terça-feira, 23 de setembro de 2025

 

 NOSTRADAMICES

 

Tenho há já muitos anos a estranha sensação de que a Europa se está a afundar, não geograficamente, mas política e economicamente. A acabar.

Logo a seguir à II Guerra Mundial entregou na mão dos americanos a defesa do “mundo ocidental”, aquele mundo onde a maioria fica quieta, dando aulas de gasta etiqueta e responsabilidade, atitudes que sumiram no início do século XX. Alemanha destroçada, tinha acabado a Grande França de Victor Hugo, Jules Verne, Zola e tantos outros, Paris era a capital do mundo para onde se dirigiam todos os que pudessem viajar e conhecer a oitava maravilha e Ocidente anexado pela URSS.

Estraçalhou-se na I Guerra, depois na II, perdeu mais de 100 milhões de pessoas, empobreceu e, para tentar se proteger do bicho papão que surgira na União Soviética inventou a OTAN que ficou entregue a vaidosos e imbecis delegados e ao poderio bélico dos EUA que, como menino mal educado, filhinho de papai rico, sempre a mostrar os dentes à Rússia, em vez de, com inteligência e diplomacia, ter procurado um entendimento profundo, até aliança com esse suposto “papão”, partiram para o desafio de quem conseguiria ter mais bombas nucleares. Para quê?

A de triste memória Guerra Fria, mais não fez do que ir aumentando o antagonismo entre os dois blocos.

Mas, não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe.

Os americanos, ricos, que fabricavam milhares de aviões por dia ou mês, frigoríficos lindos, automóveis espampanantes e TVs passaram a viver aquele tão propagado “Americam Way of Life”, invejando os europeus aquela fartura, mas continuaram a escravizar africanos depois de terem dizimado os verdadeiros americanos a quem chamaram de índios e, arrogantes, aceitaram “defender a Europa como os “donos” da OTAN.

Mas os EUA têm agora vários calcanhares de Aquiles! Um chama-se Trump que continua a dever a sua posição a Putin que brinca com ele, por exemplo em relação à Ucrânia, sabendo de antemão que a Rússia fará o que quiser.

Outro calcanhar é do mesmo Trump com seu jeito idiota/nazista de pôr fora do país aquela gente humilde, indispensável para o funcionamento da economia. O Hitler fez o mesmo com os judeus, ciganos e outros, e... e fomenta a população em geral com a ganância que os levará à imparável destruição do meio ambiente, não só com a fratura do xisto para terem MUITO petróleo, como com a estúpida demonstração de riqueza esgotando reservas de água que não tarda os farão ficar a seco. E agora saiu da OTAN para não ter que enfrentar a Rússia.

E a Europa? “Segura-te ao pincel que eu vou levar a escada.”

Até hoje tenho querido convencer-me de que não haveria neste mundo um só homem que, em consciência, se desse à loucura de disparar uma arma nuclear. Mas essa minha infantil presunção está gasta. Agora acho que há vários só à espera do momento de o fazerem.

Chegou a AI ou IA. Tanto faz. As pessoas não precisam mais pensar. A IA pensa por eles. Resolve “todos” os problemas, os exercícios escolares, os das faculdades, os problemas comerciais e industriais, e as pessoas, contentes, vão ficar cada vez mais ignorantes, os cérebros parados, a sua cultura universalizada dentro de computadores.

Mas... alguém atrás dessa IA... pensa. Pensa e perceberá, com facilidade, como conduzir esses humanos robotizados para o tão desejado governo global anunciado já em Davos e agora, agora mesmo, já em preparação na China, sob os aplausos  do grande Comitê Central Comunista Chinês, procurando concretizar o que o trilionários já estavam a preparar em Davos, Só que davoenses e chineses talvez tenham esquecido Orwell, o “1984” e a “Revolução dos Bichos”, e não tardem em se gladiarem para ver quem é o IA mais AI.

Pensando em tudo isto lembrei-me de recorrer a dois amigos, antigos amigos, ou amigos velhos, que me ajudassem a pensar um pouco mais no que não tarda a acontecer. Nostradamus e Nietsche.

Pedi à tal AI os telefones deles. Não tinham, nem whatsapp nem facebook, mas poderíamos simplesmente nos comunicarmos através do pensamento, que eles Lá do Alto iriam analisar as perguntas e/ou dúvidas e responder-me.

Michel, o tal de Nostradamus, ainda eu não tinha perguntado nada já me estava a dizer:

- “Francisco, não te preocupes. O Armagedon, ou Apocalipse como os que gostam da Bíblia lhe chamam, vai acontecer sim, e em breve, mas tu, já podre de velho, vais tranquilamente fechar os olhos antes da grande desgraça.”

- E os filhos e netos?

