Racismo - Indenizações - Durban
Provérbio
popular.
Á |
frica
à procura da sua identidade! Quem é africano? O que é a África Negra? O que é o
racismo? Quem é racista?
A
Conferência de Durban sobre o Racismo quis levantar uma série de problemas cuja
principal vantagem seria, muito provavelmente, um maior desentendimento entre
as gentes que povoam este planeta, que tenta caminhar para ser um Planeta
Global
As ONGs querem à viva força que o Tráfico
de Escravos, a Escravatura, seja considerado um crime contra a humanidade, e
consequentemente que os países esclavagistas indemnizem os povos que sofreram
essa monstruosa evasão.
Os
ultras não querem saber de dívidas externas, e acham que essas dívidas foram
uma outra forma de exploração dos países ricos sobre os pobres.
Outros
ultras insistem em distinguir a África Negra de uma outra qualquer que será,
pelo que depreende, menos negra.
Vozes,
muitas, levantam-se contra o racismo. Que racismo? Onde? Como? Na Europa, por
se preferir um trabalhador europeu a um africano? Ou em África onde se
dificulta a contratação de técnicos não africanos? Qual terá mais habilitações?
Será somente a pele que causa esse problema?
Clamores
ouviram-se, e ouvem-se sobre a condenação dos países colonialistas e surgem
propostas para condená-los a pagar mais outras indenizações por terem, durante
uns quantos anos - ninguém sabe precisar quantos - dominado alguns desses povos. No Brasil, onde
há um feriado dedicado à negritude, e não há ao índio, nem ao branco, o que é
mais uma forma de racismo, a isto pode chamar-se “ir cutucar em vespeiro”.
Em
primeiro lugar deviam ser feitas algumas perguntas para se poder chegar à
conclusão de quem é africano. Cada um responderá conforme o seu ponto de vista
e a sua lógica. O de pele escura? Quão escura? O nascido em África? E o de pele
branca aí nascido? O que mesmo nascido algures vive África em toda a sua
intensidade? O de pele mais escura ainda que nascido em qualquer país do
continente dito negro (é bom acautelar-me com este termo não vão chamar-me
racista!), imigrou para a Europa, aí casou com uma senhora de pele branca? E o
africano que nasceu num país da Europa, já na terceira, quarta ou quinta
geração? Será o superxenófobo senhor Kadafi, mesmo pertencendo a uma África que
não é negra? Os boers que estão no
sul de África há quase quatro séculos não são africanos? Afinal, quem é
africano? E o que é a África Negra? Onde começa e onde acaba? Porquê a
distinção? Será mais africano um gabonês do que um egípcio? Porque alguns
ulcerados insistem em provocar a cisão dentro do continente, distinguindo
dentro dele duas Áfricas? Ou tem mais do que duas? E o que é o racismo? Os
dicionários divagam um tanto sobre este assunto, mas são unânimes em indicar
que será o domínio de uma raça sobre outra, ou até o extermínio dessa outra.
Toda a história é, assim, um relato rácico! Um dos primeiros atos de racismo conhecidos talvez seja o cativeiro dos judeus no Egito e Babilónia, onde estiveram escravizados
Depois, a expansão de Roma e seu imenso Império
criado à força de lanças e gládios, a seguir o Islão, depois a expansão da
Europa pelo mundo, entre muitos outros.
Extermínios,
não reza a história que tenham sido assim tantos. Todavia bastaria um para que
fosse ignóbil, condenável. Os invasores da América do Norte praticamente
exterminaram os índios, e alardearam-no nos milhares de filmes de cowboys. Nos dias de hoje assiste-se, ao
vivo, pela TV, a genocídios na Indonésia, nos Balcãs, mas sobretudo em África.
Foi horrenda a guerra em Moçambique que hoje vive uma Paz maravilhosa, é para
além de criminosa em Angola, onde de parte a parte se continuam a dizimar
populações civis, a tiros de um lado, à fome do outro, pelo esbanjar e amealhar
fortunas imensas, na Nigéria liquidaram-se os Ibos, na Somália, na Eritreia, no
Ruanda, no Burundi, no ex Congo que se chamou Zaire e novamente virou Congo
(República Democraticamente imposta a tiros e assassínios), e ainda se assiste
à interminável luta dos palestinos pelo seu torrão, que os americanos,
desculpem, os judeus, não largam por desmedido orgulho.
