quarta-feira, 25 de março de 2009

João Driesel Frick
(mais outro bisavô)
Genealogia
Em pesquisas anteriores foi fácil encontrar o sobrenome Frick em alemães, suíços, austríacos e até boêmios, hoje checos. Nem sempre o nome era bem escrito, alguns “escriturários” dos séculos passados eram meio analfabetos, ou os sotaques variavam de região para região, e assim encontrámos, além de Frick, Fricks, Fricke, Fritsch, Fritsche, e outros. Vamos nos fixar no Frick.
Em registros de 1804 e 1825 da Igreja Evangélica Alemã em Lisboa, consta um Jean Daniel Frick, assim como uma quantidade de outros alemães cujos descendentes são hoje portugueses, como Meyer, Oom, Ulrich, Hintze, Moser, Poppe, etc.
Luiza Driesel era filha de imigrantes da Boémia, hoje república Checa e teve mais três irmãos que não deixaram descendência.
Filho (único?) de João Daniel Frick, que seria suíço, e de Tereza Emília de Araújo, casados em Lisboa em 1790, Francisco Daniel Frick (que se crismou João e assim se passou a chamar) nasceu em Lisboa em 1794 e casou com Luiza Driesel, também lisboeta de 1804.
Francisco Daniel (João Daniel) e Luiza tiveram seis filhos: Cristina, Palmira e Georgina, solteiras, Virgínia que casou com um senhor Finger, e tiveram uma filha Berta que casou com Hugo Castelo Branco, por sua vez com uma filha solteira e dois filhos, um também Hugo de Lacerda Castelo Branco, que chegou a vice-almirante e Fernando de Lacerda Castelo Branco, advogado.
Outra filha, Luiza, como a mãe, casou com um senhor Schroeter. Tiveram, entre outros, pelo menos uma filha Louise Sophie que casou com Johannes Alfred Wimmer, pais de Anna Marie avó do conhecido historiador e colecionador de armas antigas, Rainer Daenhardt. Até aqui todos em Portugal.
Finalmente, o bisavô: João Driesel Frick, nascido em Lisboa em 1839 e que faleceu em Londres em 1909.
Considerava-se suíço, talvez por ter mantido a nacionalidade do avô, e assim era conhecido no Brasil para onde veio depois de formado em engenharia.
Não sabemos a razão porque terá escolhido o Rio Grande do Sul, Porto Alegre, onde já se encontravam alguns emigrantes de nome Frick, de origem austríaca, como um Guilherme, um Carlos e um Luiz. Possível coincidência.
Não sabemos também se terá sido este João Driesel Frick que participou da Primeira Sociedade de Emancipação do Brasil, em 1869, em Porto Alegre, mas sabemos que aí casou com Joana Viana Lobo, e veio a constituir uma sociedade Frick & Cia., com o construtor italiano Carlos Zanotta.
Deste primeiro casamento nasceram primeiro duas filhas, Luiza e Joana, que ficaram solteiras e a seguir um rapaz, Francisco, meu avô materno, nascido m Pelotas. Tinha este pouco mais de um anos, em 1882, quando a mãe faleceu, e o pai mandou os três filhos, pequenos, para Londres ao cuidado de duas de suas irmãs, também solteiras.
Em 1885 já estava novamente casado com a filha mais nova do Visconde de Mauá, Lísia Ricardina, que deixou quatro filhos, todos no Brasil.
Em 1880 assina, pela firma Frick & Cia., um contrato com a Prefeitura de Cuiabá, para construir o abastecimento de água à cidade em desenvolvimento, que foi inaugurado em 1882 e em 1885, estabelece outro contrato semelhante, desta vez com Piracicaba, mudando o nome da firma para Empresa Hidráulica de Piracicaba.
Em 1900 desfaz-se da sociedade e vai viver para Londres.
A última notícia que temos dele é uma carta datada de Londres, de 1 de Fevereiro de 1907, sob o pseudónimo de Gonçalo da Gama, intitulada “Tradição não é história”, publicada no jornal O Portugal, N.º 2 de 1907 e reproduzida em O Oriente Portuguez, Nova-Gôa, vol. IV, Abril de 1907, pp.150 – 156, onde diz que Camões não esteve em Macau porque, à data, Macau não existia, não passando dum covil de piratas, o que até hoje provoca celeuma!
Não sei porque se meteu em discutir Camões, mais ainda sob um pseudônimo, quando a sua especialidade era engenharia hidráulica, mas...
Faleceu em Londres em 1909.
do Brasil, por Francisco G. de Amorim
25 mar. 09

