segunda-feira, 30 de novembro de 2020

 

Há  2.000  anos... como hoje !

Naumaquias

 

Naumaquias: do latim Nave, nau, navio e do grego Mákê¸ guerra, luta. Ora vejam lá se os angolanos não têm uma ligação com a Grécia: maca em quimbundo é confusão, briga!!!
“Já que incidentemente nos veio à ideia o gladiador náutico, daremos notícia do que ele era e da naumaquia romana, copiando o que a este respeito escreve Mr. Landelle na sua obra Le langage des marins. Diz ele:
As naumaquias, espetáculos formidáveis de batalhas navais, eram dadas diante do povo romano em circos que tinham o mesmo nome. O edifício, cercado de cadeiras e de pórticos, tinha no seu fundo uma arena que se enchia de água por meio de tubos.
Os combatentes, gladiadores condenados, eram chamados naumaquiários. Júlio César, (ainda nos tempos a.C., e que casou três vezes com as lindas Cornélia, depois a Pompeia e por fim a Calpúrnia, que ele tratava por Calpurninha!) para dar aos romanos o espetáculo da primeira naumaquia, fez escavar uma imensa bacia que o Tibre alimentava. A luta teve lugar entre galeras tírias e egípcias; para a curiosidade que excitaram os aprestos desta festa cruel, tendo atraído estrangeiros de todas as extremidades do império, foi preciso levantar tendas por falta de alojamento para eles.
Suetónio (Caio Suetónio Tranquilo, escritor latino; 69 - ca. 141 d.C.) conta que, no momento de desfilarem pela frente de outro imperador, Cláudio, (imperador entre 41 e 54 d.C.), os naumaquiários gritavam: - Deus te guarde! Aqueles que vão morrer te saúdam!
 Cláudio, por distração, respondera:
- Deus vos guarde a vós mesmos!
Tomando esta resposta por uma graça, os gladiadores náuticos não investiram para combater. O imperador, furioso, quis primeiro mandá-los matar a todos; mas esta execução não teria satisfeito a curiosidade do povo, e constrangeram os naumaquiários à abordagem das naves.
Doze trirremes sicilianos e outros tantos rodianos combateram então ao estrondo de uma trombeta tocada por um tritão de prata, máquina maravilhosa que aumentava os atrativos do terrível espetáculo, enquanto milhares iam sendo abatidos sob o olhar sedento de sangue do povo.
A mais cruel e mais considerável das naumaquias foi a que deu Nero (54-68 d.C.). Ele fez furar expressamente a montanha que separa o lago Tuino (Lago de Martignano?) do rio Lira (Tibre). Cerca de 35 kms! Dezenove mil naumaquiários combateram sobre galeras de três e quatro ordens de remeiros. Fizeram aparecer sobre uma delas monstros marinhos de toda a espécie, para tornara cena ainda mais horrenda.
Citam ainda a naumaquia de Domiciano (81-96 d.C.), na qual combateram três mil homens divididos em duas flotilhas, uma dos atenienses e a outra dos siracusanos; mas o edifício monumental que cercava a bacia ficou célebre. (Histoire Universelle Theatres, 1797, tom. IV)

                                Naumaquia, teatro de morte !!!
 
Custa a compreender como dezenove mil pessoas, dispostas a morrer para divertirem um indivíduo ou milhares de indivíduos, caminhavam armadas para o cruento sacrifício sem virarem essas armas contra a tirania que as imolava por mero prazer! Morte por morte, antes acabar pelejando para vingar o ultraje feito à natureza, do que assassinarem-se reciprocamente para saciar a ferocidade das multidões, sedentas de sangue e de espetáculos horríveis! Mas não! Dezenove mil homens com os braços armados e com os braços soltos para manejarem as armas a seu arbítrio caminhavam como brutos e por iniciativa alheia a um combate de morte, saudando além disto o tirano chefe dos tiranos que os sacrificava aos seus caprichos!
Aqueles que vão morrer te saudam!
Mas quem eram estas vítimas? Era quem escolhia o povo e os imperadores romanos para instrumentos da sua espantosa ferocidade! Os homens do mar! Porventura dezenove mil soldados de uma legião sujeitar-se-iam a este crudelíssimo passatempo? Porventura haveria tropa que se acampasse ou viesse às praças de Roma para um combate de morte, a fim de satisfazer os caprichos populares, sem se revoltar contra esse povo, e tirar-lhe o apetite de cenas tão desumanas! Decerto não.”
 
