Quem manda lá em casa... e não só? – 2 –
Vamos ver mais umas “mininas” muito
interessantes. Ordem cronológica.
Nefertiti - (c. 1370 - 1330 a.C.) O nome significa "a mais Bela chegou", tendo sido
identificada por alguns autores como uma princesa do Reino de Mitani (na
região oriental da Turquia), filha do
rei Tusserata. Durante o reinado
de Amenófis III chegaram
ao Egito cerca de trezentas mulheres de Mitani para o harém do rei, num gesto de amizade para
com o Egito. (Simpático, né?)
Lindona, “A mais Bela”
Rainha da XVIII do Antigo Egito, esposa principal de Amenófis IV, mais conhecido
como Aquenáton, Nefertiti ajudou o marido a estabelecer a
revolução religiosa, na qual se adorava apenas um deus, Áton, ou o disco solar. Aquenáton e Nefertiti criaram essa
nova religião que alterou status quo do Egito. Com o seu esposo, reinou
naquele que foi o período mais próspero na história do Antigo
Egito. Alguns historiadores acreditam que Nefertiti reinou também durante
uns tempos, depois da morte do seu marido e antes da sucessão de Tutankhamun, como
Neferneferuaten - "perfeita é a
perfeição de Aton" (esta-se mesmo a ver que nefer
significa perfeição, perfeita... lindona!!!). E era mesmo.
Dizem que os sacedotes
da religião anterior perderam muitos privilégios com a histório do Athon e... com
um bom veneno despacharam a bonitona.
Boadiceia – (30 - 61 dC) "Boadiceia, celta, era alta, terrível de olhar e
abençoada com uma voz poderosa. Longos cabelos vermelhos alcançavam seus
joelhos; usava um colar dourado composto de ornamentos, uma veste
multicolorida e sobre esta um casaco grosso preso por um broche. Carregava uma
lança comprida para assustar todos os que lhe deitassem os olhos."
Relatos contam que
ela cometeu todo o tipo de atrocidades em nome de uma deusa chamada Andraste, que seria a equivalente britânica
de Vitória, deusa romana.
Estátua de Boadiceia, próxima do cais de Westminster
Boadiceia era
casada com Prasutagos, rei dos icenos, que havia feito um trato com os romanos aliando-se ao Império Romano. Com a morte deste, Boadiceia assumiu a liderança do seu povo. Contudo, os
romanos ignoraram o testamento e apropriaram-se da herança do falecido. Quando
os icenos protestaram contra tal abuso, na pessoa da sua rainha viúva
Boadiceia, Cato Deciano, o comandante romano, ordenou às suas tropas para sufocarem o
protesto, e estas abusaram da força, açoitando a rainha e violando as suas
filhas.
Revoltada com a brutalidade,
Boadiceia começou uma revolta, unindo os povos da sua cidade para lutar pela
libertação do jugo romano. Chegaram a tomar e massacrar algumas cidades sob
controle do Império Romano.
Lianor d’Aquitaine – (1122 - 1204) Uma
das mulheres mais ricas e poderosas da Idade Média, Duquesa da Aquitânia e Condessa
de Poitiers por direito próprio. Com 14 anos, três meses após
se tornar duquesa, casou com o rei Luís VII de
França, com quem teve duas filhas. Como Rainha de França, Leonor participou da
Segunda Cruzada até à Palestina liderando o
exército da Aquitânia e do Poitou contra as
forças do Islã. Após quinze anos como rainha de França, pediu a anulação do casamento com base
na consanguinidade do casal (primos em 4º grau!). As duas filhas foram declaradas
legítimas, a sua custódia foi concedida a Luís, e as terras de Leonor foram-lhe
devolvidas.
Logo após a
anulação, decidiu, ela, casar com Henrique,
duque da Normandia e Conde de Anjou, em 1152, na Catedral de
Poitiers. Dois anos depois, ela e o marido, agora Henry II, foram coroados
rei e rainha da Inglaterra na Abadia de
Westminster, em Londres.
Durante os treze
primeiros anos de casados, Henrique e Leonor tiveram oito filhos. Em 1171 desentenderam-se por conta das constantes
aventuras extraconjugais dele, que acabou por prendê-la em 1173, primeiro no
Castelo de Chinon,
depois em Salisbury,
entre outros castelos, por ela ter apoiado a revolta de seus filhos Henrique, Ricardo e Godofredo contra ele.
Leonor só foi libertada em 1189, quando o marido morreu e seu
filho Ricardo
Coração de Leão subiu ao trono da Inglaterra.
Arzinho meiguinho, mas
uma fera!
Como rainha mãe, Leonor atuou como
regente da Inglaterra e Normandia quando Ricardo partiu para a Terceira
Cruzada, tendo negociado o resgate deste quando ele foi preso na Áustria.
