quinta-feira, 28 de novembro de 2019



Se…

Não, não vou escrever sobre o poema “IF” de Rudyard Kipling.
Mas pus-me a pensar por exemplo ...
- se Caim não tivesse matado Abel? Teria havido alguma diferença? Nem condenado foi, o assassino. Não foi julgado na 1ª, nem 2ª instância. Ficou aguardando os estranhos e covardes “embargos infringentes!”
Mas deixou exemplo importante: ainda hoje muito ladrão e assassino fica à solta, a rir, os polícias americanos surram até matar um negro e depois são absolvidos, no Brasil então... é melhor disfarçar.
Caim deveria ser nomeado patrono dos juízes vendidos.
- se Noé não tivesse existido, nem o tal dilúvio? Porque Deus estaria arrependido de tão mal ter feito o homem, e procurava refazê-lo melhor, decidiu acabar-lhe com a raça... quase.
Conversa fiada, porque ficou tudo na mesma, dilúvios sabe-se que sempre houve e continua a haver em todas partes da Terra, mas melhorar o homem é que nada.
A única coisa que nos ficou foi uma historinha, bonitinha, dum cara legal cheio de bicharada à volta e de uma pomba que lhe levou um pequeno ramo de oliveira. “The rest... is silence!”
Ficámos a saber que há 4 ou 5.000 anos já havia inundações.
Tudo como dantes... no Quartel de Abrantes.
- se Jesus de Nazaré, o Cristo não tivesse dito “Amai-vos uns aos outros”  os homens hoje odiavam e matavam menos ou ainda mais? Amariam ou desprezavam mais os pobres, os desfavorecidos? Juntavam fortunas ainda maiores ou distribuíam pelos incapazes? Ou simplesmente tinham evoluído na mesma? Possivelmente seríamos todos judeus, masdeístas, athonistas. Mas o que é ser, verdadeiramente cristão, qualquer que seja a liturgia seguida?
Foi pena foi ter-se ignorado o Código de Hamurabi. Não sei se lá estava escrito: mente, arranca-se a língua, mas fosse hoje o que haveria de mudos...!
- se Nikolái Alieksándrovich Románov, o Tzar, em vez de andar a filmar a família e a brincar com os filhos, como deveria ser um grande Pai da Rússia, bom governante, não tivesse ouvido o gangster Gregor Rasputin, mas atendido a voz dos mais abandonados e combatido a evolução das ideias marxistas e bolchevistas? Tinha exército e muita gente culta para isso. Se... o tivesse feito teríamos hoje no mundo esta epidemia, infestação esquerdista, que só pensa no poder para mamar à custa de quem se esforça, arrisca e trabalha?
Infestação epidémica que não tem antibiótico que a derrube. E por incrível que pareça com dinheiro inesgotável para continuarem a viver à grande e a virarem cabeças, sobretudo dos jovens.
E quem não for por eles é contra eles, e assim marginalizado.
- se Abraham Lincoln tivesse perdido a Guerra Civil americana? Hoje os EUA seriam talvez duas nações. A metade do norte com os brancos e as indústrias. Ao sul uma imensa maioria de população de origem africana, que entretanto já se teria tornado independente, cheios de petróleo e de barriga cheia de alimentos!
Já a polícia não batia mais nos negros, como continua a fazer ainda hoje.
- se Hitler não fosse louco e não tivesse atacado os judeus e os ciganos? Nem a Rússia, a seguir? Há muito que a Europa seria já uma espécie de União, comandada pelos germânicos.
Tinham cientistas, engenheiros, finanças, agricultura, educação e cultura.
Em 1938 o meu Pai foi em visita de estudo à Holanda, Bélgica e Alemanha, como responsável pelos serviços de Arborização e Jardinagem da Câmara de Lisboa. Regressou com uma enorme admiração pelo que viu na Alemanha: ruas impecáveis de limpas, tudo disciplinado, as árvores e os jardins muitíssimo bem cuidados, os viveiros eram fantásticos, enfim um país com uma civilização marcante, e nenhum sinal de que andava por lá já o louco a preparar a sua destruição.
Tinham tudo que o tal louco deitou a perder. Hoje a Europa tem tudo e está a suicidar-se na mesma.
- se Salazar, que era uma homem culto, aparentemente cristão (formado no seminário), inteligente, tivesse, logo que assumiu o trono de Portugal, olhado para o império português, e reconhecesse em cada cidadão, de cada canto do mundo, um irmão, um ser humano igual a todos, como certamente lhe terão ensinado no seminário ?
E copiado Grande Alexandre, que no seu percurso militar, depois das conquistas ia deixando nos postos de comando gente da própria terra.
Se ele tivesse essa visão logo no início dos anos 30, que só os grandes homens podem ter, como seria a África hoje?
Uma coisa é certa, ter-se-ia evitado um estúpida guerra colonial e as imensas guerras civis que dizimaram depois vários milhões de seres.
E os países que foram colónias teriam continuado a desenvolver-se e seriam hoje, no panorama mundial, conceituados, desenvolvidos, respeitados.
Não como o Brasil, que até hoje é colónia, primeiro dos coronéis fazendeiros, depois de esfaimados e gananciosos políticos, a seguir dos militares cabeçudos que mais viviam nas alturas dos seus galões do que no entendimento da coisa social, e até há pouco da extrema esquerda que socialmente bebe Romanné Conti, que é coisa humilde (no barato vai de 1.000 a 2.000 dólares a garrafa!), para culminar como colónia dum tribunal que se diz superior a tudo e todos, impedindo o seu desenvolvimento, destruindo a moral e a justiça.