Mas, o
que é mesmo o racismo? Concretamente? No dia a dia? Será o preterir um
trabalhador africano, na Europa, frente a um europeu? Ou será o senhor Mugabe
num derradeiro esforço para se manter na mamata do poder, correr com os brancos
do Zimbabwe mesmo sabendo que está a levar o país à ruína? Ou um senhor Samora
Machel que ao assumir Moçambique chamou macacos aos bispos de todas as igrejas,
especialmente as católicas, e mandou ou autorizou que se praticassem sevícias
incríveis a missionários que tinham dado a sua vida pelo bem dos povos do seu
país? Ou o governo angolano do MPLA que assim que conseguiu livrar-se de
Agostinho Neto, casado com uma senhora branca, votou ao ostracismo todos os
menos escuros, mesmo os heróis da primeira hora na luta pela independência de
Angola?
E quem
matou Eduardo Mondlane, o fundador da Frelimo, homem de paz, também casado com
uma branca, e portanto não racista? Claro que os que vieram a seguir a ele,
racistas, sovietizados ou maoístas declararam que foi a PIDE, a famigerada,
muitas vezes criminosa, sim, mas pouco estúpida para liquidar o único homem, e
líder, não racista dentro da Frelimo.
Parece
que não será fácil definir o que é racismo, a não ser quando se chega a um
conceito simplista, mas muito mais racista: racista é o outro. Eu não. Fácil. Então, no fim de todo este
arrazoado, a conclusão é evidente: racista é o outro.
Fica só
por definir o “outro”. Da próxima vez pensa-se nisso. Deixemos por agora o
problema em cima do outro, sem deixar de apoiar o barulho que todos os vários
outros fazem, e vamos partir para cima dos chamados Crimes contra a Humanidade.
A
diáspora africana foi um horror. Ninguém hoje tem outra opinião sobre o
assunto. Então, passado este primeiro ponto, e para se poderem condenar os
responsáveis por estes crimes, vamos procurar defini-los. Para não nos
perdermos nos tempos, comecemos por aquilo que está escrito, e sem
pretenciosismos de discutir ciência histórica, vamos ver quem escravizou os
judeus na Babilónia. Os babilónios, é claro. Onde é hoje o Irão. Então os
primeiros a terem de pagar uma indenização, e aos judeus, serão os iranianos
(isso gostaria de ver!). Antes, já tinham sido os egípcios, que deverão
igualmente pagar ao povo judeu (também a ver!) pelo tempo em que ali esteve a
servir, construir pirâmides e templos e enterrar gatos embalsamados, que hoje
os turistas pagam para admirar ou para levar como souvenir (quando não roubam, como fez Napoleão). A seguir, os
egípcios pagam aos núbios que todos os anos eram obrigados a mandar-lhes, além
de muito ouro, alguns milhares de escravos, por “contrato” assumido nos
tratados de “paz” daqueles tempos.
Entram
os romanos. Dominaram praticamente toda a Europa, Médio Oriente e Norte de
África, e daí levaram larguíssimos milhares de gentes para as suas legiões. Vão
ter que pagar, começando por um canto: aos egípcios, líbios, argelinos,
castelhanos, catalães e portugueses e franceses e ingleses e belgas (só não
pagam aos descendentes do Astérix) e holandeses e alemães e suíços, e àquela
turma da ex Jugoslávia, da Grécia e Turquia, Síria, Iraque, Jordânia, Palestina
e... aos judeus, novamente!
Começa
a expansão do Islão, e se os árabes já praticavam, há muito, a escravatura, é
muito possível que se deva a eles o aumento da ganância por esse tráfego.
Expande-se por todo o norte de África, Península Ibérica, e pela África a norte
do equador, descendo pela costa oriental até meio do Moçambique de hoje. E
fomentaram, se fomentaram, o comércio de escravos. Há mesmo um consenso sobre a
sua primazia neste comércio que, não digam a ninguém, mas até hoje se pratica,
não exatamente ali mas em muito lugar. Chegou a altura da Europa se expandir, e
carregou gente, muita gente, imensíssima gente, em condições mais do que
desumanas do continente para fora. Muito mais do que os árabes tinham levado.
