NATAL – 2022
Como
era fácil, nos anos há muito já passados, mandar um cartãozinho de Natal, com
uns anjinhos, um presépio ou algo na mesma tónica. Era mais um negócio à sombra
da religião.
Esse
tempo da “comodidade” e idolatria e exploração já quase passou e hoje usamos
estas ferramentas eletrônicas para nos comunicarmos.
Mas,
o que dizer nesta quadra que não digamos todos os dias nos nossos pensamentos
sobre o Outro? Que passe um Bom Ano, Bom Natal, muita Paz e Saúde? Não fizemos
isso o ano todo, quase todos os dias, lembrando filhos, netos, bisnetos,
irmãos, família, amigos –alguns de amizade tão funda que só lhes chamamos
irmãos – e ainda a pensar nos que nada têm disso e só pensam em guerra, roubo,
cifrões, mas a quem eu gostaria de poder levar a palavra da Verdade: o Amor.
Estou
com idade suficiente para dizer que estou velho! Não envelhecido que isso
pressupunha parecer mais e ter menos, mas à cabeça assaltam-me todos os dias,
virtualmente todos, saudades e desejos impossíveis de satisfazer.
Pois
neste Natal, e sempre, eu queria ter o colo da minha mãe e do meu pai,
abraçá-los muito e deixar-me ali a chorar como uma criancinha, que a velhice
nos traz de volta. Ao mesmo tempo agarrar com muita força os filhos que já
estão “lá em cima” e não os largar mais. E ainda aos que estão longe.
E
eu sei que ficaria com as lágrimas a correr algumas eternidades.
Não
me sobraria tempo para os restantes membros da família, dos amigos e de todos
os outros? Sempre penso muito em todos.
Escrevi
um livro – “Os Meus Amigos” – para não deixar esquecer aqueles que já
descansam, e às vezes ainda me vem à memória um ou outro que deixei esquecido,
com quem tive pouco contato ou que por respeito não falo neles.
Já
lá estão quase 200! O livro está na nossa sala onde de vez em quando o vou
folhear e “conversar” com alguns, lembrando uma brincadeira, uma ou outra
vivência, e antes de fechar o livro dizer-lhes simplesmente “até logo”!
E
muitas vezes comentar novamente algo que na altura nos fez e faz rir com aquele
amigo que descansa no Eterno.
O
que mais posso fazer nesta quadra? Mandar abraços e beijos?
Não
consigo abraçar aqueles que vivem dentro de mim, foram e continuam a ser parte
da minha vida. Sem eles, a sua amizade, o seu rir, as suas admoestações, eu
hoje seria um velho, seco, como trapo abandonado.
Vou
fazer o possível, para no momento “solene” do Natal, quando levantar o meu copo
para uma “saúde”, mesmo estando presentes só nove descendentes, de um total de
mais de vinte, eu possa desejar, sorrindo, Urbi
et Orbi, Saúde, Paz e Amor ao Próximo.
E
depois sento-me num canto e fico a pensar nos que estão longe. Ou muito longe.
E
lamento, com Camões:
IX - 28
Vê que aqueles que devem
à pobreza
Amor divino, e ao povo
caridade,
Amam somente mandos e
riqueza,
Simulando justiça e
integridade.
Que
o Deus vos abençoe, sempre.
11/12/22
FRANCISCO, O QUE FOR, SOARÁ. E DEUS NOS ABENÇOARÁ. DAQUI A UNS DIAS, FARÁ ANOS. ABRAÇOS.
ResponderExcluirQuerido Tio, considere-se abraçado, lembrado e mto amado por mim :)) Um grd bjn. Desejo-vos um Natal Feliz e em Paz!
ResponderExcluirGracinha
ResponderExcluirQue maravilha...guardarei sempre para meus próximos Natais....! Obrigada!
ResponderExcluirEvidente que não sei quem é o ou a Anónimo que escreveu estas palavras tõ simpáticas. Um abraço, forte
ExcluirQuerido Francisco! Querida Bela! Queridos sobrinhos, do ❤️ vos desejo um Novo Ano muito feliz! Também tenho muitas saudades do tempo que passou! ❤️❤️❤️
ResponderExcluirTambém temos saudades, mas ... de quem ?????
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