- se... se...! Poderíamos continuar com os ses... que nunca levaram a lugar algum, e é um modo um tanto idiota de se pensar o mundo.
A solução não é fácil, porque pressupõe sempre a necessidade de um líder para entusiasmar as massas e levá-las a votar com consciência, com ética e civismo, coisa que parece ter desaparecido da face da terra.
Mas será tão difícil encontrar esse líder?
O Brasil conseguiu alguém que levantou a bandeira contra a corrupção, a ladroagem e a desmoralização da sociedade, mas com a mídia, nacional e internacional, ofendida porque toda ela gosta de ser de esquerda, só se fala nos desaires do governo sem uma única palavra para o que de positivo, e difícil se vai fazendo.
Bastaria referir que o Brasil acaba de bater, possivelmente, um recorde mundial, porque nestes primeiros dez meses de governo não consta que alguém tivesse metido a mão nas finanças públicas. E imaginem o barulho que se faria se alguém o tivesse feito!
Então criam inverdades, boatos, levando até o Papa a falar sobre a Amazónia, mas sem uma palavra sobre a Indonésia, Congo e, pior ainda, a sistemática e voraz ganância dos norte-americanos a destruírem milhões de quilómetros quadrados com o petróleo de xisto e outras barbaridades.
Desde o começo da sua descoberta (ou achamento?) o Brasil tem sido alvo de inveja e de tentativas de conquista – franceses, flamengos e ingleses – e não perdoam aos portugueses, na época com meia dúzia de homens, terem deixado, fronteiras fechadas, um dos países com maior riqueza em todo o mundo.
A esquerda, que tudo quer para uso pessoal, não desarma, e onde deita a mão chega o descalabro. Aqui, no Chile com Allende, na Argentina que foi um país maravilhoso, começou a ser destruído com Peron e continua com a gangue Kirchner, por toda a parte o esquerdismo luta para se impor.
Até o pobre e velho Portugal vai às urnas chateado, porque podia aproveitar para ir à praia, e continua a deixar um governo de ruina, onde tanto se rouba – parece que aprendeu com o Brasil – onde o tribunal superior também não quer condenar os comparsas, e assim caminha em alta velocidade para o descalabro porque nem sequer tem os recursos de um Brasil que, arruinado de momento, bem gerido vai ser uma das primeiras potências mundiais.
Portugal que futuro? Spínola escreveu sobre o futuro imediato das colónias. Não foi mais longe do que isso. Mas agora? Aqueles que poderiam, e deveriam, dar-lhe um novo rumo, parece que se limitam a contar no Facebook que este ministro rouba, os presidentes das estatais têm salários exorbitantes, empregos para os amigalhaços e familiares sempre há, e bem pagos, o primeiro ministro dá risada para os problemas porque tem os comunistas a apoiá-lo para também não saírem do bem-bom, e até o Presidente da República com a sua gestão de cara legal, boa praça, deixa o barco correr sem parecer incomodar-se com o rombo que levará o barco a afundar.
Um Presidente da República cujo primeiro ato, com disfarces de ecuménico, realiza uma reunião numa mesquita em vez de convidar os líderes de outras religiões para a Sé de Lisboa, lugar das nossas origens cristãs.
Além disso, segundo conta, naquele lugar terá havido primeiro uma sinagoga, mais tarde uma mesquita para voltar a ser um templo cristão. Nada melhor para unir aí as diferentes religiões.
Porquê escolheu a mesquita? Para atrair mais dinheiro do Aga Khan? Não precisava mendigar. Foi feio.
Portugal: muito boa e barata, ótimos vinhos, aborto legal, o melhor pão do mundo, Lisboa está uma cidade linda, mas... é com isso que vão viver os que escaparem agora ao assassinato nas barrigas da mães?
Com o desmoronar da União Europeia, Portugal, usando palavras de Salazar, ficara orgulhosamente só, como o único país em que a esquerda caviar, mancomunada com o comunismo irá, de chapéu na mão, pedir esmola a um novo Tarik.
Os descendentes de portugueses que agora conseguem obter a cidadania dos antepassados, pensam em Portugal como um Éden, mas logo, desenganados, ou estão de volta ou procuram outro país da EU.
Um dia, que esperamos não tarde muito, o Brasil poderá estar recuperado dos vinte anos de roubalheira e desmoralização.
De qualquer modo eu já por aqui, nem por ali, estarei.
Mas hoje, tudo isto que vejo acontecer, e a ver também como as pessoas deixam correr o marfim, permitindo até que em muitas escolas primárias se imiscuam bandidos travestidos de pessoal do social, para ensinarem às crianças que elas nascem sem sexo (!!!), e que sexo será o que cada um escolher.
Já não tenho filhos, nem netos nessas idades. Mas se tivesse, e na escola de algum deles isso tivesse acontecido... a minha reação seria muito feia. Talvez fosse até preso.
Mas hoje os pais assistem a tudo isso e não se mexem.
Porquê? Será que a raça humana está extinguir-se como os dinossauros?

