.
Cronica nr. 7
Resquícios Lisboetas !
Como dizia o grande Solnado, “palavra puxa grunhido, grunhido puxa palavra”, e a verdade é que continua a vir-me à cabeça a estadia em Lisboa. Até parece que foi a primeira vez que ali estive. Mas...
Ficámos num hotel na rua Castilho, como já contei, com uma bela vista sobre parte de Lisboa, e à noite demos ali à volta alguns passeios a pé.
Fui ver, por fora, a casa em que morei com os meus pais aí por 1936, uma esquina da rua Pe. António Vieira com a Rodrigo da Fonseca, e no cimo da rua Castilho a ex-Cadeia Penitenciária, abandonada, que, em Dezembro de 2006, foi alvo duma inescrupulosa vigarice do (des)governo do sr. sócrates, quando pensou que todos os portugueses eram burros, e vendeu a Penitenciária, do Estado, a uma pseudo empresa pública, do Estado, para tentar esconder o descalabro que desde há muito vinham apresentando as contas públicas. E parece que até hoje ninguém sabe o que fazer com aquele complexo, mas que vai dar, ou já deu, uma grande negociata, com os amigalhaços, disso ninguém tenha dúvida. Enfim! Depois descontam nos trabalhadores e aposentados!
Mas voltemos à Penitenciária, desta vez em 1919!
Nessa altura alguns monárquicos ainda sonhavam com a restauração da monarquia, e houve uma revolução. Foi a chamada “Monarquia do Norte” comandada por Paiva Couceiro, uma das grandes figuras da história de Portugal do final do século XIX. Uma revoluçãozinha. À moda portuguesa.
Em Lisboa a revolução foi liderada por Aires Dornellas e João de Azevedo Coutinho, outros dois heróis nacionais, monárquicos até à medula, mas não durou mais do que cinco dias! Capitularam perante os republicanos e foram todos “engavetados” nesta Penitenciária.
Eu tenho um livro de autógrafos, que foi do meu bisavô, e que entrou na Penitenciária, até porque também fora preso um sobrinho do meu avô, e é hoje um prazer ler as assinaturas de quase todos os oficiais envolvidos, muitos deles antepassados de amigos e até mesmo de alguns dos meus netos!
Todos, por baixo dos seus nomes, acrescentaram “ex-T.Cel. de Artilharia”, ou “ex-Cap. de Cavalaria”, etc., e muitos deles ainda escrevam “na Cadeia Penitenciária”!
19-nov-10
E lá vêm os nomes:
- João de Azevedo Coutinho – Penitenciária de Lisboa – Dia da Paz – 12 Julho 1919 (nesta altura ainda Capitão de Fragata porque se retirara da Marinha na implantação da República!)
- Ayres d’Ornellas – Penitenciária de Lisboa – 12 Julho 1919
- João de Vasconcellos e Sá – ex-major de Cavalaria – Penitenciária... – 18/7/919
- Álvaro César de Mendonça – 12-VII-919
- Augusto Mateus (?) da Costa Veiga – Te.Cel.Eng. ... ?
- Alberto de Almeida Teixeira – ex-Tenente Cel de Artª, com.te do grupo de artª ... ?
- Carlos Maria Sepulveda Velloso – Ex-Com.te do G.E. de L.N (?)
- Antonio Lobo de Portugal e Vasconcelos – ex-cap. de cav. da guarda
- Hermillo Pereira Prostes da Fonseca – cap cav.
- Guilherme Street d’Arriaga e Cunha (Carnide) – ten mil. d’Engª
- João da Cunha Monteiro – te.te milº d’artª a pé
- José Ferreira Lima – of. demitido do reg.to de cav. 4
- Theofilo Duarte – ten. cav. 7
- José Manuel Figueira Freire – capitão de cavalaria
- Jaques...(?) Sena ... (?) – alf. m. d’arta
- Antonio Agus.to Parreira – ex-Capitão de Lanceiros 2
- Antonio Lobo Antunes – Capitão de Cavalaria
- Conde de Arrochella – ex deputado por Lisboa
- Fernando Cortez (?) Sampayo e Mello –
- José (Madeira ?) de Almeida
- José Augusto (?) de Almeida
- Gonçalo Casimiro Murgueira
- Jorge Ribeiro
Onde está (?) é porque não se conseguiu decifrar corretamente o nome intermédio na assinatura.
E aqui está uma lista dos monárquicos... perdedores, que algumas semanas mais tarde seriam anistiados. Alguns decidiram exilar-se e só voltaram a Portugal depois que foi declarada a anistia geral, em 1925.
A João de Azevedo Coutinho foram-lhe mais tarde reconhecidas todas as suas ações militares e administrativas, reintegrado na Marinha e promovido a vice Almirante honorário.
Todos estes passeios por Lisboa, trazem memórias, sem esquecer as “Quentes e boas”, aquelas maravilhosas castanhas assadas embrulhadas em higiênico papel de jornal (!), que nesta época do ano se vendem nas ruas de Lisboa, e quando eu era jovem custava, cada embrulhinho, cincoenta centavos ou um escudo e agora custam um euro! Só 200 vezes mais!
19-nov-10
De: Silvino Potencio
ResponderExcluirPela Mão Amiga de minha Leitora Margarida castro chego aqui ao seu Blog pelo qual lhe dou os meus parabéns.
Para não ocupar muito espaço aqui no seu livro de recados, deixo-lhe o meu abraço de solidariedade Lusófona e votos de sucesso nos seus escritos que são excelentes.
Caso me queira dar a honra de me visitar no meu Blog http://osgambuzinos.blog.com ou na minha pagina www.silvinopotencio.net desde já lhe agradeço!
Abraço e até breve
Silvino Potencio
Emigrante Transmontano em Natal/Brasil