A
verdade é que, considerar como desumanas as condições de transporte dos
escravos, parece até pleonasmo! Se os escravos não eram considerados gente, mas
peças, mercadoria, eram como tal acondicionados nos infectos porões dos navios!
E quem foram os negociantes de escravos? Segundo os números de que se dispõe,
os campeões foram os mais tarde ferrenhos anti escravagistas ingleses. Depois
de terem os seus estoques cheios... começaram a luta contra o tráfico! Em
segundo lugar os franceses, e depois holandeses, espanhóis, portugueses,
austríacos, suecos, dinamarqueses, italianos, alemães, etc. Enfim todos.
Todos
no banco dos réus. Nunca esquecendo os árabes que, na costa oriental, foram os
maiores incentivadores à captura, os exportadores, transportadores e utentes. E
os chineses.
Mas...
os escravos não eram produto de indústria. Eram gente, nascida e criada no seio
das suas ou vizinhas famílias, clãs, tribos. Quem os caçava e os vendia? Quem
os amarrava de pés e mãos para que não fugissem? Quem os deixava morrer no
caminho para os portos de embarque sem se preocupar com a vida dos que eram afinal,
e por muito incrível que pareça, gente?
Ah! É
verdade. Quem os caçava e escravizava e vendia eram os próprios africanos,
aqueles da tribo ali mesmo do lado. E se algum fugia e tinha o azar de ser
apanhado de novo era morto. De forma simples. Cortavam-se-lhes as pernas e
atiravam-se ao rio. Aos esfaimados jacarés. Entretanto os sobas, ou régulos, ou
reis africanos, alargavam o seu poderio, os seus haréns, o seu número de
mulheres-escravas que trabalhando para eles, os enriqueciam cada vez mais.
Fazendo
então o ponto da situação, encontra-se nesta cadeia comercial, o triúnviro
normal: produtor e/ou fabricante e/ou caçador que é o vendedor inicial, o
transportador e o comprador final, sem contar com o milionário exportador,
mancomunado com o vendedor inicial. Todos para o banco dos réus. Em justiça
encontra-se aqui o que configura formação de quadrilha! Culpas para todos, sim,
mas sempre há algum elo desta vergonhosa cadeia que tem mais culpa do que os
outros. Se não se guerreassem entre si, com vista à captura, não teriam
existido escravos, nem exportadores, nem transportadores, etc. Nestas
circunstâncias, dunque, a evidência
mostra que a culpa primeira e principal cabe ao caçador-vendedor. Como primeiro
responsável de toda esta cadeia, deverá ter a condenação mais pesada. O próprio
africano. Os chefes. Como estes já morreram, condenam-se os seus descendentes.
Quem são os descendentes dos chefes? É só ir em viagem de turismo por essa
África fora, que até tem um maravilhoso turismo para ser aproveitado, e ver quem
são os presidentes, os chefes das oposições, os ministros, os generais, os
donos da terra e das empresas e das gentes. Aproveitem, nessa viagem de
turismo, e vejam também como esses novos democratas tratam o seu povo, o nível
de salário que a ele distribuem, o nível de corrupção que entra nos seus
bolsos.
Vejam
bem, porque eles continuam até hoje a vender o sangue do seu próprio povo, roubando,
descaradamente a maioria das verbas de que dispõem no governo, deixando o povo
com fome e sem perspectivas, e a reclamar do resto do mundo indenizações para
aumentar as suas já imensas fortunas pessoais.
Como
no tempo do tráfico quando vendiam os próprios irmãos e filhos. Alguma
diferença para hoje?
Como vêm tenho escrito muito menos. Começo a estar cansado e a faltar-me inspiração para escrever coisas novas. Aliás comecei a cansar-me, há tempos.
Em 1931Podem comentar, bem ou mal.
Querido tio, como sempre, muito pertinente e uma lição de história. Obrigada. Continue, que me/nos faz muito bem. E a si também, pois fá-lo com gosto🌷💙Gá
ResponderExcluirNEM PENSE EM DEIXAR DE PENSAR! ABRAÇO.
ResponderExcluirObrigada tio Chico! Aprendi muito!
ResponderExcluir