sábado, 23 de novembro de 2019



Quem manda lá em casa... e não só? – 2 –

Vamos ver mais umas “mininas” muito interessantes. Ordem cronológica.
Nefertiti - (c. 1370 - 1330 a.C.) O nome significa "a mais Bela chegou", tendo sido identificada por alguns autores como uma princesa do Reino de Mitani (na região oriental da Turquia), filha do rei Tusserata. Durante o reinado de Amenófis III chegaram ao Egito cerca de trezentas mulheres de Mitani para o harém do rei, num gesto de amizade para com o Egito. (Simpático, né?)

 

Lindona, “A mais Bela”

Rainha da XVIII do Antigo Egito, esposa principal de Amenófis IV, mais conhecido como Aquenáton,  Nefertiti ajudou o marido a estabelecer a revolução religiosa, na qual se adorava apenas um deus, Áton, ou o disco solar. Aquenáton e Nefertiti criaram essa nova religião que alterou status quo do Egito. Com o seu esposo, reinou naquele que foi o período mais próspero na história do Antigo Egito. Alguns historiadores acreditam que Nefertiti reinou também durante uns tempos, depois da morte do seu marido e antes da sucessão de Tutankhamun, como Neferneferuaten -  "perfeita é a perfeição de Aton" (esta-se mesmo a ver que nefer significa perfeição, perfeita... lindona!!!). E era mesmo.
Dizem que os sacedotes da religião anterior perderam muitos privilégios com a histório do Athon e... com um bom veneno despacharam a bonitona.

Boadiceia – (30 - 61 dC)  "Boadiceia, celta, era alta, terrível de olhar e abençoada com uma voz poderosa. Longos cabelos vermelhos alcançavam seus joelhos; usava um colar dourado composto de ornamentos, uma veste multicolorida e sobre esta um casaco grosso preso por um broche. Carregava uma lança comprida para assustar todos os que lhe deitassem os olhos."
Relatos contam que ela cometeu todo o tipo de atrocidades em nome de uma deusa chamada Andraste, que seria a equivalente britânica de Vitória, deusa romana.

Estátua de Boadiceia, próxima do cais de Westminster

Boadiceia era casada com Prasutagos, rei dos icenos, que havia feito um trato com os romanos aliando-se ao Império Romano. Com a morte deste, Boadiceia assumiu a liderança do seu povo. Contudo, os romanos ignoraram o testamento e apropriaram-se da herança do falecido. Quando os icenos protestaram contra tal abuso, na pessoa da sua rainha viúva Boadiceia, Cato Deciano, o comandante romano, ordenou às suas tropas para sufocarem o protesto, e estas abusaram da força, açoitando a rainha e violando as suas filhas.
Revoltada com a brutalidade, Boadiceia começou uma revolta, unindo os povos da sua cidade para lutar pela libertação do jugo romano. Chegaram a tomar e massacrar algumas cidades sob controle do Império Romano.

