Índia
Histórias da história - 2
3.-RAMA-GUPTA e DHRUVADEVI
Um
drama do século sexto conta a história de um Rama-Gupta, que se pensa ter
brevemente sucedido a Samudra Gupta e quem tentou arrancar os sátrapas
ocidentais de Malwa. A tentativa deu errado. Rama-Gupta foi derrotado, e preso,
quando tentou se soltar, foi informado que o preço da fuga seria a rendição e
entrega da sua rainha. De acordo com uma biografia muito mais tardia, o sátrapa
de Shaka cobiçava ao máximo a adorável rainha Dhruvadevi. Sem dúvida ela tinha
sido representada a ele com olhos de lótus, com coxas como hastes de bananeira
e todos os outros atributos maduros da feminilidade desejável, como detalhado
na tradição textual e ilustrada nas yaksi
sedutoras das esculturas de Mathura e Sanchi. O tipo da “mulher-ideal” ou
“simbolo sexual” da época! Em chamas, com o desejo, o lascivo rei de Shaka foi
inflexível; Rama-Gupta, indigno de uma tão desejada consorte, irremediavelmente
admitiu a derrota e concordou em entregar-lha.
O “símbolo sexual”: a bela e tão
desejada Dhruvadevi ?
(Vejam bem a perninha estilo tronco
de bananeira!)
Mas
a ignomínia foi demais para o irmão mais novo de Rama-Gupta. Este irmão de
alguma forma se disfarçou como Dhruvadevi, toda bem torneada, e foi dando
entrada no campo inimigo onde prontamente matou o sátrapa. Ele também deve ter
auxiliado a fuga de seu irmão Rama-Gupta, tendo este sido irrevogavelmente
desonrado por este caso; era o irmão honrado que agora assumia as rédeas do Império
como Chandra Gupta II. Ele pode ter tido que matar Rama-Gupta no processo; mas
certamente, foi ele quem eventualmente ficou com a mão de escultural Dhruvadevi.
Chandra Gupta II
Não
surpreendentemente, a ofensiva principal de Chandra Gupta II foi uma
continuação da luta contra os sátrapas de Shaka. A julgar pelas inscrições em
torno de Sanchi ele parece ter sido de Malwa Oriental alguns anos antes,
presumivelmente enquanto conduzia as necessárias campanhas. A sua paciência foi
recompensada. No ano de 409 d.C. Chandra Gupta II emitiu moedas de prata para
substituir as dos sátrapas. E depois de ouro. Os territórios de Shaka na Índia
ocidental foram anexados aos Guptas, e dos sátrapas ocidentais não mais se
ouviu falar.
Assim,
os Guptas garantiram sua fronteira ocidental e herdaram tudo o que restou das
tradições culturais estabelecidas pelo sânscrito Rudradaman e seus sucessores.
Na evidência de um site arqueológico budista em Gujarat norte (Devnimori) que
pode datar-se de cerca de 375 d.C., tem sido sugerido que a arquitetura e
escultura Gupta deviam vários motivos e características de design ao oeste da
Índia. Também pode ser significativo que as realizações culturais associadas
geralmente aos Guptas são pouco em evidência no século IV e só se tornaram
estabelecidas após a conquista dos sátrapas por Chandra Gupta II.
Este sucesso contra os sátrapas
também deu aos Guptas acesso aos portos de Gujarat e aos lucros do seu comércio
marítimo internacional.
4. – ALEXANDRE e BUCÉFALO
Alexandre,
como se sabe, foi o maior general de toda a história, de onde lhe vem o
sobrenome, o Grande.
No
seu caminho de batalhas e conquistas percorreu mais de 25.000 quilómetros, e
acabou morrendo muito jovem, 32 anos, possivelmente por ferimentos recebidos num
dos muitos combates que enfrentou quando descia o Hindus, hoje Paquistão, em
barcos, descida essa que levou seis meses até ao mar, no regresso à Mesoptâmia,
vindo a falecer na Babilónia. Uma seta ter-lhe-á acertado no peito e talvez
tenha atingido os pulmões.