A primeira parte deste texto é tirada do livro “Quadros Navais” do Vice-Almirante Celestino Soares.
 
Mas...é muito curioso vermos como, desde sempre, a maioria dos humanos são bestas, covardes e ávidos de sangue.
Há 2.000 anos estas naumaquias eram uma bestialidade sem limites, porque além de morrerem milhares de prisioneiros ainda se destruíam embarcações valiosas, e gastavam inumeráveis vida a construir os tanques e as condutas de água. Para deleite da bestialidade. Era uma variante mais selvagem do que as próprias lutas de gladiadores no circo. E o povo adorava, aplaudia, quanto mais mortes melhor.
E hoje? Guerras com armas de toda a espécie, químicas e biológicas. Uns aplaudem ainda, a maioria já chora.
E... na tv, nos filmes? Lutas de boxe que deixam os homens, e mulheres, todos rebentados, sangrando e num caminho mais rápido para a demência por traumas craneanos. E as lutas do WWE, a luta livre em que os combatentes atiram o adversário por cima das grades, chutam-lhe na cabeça, torcem-nos todos, homens e mulheres. E o público aplaude e paga caro os bilhetes para ir assistir a estas cenas de insanidade e violência.
E os filmes? Pelo menos na televisão a maioria é de assassinatos, violência, sexo, bestialidade. E, se são a maioria, é porque o público quer.
Alguma diferença entre os tempos de hoje e o dos romanos, com gladiadores da terra e do mar ? NADA.
Pior ainda quando transpomos situações assim bestas – que nenhum outro animal faz – para o campo da política. É semelhante.
Uns gangsters que mentem, mentem e mentem, convencem o povo idiota que vão tornar o país num paraíso terreal! E os idiotas votam. Depois, os tais gangsters que se auto denominam governo, não governantes, enchem o tal governo com os amigos, família, amantes, tios, sobrinhos e outros ineptos e arrogantes, enquanto, paralelamente enchem os próprios bolsos, desmoralizam o povo que deixa de acreditar em quem quer que seja e fica quieto a assistir ao desmonte da moral, da ética e da honestidade.
Se 19.000 naumaquiários nada fizeram contra o besta do imperador, e tinham força mais que suficiente para isso, talvez em Portugal uns 9.000.000 possam com facilidade derrubar quem os está a prejudicar e roubar, e melhor ainda em Espanha onde uns 40 milhões estão a ficar com a corda no pescoço a assistirem a um governo criminoso a querer desagregar aquele país.
Por que não saem todos à rua? Sem baderna nem armas! Armados só de bandeiras brancas, vassouras, enxadas, forquilhas, espanadores, levando os seus cachorrinhos na trela, etc. para mostrarem que são o povo, o autêntico, que não quer mais essa gente infame.
Tanto em Portugal, como em Espanha, na Europa, nas Américas, o povo, inculto, ignorante, parece preferir assistir a gente a matar-se, com gládios ou nas naumaquias, nas nojentas lutas de pancadaria, nos filmes de terror e de assassinatos, a ver uma constante a afastá-lo das suas raízes, e talvez até a aplaudir como os acéfalos romanos.
Fico a pensar na ópera Il pagliaccio, com aquela ária
 
Vesti la giubba e la faccia infarina.
La gente paga e rider vuole qua.
 
É isso. A gente paga a farsa e quer rir. Mesmo da morte violenta.
Portugueses: aproveitem o dia de amanhã, 1° de Dezembro, e saiam às ruas. Aos milhares. Milhões.
 

30/11/2020




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