesperada da Ucrânia a quem o putinho quer roubar a mais rica parcela agrícola da Europa, além de toda a riqueza mineral.

Machos têm se portado os finlandeses e suecos, batendo de frente com os vizinhos.

Hábil, o otomano finge que e manda drones aos ucranianos, o bidé-n vomita disparates que têm servido para o putinho rir nas horas de folga, quando se entretém com a linda (e boa) alina, e ainda lhe sobra tempo para ameaçar os soberbos americanos que não se metam com ele que é macho.

Por aqui as “coisas” vão andando ao ritmo de samba desencontrado. Os supremacistas ministros empenhados até à alma (se a tiverem, se não até outra qualquer parte do corpo ou do bolso) em derrotar o único homem que até agora, desde tempos coloniais, não meteu a mão na cumbuca, o que deixa os inimigos (não adversários) danados por não o poderem condenar. Inventando prerrogativas que lhes não competem, para realçar ao poder o maior ladrão da história do Brasil.

Aqueles que, como eu, sempre foram babacas a pensar que o homem evoluiria para melhor, chega a olhar pra os demos do Além e vê-los a dar risada.

E eu sinto-me um pouco como a hiena: que come carne podre, só cobre a fêmea uma vez por ano, e é preciso que o macho alfa autorize e… ri que quê?

Há muitos anos que vejo a Europa a definhar. Digam o quanto mal quiserem mas sou obrigado a lembrar de Napoleão, Churchill, Salazar, De Gaulle e alguns mais que governaram impondo respeito e disciplina.

Hoje governam ignorantes, ambiciosos, mancomunados por potentados – indústrias bélicas, farmacêuticas – contrabando de drogas, armas e pessoas (pasmem, ó gentes, de pessoas) – outros vorazes bilionários, gastam-se trilhões de qualquer moeda e continuam a olhar para os povos mais primitivos, de onde todos descendemos, rasgando dos dicionários, se alguma vez os abriram, as páginas onde estavam as palavras ética, solidariedade, transparência, e outras semelhantes, destacando com canetas de cores vivas outras como conta bancária, paraísos fiscais, corrupção, etc.

Isto para se alcançar o tal governo global, a mais estúpida, antinatural e irracional Utopia Globalitária.

E, diz a Bíblia que foi Deus quem fez o homem!

Que nada! Talvez tenha sido uma Ameba – a “comedora de cérebros” – ou da Arcellinida, ou da Dickinsonia, antepassados que contam quase um bilhão de anos, para chegarmos ao topo da cadeia animal numa voraz autodestruição.

Quem poderá negar que esses covardes todos não sejam descendentes de Medusas do mar, que vivem há quinhentos milhões de anos… sem cérebro!

Talvez a única esperança esteja no Armagedom, com uma guerra que preparará o caminho para um tempo de paz e justiça.

Talvez.


04/06/22


segunda-feira, 6 de junho de 2022

 

O Último da Minha Criação!


Não há nem um mês que escrevi sobre um Amigo, que por um muito feliz acaso encontrei no Centro do Rio de Janeiro, em 1979.

Hoje acabo de receber a notícia que nos deixou.

Há muito doente, apático, há dias ainda reconhecendo-me numa foto antiga e até corrigindo o meu nome a quem estava a tomar conta dele.

Amigos desde data que se não sabe mais, mas da infância, e sempre mantendo viva essa amizade pela vida fora, é um golpe duro para quem, como eu está já fragilizado.

Só me resta, além de chorar, lembrar momentos alegres da nossa vida.

Passávamos as férias de verão em Sintra, onde nos encontrávamos quase todos os dias. Já garotões, eu com a minha eleita vivendo em Santo Amaro de Oeiras, era ele que me emprestava a sua bicicleta, luxo que nunca tive, para ir visitar a menina. No regresso, estradas a subir e vento pela frente lá ia eu devolver a bicicleta… estafado!

No tempo das aulas eu estudava em Évora, ele em Lisboa, formou-se em Direito, preparando-se para entrar na carreira diplomática. É chamado para fazer o serviço militar, colocam-no nos Serviços Secretos, transmissões cifradas, etc., e “esqueceram-no” lá dentro, só o libertando quase dois anos mais tarde.

O nosso pretenso futuro diplomata, tranquilo, sempre muito educado, não reclamou, mas viu os colegas passarem-lhe à frente e desistiu da diplomacia. Teria dado um grande diplomata.

Do pai herdou uma biblioteca importante e decidiu então dedicar-se a livros raros, sendo considerado o melhor livreiro de Portugal, montando um acervo espetacular, comprando e vendendo obras magníficas.

