Natal 2021
e São Tomé
Aproxima-se um dia célebre... 21 de Dezembro, o dia que a Igreja dedica
a São Tomé. “O que quis ver para crer”!
E o Natal de 2021, um ano desgracento com o envenenamento moral e físico
com que os chins nos presentearam.
O texto que segue foi escrito há 7 anos. Já nem me lembrava bem dele.
Mas São Tomé é um dos raros exemplos de coragem e determinação que, não
a lenda, mas a história, deixou à nossa consideração e sobretudo à nossa
meditação.
O mundo vai mal. Está doente. E quem reage? Raros, raríssimos ou talvez
ninguém.
Assistimos semi-impotentes à maior negociata do século, e de muitos
séculos, e subjugados às vacinas 1, à 2, à 3, e a outras que virão, porque a
mamata rende, aos teste que geram rios de dinheiro aos laboratórios e aos quais
estamos obrigados, à derrocada das economias – exceto a chinesa – à
desconfiança generalizada em todos os Outros, já ninguém acredita em alguém, assiste-se
comodamente em frente da TV a ver crescer bilionários como cogumelos em
cavernas úmidas, à fome e miséria que persiste em tantos lugares do mundo, sobretudo
em África e pornografia descarada e porca transformando prostitutas e similares
masculinos em celebridades!
Já poucos se casam para constituir família. Só para terem a cama quente.
Logo que esfria muda-se de parceiro/a, indiferente.
O que se pode esperar de um mundo que assim caminha?
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No Evangelho de S. João, 11.16, quando Lázaro
morre, os discípulos resistem à decisão de Jesus para que retornem à Judeia,
onde os ortodoxos judeus tentaram apedrejar Jesus. O Mestre está
determinado, mas é Tomé que toma a palavra final: "Vamos
todos, pois poderemos morrer com Ele".
Sabe-se muito pouco sobre as vidas dos apóstolos, grande parte delas são
lendas não comprovadas historicamente. Mesmo os nomes porque são conhecidos
provocam muita controvérsia.
Sabe-se que Tomé, chamado Didimo pelos gregos, é uma palavra
de origem aramaica, Tau'ma (תום), que significa gémeo.
Chamar-se-ia Judas, há quem o confunda ou misture com Judas Tadeu, irmão
de Tiago, Tiago Menor, o que terá ido catequizar para a Península Ibérica.
Tiago, Iacob, vem do hebraico Ia`qôb, “aquele que segura o
calcanhar de seu irmão gémeo”. Tiago e Tomé eram gémeos?
Depois da morte de Cristo, quando os apóstolos tiraram à sorte quanto às
suas respectivas missões, Tomé terá afirmado “qualquer que seja a Tua
vontade, Senhor, assim o farei”, mas teria acrescentado que só para a Índia
não iria! De pouco lhe valeram as orações! A tradição diz que São Tomé
evangelizou os Partos, Medas e Persas e, Tomé, que seria um construtor
experimentado (hoje um arquiteto?), encontrou-se contratado por um comerciante
indiano, Aban, que o levou para trabalhar no novo palácio de Gondophares, um
Parto, mais tarde identificado como Gudnaphar, um rei indiano mencionado num
primeiro texto cristão. Este texto está nos Atos de São Tomé, de que chegaram até nossos dias versões completas em siríaco e grego. Existem
ainda muitos fragmentos preservados do texto em que diz
que o apóstolo tenha mesmo assistido de fato à corte do rei, na cidade de
Taxila, às margens do rio Hindus, Punjab, quase no limite norte da península,
onde hoje fica Islamabad, no Paquistão.
Lenda (ou
história) do palácio de São Tomé para o rei Gudnaphar
Jesus tinha dito aos discípulos que deviam levar
sua mensagem para as pessoas de todo o mundo. Agora, aqui, estava Tomé na Índia
muito longe de casa e onde nunca tinha querido estar! Tomé andava pelas ruas da
cidade de Takshasila, no Punjab, de onde o rei Gudnaphar governava o Império.
Tomé precisava de trabalho e perguntou se havia trabalho para um construtor,
para que pudesse trabalhar com madeira e pedra.