Lianor d’Aquitaine(1122 - 1204) Uma das mulheres mais ricas e poderosas da Idade Média, Duquesa da Aquitânia e Condessa de Poitiers por direito próprio. Com 14 anos, três meses após se tornar duquesa, casou com o rei Luís VII de França, com quem teve duas filhas. Como Rainha de França, Leonor participou da Segunda Cruzada até à Palestina liderando o exército da Aquitânia e do Poitou contra as forças do Islã. Após quinze anos como rainha de França, pediu a anulação do casamento com base na consanguinidade do casal (primos em 4º grau!). As duas filhas foram declaradas legítimas, a sua custódia foi concedida a Luís, e as terras de Leonor foram-lhe devolvidas.
Logo após a anulação, decidiu, ela, casar com Henrique, duque da Normandia e Conde de Anjou, em 1152, na Catedral de Poitiers. Dois anos depois, ela e o marido, agora Henry II, foram coroados rei e rainha da Inglaterra na Abadia de Westminster, em Londres.
Durante os treze primeiros anos de casados, Henrique e Leonor tiveram oito filhos. Em 1171  desentenderam-se por conta das constantes aventuras extraconjugais dele, que acabou por prendê-la em 1173, primeiro no Castelo de Chinon, depois em Salisbury, entre outros castelos, por ela ter apoiado a revolta de seus filhos HenriqueRicardo e Godofredo contra ele. Leonor só foi libertada em 1189, quando o marido morreu e seu filho Ricardo Coração de Leão subiu ao trono da Inglaterra.
Arzinho meiguinho, mas uma fera!

Como rainha mãe, Leonor atuou como regente da Inglaterra e Normandia quando Ricardo partiu para a Terceira Cruzada, tendo negociado o resgate deste quando ele foi preso na Áustria.
Quando da ascensão de seu filho João em 1199, Leonor participou de suas últimas batalhas para garantir a sua permanência no trono. E após uma intensa vida de oitenta e dois anos, sendo consecutivamente rainha da França e da Inglaterra, entrou  na Abadia de Fontevraud, onde morreu como monja em 1 de abril de 1204.

Jinga – (1583 -1663) - Nzinga Mbande Cakombe, também conhecida (?) como Dona Ana de Sousa, nome dado após sua conversão ao cristianismo, mas conhecida, sobretudo como Rainha N'Jinga.
Filha de Nzinga a Mbande Ngola Kiluanje e irmã do Ngola Mbandi (o régulo de Matamba), que se revoltou contra o domínio português em 1618, e foi derrotado pelas forças sob o comando de Luís Mendes de Vasconcelos.
O seu nome surge nos registos históricos três anos mais tarde, como enviada de seu irmão a uma conferência de paz com o governador português em Luanda. Após anos de incursões portuguesas para capturar escravos, e entre batalhas intermitentes, Nzinga negociou um tratado de termos iguais, converteu-se ao cristianismo para fortalecer o tratado e adotou o nome português "dona Ana de Sousa".

Ngola Mbandi revoltou-se novamente derrotando as tropas do governador João Correia de Sousa em 1621. Dona Ana, entretanto, teria permanecido fiel aos portugueses, a quem teria auxiliado por vingança ao assassinato, pelo irmão, de um filho seu. Envenevou o irmão e sucedeu-lhe no poder.
Como soberana, rompeu os compromissos com Portugal, abandonando a religião católica e praticando uma série de violências não só contra os portugueses, mas também contra as populações tributárias de Portugal. O governador de AngolaFernão de Sousa, moveu-lhe guerra, derrotando-a e aprisionando-lhe duas irmãs, Cambe e Funge, levadas para Luanda e batizadas com os nomes de Bárbara e Engrácia.
Em 1657, um grupo de missionários capuchinhos italianos convenceram-na a retornar à fé católica e, então, o governador de Angola, Luís Martins de Sousa Chichorro, restituiu-lhe a irmã, que ainda era mantida cativa.
Depois recebeu-a no palácio, onde só havia uma cadeira, para ele, governador. N’Jinga chamou uma escrava, mandou-a pôr-se de joelhos, de quatro, sentou-se na suas costas e só então começou a falar com o governador. Acabada a negociação, levantou-se e ia a sair deixando a escrava na mesmo posição, e quando o governador lhe fez notar isso, ela, altiva, Rainha, respondeu que não costumava levar os móveis das casas que visitava.
Grande mulher.

