Luanda !
Se a Cabral Moncada falasse...
Qualquer dia recuaremos um pouco mais no tempo, para passar uns momentos em Benguela, mas por enquanto “devido a pedido de várias famílias”, vamos revisitar a Cabral Moncada e seus primeiros arredores.
Esta rua, com menos de um quilometro de comprimento, acabava, e acaba, passado por baixo de um prédio, na rua Dom Manuel I, ao lado da Igreja da Sagrada Família, e as casas do lado de baixo davam para um belo parque, hoje muito ocupado, o Alvalade. Sem vizinhos por perto!
(Clic em cima para ver maior) A nossa casa assinalada.
Cruzando a Sá da Bandeira e por cima a Guilherme Capelo.
Por baixo "era" o parque de Alvalade
Segue uma relação dos moradores daquela rua, a contar, mais ou menos de cima para baixo, e mesmo em épocas diferentes, porque alguns dos indicados moraram, sucessivamente na mesma Casa, e de alguns mais próximos em outras duas ruas adjacentes, sempre acautelando a possibilidade de a memória estar como trapo velho, cheia de furos!
Quem morava talvez “mais longe” eram os Castro Ferreira, António e Maria da Luz. Ele o pediatra dos nossos filhos. Seguem-seo nosso medalhista olímpico, na vela, em Helsíquia, Francisco Rebelo de Andrade, o Chico d´Água e a Gracinha, Manuel e Luiza Mexia e suas seis filhas e o Luis e Ticha Ricciardi, não sei já em que cronologia, mas que moraram na mesma casa. O Fernando e Mariana Castelo Branco (Pombeiro), Sebastião e Luiza Calheiros, João e Teresinha Morais, João Cadete Leite, Zé Maria Mendonça, e no prédio na nossa frente, que mesmo em frente à nossa porta tinha uma pequena mercearia dum senhor já mais velho que os nossos filhos chamavam de “avô Mata”, e que usava a cintura das calças quase no meio do peito, e nos andares acima o Zé e Cíntia Cabral Ribeiro, Manuel Maia do Vale, Zé e Isabel Parestrelo, Tono e Nani Oliveira Lima com as seis filhas, Carlos Baião, Eurico e Isabel Burguete, Manecas e João Bernardo Leiria, família Sá Machado, e, lá em baixo, já onde curva para a rua Guilherme Capelo morou ainda o Neves e Sousa!
Além do nosso clã que contribuía com mais dez habitantes! Nem vale a pena dizer quantos filhos tinha cada casal. Primeiro porque eu já faria grande confusão, e sobretudo porque, de fato, aquela rua era uma alegria de criançada!
A meio da rua, onde ficava a nossa casa, começava a Avenida Sá da Bandeira com o Alfredo Helena Diamantino e a grande família Melo Vieira, Carlos e Fernanda, um pouco à frente o João e a Stusia Macedo a seguir o Martim e a Maria Dornellas com seus dez filhos! Não vamos mais em frente nesta avenida porque daríamos a volta à cidade apesar de dois ou três quarteirões adiante lá terem morado o António e a Ana Ravara Belo, antes de irem para Nova Lisboa!
Não posso é esquecer o Zé Neto e a Arlete, na rua Guilherme Capelo – hoje avenida Nkumah – meu grande amigo e grande companheiro de caça, e seus quatro filhos.
Como não ter inúmeras recordações deste tempo e dessa rua! Tantos amigos ao lado uns dos outros, amizades que se cultivavam sem qualquer cerimónia e muita freqüência, e que ainda hoje, mais de quarenta anos passados, muitos deles continuam a fazer parte inseparável da nossa família!
Era uma festa alguns jantares em nossa casa. Não cabiam mais de 30 a 34 e assim nunca se podia convidar os amigos todos, mas por partes, o que aumentava a nossa alegria, porque mais “festa” levávamos para casa. Melhor ainda nas noites em que se organizava uma sessão de fados! Ahhh! Que maravilha. Ainda tenho as gravações dos bravos cantadores e cantadeiras, de 1964. Volta e meia, as fitas K-7 já muito velhas, ainda me deliciam a ouvir aquela noitada, que normalmente terminava dia claro, os convivas saindo com óculos escuros, não exatamente por causa do sol, mas ... dos copos! Uma noite cantaram a Maria da Luz, a Zé Fezas, o Manel Teixeira de Abreu, a Minela e o Nestor Costa Figueira, o Zé Perestrello, herdeiro autêntico do Marceneiro, e até a Teté Rebelo de Andrade nos deu um ar da sua graça. A meio da noite continuavam a entrar mais amigos que não queriam perder a farra, sobretudo a Isabel e o Eduardo Cruz de Carvalho que sabia onde desencantar o guitarra e o viola profissionais para melhorar o sabor castiço dos amadores!
