Mandaram-me hoje
este texto, de autor desconhecido,
que achei uma beleza, uma profunda e sempre oportuna meditação e, por todas as
razões, sobretudo por ser Páscoa, não posso deixar de o mandar a todos.
Recomendo que o leiam, pelo menos, duas vezes.
“Desejo
ardentemente
passar esta Páscoa contigo…”
Quando cheguei percebi que aquele jantar iria ser muito especial. A sala
era toda de pedra e o tecto uma beleza, com arcos e ogivas, e as colunas que os
suportavam espalhavam-se pela sala deixando um espaço central para a mesa,
enorme, que estava posta de uma maneira muito simples. As paredes estavam
pintadas de cor-de-rosa velho realçando ainda mais a beleza da pedra antiga.
Numa das paredes estava acesa uma lareira enorme e ouvia-se o barulhar da
lenha, o que fazia um ambiente muito acolhedor.
Todos os que estávamos ali tínhamos recebido
o mesmo estranho convite: “Desejo ardentemente que venhas cear comigo nesta
Páscoa”. Eu olhava à roda a ver quem poderia ter sido o da ideia mas percebi
que todos tinham a mesma curiosidade.
A certa altura entrou na sala um homem que
começou a cumprimentar cada um de uma maneira muito calorosa. Dizia qualquer
coisa enquanto nos abraçava, sem pressas e com uma imensa ternura. Quem seria
ele?
Chegou a minha vez. Avançou para mim com os braços muito abertos e um sorriso de uma bondade tal que senti o coração estremecer. Instintivamente estendi também os braços e deixei-me envolver naquele abraço eterno, apertando-o contra mim com toda a força de que fui capaz. Quando me largou, olhou-me intensamente e disse-me numa voz imensamente suave: “Não imaginas como desejei que viesses! Que bom teres aceitado o convite. A tua presença enche o meu coração de uma enorme alegria. És um filho muito amado. Senta-te aqui”. E arrastando um banco, mostrou-me o meu lugar. Sentia-me muito comovido, era aconchegante tudo o que ali se passava, as pessoas estavam agora com um olhar lavado e alegre, era uma alegria que vinha de dentro, como se todos os corações estivessem chapados nas nossas caras.
Chegou a minha vez. Avançou para mim com os braços muito abertos e um sorriso de uma bondade tal que senti o coração estremecer. Instintivamente estendi também os braços e deixei-me envolver naquele abraço eterno, apertando-o contra mim com toda a força de que fui capaz. Quando me largou, olhou-me intensamente e disse-me numa voz imensamente suave: “Não imaginas como desejei que viesses! Que bom teres aceitado o convite. A tua presença enche o meu coração de uma enorme alegria. És um filho muito amado. Senta-te aqui”. E arrastando um banco, mostrou-me o meu lugar. Sentia-me muito comovido, era aconchegante tudo o que ali se passava, as pessoas estavam agora com um olhar lavado e alegre, era uma alegria que vinha de dentro, como se todos os corações estivessem chapados nas nossas caras.
Começámos a comer e a conversar alegremente,
o anfitrião estava num lugar central, mas era como se estivesse ao meu lado, ao
lado de cada um. Falava pouco mas estava atento a todos e à conversa. A certa
altura disse como se fosse a coisa mais natural do mundo – “Hoje alguém me vai
trair!”. Foi uma bomba, e fez-se silêncio – quem poderia trair esta pessoa que
tão bem nos recebia, que nos tinha abraçado com tanto amor, junto de quem nos
sentíamos tão profundamente queridos? Alguém perguntou quase num sussurro:
“Quem?”. E o anfitrião respondeu: “aquele”.
Nessa altura senti uma coisa muito estranha
que mais tarde soube que todos sentiram também. Era para mim que ele olhava,
era para cada um de nós que ele olhava pessoalmente. E era um olhar tão fundo
que vi - num relâmpago - toda a minha história: de miséria, de negação, de
infidelidade, de mentira, de orgulho, de vaidade, de injustiça, de
maledicência... e era espantoso porque todas as pessoas a quem eu tinha feito
mal, de quem tinha pensado mal, a quem magoei, tinham todas SEMPRE a cara do
anfitrião. Voltei a olhar para ele e reparei que me olhava com uma bondade e
uma doçura que me trespassaram.
Havia um silêncio muito violento na sala que
só se quebrou quando ele se levantou, pegou numa toalha e numa bacia e veio
lavar os pés de cada um. Um burburinho cortou então aquele silêncio pesado. A
minha primeira reacção foi dizer: “Não! Não Senhor... como posso deixar que me
laves os pés?” Mas ele de joelhos, totalmente despojado, olhava-me humildemente
como se aquilo fosse para ele a coisa mais importante do mundo: “Deixas? Posso?
Por favor!” E voltei a ver o mesmo filme de há pouco: todas as vezes em que O
ofendi, e troquei, e julguei, e esqueci, e fingi... em cada pessoa a quem o
fiz... “Achas que não tens nada para lavar?” Deixei-me então lavar...
perdoar... amar. A todos ele lavou os pés com um carinho incrível, e no fim,
disse-nos com autoridade: “Assim como vos fiz, façam também vocês uns aos outros”.
Vim a pé para casa, devagar e pensativo.
Precisava de arejar, tinha o coração aos saltos. Até que “VI”! Vi que aquele
era O Senhor que eu procurava há tanto tempo, O Senhor a Quem queria amar e
seguir... “O SENHOR” da minha vida. E percebi também que não Lhe interessa ser
amado se O separar do meu irmão, daquele familiar, daquele amigo, daquele que
me fez mal, daquele de quem não gosto, mas que é em cada um deles que Ele quer
ser reconhecido e querido.
Disseram-me depois que no fim daquele jantar
o tinham morto, mas não é verdade porque passados 3 dias voltei a encontrá-lO.
Ía eu pela rua, e ao passar por um beco vi-O: estava deitado a dormir despido e
cheio de chagas em cima de um cartão. E voltei a vê-lO quando fui a um lar de
velhinhos, estava num canto só e triste. E vi-O também na televisão, num país
de África, parecia cheio de fome, muito magro e com uma barriga enorme, e vi-O
ainda num irmão desprezado e caluniado... Não morreu nada! ESTÁ VIVO! Vejo-O
muitas vezes. Sempre que O vejo Ele volta a dizer-me ao ouvido: “Assim como te
fiz, faz tu também aos outros...”
Sábado de Aleluia, 2016. 26 de Março
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