No
mesmo dia em que Alexandre nasceu terá nascido um cavalo, magnífico, indomável
que, segundo a tradição, havia sido comprado por
Filipe II da Macedónia, pai de Alexandre, mas afastado por ordens do próprio
rei pois não se deixava montar. Alexandre, depois de muito implorar, no dia em
que fez treze anos, recebeu esse magnífico presente com permissão para tentar
domá-lo, que parecia fadado a ser o grande companheiro do príncipe. Alexandre
notou então que o cavalo se assustava com a própria sombra e o conduziu contra
o sol de forma que ele não pudesse vê-la. Contra todas as expectativas conseguiu
assim domar o cavalo, que ninguém conseguia. O
cavalo só permitia ao seu treinador montá-lo mas, depois foi coberto por vestes
reais, e permitia ser montado por Alexandre, e ainda se curvava para ajudar o
rei.
Alexandre Magno
e seu cavalo Bucéfalo, na Batalha de Isso.
Mosaico
encontrado em Pompeia, hoje no Museu Arqueológico Nacional, em Nápoles
Bucéfalo era o nome deste famoso cavalo de guerra
de Alexandre, rei da Macedônia depois de, com a ajuda da mãe, ter assassinado o
pai!
Com o seu dono percorreu milhares de
quilómetros, sempre se impondo pela sua postura, força e elegância. Quando
Bucéfalo ficou velho, Alexandre o poupava das atividades de menor importância:
durante a revista das falanges, antes da batalha, Alexandre montava outros
cavalos, apenas montando Bucéfalo na hora de atacar o inimigo.
Bucéfalo viria a morrer por ferimentos e
pela idade durante a campanha de Alexandre no norte da Índia. No local de sua
morte, o imperador prestou-lhe uma última homenagem, fundando a cidade de
Bucéfala próxima a Taxila (30 km
a NE de Islamabad), no atual Paquistão.
Taxila tem uma história incrível. Foi a
capital de uma série de reinos, inclusive de Alexandre, e sabendo-se, pela
arqueologia, que a sua fundação remonta a uns cinco milénios a.C., no século V
a.C. tinha já uma universidade onde se ensinavam os princípios budistas. Hoje o
sítio, espetacular, é Património Mundial da Unesco.
5.- Tanque
Se procurarmos a etimologia desta
palavra tanque, nos vários dicionários de português, encontram-se as
“probabilidades mais absurdas” que se possam imaginar. Dizem que “talvez” venha
de “estancar”! Mas explicar... nada. Estancar a água?
A história calcula que os arianos terão
chegado à Índia cerca de 1500 a.C., passados dois séculos da há pouco descoberta
civilização Harapana. Civilização que se terá iniciado mais de 3.000 anos a.C.
Agricultores, já trabalhavam e
transformavam de forma magnífica o algodão, que os arianos, espantados por que
o desconheciam começaram por chamar de “lã vegetal”!
Poucos animais estavam domesticados de
modo que sobreviviam, e bem da agricultura, e de alguns animais selvagens, como
o porco.
Os remanescentes desta civilização ao
longo do Hindus, se viram obrigados, possivelmente por desertificação da
região, a mudar-se para as margens do Ganges, onde a agricultura se fazia com a
fácil irrigação na planície gangética, entre os rios Ganges, Gahara e Jumuna,
sempre cheios de água.
Quando mais tarde alguns governantes ou
rajas, quiseram expandir-se para a região central da atual Índia, os povos dali
sobreviviam mal à época inter monções. Chovia torrencialmente durante os meses das
chuvas – entre Junho e Agosto – e depois no resto ano chegava uma canícula que
tudo queimava.
Era preciso alimentar aquele povo.
O governante mandou construir uma série
de tanques onde se pudesse guardar
boa parte das chuvas imensas que depois eram utilizadas para regas e assim
desenvolver a agricultura.
Quer isto dizer que tanque é uma palavra de origem indiana, levada para a Europa pelos
portugueses e adoptada bem mais tarde pelos ingleses. Isto dizem os próprios
ingleses.
Estes, quando começaram a fabricar umas
novas “máquinas de guerra”, no início da I Guerra Mundial, criaram uma palavra
código para se referirem a estas máquinas. O nome escolhido foi Tank.
Mas, até em Inglaterra, como em Portugal,
a palavra tanque aqui, ou tank lá, significa um reservatório de água, por
exemplo para lavar a roupa, ou o tanque de combustível dos veículos e só mais
tarde se vulgarizou como a máquina de guerra!
Qual tanque você prefere?
23/12/2014
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