ANDANÇAS
– 2
Invasões e
Roubanças
Mais
algumas curiosidades das andanças pela Europa e da “chegança” a casa, no Rio.
Como já
referi, esta viagem teve duas finalidades: a primária ver filhos e netos e
bisneta, europeizados, rever e despedir-me de alguns amigos, que teimam ainda
em continuar a permanecer nesta Gaia – vale de lágrimas – e curtir um pouco a
comidinha luso-castelhana e respetivos vinhos!
Mas nada
correu como estávamos à espera e projetámos há dois anos. Dois anos nesta
provecta idade correspondem a quase meio século! Cada passo que se dá parece um
quilómetro! Dantes eu era como o Bolt: fazia 100 metros em 10 segundos (é mentira,
só um pouco mais) e agora só faço 10 metros em 100 segundos!
Sempre a
aguardar a vigarice do Covid, decidimos ir assim que se restabelecessem as
ligações aéreas.
Fomos em no
fim de Dezembro e regressámos no começo de Março. Por todo o lado um frio
glacial, e assim mesmo me atrevi a fazer algumas caminhadas londrinas, naqueles
magníficos parques, mas carregado com um pesado casaco, boina e cachecol o que
me retirava parte das parcas forças que ainda conseguia arrancar da inação.
Apanhava frio, mas sabia que me ia fazendo bem... encarava.
De resto
nada mais para fazer, ia-me valendo de fingir que às vezes cozinhava, sem nunca
deixar de tomar o meu remédio primário, o Resveratrol!
Evidente
que a bisneta, a caminho dos quatro anos (que faz hoje!) – sem grandes
encômios, é uma criança espertíssima, alegre, não lhe escapa nada, mesmo
falando só inglês, apanha as conversas de todos, mesmo que falem português -
como estava na escolinha foi muito reduzido o tempo que esteve conosco.
Outro
neto, 22 anos, lindão, 1,87 m, trabalha e vive em Doncaster, a mais de 360 kms
de Londres, só o vimos uns dias que ele conseguiu para ver os avós. O outro, o
gémeo maior, 1,90, a atração de todas as mulheres britânicas e arredores,
bartender, muito trabalho, apareceu mais vezes. O outro neto e a neta, mais
presentes.
A filha,
com trabalho, acompanhou-nos quanto pôde, mas tudo isso acabou por nos saber a
pouco, deixando-nos muito tempo de ócio!
Fui lendo
uns livros, o que podia tê-lo feito em qualquer outro lugar.
Depois o
problema do Covid que não percebemos se chegámos a apanhar, mesmo dando teste
positivo, até que três semanas depois a vovó levou uma violenta paulada -
presente chinês, chamado covid ? - que me deixou de tal forma preocupado, que quem
foi abaixo a seguir... fui eu. Perdeu a noção de orientação, esquecimento quase
total, e outras complicações.
Ainda
pensámos um dia ir jantar a um pub que já conhecíamos. Simpático, boa comida.
Já era. Agora tem que baixar um app – que eu não sabia o que era! – fazer a reserva pela internet, indicar o
número de pessoas, dia e a que horas chegariam e o que queriam comer! Só para
isso já tinha que pagar £ 5,00. Tá louco. Até para ir beber uns copos tenho que
exibir para o governo o que estou a fazer1
Jantámos
em casa, muito melhor e mais barato, mexilhões frescos, camarões cozidos e
fritos, umas light lamb shops¸ acompanhando primeiro com um Chardonnay
sul-africano, muito bom, e depois um Pinot Noir da Austrália. Só vai ao pub
quem é babaca.
Muita
burocracia, despesa com testes, chatices, grandes preocupações e a vovó
perdida, esquecida, desnorteada, foi assim que deixámos a Britânia a caminho de
Espanha, onde chegou completamente alheia a tudo quanto se passava à sua volta.
Nem os amigos reconheceu, nem soube que esteve três dias em Madrid! Nada dessa
estadia ficou na sua memória!
Em
Portugal foi um pouco mais tranquilo, mas em face do estado de saúde, tempo demasiado
longo.
Andámos
um pouco naquelas estradas e autoestradas infindas, tantas são que chegam a
correr duas autoestradas em paralelo! Nessas estradas, poucos, pouquíssimos
carros, e nas cidades não se encontra um lugarzinho para estacionar. Com a
grana que lhes chegou do União Europeia construíram milhares de quilómetros de
estradas, compraram milhares de carros, até de luxo, para... ficarem quase todo
o tempo estacionados perto das casas onde os “felizes” proprietários moram.
Coisa de louco.
