ESTE TEXTO JÁ FOI POSTADO EM OUTUBRO DE 2013. MAS VALE A PENA LER DE NOVO!
A
burocracia das religiões
Discutir
religião é uma autêntica perda de tempo, assim como discutir qual a melhor
equipa de futebol.
Hoje
ganham espaço os muçulmanos nas regiões onde são todos OBRIGADOS a cumprir os preceitos de rezar várias vezes ao dia,
voltados para Meca, onde quer que estejam, inclusivé fechando ruas de cidades
como em Marselha. E além da França, na Inglaterra, EUA, etc.
E
ganham espaço e muito, muito dinheiro, os vendedores de milagres, os
chamados “evangélicos”, habilissimos
vendedores que se espalham pelo mundo como praga, apesar de, como em tudo,
entre os seus haver muita gente de boa vontade.
Cada
religião tem as suas crenças mas, infelizmente, acima de tudo, tem os seus
cerimoniais que cada vez menos se cumprem. Não que isso faça grande diferença
para a fé de cada um.
E quando
analisamos esses cerimoniais, alguns com vários milhares de anos, tentando
através da ortodoxia obstinada dos pseudo “donos da verdade”, manterem-se
imutáveis, não é dificil perceber que todas as religiões necessitam, sem sair
dos seus príncipios fundamentais, de um “aggiornamento”!
Na
igreja católica este primeiro passo foi dado pelo “Bom Papa João XXIII”, e
agora pela imensa simplicidade e firmeza do Papa Francisco, o que faz admitir
que o catolicismo poderá começar a perder menos devotos.
Os cristãos têm também muitos dos seus costumes
alterados, quase sempre por “decretos”, sem que isso os faça perder a fé, mas
que a muitos tem afastado.
Por exemplo a Quaresma,
o Ciclo Pascal, compreende
três tempos: preparação, celebração e prolongamento.
Os serviços religiosos desse período
intentam a preparação da comunidade de fiéis para a celebração da festa pascal,
que comemora a ressurreição e a vitória de Cristo. Esta
preparação é feita através de jejum, abstinência de carne, mortificações,
caridade e orações.
Quantos católicos cumprem estes preceitos?
Raros.
Os
judeus discutem também entre si os preceitos talmúdicos do shabat, o dia do descanso, originado no Génesis, que diz que “havendo
Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a
sua obra, e abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou
de toda a sua obra.” E
ainda hoje manda o preceito judaico que esse dia seja dedicado à meditação,
duas horas e meia, à família e ao descanso. E, em princípio nada mais podem
fazer, nem preparar as refeições que são feitas de véspera.
Os ortodoxos, em Israel querem até introduizir
uma lei proibindo que o comércio abra aos sábados! Como é evidente têm uma
tremenda oposição, e como praticamente em todo o mundo o domingo é que se
tornou o verdadeiro dia sem comércio,
procuram um sofisma para alinhar com o que se tornou normal, considerando o domingo como integrante do fim de semana!
Hoje, de acordo com as regras, quem por exemplo
tem filhos pequenos, nem sequer os pode
levar à praia, ou levá-los para brincar com amiguinhos, judeus ou não judeus, e
são obrigados a ficar em casa o que se torna um pesado fardo para a família, e
maior para as crianças.
Não podem “gerar energia”, o que significa que
não podem ligar o ar condicionado, a TV ou sair de automóvel, etc., o que nos
dias de hoje cheira a absurdo.
Quando o Talmud tudo isto decretou, parece que
há mais de 2.500 anos, era perfeitamente normal ficar-se em casa, orar,
descansar, etc. Mas hoje em dia?
Bélgica flamenga, Mortsel, um município
encostado a Antuérpia, onde vive uma grande colônia judaica, importante centro
de negócio e lapidação de diamantes. Ali tinha, e tem, a sede da Agfa-Gevaert
onde em 1965 estive estagiando por três semanas.
Bem perto da empresa, um hotel modesto mas
suficiente; no último dia de manhã, malas na mão, no 3° ou 4° andar do prédio,
chamo o elevador para me levar ao restaurante tomar o meu “mata-bicho”.
Enquanto aguardava, apareceu ao meu lado, ainda
em mangas de camisa, um judeu, ortodoxo – não se confundem com os outros – que
me pede para acender a luz dum pequeno banheiro que havia ali ao lado. Eu com
ambas as mãos ocupadas, e o “cara” sem nada nas mãos a pedir-me uma coisa
completamente insólita!?! Mas não quis fazer perguntas e meio de costas toquei
no interruptor, que fez um barulhinho – clic – mas não virou, e portanto não
acendeu a luz. Olhámos um para o outro e eu, em francês disse-lhe que
possivelmente a lâmpada estava queimada.
Mas aquilo mexeu com as minhas meninges, e
quando cheguei ao restaurante informei o pessoal do hotel que possivelmente
havia uma lâmpada queimada no tal andar.