Yekaterina Alekseyevna – 1729-96 - Nascida como princesa Sofia Frederica Augusta de Anhalt-Zerbst-Dornburg, filha de Cristiano Augusto, Príncipe de Anhalt-Zerbst, da Prússia, luteranos, Sofia converteu-se à Igreja Ortodoxa Russa, assumiu o nome de Catarina Alexeievna e casou em 1745 com o grão-duque Pedro Feodorovich, nascido príncipe de Holsácia-Gottorp. Parece ter achado o príncipe detestável desde o primeiro encontro. Não gostou da sua tez pálida e do gosto por álcool que já demonstrava desde cedo, mas assim mesmo ascendeu ao trono em janeiro de 1762 como Pedro III, e ela logo organizou um golpe de estado que o pôs para fora em julho, com Pedro morrendo alguns dias depois supostamente assassinado.
"Potiomkin vivia no palácio. Só precisava dar dois passos, subir uma escada e já estava no aposento real. Chegava desnudo por baixo da bata", diz Henri Troyat. (Prático, o rapaz!)
Gordinha e insaciável

Quando o sexo esfriou, Potiomkin passou a selecionar os novos "favoritos".
"Abandonava discretamente seus aposentos, enquanto escolhia o substituto", diz Troyat. Ser "favorito” era uma ótima profissão. O sujeito recebia salário, e quando deixava de agradar era indenizado com terras, rublos e servos. "O novo candidato era examinado por um médico e depois submetido a uma prova íntima com uma condessa, que passava um relatório a Catarina. Só então ela tomava a decisão."
(Inspeção prévia era muito importante.) Quem mandava e desmandava?
E a condessa? Teve que “experimentar”, sabe-se lá com que sacrifício, uma boa porção deles... Mas usava-os em primeira mão. Mão???

Chica da Silva - (1732-1796) Escrava brasileira alforriada ficou famosa pelo poder que exerceu no arraial do Tijuco, hoje cidade de Diamantina.
Filha de português, capitão das ordenanças, Antônio Caetano de Sá e da africana Maria da Costa, foi escrava de um proprietário de lavras, o sargento-mor Manoel Pires Sardinha, com quem teve um filho chamado Simão Pires Sardinha, alforriado pelo pai.
Com 22 anos, foi comprada pelo rico desembargador João Fernandes de Oliveira, contratador de diamantes, que chegou ao Arraial do Tijuco, em 1753, tinha a Chiquinha 21 aninhos. Depois de alforriada, passou a viver com o contratador, mesmo sem matrimônio oficial. Chica da Silva passou a ser chamada oficialmente Francisca da Silva de Oliveira. O casal teve 13 filhos e todos receberam o sobrenome do pai e boa educação.
Chica da Silva, mulata, frívola, prepotente, impôs-se de tal forma, que o rico português atendia a todos os seus caprichos. O maior deles, como não conhecia o mar, pediu ao marido para construir um açude, onde lançou um navio com velas, mastros, igual às grandes embarcações.
Vivia numa casa magnífica, onde promovia bailes e representações. Era dona de vários escravos que cuidavam das tarefas domésticas de sua casa. Só ia à Igreja ricamente vestida e coberta de joias, seguida por doze acompanhantes. Consta que muitas pessoas se curvavam à sua passagem e lhe beijavam as mãos.
Grande Chica! Saravá.



Maria Felipa de Oliveira – (1ª metade sec. XIX) - Pescadora, marisqueira, morava na Ponta das Baleias, Salvador, Bahia. Na luta pela independência do Brasil, liderou a luta do povo, atacou barcos portugueses ancorados no local, atraiu e desmoralizou tropas inimigas liderando homens e mulheres, negros e índios nas batalhas contra o ocupante. O seu grupo chegou a queimar 40 navios! As armas que usavam eram sempre seus instrumentos de trabalho - facas de cortar baleia e peixeiras - ou pedaços de pau e galhos com espinhos.


Escurinha, mas com bela presença

“As mulheres seduziam os portugueses, levavam-nos para uma praia, faziam com que eles bebessem, os despiam e davam-lhes uma surra de cansanção”, conta a historiadora Eny Kleyde Farias, no livro “Maria Felipa de Oliveira: heroína da independência da Bahia” (2010). (Estou à procura desse livro!)