Quando da ascensão de seu filho João em 1199, Leonor participou de suas últimas batalhas para garantir a sua
permanência no trono. E após uma intensa vida de oitenta e dois anos, sendo
consecutivamente rainha da França e da Inglaterra, entrou na Abadia de Fontevraud, onde morreu como monja
em 1 de abril de 1204.
Jinga – (1583 -1663) - Nzinga Mbande Cakombe,
também conhecida (?) como Dona Ana de Sousa, nome dado após sua conversão
ao cristianismo, mas conhecida, sobretudo como Rainha N'Jinga.
Filha de Nzinga a Mbande Ngola Kiluanje e irmã do Ngola Mbandi (o régulo de
Matamba), que se revoltou contra o domínio português em 1618, e foi derrotado pelas forças sob o comando de Luís Mendes de
Vasconcelos.
O seu nome surge nos registos históricos três anos mais
tarde, como enviada de seu irmão a uma conferência de paz com o governador
português em Luanda. Após anos de
incursões portuguesas para capturar escravos, e entre batalhas intermitentes,
Nzinga negociou um tratado de termos
iguais, converteu-se ao cristianismo para fortalecer o tratado e adotou o
nome português "dona Ana de Sousa".
Ngola Mbandi revoltou-se novamente derrotando as tropas do governador João Correia de
Sousa em 1621. Dona Ana, entretanto, teria permanecido fiel aos
portugueses, a quem teria auxiliado por vingança ao assassinato, pelo irmão, de
um filho seu. Envenevou o irmão e
sucedeu-lhe no poder.
Como soberana, rompeu os compromissos com Portugal,
abandonando a religião católica e
praticando uma série de violências não
só contra os portugueses, mas também contra as populações tributárias de
Portugal. O governador de
Angola, Fernão de
Sousa,
moveu-lhe guerra, derrotando-a e aprisionando-lhe duas irmãs, Cambe e Funge, levadas
para Luanda e batizadas com os nomes de Bárbara e Engrácia.
Em 1657, um grupo de missionários capuchinhos italianos convenceram-na
a retornar à fé católica e,
então, o governador de Angola, Luís Martins de Sousa Chichorro, restituiu-lhe
a irmã, que ainda era mantida cativa.
Depois recebeu-a no palácio, onde só havia uma
cadeira, para ele, governador. N’Jinga chamou uma escrava, mandou-a pôr-se de
joelhos, de quatro, sentou-se na suas costas e só então começou a falar com o
governador. Acabada a negociação, levantou-se e ia a sair deixando a escrava na
mesmo posição, e quando o governador lhe fez notar isso, ela, altiva, Rainha,
respondeu que não costumava levar os móveis das casas que visitava.
Grande mulher.
Yekaterina Alekseyevna – 1729-96 - Nascida como princesa Sofia Frederica Augusta de
Anhalt-Zerbst-Dornburg, filha de Cristiano Augusto, Príncipe de Anhalt-Zerbst,
da Prússia, luteranos, Sofia converteu-se à Igreja Ortodoxa
Russa,
assumiu o nome de Catarina Alexeievna e casou em 1745 com o grão-duque Pedro
Feodorovich, nascido príncipe de Holsácia-Gottorp. Parece ter achado o príncipe
detestável desde o primeiro encontro. Não gostou da sua tez pálida e do gosto
por álcool que já demonstrava desde cedo, mas assim mesmo ascendeu ao trono em
janeiro de 1762 como Pedro III, e ela logo organizou
um golpe de estado que o pôs para fora em julho, com Pedro morrendo alguns dias
depois supostamente assassinado.
Amantes não lhe
faltaram: Sergei Saltykov, Grigori
Alexandrovich Potemkin, Gregori Grigoryevich Orlov, Stanislaw
Augusto Poniatowski, Alexandre
Vassilchikov, entre muitos outros mais.
"Potiomkin vivia no palácio. Só precisava dar dois
passos, subir uma escada e já estava no aposento real. Chegava desnudo por
baixo da bata", diz Henri Troyat. (Prático, o rapaz!)
Gordinha e insaciável
Quando o sexo esfriou, Potiomkin passou a selecionar os
novos "favoritos".
"Abandonava discretamente seus aposentos, enquanto escolhia o
substituto", diz Troyat. Ser "favorito” era uma ótima profissão. O sujeito
recebia salário, e quando deixava de agradar era indenizado com terras, rublos
e servos. "O novo candidato era examinado por um médico e depois
submetido a uma prova íntima com uma condessa, que passava um relatório a
Catarina. Só então ela tomava a decisão."
(Inspeção prévia era muito importante.) Quem mandava e desmandava?
E a condessa? Teve que “experimentar”, sabe-se lá com que sacrifício, uma
boa porção deles... Mas usava-os em primeira mão. Mão???
