segunda-feira, 26 de setembro de 2011


ORÇAMENTOS de MENTIRINHA,

aliás, de mentirosos
 
Já por diversas vezes, e desde há muitos  anos, faço a mesma pergunta, que tem ficado sempre sem resposta.
Era difícil não haver resposta para uma questão tão elementar que qualquer dona de casa sabe desde o primeiro dia que assume o controle das suas finanças.
O que é um orçamento? Normalmente seria uma previsão de entradas de dinheiro, e de saídas, fazendo o possível para sobrar sempre um pouco a usar no caso de alguma emergência.
Mas isso é o que fazem os estúpidos e ignorantes como eu e, cheias de sabedoria, as donas de casa! Os sábios, os políticos, os grandes economistas em (des)serviço ao Estado, ou à Nação, isto é, ao povo, fazem de outro modo! De ano para ano vão prevendo sempre gastar mais do que arrecadam, desprezando o crescimento da dívida pública, o que na minha cabeça ingênua, não consegue entrar.
Pedem dinheiro nos mercados internos e externos, enchem os postos chaves de comparsas, que, mancomunados disfarçam o caminho para o desastre, e os bancos procuram dar crédito até ao pedinte de rua; vai-se distraindo o povo com outros assuntos – futebol, religião, shows de gritaria, visitas de personalidades estrangeiras, etc. – e, num instante a divida é de tal forma, que estoura, e é impossível pagar.
Está nisto quase toda a Europa – vivas para a Alemanha que continua com bastante solidez (continua?)– que agora parece ter acordado duma letargia confortável: dever bilhões sem qualquer possibilidade e/ou intenção de pagar.
“Impossível negar que está profundamente abalado o edifício de toda a economia moderna...
A muliplicação assombrosa de protestos e reformas de letras, iliquidabilidade de créditos, arrastamento de dividas e pagamentos, liquidações ruinosas de produtos, de papéis e de negócios, paralisação total ou parcial de explorações agrícolas, industriais e comerciais, milhões de homens sem trabalho, nervosismo das praças e dos depositantes, levantamentos ou retiradas inexplicáveis de capitais, entesouramentos particulares de dinheiro, condenáveis por anti-economicos, derrocadas, falências e concordatas, agitações políticas e sociais - eis o espectaculo anormal que o mundo vem oferecendo: crise e especulação de crise; no fundo, tudo crise, economica e moral”.
Palavras de Salazar, 1930.
“Portugal (e hoje toda a Europa) vai ver-se obrigado a dobrar-se sobre si próprio, em população (já impossível), em capitais, em produção e consumo; e é talvez este um momento histórico interessante que será pena, por falta de coragem ou visão, deixar perder”.
Ainda Salazar em 1931.
E mais, em Agosto de 2003 escrevi o texto:

“O Orçamento do Pinóquio”

“Lá vai nariz...
O governo anunciou o seu orçamento para 2004, alardeando, voz alta e firme, que este, finalmente “é um orçamento real e não fictício como os dos governos anteriores”!
Sempre remetendo as suas amarguras e incapacidades em comparação com os tais governos anteriores! Ponho-me a imaginar o que teria dito o governo de Adão e Eva sobre o seu “orçamento” - se o tivesse feito -, uma vez que não podia ancorar-se, para bater, em anteriores!
O mais curioso é que a realidade deste orçamento é exatamente igual à realidade dos anteriores, porque serão as contingências do “planeta global” que vão permitir, ou não, que o país se isole e cumpra, ou não, o preposto”.
E a capacidade e seriedade dos governantes.
Com toda esta conversa “p’ra boi dormir”, o Brasil passou de uma Dívida Interna de 892 milhões em 2003 para 1,73 trilhões em 2010, estando em cerca de 67% do PIB.
A continuar assim, não tarda que o aperto chegue também ao El Dourado, que, de fato é, o Brasil.
A Europa quer agora impor a todos os seus membros uma lei de responsabilidade fiscal, i.é, não se pode gastar mais do que se arrecada. No Brasil essa lei existe... no papel. Ninguém, rigorosamente ninguém, a cumpre.
E assim vai o mundo.
Os únicos que não precisam de orçamento são os fabricantes de armas: americanos, russos, chineses, brasileiros, etc. Se o mercado falhar vão provocar uma guerra em qualquer lugar do mundo. Não falta quem venda para o Sudão, Congo, Síria, etc.
O que falta mesmo, é que o tal homo sapiens evolua. Mil anos? Estávamos na Idade Média, matando-se uns aos outros. Dois mil? Olha o que fizeram com o Homem que era só amor. Dez mil, quando Caim matou Abel? Um milhão de anos? Talvez mais!
Creio que não vou esperar para ver.

25/09/2011






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