Os Heróis
As Medalhas
O Brasil
Creio que ninguém duvida que Einstein, Sócrates, Lavoisier e semelhantes eram seres de grande inteligência, á qual estava ligada a ética, a responsabilidade, a liberdade, etc., e que afirmavam que para se poder pensar no futuro tinha que se conhecer, bem, o passado, a história do seu povo, as lições que os mestres nos deixaram, etc. (outra vez etc.), que se tornaram verdade indiscutível.
Mas vamos pro
ora falar só nos heróis do Brasil, aliás “heróis”.
Não podemos, por
falta de conhecimento e pela quantidade, referir todos os verdadeiros heróis: o
povo explorado, mal tratado e mal pago e que consegue sobreviver com um sorriso
e não deixar de ser amável, carinhoso, abandonado. A verdade é que a esses não
ergueram ainda nenhuma estátua que seria a Estátua do Povo Brasileiro.
Há alguns a quem
o Brasil, sem qualquer dúvida, deve todo o seu território e podemos começar por
pensar nos quatro heróis de Guararapes, sem os quais talvez a Holanda ainda por
lá estivesse como esteve em Suriname até 1975! São eles André Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira, Filipe
Camarão, Henrique Dias, os quatro líderes que puseram os holandeses daqui para fora. Também
não se pode esquecer o “Conquistador da Amazônia” Pedro Teixeira, já herói consagrado nas
lutas que expulsaram os franceses do Maranhão, (e não consta do “Livro de Aço”
– o livro dos heróis – felizmente para ele porque tem lá de tudo, até alguns
dos maiores destruidores do Brasil), mas podemos citar ainda António Maciel, o
famoso Antônio Conselheiro, Tiradentes jovem que não se vendeu à corrupção,
Kubitschek e Cândido Rondon, e uma palavra sobre Ana Nery. No livro dos heróis tem
uma mulher que seria companheira de Zumbi, cujo... ninguém sabe ao certo se
existiu ou é mito.
Vou só tentar
falar naqueles que têm estátuas, que são venerados, e que, em muitos casos
servem até de patronos a alguns setores da vida “governamental”.
Já escrevi muito
sobre o famosérrimo “Zumbi do Palmares”, cheio de estátuas, aliás bustos,
copiados de uma magnífica peça africana, o que já de per si descaracteriza o
tal suposto Zumbi.
Repetindo o que
escrevi, e resumindo, só se sabe que houve um escravo, lá prás bandas da Bahia,
que vivia com mais uns milhares de fugitivos, num quilombo que as tropas
portuguesas da altura tinham por diversas vezes tentado prender e entregá-los a
seus “donos” (até me incomoda só de pensar que gente tinha dono!) e que entre
eles, havia um chefe, mais velho chamado Ganga Zumba.
Ganga Zumba
cansado de guerras, como os governantes da Bahia, foi convidado para ir à
Bahia, com garantias de não ser aprisionado, para se resolver o problema
daqueles do quilombolas, que viviam mal, faziam uns assaltos à cidade e
perturbavam o bom andamento do eventual desenvolvimento da região e eram
frequentemente atacados por tropas do governo.
Ganga Zumba,
vestido como um rei, vistosos panos nas costas, levou os seus conselheiros e
todos foram recebidos com dignidade e respeito.
Concluiu-se um
tratado, alforriaram-se a maioria dos quilombolas, dando a muitos terra para
cultivarem e o direito a comerciarem, o que era proibido aos escravos, mas
também deviam devolver os últimos que tinham fugido.
Como prova de
todo aquele trato o governado pediu a Ganga Zumba que lá deixasse um filho na
cidade que ele se encarregaria da sua educação. E ficou.
O quilombo seria
desfeito e a paz e tranquilidade voltariam.
Regressou Ganga
Zumba ao quilombo, recebido com festa, e um sobrinho, vivaço, mais novo,
convidou o tio para uma celebração. Assassinou o tio... e voltou à guerrilha. E
o acordo foi desfeito.
Após mais uns
assaltos dos soldados, a esse vivaço passaram a chamar Zumbi, que em língua quimbundo
de Angola significa “espíritos, fantasmas, almas do outro mundo”. Enfim, não se
sabe quem teria sido.
Ao segundo ou
terceiro assalto das tropas, o tal de Zumbi ... sumiu, mas houve várias
“testemunhas” que garantiram: um, disse tê-lo visto atirar-se de um penhasco e
esparramar-se, morto, no chão, outro viu-o levar um tiro e cair morto, um
terceiro que teria fugido ferido no meio da refrega e nunca mais alguém o viu
nem se soube dele.