Zé Parestrello, Fernando Fezas, Eduardo e Isabel Cruz de Carvalho, "?",
Becas e Jorge Jonet, Isabel Perestrello, e de costas... adivinhem!
Pepe... (de Vitoria, Espanha, Don Vitoriano Arizti e a dona da casa!
E o “carraço” que comprei, meio desfeito, em Portugal, levei para Luanda, restaurei e passou a ficar ao serviço dos militares que iam chegando para cumprir “a guerra”? Morris Minor 1932, conversível, parecia um carrinho de criança, mas andava! Serviu a tantos, sobretudo aos que estavam no interior, ou embarcados, e quando em Luanda. um carro, mesmo que não ultrapassando os 40 km/hora – no pique da aceleração! – fazia as suas delícias e lhes dava independência. Lembro de vários “utentes”, a começar pelo Manel Teixeira de Abreu, o primeiro a fazer toda a sua “guerra de caneta” com o que os seus filhos chamavam o “jeepinho”, um capelão paraquedista, Pe. Frederico (?), que nunca mais vi, o amigo de infância e imediato de um navio patrulha, Eurico Burguete e seu comandante que... talvez... se chamasse Almeida Ribeiro, mas a memória já não garante nada! E outros. O “aluguer” do carro era simples: “Como o levas... devolves! Se avariar nas tuas mãos, conserta!” Nunca avariou!
A "grande máquina"! O Vitor Castanheira Nunes (arganilense até à medula) e um dos meus "patrões" oimpática José Manuel Martins
Um belo dia a casa ao lado da nossa ficou vaga e ali se foi instalar o quartel dos Voluntários. Uma força montada com o pessoal que teve que fugir do interior, sobretudo das fazendas ocupadas ou destruídas. Gente brava mas sem preparação militar. Uma manhã ouço um tiro de carabina, mesmo ali; saio e vejo um dos tais voluntários meio paralisado de espanto! “Estava a limpar a arma” mas... havia “esquecido” um bala na câmara! Não lhe atravessou os miolos, talvez porque os não tivesse, e foi espetar-se no teto da nossa varanda!
Em 1974 os Voluntários foram dispensados, acabou essa organização e como os novos vizinhos tivémos o comando do FNLA! Beleza. Em guerra com o MPLA, ainda, volta e meia havia tiroteio, de metralhadora, entre soldados dos dois Movimentos. Era a hora em que lá em casa todos se deitavam no chão à espera do fim dessa troca de gentilezas, que chegou ao ponto de meter bazucadas pelo meio.
Mas nada disso nos tirou o que de bom e durante mais de 10 anos se viveu naquela rua; e não foram mais anos porque entretanto estivemos também três anos e meio em Lourenço Marques, a Maputo de hoje, de onde há também boas histórias para contar.
Fica para uma das próximas!
Enquanto ali morámos, dez anos seguidos, nasceram, SÓ, mais o João, a Joana, o Tiago e o Lourenço. E chegou!
11.dez.09
11.dez.09
Tio Chico:
ResponderExcluirCÊ é LOUCOO!!!!!!!!!!
Estou em Luanda, vindo de Mocamedes, de carro. Tudo nice.Amanhã sigo para o meu casmnto com a Marta minha Alentjan, em Pt., dia 6.1.10, sDq., quando o Alexandre Manuel fará 9 meses.
Soh hoje li os ultimos, + a viagem ah Antartica!!!
Não acredito!!!!
Que lindo !!!
Como dizia o Jonh Lenon:
"A vida eh aquilo que acontece quando estamos a fazer outros planos...."...e não pára, para os gladiadores...para os Verdadeiros....para os puros... para os magificos loucos daquela loucvas maquinas voadoras... da vida...
EU TE AMO, e tenho muito orgulho neste meu querido e "velho" amigo.
Um grande abraco. Estamos juntos. Sempre!!!
PTx
Manuel João Pimentel Teixeira
Olá
ResponderExcluirAcabei de escrever no google rua Cabral Moncada nºs 130-132 e fui parar a esta página. Mal vi o mapa reconheci a localização da minha casa em Luanda onde morei com os meus pais e irmãos até 1974. Lembro-me perfeitamente da familia Amorim, que eram os nossos vizinhos do lado,e da grande figueira no jardim que dava para o Parque Verde. Nós moravamos na casa do meio. Quando partiram nós fomos para a vossa casa e no lugar da Figueira foi construida uma piscina. Ao lado ficava o Quartel dos voluntários. Lembro-me de partirem e da imensa saudade que nos deixaram. O meu pai, Augusto Teixeira da Cruz, ou a minha mãe, Susana von Hafe, já não me lembro qual dos dois, disse-nos, na altura, que os Amorins tinham voltado para Luanda em 1974? e que estavam a morar na casa do meio? Como estão todos?