Chica da Silva - (1732-1796) Escrava
brasileira alforriada ficou famosa pelo poder que exerceu no arraial
do Tijuco, hoje cidade de Diamantina.
Filha de
português, capitão das ordenanças, Antônio Caetano de Sá e da africana Maria da
Costa, foi escrava de um proprietário de lavras, o sargento-mor Manoel Pires
Sardinha, com quem teve um filho chamado Simão Pires Sardinha, alforriado pelo
pai.
Com 22 anos,
foi comprada pelo rico desembargador João Fernandes de Oliveira, contratador de
diamantes, que chegou ao Arraial do Tijuco, em 1753, tinha a Chiquinha 21
aninhos. Depois de alforriada, passou a viver com o contratador, mesmo sem
matrimônio oficial. Chica da Silva passou a ser chamada oficialmente Francisca
da Silva de Oliveira. O casal teve 13 filhos e todos receberam o sobrenome do
pai e boa educação.
Chica da
Silva, mulata, frívola, prepotente, impôs-se de tal forma, que o rico português
atendia a todos os seus caprichos. O maior deles, como não conhecia o mar,
pediu ao marido para construir um açude, onde lançou um navio com velas,
mastros, igual às grandes embarcações.
Vivia numa
casa magnífica, onde promovia bailes e representações. Era dona de vários
escravos que cuidavam das tarefas domésticas de sua casa. Só ia à Igreja
ricamente vestida e coberta de joias, seguida por doze acompanhantes. Consta
que muitas pessoas se curvavam à sua passagem e lhe beijavam as mãos.
Grande
Chica! Saravá.
Maria Felipa de Oliveira – (1ª metade sec.
XIX) - Pescadora, marisqueira, morava na Ponta das Baleias, Salvador, Bahia. Na
luta pela independência do Brasil, liderou a luta do povo, atacou barcos
portugueses ancorados no local, atraiu e desmoralizou tropas inimigas liderando
homens e mulheres, negros e índios nas batalhas contra o ocupante. O seu grupo
chegou a queimar 40 navios! As armas que usavam eram sempre seus instrumentos
de trabalho - facas de cortar baleia e peixeiras - ou pedaços de pau e galhos
com espinhos.
Escurinha, mas com bela presença
“As mulheres seduziam os portugueses, levavam-nos para
uma praia, faziam com que eles bebessem, os despiam e davam-lhes uma surra de
cansanção”, conta a historiadora Eny Kleyde Farias, no livro “Maria
Felipa de Oliveira: heroína da independência da Bahia” (2010). (Estou à
procura desse livro!)
Rosa Parks – 1913-2005 - Rosa entrou para a história por se negar a ceder a um branco o seu assento num
ônibus em Montgomery,
capital do Estado de Alabama, Estados Unidos, onde ocorriam os maiores
conflitos raciais. Desde 1900, por lei, os primeiros assentos dos ônibus eram
reservados para brancos.
Em 1 de dezembro de 1955, quando Rosa voltava do trabalho, sentou-se num
dos assentos reservados. Quando alguns brancos entraram e ficaram em pé, o
motorista exigiu que Rosa e outros três negros se levantassem para dar o lugar
aos brancos. Enquanto os outros três se levantaram, Rosa se negou a cumprir a
ordem e permaneceu sentada.
Chamada a polícia Rosa Parks foi para a prisão por violar a lei de
segregação do código da cidade apesar de não estar sentada nas primeiras
cadeiras. No dia seguinte, foi solta.
A prisão de Rosa provocou um grande protesto que resultou no boicote aos
ônibus urbanos, quando os trabalhadores negros e os simpatizantes da causa
passaram a caminhar quilômetros para o trabalho, causando grande prejuízo à
empresa.
O movimento contra a segregação durou 382 dias e só terminou em 13 de
novembro de 1956 após a Suprema Corte declarar inconstitucionais as
leis de segregação. Foi o primeiro movimento contra a segregação que saiu
vitorioso em solo norte-americano.
Em 21 de dezembro de 1956, Martin Luther King e Glen Smiley, sacerdote
branco, entraram juntos em um ônibus e ocuparam os primeiros lugares.
Rosa Parks foi reconhecida nacionalmente como a “mãe do moderno movimento
dos direitos civis”.
Sofreu ameaças de morte e teve dificuldade de conseguir emprego. Em 1957
mudou-se para Detroit, Michigan, onde faleceu dia 24 de outubro de 2005.
Seu caixão foi velado com honras da Guarda Nacional do Estado de Michigan.
Mas meio século antes...
08/11/19
Só consegui ler hoje. Brilhante pesquisa e gostava de a guardar para mais tarde dar a ler aos netos.
ResponderExcluirMuito interessante