O casamento do mês
Mansão imponente, jardim grande com
belas árvores, piscina enorme, todo o exterior daquela casa refletia o luxo do
interior, onde a única coisa que faltava era bom gosto! Ali podia faltar muita
coisa, dinheiro, não.
O casal tinha uma filha só, toda a vida
super mimada, Scarlett, era quem mandava na casa.
Bonitinha, entrara já na faculdade,
onde conseguira o lugar de líder – animadora – da torcida da equipa de futebol
americano, a despeito de haver mais colegas que tivessem, ferozmente,
concorrido a tão disputado lugar. O dinheiro do pai sempre teve algum peso na
decisão.
Scarlett, enquanto ainda no college, já
se tinha destacado, se não nas torcidas, em animadas festas mais ou menos particulares,
em que quase sempre acabava bebendo demais e terminado na cama de algum colega,
assunto em que jamais falou. Mimada, por vezes fazia-se de embriagada e
escolhia o parceiro que a carregasse para ficar com ele.
Normalmente os mais bonitões e fortes,
e até de preferência com algum dinheiro para que os pais não achassem que
andava com gente “pobre”.
Entrou na faculdade já com um razoável
currículo, aliás desconhecido da maioria, e que ela agora procurava esconder
tanto quanto imaginava ser possível.
Um belo carro que o pai lhe dera, nos
fins de semana carregava para casa uma boa quantidade de colegas, de ambos os
sexos, e aí faziam a festa. Na piscina, depois à tarde uma dancinha, onde o
termo encostados era eufemismo e, na maioria das noites uns passos leves nos
corredores mostravam que algo acontecia.
Os pais... nada. Desde que a filha não
engravidasse, o problema não era deles.
E assim foi uns anos, quando Scarlett
simplesmente declarou que a faculdade era uma chatice, não queria mais,
precisava ficar em casa um tempo, etc..
Mas um colega, estudioso, simpático, de
boa família, terminado o curso, tinha trabalho garantido, há muito se encantava
ao fixar os olhos naquela moça, bonita, decidiu-se a avançar e não tardou em
propor-lhe casamento.
Scarlett aceitou logo, os pais
encantaram-se, preparam uma festa como raras vezes se via naquela cidade,
montes de convidados, um serviço de bufê magnífico, orquestra e outras
demonstrações de vitalidade financeira.
Johnny era uma rapaz calmo, sério,
trabalhador, alto e forte, se nunca havia “provado” aquelas “carnes”, nem
sonhava o quantas vezes elas haviam servido de prato principal a vários de seus
camaradas. Entrava nessa de espírito puro e virginal.
Dia do casamento, Scarlett deslumbrante
num vestido que teria custado caríssimo, rodeada de magníficas, lindas, damas
de honra, Johnny num impecável smoking, exuberante de felicidade.
O pastor celebrou em casa os esponsais,
e depois do tradicional beijo, que ia sufocando o noivo, foi serviço o
esplêndido bufê, com tudo quanto se possa imaginar entre comida e bebidas,
sobretudo muito champanhe, muito gelado a que ninguém resistia.
A orquestra tocava músicas para complementar
o ambiente e logo chamaram o pai da noiva para a primeira dança, entregando a
seguir a filha ao marido. Ambos já tinham bebido, um tanto além da conta, mas
fizeram os passos necessários, e depois a noiva passou de mão em mão, aliás de
braços em braços, bem como o noivo, apertado pelas damas de honra e outras
bonitas convidadas.
No intervalo de cada música os amigos e
colegas levavam os noivos a beber mais um copo, cantando sempre “he is a jolly
good fellow...” ou “she is a beatifull good fellow”, arrancando aplausos embriagados
de todos os convidados.
Scarlett começava já a não se aguentar
bem nas pernas, mas sempre havia uns braços amigos (?) para a segurarem e
Johnny estava a apagar-se sonolento.
Os noivos, apesar de terem à sua espera
um magnífico Cadillac novinho, já todo enfeitado com fitas de diversas cores
com frases como “Just married” e outros, que os deveria levar para uma lua de
mel bem longe e socegada, os pais de Scarlett resolveram que era melhor, visto
o estado de ambos, que passassem a primeira noite no quarto – aliás também
magnífico – da filha. Com a ajuda de algumas e alguns colegas levaram os
“pombinhos” para o quarto.
Johnny caíu no sofá e... desapareceu
nos braços, profundos, de Morfeu, ajudado pelos amigos a desembaraçar-se da
incômoda indumentária da cerimônia. Deixaram-no completamente nu, coberto com
um simples lençol, para o caso de ele acordar mais tarde e querer deitar-se com
a noiva.
Scarlett, em semiconsciência, foram as
damas que despiram, vestiram-lhe uma mini camisola sexy cheia de enfeites,
rendas e bordados, e deitaram-na na cama.
Mas alguém se escondera atrás das cafonas
e caras cortinas de brocados e veludos, e quando tudo socegou, e viu que Johnny
não acordaria nem com tiro de canhão, aproximou-se da cama onde Scarlett estava,
ainda em adiantado estado de torpor. Quando viu um corpo avançar para ela, nem
quis saber se era o noivo ou qualquer outro, porque o cérebro não conseguia
avaliar esses “detalhes”. Abriu os braços e acolheu no seu regaço um colega com
quem já, por mais de uma vez, havia trocado esses favores.
Ela meia bebeda, quase inerte, permitia
que tudo lhe fosse feito, e ele, que tinha aguardado, são, este momento, tirava
o máximo partido daquele corpo jovem, lindo, mesmo amolecido pelo álcool.