11 comentários:

  1. Tio, não foi o trisavó Amorim que disse mal dos Lusíadas? E não foi por isso que ele foi banido da sociedade literária da época?

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  2. O seu trisavô Francisco Gomes de Amorim publicou, dois anos antes de morrer, "Os Lusíadas" por ele comentados. Os "sábios" literatos da época não gostaram que um homem sem conhecimentos "superiores" o tivesse feito. Sentiram ciumes! Mas, não só não banido (isso não existe!) como contrinuou a ser considerado e venerado pelos contemporâneos, sobretudo pela biografia de Garrett e as peças de teatro.

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  3. Ah, bem me parecia. É que eu sempre ouvi essa história e fiquei com medo de ter feito confusão com esta do avó Frick.
    Sendo assim tenho dois ascendentes que de alguma forma "cascaram" no Camões ;)

    Vá contando mais coisas que eu adoro saber!!!

    Bjs

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  4. Rita: nada de confusões! Ninguém "cascou" no Camões! O FGA comentou o texto, visto que a maioria das pessoas, ainda hoje, não consegue entender o que ele escreveu, com língua arcaica, referências a mitologias, etc.
    O JDF simplesmente acha que ele não esteve em Macau! Não sei onde ele encontrou a "fonte" onde se baseou, mas a verdade é que no ano em que ele esteve - ou não esteve - em Macau, aquilo era mesmo um covil!
    Mas ninguém "cascou" no nosso Mestre primeiro!

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  5. Pois de facto não há provas que o Camões lá esteve, mas eu estive no jardim de Camões em Macau e adorei :)

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  6. Ex.mo Senhor,
    Estou a completer um livro que fala da Família Goodair Lacerda Castelo Branco, um dos quais se ligou a Berta Frick Finger. Poderia dar-me indicação sobre onde foi baptizada a filha Virgínia do casal João Daniel Frick e Luísa Driesel (que casaram na freguesia de São Sebastião da Pedreira, em 1833)? Com os melhores cumprimentos,

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    1. Hugo Goodair de Lacerda Castelo Branco foi meu trisavô. Seu filho Hugo casou com Berta Frick Finger. Se quiser ver a genealogia a partir daí pode consultar o Genebase.

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    2. Hugo Goodair de Lacerda Castelo Branco era meu trisavô. Um dos seus filhos (Hugo Carvalho) casou com Berta Frick Finger, tendo três filhos, entre os quais o meu avô paterno. Pode ver a genealogia em Genebase.com

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  7. Ex.mo Senhor,
    Estou a concluir um livro - já com 1400 páginas - sobre a descendência de uma Família Lemos e neles há notícia do casamento que acima refere de Berta Frick Finger (alias, em São Sebastião da Pedreira, em 1833). Poderá dar-me notícia de onde foi baptizada a mãe de Berta (ou a própria Berta) ou mesmo onde Berta casou com Hugo de Carvalho Lacerda Castelo Branco?
    Igualmente aproveito para lhe pedir autorização para citar parte do seu artigo no blogue, com as devidas indicações de autoria, proveniência e data de acesso, como é evidente.
    Com os melhores cumprimentos,
    Miguel Gorjão-Henriques

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    1. Miguel: você é filho da Isabel e do Nuno? Só pode.
      Por favor entre em contato comigo pelo email oyarzun@terra.com.br

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  8. Ex.mo Sr.

    Talvez a informação abaixo lhe interesse, se bem que é um ramo "lateral"ao seu.
    http://quemencontrei.blogspot.nl/2016/03/a-enigmatica-foto-do-goodair.html

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