Foi um dos pouco amigos que convidei para o meu casamento, e bem mais tarde foi padrinho de casamento da nossa filha Helena.

Solteiro criou hábitos curiosos. Morava na Av. da República, saía de casa depois das 11 horas da manhã para ir ao café “Galeto” tomar o seu “matabicho”. Mesa reservada, não precisava encomendar nada porque os funcionários há anos que lhe serviam a torrada com manteira e o café com leite! Religiosamente sempre igual. Várias vezes fui ter com ele para ficarmos na conversa, e como para mim eram quase horas do almoço eu sempre comia alguma coisa… mais sólida.

Um belo dia, combinarmos ir jantar fora. Aliás uma bela noite. Já ambos de cabelo branco, o meu amigo tinha experimentado pontar a cabeleira, e aparece com ar comprometido! Ao ver a minha cara espanto, e sabendo como gosto de brincar, ainda estávamos a uns quantos metros de distância, logo ele se adianta e diz-me: Por favor; não digas nada!

Ri muito mas, bico calado, cumpri. No dia seguinte creio que foi despintar-se.

Sobre ele, nos Encontros Inusitados, há menos de um mês, escrevi isto:

Em Julho de 1979 fizemos Bodas de Prata, e a todos aqueles que tinham estado no nosso casamento, mandamos um simples convite para se juntarem a nós. A totalidade vivia em Portugal, mas foi um meio de comunicarmos com esses amigos.

Estava eu a viver em São Paulo e a trabalhar no Rio numa empresa em situação de desastre financeiro, o que me obrigava a, com frequência, dialogar com os agiotas, chamados bancos e ir empurrando com a barriga, como podia.

Uma semana o dinheiro ia todo para um imposto, na outra para o pessoal, a seguir pagar o custo social do pessoal, depois outro imposto, e não sobrava migalha. Pelo contrário. Uma canseira sem ver o fim do inferno.

Estou no Centro do Rio, rua do Ouvidor, rua cheia de bancos e cheia de pedestres, às centenas, e tinha que falar com dois dos membros da alta finança nacional e internacional. Passo por um, sigo em frente, mas pensei que seria melhor voltar atrás. Rodo 180 graus e estacado na minha frente, para não chocar comigo, um dos meus maiores amigos de toda a vida, alfacinha (lisboeta), com quem sempre estou quando vou à terrinha.

- TONI ??? Aqui?

- Cheguei ontem de Lisboa e amanhã vou para São Paulo. Tenho até aqui no bolso o teu convite das Bodas. Ia telefonar-te logo à noite.

Já não fui a banco nenhum. Entramos no primeiro boteco ou pastelaria e ali ficamos um bom tempo no papo.

Pois o Toni, António Tavares de Carvalho, tinha vindo ao Rio para negociar livros, ele talvez o mais famoso bibliófilo português, que, na nossa mocidade me emprestava a sua bicicleta (eu não tinha, nem dinheiro para isso) para ir de Sintra a Santo Amora de Oeiras ver a pretendida, que acabou por cair na minha conversa… até hoje!

Ao chegar a São Paulo havia greve de taxis! Uma simpática (très simpática) garota abordou-o ofereceu-se para o conduzir no seu carro - tipo “Uber” de hoje. A “Dildinha” - ou nome algo parecido – que viu no sujeito, todo lord, uma bela presa, não largou mais o passageiro. Creio até que o levava ao hotel, estacionava o carro, descia com ele e depois subia com ele até ao quarto, mas não vou garantir porque não sou de fofocas, nem tenho nada com isso.

Sei que o Toni, todos os dias enquanto esteve em SP, a partir de meio da tarde ia para nossa casa, jantava, e só de lá saía, à noite, quando nós nos queríamos ir deitar e o obrigávamos a telefonar à Dildinha que o ia buscar e...

Um dia, domingo, tive que ir visitar, fora de São Paulo um importante cliente (meu), rico, casarão num sítio imenso. Levei o Toni comigo e o senhor muito amável convidou-nos para almoçar.

A casa cheia, uma filhinha pré casadoira, bonitinha, e o preposto noivo, que se apresentou, mas o Toni não ouviu o nome dele e perguntou-me. Eu disse-lhe:

- Não é Dalton.

Logo o Toni:

- É Robespierre.

Era. Ficaram todos com ar de espanto sem entender como ele poderia ter adivinhado!

Meu querido Toni, possas tu ler este pequenino apanhado das nossas vidas, que tanto teriam para contar.

Não se chegou a ler.

Entretanto pintei, para o meu livro de “Retratos de Amigos”, o retrato dele, baseado numa foto de há uns 40 anos.

Agora, velhotinho, como eu, não sairá do meu coração enquanto ele teimar a continuar a bater.

06/06/22