Quando se saciou, vestiu-se, abriu a
porta do quarto com cuidado e não vendo ninguém, reapareceu na festa, que ainda
não acabara, sem ser notado.
De madrugada Johnny começou a acordar,
sem saber bem onde estava. Achou tudo estranho, via-se nu, num quarto que não
conhecia, até descobrir que numa cama ali ao lado estava a mulher com quem
tinha acabado de casar. Ela nua também, mas ainda a dormir depois da festa com
o violador, nem se apercebeu que o marido se deitara a seu lado.
Johnny abraçou-a com cuidado. Não
queria perturbar o seu sono, e assim se deixou ficar até que, dia nascido ela
acordou, viu o marido a seu lado, agarra-o, beija-o e diz-lhe: “que noite
maravilhosa que você me deu! Obrigado.”
Johnny não tinha dado nada, nadinha,
mas levou aquele agradecimento à conta do alcool que os dois haviam bebido em
excesso.
Ela estava linda. E ambos eram muito
jovens. Embrulharam-se nos lençóis e deixaram-se ficar na cama.
Estava na hora do noivo lhe dar,
também, alguma coisa, que ela, sempre carente, aceitou com o maior prazer e seu
desportivismo sexual.
Levantaram-se tarde, tomaram juntos um
belo banho na enorme banheira da suite dela, e foi aí que Johnny começou, pela
primeira vez, a ficar mais entusiasmado, excitado, ao ver bem, e sentir, o
corpo da mulher.
Começava a lua de mel. Dele. Porque ela
já tinha saboreado umas dezenas delas. E, menina mimada, fazia agora comparações
entre o desempenho do marido e dos outros com quem estivera. Sentia que a
“performance” do Johnny não a satisfazia. Ele era puro e novato naqueles jogos
de amor, mas Scarlett não pretendia descartá-lo logo no começo. Seria um
desastre e uma vergonha. Decidiu então que seria sua mestra.
Almoçaram com os pais e seguiram então
no brilhante Cadillac, para a lua de mel. Johnny, que conduzia, não conseguia
tirar os olhos da mulher. Parece que cada minuto que passava a achava mais bela
e tentadora. Ela sorria.
Escolheram um lugar tranquilo, longe
das vistas e das más línguas. De preferência no campo. Um hotel, quase isolado,
junto a um campo de golfe, o lugar ideal.
À chegada correram para o quarto.
Johnny despertara para uma vida que ele não conhecia, e já não queria largar a
noiva.
Pouco ou nada prático em “especialidades”
de alcova, era Scarlett, suficientemente conhecedora e cautelosa, que o ia
inciando, deixando o marido enlouquecido.
Johnny não queria mais sair do quarto.
Entrara num mundo de fantasia como jamais sonhara que existisse.
Estiveram uma semana sem fazer outra
coisa. Davam de manhã uns passeios pelo campo de golfe, almoçavam, voltavam
para a cama, à tarde repetiam o passeio, jantar e... cama.
Mas Scarlett começava a ficar cansada,
ela que parecia sempre disposta, foi-lhe mostrando que por aquele andar
estariam cansados de mais, talvez saturados e, quem sabe, com vontade de
dormirem em camas separadas.
Johnny: “isso nunca vai acontecer”.
Voltaram à cidade onde o novo apartamento
deles estava agora pronto e todo decorado. Uns dias depois Johnny, foi
reapresentar-se no trabalho e Scarlett ficou em casa, só.
Aquilo não era vida para ela. Pensou
então que o melhor seria voltar para a faculdade e terminar o curso que
interrompera. Teria assim a vida ocupada e não a ociosidade de ficar em casa.
O que pensou... fez, com a aprovação do
marido.
Encontrou ainda algumas e alguns
colegas do tempo dela, em final de curso. Todos lhe fizeram grande festa,
incluindo os professores. Até o atrevido estuprador, Carter, que continuava a
rondar a presa.
Perguntaram-lhe se queria volar a ser
líder da torcida, o que ela recusou, e disse que o objetivo agora era terminar
o curso interrompido e depois, conforme os filhos viessem ou não, um ou mais,
iria trabalhar.
Carter não desgrudava o olho de
Sacarlett, e ela percebia isso muito bem, e temia-o porque alguma lhe dizia que
não lhe agradava.
Johnny sempre que os horários
coincidiam, passava na faculdade para buscar a mulher. Um dia chegou bem em
cima da hora, quando Carter assediava a mulher e via-se bem na cara desta que
não estava a gostar daquilo.
Calmo, Johnny sai do carro, vai até
eles quase sem ser visto, e quando Carter decide que pode avançar o quanto
queria, sentiu no ouvido o estouro de uma bomba! Um violento tapa na orelha,
dado no momento preciso. Caíu direitinho no chão. E quando se preparava para se
levantar, viu a figura de Johnny, que lhe fazia só um sinal, com o dedo na boca,
a mostrar-lhe que ficasse caladinho.
Viraram costas, foram embora e uns
meses depois nascia o primeiro filho.
Scarlett interrompeu mais um pouco os
estudos, mas não desistiu.
Carter, ninguém sabe que sumiço levou.
E Johnny, se chegou a tomar
conhecimento dos antecendentes amorosos da “ex-líder” nunca demonstrou. Estava
bem com esta família e uma mulher que continuava a dar a maior, e gostosa,
luta.
03/03/2014
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