RACISMO
Como se tornou
uma monstruosidade
Tanto se
tem falado de racismo e parece que se pode concluir que o termo e prática de
racismo começam quando os europeus decidem que o mundo novo lhes poderia
pertencer.
Já havia
escravidão, desde tempos imemoriais, escravos de peles de todas as tonalidades,
até que se constatou que ir buscar gente em África, para sul da Etiópia, pelo
Índico, os árabes, o negócio floresceu e fez com que aumentassem as guerras
entre povos diferentes, por o escravo ser bom negócio para exportar para a
Arabia.
Por aqui
começa a distinção quando os árabes começam a chamar aos povos a sul da Etiópia
de KAFIR – cafres = infiéis – e traficam neles à vontade.
Depois
chegam os europeus, e há que fazer distinção entre portugueses e os outros
europeus, aqueles porque foram comerciar, os outros para colonizar, ocupar,
desprezar os povos ainda em estado semi primitivo ou mesmo um pouco mais
avançados, como Índia, Indonésia e até a China.
Os
portugueses começaram por tratar de irmãos os reis de África e os rajás da
Índia, tentaram cristianizar Cipango e Catay, mas até nisso o lado humano, da
inveja, entre missionários, se sobrepôs à cristianização, e de lá foram
corridos.
Espanhóis
na América Central e andina, franceses, italianos, belgas, holandeses e
sobretudo ingleses decidiram apropriar-se do Novo Mundo. Não se pode esquecer o
tão elogiado “grande missionário” Livingstone que avisou a Inglaterra que havia
mais de 40 milhões de nativos sem sapatos, o que pressuponha um altíssimo
negócio a fazer! Um homem que parece ter lutado contra a escravatura mas abriu
as portas para o mais profundo racismo.
Até a
Suíça, Noruega e Suécia entraram no negócio da escravatura!
Mas os
grandes campeões da submissão à bala e à fome foram os britânicos, os que mais
escravizaram e dizimaram, na América do Norte (não esquecer o Canadá), África,
Ásia e Oceania.
Auto
denominaram-se “seres superiores” e jogaram no lixo aqueles a quem desprezaram
chamando “inferiores”. Criaram raças diferenciadas. E o racismo atingiu desprezo
e vergonha jamais sonhados.
Ainda hoje
o racismo é tão latente, que até no preenchimento de um documento oficial do
NHS – Serviço Nacional de Saúde britânico, sobre o Covid, se faz vergonhosa
distinção, repito, oficial, de “RAÇAS”, destacando os “White
British”! Palavra “raça” há muito banida quando se refere a humanos!
Li agora
dois livros que são de uma eloquência feroz, que nos deixam o coração a bater
forte, quase a nos fazer jurar vingança, sobre o que, sobretudo ingleses,
belgas e franceses, fizeram aos povos que submeteram durante tantos anos e que
levou enorme riqueza àqueles reinos.
O que
roubaram, como roubaram, como mataram, como o fizeram com o maior sangue frio e
quase desportivamente!
Conclui
um dos autores, que tanto eles foram mestres na limpeza racial que
ensinaram até os alemães, isentos de colonialismo até aos finais do século XIX,
a ocupar terras de gente simples, a dizimar os seus povos, Hereros e Namaquas,
e que serviu de argumento até para o Holocasto. Aqui, eram os arianos e os
outros. Todos.
Embutiram
nas suas cabeças que sendo superiores poderiam e deviam liquidar os inferiores.
Era já hábito com outros povos!
Um dos
livros abre com duas pequenas notas:
- “All the Jews and Negroes ought really to be
exterminated. We shall be victorious. The other races will disappear and die
out.”
WHITE
ARYAN RESISTANCE, SWEDEN, 1991
(WAR – movimento super
racista, criado pela Ku Klux Klan, que se espalhou por muitos países e ainda
vigorava na Suécia – na Suécia! – em 1991, e mentalizou os neo-nazistas)
- You may wipe us out, but the children of the stars,
can never be dogs.
SOMABULANO,
RHODESIA, 1896
(Somabulano – Líder
africano na Rodésia, hoje Zâmbia ou Malawi, em resposta à ocupação e domínio britânico)
O conceito é simples: o direito
das “raças superiores” a aniquilar às “raças inferiores”. O direito divino de
matar. A Europa “iluminada” que exterminou povos inteiros em todas as latitudes
dos quatro continentes, em nome da civilização. O afã de riqueza, ganância,
orgulho idiota, arrogantemente estimulado pela grande rainha Victoria,
transformada em imperatriz das Índias, com invenção de justificativas
políticas, filosóficas e científicas para endossar o extermínio massivo de
todos os “selvagens”. Sobretudo justificativas comerciais, financeiras.
Um dos livros, lançado em
Fevereiro de 1899, de Josef Conrad, HEART OF DARKNESS (existe em língua
portuguesa) conta a história de um marinheiro que é enviado ao Congo, durante o
mais que criminoso tempo do rei dos belgas, para ir buscar um grande negociante
de marfim, chamado Kurtz. Um assassino impiedoso e ladrão de marfim! Um homem
que dominava vasta região de África e que pouco antes de morrer teve este
desabafo: “Exterminai a todos os selvagens”.
Mais tarde, Sven Lindquist, em
1992, publica o livro “EXTERMINATE ALL THE BRUTES”. Ele, obcecado pela frase de
Kurtz, percorre a África Central e vai recolhendo Histórias das passagens dos
exterminadores por aquele continente e não só.
Os livros são difíceis de ler.
Não há quem não se emocione e se enraiveça com a História que contam e repõem,
nua e crua.
Ambos são dolorosos documentos da
bestialidade humana.
E os exterminadores que andaram
pelo mundo a dizimar povos ao regressarem aos seus países eram recebidos como
heróis, condecorados, nobilitados. Até Churchill por lá andou em matanças
desproporcionadas.
Acabaram os extermínios? Nem
pensar.
Procurem saber o que se passa hoje
em dia com os Uigures. Até na Ucrânia. O que fizeram os muçulmanos em
Bangladesh. Recordem o Kosovo, Ruanda, um pouco para trás a Arménia, Circássia,
Chechênia, Angola e Moçambique, Camboja, Holodomor na Ucrânia e, infelizmente,
etc.
Diz a Bíblia que Deus fez o
mundo, todo bonito e depois fez o homem. Estava cansado e descansou.
Esqueceu-se de lhe dizer que se
comportasse como os animais ditos irracionais, que não matam por orgulho ou
ganância.
Parece impossível! Como Deus,
Onipotente e Onisciente e Onipresente se esqueceu disso!
Será que Deus, Onipresente,
estará a assistir a tudo isto e não consegue ou não quer fazer nada?
Deixou de ser Onipotente?
Não vale mais a pena, quando
estivermos aflitos, dizer “Valha-nos Deus”.
Deixemos a teologia para outros
escritos. Basta-nos ficarmos horrorizados ao aprofundarmos o nosso conhecimento
sobre o que pouco se fala.
Fiquemos com uma frase da canção
“O Progresso” de Roberto Carlos: “Eu queria ser civilizado como os
animais!”
26/03/22
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