Fui para a fábrica, meu último dia, e comentei
a história com alguém que, conhecedor dos costumes, me disse: “os judeus ao sábado não podem nem acender
lâmpadas!”
Custou-me a acreditar, porque em locais escuros
deviam andar todos aos tombos, o que seria uma estupidez, mas jamais esqueci o
absurdo de tudo isto.
Só agora, passados que são 48 anos (hoje já
56!), quase meio século, ao ler duas revistas judaicas – muito boas - sobretudo
a “Hebraica”, fui encontrar, escrito por um rabino e um escritor religioso, o
problema do shabat que, certamente a
imensa maioria dos judeus espalhados no mundo não cumpre com este rigor.
Uma lei que se pretende prepetuar e tem já mais
2.500 anos, e que não interfere com o básico da crença... é, no mínimo,
estranho.
Quanto aos muçulmanos, além de, alguns,
terem que fazer as cinco orações do dia – a oração da manhã (Salát Assobh), a do
meio-dia (Salát Addohr), a da tarde (Salát Al-Açr), a do crepúsculo (Salát
Al-Maghreb) e a do anoitecer (Salát Al-Ichá) – há o seu comprometimento com o Ramadan, um dos cinco pilares do do
Islão, o mês durante o qual praticam o seu jejum ritual,
passeiam-se nas ruas a ler o Corão em voz alta, e têm que se abster de
relações sexuais.
Mas toda a gente sabe que
só alguns cumprem este preceito com rigor, sem deixarem de afirmar que Maomé seja o único profeta.
Moçambique, 1992. Depois do acordo de paz
que acabou com a guerra civil – é bom notar que foi o único acordo de paz até
hoje cumprido, desde que o tempo é tempo, em todo o mundo (honra e glória aos
moçambicanos) – a ONU mandou para a Beira – centro-norte de Moçambique – uma
missão cuja função era a recolha das armas dos então chamados rebeldes, missão
essa composta de militares, todos com postos entre capitão e major, exceto os
“velhos chefões” suecos, hindus e pouco mais.
Chegaram de imensos países, como Tailândia
e Bangladesh, além duns quantos latinos do Brasil, Uruguay, Argentina, Cuba,
Cabo Verde e até um “latino” da Guiné-Bissau, mesmo este sendo muçulmano, mas,
como ele mesmo dizia “mau muçulmano”, porque bebia bem, era um grande farrista
e além das seis mulheres que tinha na sua terra ainda “comprou” uma moçambicana
pela qual pagou um saco de arroz!
Um dos capitães bangla, sempre com ar de
superioridade, sentia-se acima dos alegres latinos que desde o início fizeram
um grupo à parte, alegre, descontraído, que se juntava para uma boa almoçarada,
violão em punho, aquela alegria contagiante que faz inveja à grande maioria dos
habitantes desta antiga Pangea, mais ainda aos bangla ainda com complexo de
subjugados dos ingleses, e seu teórico rigor religioso.
E, sempre que ocasião se apresentava, o
capitãozinho, permitia-se criticar as alegres atitudes dos latinos, que forçosamente
tinham que rir na sua cara.
Até que um dia estes decidiram pregar-lhe
uma boa peça.
Ramadan. O capitão vivia num hotel, onde
se fechava ao fim do dia sem ninguém saber, nem com isso se preocupar, como ele
estaria cumprindo o seu dever com o Islão.
Uma noite os ladinos latinos resolveram
vingar-se daquele presunçoso e chato camarada de serviço.
Contrataram uma prostituta, a mais
bonitona que encontraram, pagaram-lhe com generosidade, e mandaram-na bater na
porta do “impecável” bangla, mas que antes tirasse a blusa e se apresentasse
com os seios de fora! No corredor do andar do quarto deste, os latinos,
escondidos, espreitavam a reação do fervoroso adorador de Alá. Este ao ouvir o
“toc-toc-toc” na porta, abre-a, dá caras com uma oferecida moçambicana bonitona,
estaca, exita, espreita para os dois lados do corredor, não vê vivalma, e puxa
a garota para dentro!
O grupo dos latinos, em silêncio, senta-se
no corredor, alguns bem em frente da porta do chato muslim, e aguardam a noite
toda, até que ao romper do dia o bangla abre a porta e afetuosamente se despede
da sua companhia noturna.
Mas, ó desgraça, nessa altura repara que
os camaradas latinos, sem dizerem uma palavra, lhe fazem um sorriso trocista.
Pobre bangla. Debaixo da sua pele escura um violento rubro aparece, e pede
encarecidamente que ninguém conte o sucedido, promessa com rigor cumprida.
A partir desse dia o capitão-bangla virou
um “doce” com suas atenções e sorrisos para aqueles que antes desprezava.
Tudo isto por causa da burocracia
religiosa, e do pavor incutido no espírito dos crentes sobre o temor do fogo
dos infernos.
Nunca se ficou sabendo se naquela noite a
cama do bangla pegou fogo! O que vos parece?
05/10/2013