Rosa Parks – 1913-2005 - Rosa entrou para a história por se negar a ceder a um branco o seu assento num ônibus em Montgomery, capital do Estado de Alabama, Estados Unidos, onde ocorriam os maiores conflitos raciais. Desde 1900, por lei, os primeiros assentos dos ônibus eram reservados para brancos.
Em 1 de dezembro de 1955, quando Rosa voltava do trabalho, sentou-se num dos assentos reservados. Quando alguns brancos entraram e ficaram em pé, o motorista exigiu que Rosa e outros três negros se levantassem para dar o lugar aos brancos. Enquanto os outros três se levantaram, Rosa se negou a cumprir a ordem e permaneceu sentada.
Chamada a polícia Rosa Parks foi para a prisão por violar a lei de segregação do código da cidade apesar de não estar sentada nas primeiras cadeiras. No dia seguinte, foi solta.



A prisão de Rosa provocou um grande protesto que resultou no boicote aos ônibus urbanos, quando os trabalhadores negros e os simpatizantes da causa passaram a caminhar quilômetros para o trabalho, causando grande prejuízo à empresa.
O movimento contra a segregação durou 382 dias e só terminou em 13 de novembro de 1956 após a Suprema Corte declarar inconstitucionais as leis de segregação. Foi o primeiro movimento contra a segregação que saiu vitorioso em solo norte-americano.
Em 21 de dezembro de 1956, Martin Luther King e Glen Smiley, sacerdote branco, entraram juntos em um ônibus e ocuparam os primeiros lugares.
Rosa Parks foi reconhecida nacionalmente como a “mãe do moderno movimento dos direitos civis”.
Sofreu ameaças de morte e teve dificuldade de conseguir emprego. Em 1957 mudou-se para Detroit, Michigan, onde faleceu dia 24 de outubro de 2005.
Seu caixão foi velado com honras da Guarda Nacional do Estado de Michigan.
Mas meio século antes...

08/11/19

segunda-feira, 11 de novembro de 2019



Sempre mais Amigos

Com receio de ter esquecido alguns que, de forma mais ou menos profunda fizeram parte da nossa vida.

Arne - Quando entrei para o Liceu, 1942, logo me entrosei com novos amiguinhos. Lembro muito de um, com quem jogava com tampas das caixas de fósforos, berlindes – bolinhas de gude – ou tampas de cerveja, nos meios fios dos passeios. Sempre na rua! Tinha um problema na fala, que espero tenha corrigido com o tempo, e não conseguia pronunciar os “c”. Com o pai tinha um talho – açougue – nós chamávamos-lhe de o  “Arne”! Criança, como eu, lembro-o sempre bem disposto. Há... quantos anos???

António Maria da Costa Cabral da Costa Macedo – Homónimo de um primo, este como meu irmão, conheci-o em Luanda, capitão, ajudante do Governador Sá Viana Rebelo. Naquele tempo faziam corridas de automóveis dentro da cidade, e o António Maria participava com um MGB. Não sei se ganhava, mas lá estava sempre.
Um dia, numa recepção do governo, onde, por razões que aqui não interessam, eu também compareci, estava ele à entrada a conversar com um sujeito baixinho, que eu logo reconheci. Tinha sido ele que me condenou a pagar uma multa depois de me ter dito que eu tinha toda a razão! Quando o António Maria nos quis apresentar eu disse na cara do tal juiz: “Não aperto a mão a quem me condenou dando-me razão!”
O baixinho continuou com a sua cara de estúpido e depois tive que pedir ao meu amigo que me desculpasse de o ter deixado numa situação, no mínimo, inusitada.

Avô Mata – Em frente da nossa casa na rua Cabral Moncada, em Luanda, havia uma pequena mercearia, pequena, cujo dono era o senhor Mata. Ali comprávamos, quase diariamente alguma coisa. Ele e a mulher, atenciosos, quem costumava lá ir eram os nossos filhos, porque eram recebidos com muita simpatia. Como o homem usava as calças bem acima da cintura, pela proeminente barriga, até hoje, quando alguém aparece assim, ainda nossos filhos se lembram dele a quem chamavam, de “Avô Mata”. E dizem: “Tens as calças à avô Mata”! Não éramos amigos, mas foi uma pessoa simpática que conheci.

Cadete Leite – Chegou a angola, jovem médico, para cumprir o serviço militar e lá se deixou ficar. Quando se instalaram os “Estudos Gerais”, depois Faculdade de Medicina, foi um dos primeiros professores. Um dia, na praia, viu que eu tinha umas veias bem aparentes numa das coxas, varizes, que continuam lindas como nesse tempo, e perguntou-me há quanto tempo tinha aquilo. Desde sempre. Achou estranho e creio que me disse que devia dar as pernas para que fossem estudadas na faculdade. Prometi que as deixava em testamento! Simpático e, creio, bom professor.