O Chico, o João, a Joana?
Ainda bem que foram para o Brasil
Um abraço e cumprimentos a todos,
Maria Manuel Teixeira da Cruz
eu morava bem atrás da casa da família von Hafe, na Guilherme Capelo, um prédio de dois andares
ExcluirOlá Maria Manuel (Manel para as amigas...), sou a Nani, fui tua colega em Luanda, lembras-te?
ExcluirAinda nos encontrámos aqui em Lisboa nos anos 70, mas nunca mais soube nada de ti!
E a Suzy também morava na Cabral Moncada, não era? Soubeste alguma coisa dela?
Beijinhos
Olá Nani, como estás? Lembro-me perfeitamente de estarmos juntas e já não me recordo porque é que não mantivemos o contacto.Que bom saber de ti . A Suzy está em Lisboa mas também não sei nada dela há muito tempo. Muitos Beijinhos, Manel
ExcluirOlá Nani, que bom saber de ti. Lembro-me perfeitamente de estar contigo já em Lisboa. Não me lembro é porque é que perdemos o contacto. A Suzy também está cá mas já não sei nada dela há muito tempo.
ExcluirMuitos beijinhos, Manel
olá acabei de ler a sua descrição acerca das familias que moravam na Cabral Moncada e arredores ( Av. Guilherme Capêlo) e pergunto se por acaso conheceu uma familia que morava numa vivenda quase em frente ao prédio do livro cujo apelido era, se não me falha a memória, Vasconcelos e que tinha uma filha ou neta chamada Carla que na altura( em 74 deveria ter 9 ou 10 anos. Eles permaneceram em Luanda e nós fomos colegas. Ando à sua procura há algum tempo. Caso conheça e saiba do seu paradeiro agradeço informação. Cumprimentos, Clara Correia. o meu Email é kambutinha_lb@hotmail.com
ResponderExcluirClara nos prédios em frente ao prédio do livro, no 110, tinha duas famílias Vasconcelos - a minha e mais uma respectivamente no segundo e primeiro andar opostos. Se souber algo deles, também gostaria de ter contato. Grata Maria João
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirEu nasci em Luanda, na Rua Cabral Moncada em 1964. A minha família estava em Angola desde 1957 (se não me engano). Voltamos a Portugal em 1967, no dia em que fiz 3 anos (20 de Outubro de 1967). Alguns dos nomes que refere no texto ainda no presente são-me familiares (a Família Melo Vieira, uma equipa de Futebol :)), se bem que também tenho filmes da época (em Super8) onde estavam os Dornellas.
ExcluirPor acaso conheceu os meus pais e os meus irmãos?
Família Mendes dos Santos, António e Maria Manuela.
Abraço
Tiago Cruz de Carvalho neto Eduardo e Isabel Cruz de Carvalho :)
ResponderExcluirTiago Cruz de Carvalho
ResponderExcluirGostaria de o conhecer, mesmo via Internet.
Um abraço
Não sei se o Tiago Cruz de Carvalho entrou en contacto consigo,ou se tão pouco mostrou à Mãe o artigo com a foto aonde estão os Avós. De qq forma posso entregar cópia da foto com a Tia Isabel eo Tio Eduardo à Isabelinha (mãe do Tiago)? Cumprimentos
ResponderExcluirRicardo
Eu tambem vivi na rua Cabral Moncada numero 212-214 e tambem me lembro da casa onde estava a FNLA. Costumava brincar na zona verde que ficava por traz da minha casa. Lembro-me que para ir para a zona verde, na esquina esquina passava por um café que penso que o dono era o sr.Vieira. Gostaria de saber alguma coisa sobre uns amigos, com quem brincava, moravam na casa em frente à minha e eram belgas, uma Dominique e o irmão. Ao lado dos belgas um rapaz que praticava pesca desportiva em alto mar dava-me explicações e oferecia aos meus pais peixes enormes que pescava. Nunca mais os vi mas nunca me esqueci deles. Marcaram a minha infância.
ResponderExcluirUm abraço Jose Luis Ruivo da Cruz
Morei muitos anos no nº184. Aqui fica uma lembrança:
ResponderExcluirhttp://bigamistonline.com/onlinefiles/RCML.jpg
Eu,jose manuel martins de alcunha "o ringo" vivi desde 1971 a 1975 na rua sa da bandeira no edificio das bombas de gasolina... belos tempos
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