Foi ouvido por um dos homens reis: você é um
construtor de Jerusalém? Que sorte! Meu mestre, o rei Gudnaphar quer um palácio
construído como o Palácio do rei Solomon em Jerusalém. Você é o homem que
precisamos; então Tomé foi levado perante o rei. Me diga o que
você pode fazer, disse Gudnaphar.
Em madeira,
Majestade, posso fazer arados, jugos, saldos e polias, remos e mastros e
navios. Em pedra posso fazer pilares, templos e palácios.
Você é
realmente o homem para o trabalho, disse o Rei
encantado.
Gudnaphar levou seu novo construtor para o lugar a
algumas milhas da cidade onde seu novo palácio devia ser construído. A terra
estava coberta de árvores e algumas em área pantanosa.
Quero que
inicie imediatamente e me construía um palácio tão bonito como o famoso Palácio
do rei Solomon.
Posso
construir um palácio, Vossa Majestade, mas não poderei começar até Novembro.
Vou ter que terminar em abril, no entanto.
Isso seria um
trabalho rápido com efeito, disse o
rei, mas não pode trabalhar durante o inverno. Você deve começar
agora... enquanto o tempo está bom.
Não tenho medo
de nada, disse Tomé.
Moeda com o “retrato” do rei
Gundaphar - I séc. d.C.
O Rei concordou e quando finalmente viu os planos
do palácio que Tomé desenhou, ele sabia que seria um palácio por que valia a
pena esperar. Como Novembro se aproximava o rei Gudnaphar enviou uma grande
soma de dinheiro a Tomé para que ele pudesse empregar trabalhadores para
começar limpando as árvores e para comprar as melhores madeiras e pedras para
construir seu maravilhoso palácio.
Mas assim que Tomé recebeu o dinheiro começou a
andar pelas aldeias pobres nas proximidades, dando o dinheiro para alimentar os
que tinham fome, ou a doentes para medicamentos; Tomé pagava casas para os
desabrigados e certificou-se que órfãos, viúvas e idosos fossem devidamente
cuidados.
Os meses foram passando o dinheiro começou a
esgotar-se, mas não havia sinal de qualquer palácio.
Gudnaphar enviou mais dinheiro para Tomé comprar
ouro para as paredes, mármore para o chão, prata para as lâmpadas; e Tomé foi
dando todas as coisas para as pessoas pobres das aldeias. Como abril chegou o
rei partiu para ver seu novo palácio, construído para ele em tempo recorde por
Tomé de Jerusalém. Gudnaphar não poderia pensar em mais nada. Você pode
imaginar o choque quando ele chegou no lugar onde deveria estar o seu palácio:
viu as árvores ainda todas de pé e o solo pantanoso, mas não via nenhum sinal
de um palácio.
Perguntou um transeunte se ele tinha visto Tomé. O
rei gostaria de falar com ele.
- Quer dizer,
Tomé, que tem dado dinheiro para os pobres e famintos, que cuida dos doentes e
encontra casas para os desabrigados? Ele não come nada mesmo, só pão e água e
viaja de aldeia em aldeia para falar às pessoas sobre Jesus. Isso é tudo muito
bem mas eu não vejo nem sinal do meu palácio.
- Mas você não
viu a felicidade nos rostos das pessoas por aqui, respondeu o homem.
Pouco tempo depois Tomé foi logo encontrado pelos
soldados do rei e levado perante ele. E quando o rei exigiu ver seu novo
palácio, Tomé respondeu calmamente,
- Você certamente verá o palácio que construí.
Mas não é um palácio terreno. É um palácio nos corações dos povos, um palácio
celestial que você não vai ver nesta vida.
Rei Gudnaphar ficou decepcionado e irritado.
Ordenou que Tomé, o construtor, fosse levado para a prisão.
- Você tem-me
feito de bobo e desperdicei meu dinheiro, disse Gudnaphar. Você vai morrer de uma morte horrível. Sua pele
ficará pedaço por pedaço, e então você vai ser queimado vivo.
Tomé foi levado embora dizendo,
- Nada temerei, só acredito em Deus.
Naquela mesma noite Príncipe Gad, o irmão do rei,
de repente adoeceu seriamente e nas primeiras horas da manhã, morreu. Sua alma
foi levada para o céu onde os anjos lhe disseram que ele poderia escolher um
palácio celestial para viver. Gad Príncipe olhou para todos os belos edifícios
e logo percebeu que um era mais magnífico do que todo o resto.