- Esses terão que ter esperteza e rapidez de raciocínio para saberem para onde fugir. Parece que eles ainda não perceberam que o Brasil tem muito para sobreviver. Mas não será nas cidades, instaladões numa casa, indo ao supermercado ali por perto e à noite assistirem a um filme daqueles românticos do século XX. Se por acaso ainda houver TV vão ter que seguir as instruções do GG (Governo Global) e... Terão que ir para o campo produzir o que precisarem para comer e sobreviver. Não vai ser fácil a vida deles. Terra e água. Viver como aqueles nossos antepassados há dezenas de milhares de anos.

- Mesmo os que tenham cursos superiores, doutoramentos, etc.?

- Pior para eles que não sabem nem como plantar nem uma batata.

- Nietsche, o que você acha disto?

- Eu nunca fui fã de Nostradamus, mas também não estou nada otimista. Algo do que ele descreve está mesmo para acontecer. Vê bem, Francisco: a Rússia vai ocupar a Ucrânia, berço da Grande Rússia, e ninguém vai querer ajudar o palhaço Zelensky metendo-se na fornalha. A seguir vai a Moldávia, já com eleições truncadas para o próximo sábado 27 de Setembro. Aí começará a Europa a ser ocupada e gerida, como já no Reino Unido, com os muçulmanos imaginando-se conquistadores, que o GG deixará por uns tempos até conseguirem fazer um mix de Alá e Deus, God, Bod, Gott, etc., talvez até Baal ou Tupã, e mesmo indo à mesquita, estarão sob as ordens do GG.

Vê se a história não é a memória da maldade do homem contra o homem. O dinheiro tomou a dianteira e passou a ser a raiz de todos os males. Tudo isso tem que acabar. Os homens têm de aprender a viver em Paz, amarem-se ou respeitando-se uns aos outros para transformarem este planeta num Éden. Os animais não se entendem?

A religião será ridicularizada, porque a AI/IA só pode ser Socrática! A humanidade vai ter que procurar outra maneira de acreditar em algo que os “salve” do ainda remanescente “inferno”. Até os muçulmanos vão perder as doze virgens “a haver”! Devem acabar as esmolas. Quem dá esmola exibe a sua superioridade, e o esmoler fica obrigado. Obrigado é igual a servo, escravo, insultado na sua consciência e para se desobrigar oferece-se às ordens daquele a quem deve.

 

Schopenhauer, não sei como (hacker ?), esteve a ouvir esta conversa e deu o seu palpite;

- Francisco, o homem pode fazer o que quer, mas não pode querer o que quer. (Frase forte para os neurónios trabalharem!), e mais duas dicas: É difícil encontrar a felicidade dentro de si mesmo, mas é impossível encontrá-la em qualquer outro lugar, e olha, existe apenas um único erro inato, que é o de acreditarmos que vivemos para sermos felizes.

Deixo-te apenas estas ideias. Não tardará ver os donos da IA e do GG a se enfrentarem tal como quaisquer outros seres humanos, e serem ultrapassados, e assim por diante até ao momento em que, tudo destruído, tenham que voltar a subir nas árvores para se protegerem e alimentarem.

 

Hoje manda o ouro, o poder, a força, a ameaça, o medo.

O cristianismo perverteu a Eros; este não morreu, mas degenerou-se, tornou-se vício.

E, em verdade, o único cristão morreu na cruz.

 

22/09/25

 

 

 

 

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

ABERRAÇÕES ~ ASSASSINAS

 

Em 2007 escrevi um pouco sobre andanças jurídicas (?), relatando alguns casos curiosos que se podem encontrar no meu blog

 https://fgamorim.blogspot.com/search?q=SUMMUM+JUS.

Mas o que acabamos de presenciar, aqui no Brasil, reporta-nos a um tremendo grupo de carniceiros revestidos de humanos que, até hoje, só deles falar se arrepiam os cabelos.

Para situar sobre o que vamos continuar a pensar e escrever, começo por lembrar alguns nomes que teriam obrigado Dante a dobrar o tamanho do “seu” inferno (deles)! São milhares que macularam/envergonharam a espécie humana, e que teriam obrigado Caronte a “comprar” um desses atuais iates super de luxo, para tantos transportar, servidos por demónios dando estridentes risadas vulcânicas.

As luxuosas cabines transformadas em catres podres e infetados de repelentes parasitas com colchões de espinhos e outros regalos... para os seguintes, e outros muitos que não caberiam os seus nomes em algumas dezenas ou centenas de páginas.