Carlos Silva Pereira – e Maria Leonor,  a quem chamavam Chica.
Amigos desde que chegámos a Moçambique, com quem estávamos frequentes vezes. O 25/4 empurrou-os para o Brasil, e quando eu nos primeiros tempos, por aqui andava meio perdido, não posso esquecer que me deram guarida em sua casa, no Rio.  Para sobreviverem, a Chica, fazia doces (pasteis de nata?) e todos os dias, depois de alguma luta para levantar os filhos da cama (!) ia entregar o trabalho numa confeitaria longe de casa. Todos os dias.
Foram para Portugal, o Carlos especializado em câmaras frigoríficas, ainda me chegou a propor um negócio com ele, que não funcionou.
Adoeceu e foi entregando a vida. Via-o bastantes vezes nessa ocasião, até que voltei para o Brasil.


Nos tempos de Lourenço Marques
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Fernando Castelo Branco (Pombeiro) Geólogo (?), engenheiro de petróleos, sempre muito magro, careca como a palma da mão, foi um dos bons amigos que faziam parte de um grande grupo onde havia jantaradas, fadistices e outros encontros. Bem mais tarde, em Portugal quando nos encontrámos, tinha ele um veleiro e queria por força que eu fosse sair com ele. Mas as minhas visitas à “terrinha” eram curtas, e só deu para irmos à doca ver o brinquedo em que raro saía. Amigo de muitos anos, mas, infelizmente, poucas vezes estávamos juntos. Simpatia levada ao ponto mais alto. E da Mariana Pinto Coelho.



Fernando Real – Doutor em geologia, professor na “neófita” Faculdade em Luanda, fui um dia procurá-lo, para lhe pedir alguns conselhos sobre microscópios. Na altura eu trabalhava com a Leitz. Levei-lhe uma porção de catálogos, para que os estudasse e me dissesse o que lhe poderia interessar. Uns dias depois voltei, ele disse o que lhe fazia falta, características, etc. Escrevi para a Leitz, que enviou os detalhes e assim comecei a vender microscópios. Bons anos passados, em Portugal, era Ministro do Ambiente, quando nos encontrámos no Parque do Gerês. Reconheceu-me: “Já me lembro de você, que me levava os catálogos dos microscópios para eu estudar”! Fui eu sim. E aprendi muito! Obrigado.
Recebido lá no Gerês pelos burocratas, não deixou que me afastasse e sempre quis ouvir a minha opinião sobre os trabalhos projetados. Como quase só conversava comigo, as autoridades ficaram obrigadas a convidarem-me para o almoço ao Ministro, e sentaram-me bem na frente dele. Tratava-o por Professor. E disse-lhe que Professor seria sempre, ministro... Dois ou três meses depois foi exonerado!

 Frederico Meunier de MendonçaFreddy. Filho de uma prima direita da minha mulher, bem mais novo do que eu, foi engenheiro de voo, quando os aviões levavam esse técnico a bordo. Quando os engenheiros de bordo foram dispensados, a TAP, deixou esses colaboradores numa situação muito difícil. Foi o suficiente para se deixar ir abaixo e não tardou a descansar. Muito simpático ele e a mulher Isabel. Deixou saudades.

José Manuel da Maia e Vale – Bom colega do tempo de Évora. Tranquilo, bom aluno, e apesar de gordo era o melhor nadador de todos nós, que tomávamos banho na grande cisterna da Mitra.
O tanque – cisterna – onde tomávamos banho

Um dia caminhávamos lado a lado pelo campo, num pequeno desnível do lado dele de repente caiu. Levámo-lo para a enfermaria. Ataque epilético. Chegou o verão, férias grandes, proibido de nadar no “seu” Mondego, sentou-se na margem, numas pedras, a pescar. Novo ataque, cai à água e... Ótima pessoa.