E virou herói
com direito a feriado nacional no dia da Consciência Negra!
Teria sido muito
mais digno que se elogiasse Ganga Zumba que conseguiu alforriar, com uma simples
conversa, milhares de escravos, que obtiveram terras e o direito de
comercializarem. Não, esse ficou esquecido. O sobrinho, assassino, metido a
esperto, fez com que o tratado fosse desfeito, e ficou o símbolo da liberdade!
Este um dos
heróis de “mentirinha” do Brasil, inscrito no “Livro de Aço”, e o mais
infantil-mente curioso é que inventaram
uma “esposa” do Zumbi que está também no Livro dos Heróis do Brasil!
Hoje os “heróis”
devem medir-se pelo número de medalhas que, orgulhosa e também infantilmente
ostentam em suas fardas de porteiros de boates. Ponham neste boneco uma boa
dose de medalhas e ele fica generalíssimo!
A condecoração, segundo consta é uma invenção de um sujeito que foi único: Napoleão Bonaparte! Com um simples pedaço de metal esmaltado, Napoleão “pagava” assim aos militares que o rodeavam e se distinguiam e eles ficavam como pavões: alçavam a plumagem para serem mais bem observados pela populaça.
Um sistema
barato que inflava os egos dos simplórios ou vaidosos, tornou-se uma doença
universal, com condecorações de toda a espécie e feitios para os mais variados
fins. Lula condecorou a falecida esposa com a Ordem do Rio Branco (o que fez
ela???) agora condecorou a Janja com a Grã-Cruz da mesma ordem (o que fez ela
???). À Marisa o presidente de
Portugal ainda lhe deu mais duas Grã-Cruzes, da Ordem da Liberdade e da Ordem
de Cristo, por gloriosos feitos que ninguém sabe onde e como os fez, e não sastifeto com
isso deu agora a Janja a Grã-Cruz da Ordem
Infante D. Henrique (por alma de quem ? Ela é que descobriu o Brasil?).
Os militares então adoram essas
“mariquices” provenientes normalmente por nada terem feito de relevo. O Brasil
não esteve em guerra com ninguém desde a famosa do Paraguai, mas eles lá
enfeitam com conversa mole, como “foi professor da Academia Militar durante x
anos, esteve numa reunião da ONU, visitou um navio guerra, etc., feitos
gloriosos... ou vergonhosos”.
É evidente que há uma exceção honrosa: os
combatentes FEB, que se bateu gloriosamente na Itália, envergonhando alemães e
americanos.
Parece no entanto que os milicos daqui
têm inveja dos militares Norte Coreanos com tantas medalhas que enchem o peito
dos dois lados, os braços e às vezes até
penduram nas calças por falta de peitos?
Medalha para exibir nos peitos é coisa de milicos, porque civis, que trabalham dezenas de anos e ajudam a enriquecer o país com os seus impostos e com a sua ativa economia, não recebem medalhas. Só aumento de impostos, constante, e inflação.
Para quê, afinal
a medalha?
A medalha é como
o decote das mulheres, que tem progredido muito, chegando abaixo do umbigo. É
resposta à vaidade dos homens: não têm medalhas por fora, mas, peitos por dentro, turbinados
ou raramente naturais, para exibir... por fora também.
E assim vai o
mundo a caminho, vertiginosamente, para a estupidez coletiva.
Aqueles, acima, norte-coreanos
ainda andaram na guerra e guerra brava. Os brasileiros, os poucos heróis da II
Guerra Mundial que ainda estão vivos, esses sim, merecem ser galardoados. Deram
a vida pelo seu país. Os generais de agora o que fizeram?
Quem for capaz
de responder, por favor informe, porque não há documento NENHUM que fale em
atos heroicos dos super medalhados e orgulhosos do generalato, e até abaixo deles.
No meu CV, há
anos também escrevi que tinha ganho algumas medalhas: uma num torneio de tênis,
tinha eu 11 anos, outra pelo 9° lugar numa regata à vela em Luanda, onde, com
os filhos competimos contra 8 concorrentes (acabou o vento, o nosso barco era o
mais forte e pesado e todos nos passaram à frente!) e outra já nem do quê. Mas
nem no dia do casamento as pendurei ao peito!
As pessoas, a
maioria, infelizmente, gosta de se exibir por fora. Pois é, por dentro estão
vazios!
Não pensam, não
conhecem nem o seu umbigo, e o pior é que são incapazes de reconhecer que pelo
umbigo é que receberam a vida, que veio dos pais, avós, bisos e etc.
É pena.
27/04/24