Comer bem,
em Portugal (e em Espanha), é um “must”. Talvez a melhor refeição que fizemos
na “terrinha” foi num pequeno restaurante – tenho que indicar para conhecimento
de novos viajantes! Churrascaria Ruivanense (!), Avenida Afonso III, 97, em
Lisboa. Três mesas no piso da entrada, o mesmo dono há 50 anos e só dois menus
(cardápios) disponíveis: um pendurado à entrada e outro colocado numa janela
para a rua, mas... de cabeça para baixo! Escolhemos “bife de vaca” a € 7,00
cada e o “chefe” fez questão de nos mostrar a carne: ótima. Como os bifes
pareciam grandes e nós não somos muito comilões fui dizendo que um só devia chegar.
Comentário do “chefe”: “se é para passar fome o melhor é comer em casa”!
Eu disse logo, “é aqui que fico”! Lá vieram dois bifes, magníficos, talvez a melhor
e mais saborosa carne que comemos nos últimos muitos anos!
Foi, como
sempre, compulsivo ir ao Restaurante Laurentina, comer o melhor bacalhau
do planeta, melhor ainda quando acompanhado de um dos bons e raros amigos de
Lisboa que ainda consigo encontrar em Portugal.
Implicou também
uma ida ao Porto, outra ao Barril – ver o “Andanças pela Europa – 1” – e para o
final, tivemos que desafiar alguns amigos, sobretudo alguns “sobrinhos do
coração”, e um amigo de sempre, um dos que ainda teimam em por aqui andar, que
nos fossem ver em Vila Franca. Não havia mais força para andar de carro, mesmo só
20 ou 30 kms.
Antes de
tudo isto estivemos uns dias na Quinta Anunciada Velha, em Tomar com uma amiga
de há muitos e bons anos, sem nada mais fazer do que gozar aquela quietude, boa
conversa, passeios pelo terreno e ótima cozinha.
Finalmente
regressámos a casa. Mais do que cansados. Nada como “lar, doce lar”!
Algumas
surpresas nos aguardavam, as Invasões:
- calor
de 40° com sensação de 300!
- um
ninho de abelhas por cima do teto de gesso do banheiro. Eu, eu mesmo, muito
ecológico, disse para deixarem as abelhas em paz. Até ao dia que... uma que estava
no chão, e não vi, mordeu no pé e estive quase um quarto de hora sem poder pôr
o pé no chão com uma dor imensa. Perdoei à abelha. À noite, quando me fui
despir, tinha uma vagando nas minhas costas dentro da camisa. Chateou-se e
picou-me. Nesse momento a minha ecologia foi definitiva: acabar com as
invasoras. Acabámos!
- Mas...
a seguir, um ou dois dias depois, começam a cair formigas, grandinhas, cerca de
1 cm... do teto do sobredito banheiro. De manhã a banheira chegava a ter umas
20 ou 30 e outras tantas no chão. Bêbedas ou já mortas!? Começou a guerra contra
as formigas.
- Esta,
quase vencida, começam a “chover” do mesmo teimoso teto, literalmente, cupins
de parede! Há quem lhes chame em Angola salalé, em Portugal caruncho ou
térmitas. Chegámos a ter quase uma centena no chão, pela manhã. Os miseráveis,
como as formigas, só apareciam de noite.
Mas enfim
vencemos essas batalhas todas e até encontrámos uns dias depois um carrapato,
todo graganêro a subir a parede da sala de jantar. Raro, raríssimo, tanto mais
que agora não temos cachorro nem gato, o dito carrapato teve uma morte súbita:
esmagado com um sapato. Nem reclamou.
Neste
momento sobrevivem nesta casa só o trio de idosos, dos quais dois estão já na
categoria de velhinhos... meio podres.
Haja
Deus.
Há???
*****************
Só um
apontamento de roubanças:
1º - O
que nos obrigaram a pagar por testes do famigerado e mal gerado covid. Um roubo
universal, de que os seus patronos não querem abdicar;
2° - O
imposto que tivemos que pagar por mandar vir do Japão uma peça para uma moto Honda
antiga. Pecinha miserável, de plástico, uns 5 cm. de comprimento. Preço na
origem uns US$ 35, Frete via FEDEX mais US$ 45. Valor CIF US$ 80, ou R$ 280,00
E depois
a roubança:
- Imposto
de importação: 60% = R$ 168,00
- Imposto
de “transação” ICMS (IVA): sobre o valor
CIF + Alfandega, 16% = R$ 87,37
-
Despesas administrativas (?): R$ 80,61
- DARJ
(FECP) (Fundo Estadual de Combate à Erradicação da Pobreza !!!!!!!!) =R$ 10,92
(Acabaram os pobres!)
- Reembolsos
de despesas, - dois = R$ 3,60
- Total de
impostos pagos por uma pecinha de plástico: R$ 350,81= 125,5% sobre o custo
da dita plástica.
E assim
vai o mundo.
03/04/22
QUAIS MEIO PODRES! MADUROS! ABRAÇO. SAÚDE!
ResponderExcluirSempre agradável ler o k escreve, tantas histórias giras, bjs grandes
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