Luis Marques Pinto - médico, pediatra, lembro três passagens onde estivemos juntos. A primeira, teria eu uns 16 ou 17 anos, verão, estava em Sintra e consegui um dinheirinho para ir de eléctrico até à Praia das Maçãs, espairecer. Encontrei o Luis, uns oito anos mais do que eu, estava com dois amigos, que não lembro mais quem eram. Chegada a hora do almoço perguntam se eu queria almoçar com eles num pequeno (e ótimo) restaurante que ali havia. Declinei, porque não tinha dinheiro. Só o suficiente para pagar o bilhete de volta. Logo:. Vens almoçar conosco, nosso convidado. Vão mais de 70 anos e não esqueci.
Mais tarde chega a Luanda cumprindo o dever militar. Pediatra, tomava o lugar do António Castro Ferreira quando este se ausentava.
A última vez que o vi, em Lisboa, passei na rua onde ele tinha o consultório e fui lá dar-lhe um abraço. Excelente médico e pessoa.

Manuel Ferreira de Lima – Meu primo, mais velho do que eu uns cinco anos, nossos pais primos direitos, apareceu um dia em Luanda para lançar os Cursos de Cristandade.

Quando o encontrei, antes do primeiro curso, onde eu estive, perguntei o que fazia por ali. Não lembro do que respondeu mas eu quis saber se quem fizesse esse curso e rezasse durante aqueles três dias depois não precisava de rezar mais. Riu, e disse Tu vais lá e tiras as conclusões.

Manuel João Pimentel Teixeira – Angolano de Moçamedes, conheci-o quando cheguei a Luanda depois da travessia do Atlântico, em 2005/6 no “Mussulo”. Como era tratado a bordo por “tio” pelos outros dois navegadores, à chegada a Angola, toda a gente que encontrámos era mais nova do que eu que ali tinha vivido muitos anos e sabia de histórias, e de história, e assim fiquei sendo “tio” os novos amigos. Alguns deles tive depois a alegria de os receber em nossa casa, entre eles o “Pimentel” com quem troquei muita correspondência via e-mail.
Durante a minha estadia em Luanda, em 2007 fez-me uma pequena “caricatura” que, mesmo não muito parecida, foi uma demonstração de amizade.


Quando nos visitou no Rio trouxe um pedaço de rocha de Angola que guardo com carinho. Mais um sobrinho por quem tive muita simpatia.

Manuel Maia do Vale – Irmão do colega acima fui encontrá-lo em Angola, agrónomo. Não foi difícil criar um vínculo, e mais tarde fomos até vizinhos na mesma rua. Ele morava no prédio em frente da nossa casa. Por seu intermédio, e sem ele saber que era eu que estava interessado, fiz um bonito negócio com Angola. Foi sempre muito simpático.

Amigos – “Retardatários!”

Esquecidos mais alguns que voltam à memória.
Lembrei agora de um outro, cowboy muito pirado, um sujeito cheio de graça. O pai, conhecido e respeitado professor universitário, o filho e homónimo que nunca quis saber de estudar. Farra e copos!
Aí alguns anos mais do que eu, apareceu um dia em Évora, para ver se pelo menos fazia o curso de Regente Agrícola, curso que eu estava a terminar.
Já maior de idade era aluno externo e vivia num quarto alugado em Évora, cidade, deslocando-se todos os dias – que não foram muitos – para a Herdade da Mitra assistir às aulas. Foi nesse tempo que o conheci e fizemos uma rápida amizade.
Sempre com uma boa disposição contagiante os que o conheceram ficaram amigos.
Gostava da farra e copos e gastava tudo quanto tinha e não tinha. O pai mandava-lhe dinheiro que nunca chegava para os gastos.
O inverno em Évora é frio. Muito frio. Um dia veio dizer-nos que tinha vendido os cobertores da cama, talvez para uma jantarada ou só beber uns copos. Todos lhe perguntámos: “Com este frio como consegues dormir?” Resposta simples: “Cubro-me com jornais, que aquecem bem, e olhem, o “O Século” é muito mais quente do que o “Diário de Notícias!”
Gargalhada geral.
Nem um ano por ali ficou. Já farto de estudos foi embora, e o pai que o acolhesse, o que fazia, claro.
Poucos anos passados, uma bela manhã, seriam umas 10 horas, ia eu a pé, em Lisboa, entre a Praça dos Restauradores e o Rossio quando vejo vir na minha direção um indivíduo de fraque, chiquérrimo! Não é normal ver gente assim vestida àquela hora, mas... era ele! Demos um bom abraço, e pergunto-lhe se vai para algum casamento tão cedo. Impecável, responde:
“Não! Estou vindo de um casamento... de ontem!”  Rimos conversámos um pouco e cada um seguiu a sua vida. Depois nunca mais o vi.
Este era o meu amigo Rui Mayer.
Infelizmente não tenho nenhuma foto dele.