- Gostaria de
passar para sempre em um palácio assim, disse Gad.
- O palácio
foi construído para seu irmão Gudnaphar, por Tomé o pedreiro, que se importou
com os pobres com o dinheiro de reis disseram os anjos.
Enquanto rei Gudnaphar ainda deitado, sonhando com
seu irmão, Príncipe Gad, este apareceu diante dele e disse-lhe que o
maravilhoso Palácio que Tomé tinham construído para ele estava no céu. O rei
compreendeu e saltou da cama para acordar seus guardas com ordens para deixarem
Tomé livre imediatamente. A partir daquele dia Gudnaphar deu generosamente
dinheiro aos pobres e continuou a construir o seu palácio no céu.
Uns historiadores dizem que ele foi recompensado pelo rei, outros que
terá sido açoutado. Pela lenda, as duas situações podem ter acontecido!
Dali Tomé enceta sua segunda jornada pela Índia, tendo chegado a um dos
portos na região de Cranganore, como Cochim, hoje distrito de Kerala, bem no
sul da Índia, onde fez muitas conversões, e ainda hoje uma comunidade se diz
descendente dos cristãos da Síria, e são também chamados de Nasranis, que em
malaio significa “seguidores de Nazaré”, de Jesus e Nazaré.
Daqui Tomé atravessou todo o Sul e foi estabelecer-se na Costa Leste,
Costa do Coromandel, em Miliapor, na altura longe da cidade de Madras, hoje
Chennai, vivendo na mesma humildade, numa caverna. Converteu muita gente à Boa
Nova, e até hoje a caverna e o morro onde viveu e foi martirizado, se chama o
Monte de S. Tomé, e é venerado por multidões.
Foi morto por lançadas, que um rei, invejoso do sucesso da sua pregação
mandou matar.
Sepultado na mesma caverna, teria sido transladado para Edessa, hoje
Orfa – ou Urfa – na Turquia perto da fronteira com a Síria. São João Crisóstomo
(347-407) assinalava o seu túmulo como uma das quatro sepulturas conhecidas dos
apóstolos. Na primeira metade do século VI um viajante chamado Cosme num livro
que escreveu sobre as suas peregrinações diz que encontrou uma igreja de
cristãos com clérigos e um bispo ido da Pérsia. Certamente aqueles de que reza
a primeira viagem de Vaco da Gama que diz ter encontrado os “cristãos de São
Tomé”.
Quando os portugueses lá chegaram, ainda existia um pequeno templo, e os
brâmanes asseguravam que lá se encontravam os ossos do Santo.
Monumento em frente da igreja de São
Tomé, em Chennai
Em 1522 D. Duarte de Menezes, governador da Índia mandou reconstruir o
templo que havia sido feito séculos antes. Ao abrirem os alicerces encontraram
uma tumba de pedra com ossos que foram tomados como relíquias de São Tomé e, inclusive, um pedaço de uma das lanças com as quais fora morto
com o sangue ainda coagulado.
Hoje tem um imponente igreja.
Basílica de São Tomé, em Chennai,
construída pelos portugueses em 1896
Um fato recente e muito curioso foi quando do
tsunami de dezembro de 2004 que devastou toda aquela região: o templo
que guarda suas supostas relíquias ficou imune às ondas gigantescas que
destruíram todas as construções adjacentes, tendo permanecido intacto. Uma
antiga tradição afirmava que um poste fixado pelo apóstolo limitaria
até o fim dos tempos as águas, que jamais o ultrapassariam. Este poste existe
até os dias atuais e se localiza exatamente na porta principal da igreja que
guarda suas supostas relíquias. Isto deixou os sacerdotes
hindus desconcertados e os mesmos prometeram não mais perseguir e
discriminar os cristãos daquelas regiões.
São Tomé ainda é honrado em
Taxila em um festival anual no começo de julho, celebrado por milhares,
celebrando a passagem dos seus ossos através de Taxila no seu caminho para
Edessa (atual Saniurfa na Turquia).
Além disso é o Padroeiro dos
arquitetos da Índia e de outros.
21-dez-2014, 1942 anos após o martírio de São Tomé.
Refeito antes de 21/Dez/2021