domingo, 10 de julho de 2022

 

Deus É


Milhões, bilhões ou ainda mais livros se têm escrito sobre Deus, ou D’us ou Alá, ou qualquer outro, a começar pela Bíblia, o livro mais vendido desde sempre, traduzido em todas as línguas, para “explicar” quem é Deus, o que ele terá dito e feito.

Verdade, verdadinha, é que ninguém sabe nada, e então, ao longo de séculos, milénios, alguns homens, pensadores, certamente corretos, éticos (que hoje estão em falta) foram interpretando os fenómenos da criação conforme o que lhes sugeria o que observavam e, sobretudo, o que pensavam que poderia ter acontecido lá… longe, milénios para trás, sempre dando as opiniões que consideravam honestas.

Muitos desses homens foram ficando conhecidos como “homens santos” - Noé, Abraão, Moisés, Josué, Samuel, Ruth e Ester, etc. - que teriam falado com Deus, e de quem tinham recebido orientação.

No século XVIII, alguns filósofos depois de muito estudarem e discutirem problemas metafísicos, concluíram que nada, relativamente à existência de Deus é passível de conhecimento pela razão, e para isso criaram uma palavra, do grego, agnóstico, como aquele que crê que “um Ser Superior” existe, mas que a inteligência e conhecimentos humanos não podem comprová-lo.

Mas o homem, esperto, vivaço, e mesmo vigarista, consegue no meio de toda esta dificuldade, tirar proveitos, criando deuses, seitas, religiões, com belos contos, sermões e ou livros, e levarem o pensamento dos que não pensam, para “acreditarem” que o Deus está “lá em cima” de olho neles, para ver se se comportam bem ou mal, se depois vão para o paraíso - alguns até com doze mil virgens à sua espera (haja virgens!) - ou para o inferno.

Por aqui há milhares de carros com dísticos colados no vidro traseiro, no mínimo, curiosos, como “Deus é Fiel”! Uma delícia.

Além de sinagogas, mesquitas e igrejas católicas, por este país há mais de uma centena de outras “igrejas”, com base em Cristo – que é martirizado com o que os seus pastores e “bispos” conseguem extorquir dos incautos fiéis – mas que atraem milhões de pessoas. Algumas dessas igrejas acabam tendo uma importante papel social, mas outras são um escândalo de extorsão.

As pregações de muitos destes conseguem até convencer os tais fiéis a votarem neles para cargos públicos, e a encher mais ainda os seus bolsos.

Também há humildes e sinceros. Raros.

Pregam, afirmam, que Deus faz, Deus ajuda, Deus resolve, e se quisermos acreditar em Moisés, fiquemos com a definição dada por Deus de si mesmo, quando apareceu no meio da sarça ardente. Perguntado quem Ele era, Deus disse-lhe: “Eu sou Aquele que é”.

Depois D’us terá entregue as Tábuas da Lei com os 10 Mandamentos, dos quais se destacam o 6° - Não Matarás, o 8° - Não furtarás e o 10° - Não cobiçarás nada que não te pertença.

Mas os hebreus não fizeram caso disso. Primeiro Moisés terá quebrado as Tábuas e teve que as refazer, e para resolver o problema do assentamento do povo hebreu declarou que o seu – deles – D’us era quem os apoiava e incentivava nas guerras de conquistas.

Há até, entre muitas outras passagens, um Salmo de David que é bem explícito, frontalmente contra aqueles três Mandamentos. Reza o Salmo:

Bendito seja o Senhor, a minha Rocha,

Que treina as minhas mãos para a guerra e os meus dedos para a batalha.
Ele é o meu aliado fiel, a minha fortaleza, ... é o meu escudo, aquele em quem me refugio.

Ele subjuga a mim os povos.
Estende, Senhor, os teus céus e desce; toca os montes para que fumeguem.
Envia relâmpagos e dispersa os inimigos; atira as tuas flechas e faze-os debandar.


O “Não matarás, nem furtarás, nem cobiçarás...” só é válido para os outros?

Onde está afinal esse Deus ou D’us?

E Alá, que de acordo com algumas Suras, incita os “fiéis” (só eles é que são fiéis!) a nunca serem amigos dos “infiéis”, a passar-lhes a cimitarra no pescoço, etc. Será que foi o que o tal Anjo Gabriel disse a Maomé?

E para quê uns e outros, incluindo cristãos, vão aos templos de “oração”, citar frases feitas em livros, e pedindo coisas a Deus, nem sequer sabendo o que é ou quem é Deus, concordando todos, no entanto que esse Ser Superior, o Deus. é totalmente incognoscível,

Os ateus então são mais pragmáticos. Não lhes interessa saber se existe algo superior. Dá muito trabalho pensar nisso, para no fim não chegarem a qualquer conclusão, e comodamente desligam e com pensamento de superioridade sobre os “pobres crentes”, mesmo que sejam simplesmente agnósticos, orgulham-se do seu ateísmo, como também agora é moda de muita gente se orgulhar do que está errado, do que está fora dos desígnios da natureza.

Alguns homens, poderiam citar-se centenas, mas em relação à população total são raríssimos, que enfrentaram tudo e todos para demonstrarem que a finalidade do homem na Terra é alcançar a felicidade. Aristóteles, Buda, Spinoza, Kant e outros mais, “queimaram as pestanas” como se diz popularmente, à procura de um modo de se atingir o bem comum.

Veio por fim Jesus, Cristo, o Ungido, que com uma frase mais do que simples deixou o método definido com uma clareza total: Ama o próximo!

Frase de enorme simplicidade que resume todos os Mandamentos da Lei de Deus.

Mas Jesus, a todos os que o seguiram sempre foi alertando que a tarefa seria muito difícil, que eles iam sofrer por divulgarem a Boa Nova.

Divulgavam e apregoavam o Amor e eram “recompensados” com crucificações, enforcamentos e outras mortes violentas. Foi, e é, uma luta contra a maioria que retira dos Mandamentos a palavra “Não”, e assim matam, roubam, cobiçam.

Jesus, quando questionado só se referia a Deus como Pai. Pai só pode querer o bem de TODOS os seus filhos, sejam eles quem forem.

E um dia, perguntado “Quem és Tu”, deu a mesma resposta que o Pai:

Eu sou aquele que sou!

Tão simples poderia ser a vida!

Será que algum dia, daqui a anos, séculos, secula seculorum os humanos acabam por se amar, ou qualquer dia acabam mesmo por se matarem uns aos outros?

No fim de tudo isto haverá muitos que ainda vão perguntar: “E a Fé?”

Ora bem, Fé é a adesão de forma incondicional a uma hipótese que a pessoa passa a considerar como sendo verdade, sem qualquer tipo de prova ou critério objetivo de verificação, pela absoluta confiança que deposita nessa ideia. Tem uma vantagem; quem tem muita fé deixa com a Fé a solução de problemas, normalmente insolvíveis!

Pode ter fé em alguma religião, numa equipa de futebol, na cura de doença grave, na hipótese de ganhar na loteria e até num charlatão, como se tem visto por muito lado.

Essa fé eu não tenho. Nem quero.

Dei muitos dias, meses, da minha vida a ajudar outros desfavorecidos, crianças, adolescentes e até adultos. Não foi preciso ter fé, nem ser crente, bastou entender que o pouco que lhes poderia dar podia ser, e era, importante para eles, e ao mesmo tempo uma sensação de gratificação para mim.

A mão esquerda não precisou de saber o que a direita fazia.

Simplesmente… fiz.

Resumindo tudo basta pensar que

Deus É !


06/07/22




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