Pal Pol, a família King Kong da Coreia do Norte, Idi Amin Dada, Stalin, Bakunin, Lenine, Hitler, Adolf Eichmann e similares, Putin, Ulisses Grant, Leopoldo II da Bélgica, Sadam Hussein, Ibrahim Ali al-Badri conhecido como Abu Bakr al-Baghdadi, Osama Bin Laden, Mao Tse Dong,

os africanos que assumiram a presidência de seus países e iniciaram horrendas guerras civis que dizimaram largos milhões e milhões, e etc., etc., etc. aos quais se vêm agora juntar uns indivíduos, revestidos de poderes falsos, obtidos por currículos de nível presidiário, que formam, em quadrilha o summum jus  deste estraçalhado país dividido entre ladrões/corruptos/bolcheviques e gente que tudo quanto procura é a paz e igualdade social.

O julgamento tanto tempo esperado e inconstitucionalmente preparado pelo que deveria ser o supremo tribunal constitucional, foi uma demonstração de doentia raiva/ódio a quem se atreve a pensar contra a esquerda caviar, milionária, corrupta, que já conseguiu levar o país à banca rota, e em vez de julgar limitou-se a pronunciar a condenação sumária de alguém que teve a liberdade de estar no campo oposto.

Vá lá que ainda não chegámos ao sistema da Coreia do Norte que até manda matar quem se atreve a ver programas de tv estrangeiros. Mas não falta muito, uma vez que a mídia, escrita, televisionada e filmada domina o país, apoiando e enaltecendo os ladrões e esmagando quem se atreva a ter liberdade de pensamento.

A câmaras legislativos, deputados e senado federal, estão comandados por asseclas, impedem votações contra decisões inconstitucionais e assim mantem-se o campo aberto para o livre arbítrio ditatorial da canalha esquerdista que aproveita para encher os bolsos de forma inimaginada.

As forças armadas, quietas, subjugadas, temerosas de sanções que podem a qualquer momento sair da boca do, por enquanto. imparável carrasco.

Um dos juízes, durante o julgamento deu uma profunda lição de direito, lembrando que o papel do juiz não é condenar, mas analisar cautelosamente todo o processo, tendo concluído que estavam a julgar acusados por supostas conversas e supostos preparativos de golpe de estado, o que JAMAIS aconteceu, frisando o direito já romano que Congeturar não é ação, como teria dito Cícero: Coniecturare non est actio.

Não admira; o mais raivoso e vingativo de todos eles há anos correu à magistratura, simples adovocatinho apresentou as suas provas e foi reprovado, e agora é o dono do stf. Outros três saíram de também de advogaditos do partido dos corruptos no poder e foram alcandorados, com o apoio do senado a ministros do tal tribunal supremo.

O que esperar desta corja? O mesmo que espera o povo norte coreano do king kong III.

A maior vergonha de toda a história do Brasil.

Acabou-se a liberdade que chegou a querer despontar. Não se poder ter livre pensamento, nem se podem comentar atos do governo porque isso é considerado ofensa ao estado democrático de direito, passivo de prisão sem julgamento.

Uma senhora, de 70 anos, que fez uns riscos com batom de lábios na estátua da justiça, foi sumariamente condenada a 17 anos de prisão por “destruição do património cultural, quando um pano molhado e três pingos de sabão lavariam a dita estatueta!!!!!!!!!!!!  Mas... a senhora já se tinha manifestado contra o governo pt. Era uma “perigosa” adversária ao corruptus  bando de facínoras.

Triste e revoltado cheguei a sonhar na solução deste país que o Criador escolheu para a vida da terra. Veio à memória um filme dos grandes Laurel e Hardy (O Gordo e o Magro, ou o Bucha e o Estica) – Dois Patetas em Oxford de 1940 – que mostra os dois analfabetos que chegam à grande Universidade, são gozados pelos colegas e quase insultados pelo reitor, e vão à janela ver as vaias dos colegas.

Laurel, o Magro, com aquela cara de estar sempre fora deste mundo, ao espreitar pela janela (de guilhotina) cai-lhe uma partes na cabeça, e ele, idiota e analfabeto, vira uma sumidade e Lord! Tão sábio que os colegas o admiram e nomeiam reitor. Poucos dias depois os alunos voltam a manifestar-se debaixo da janela desta vez para homenagear o novo reitor. Ele aparece, ar solene de grande sábio, agradece, e... a janela volta a cair e bater-lhe na cabeça. O Magro reitor volta a ser o mesmo idiota e analfabeto de sempre.

O que tem isto a ver?

Fiquei a pensar: se caísse uma janela, ou qualquer outro objeto na cabeça do lula, ele virava um estadista de altíssima categoria ética, inteligente, só se podendo comparar com Alexandre o Grande, e promulgasse a anistia geral e irrestrita de todos os julgados pelos traiçoeiros carrascos do stf, seria adulado por todos, venerado e admirado por todos os dirigentes de outros países seria colocado acima que qualquer um. Poderia fazer parte da história como Sócrates ou Platão. Ficará um dia com um grande bandido, ladrão, e esperto, porque não há grandes bandidos estupidos.

O país que está profunda e perigosamente dividido era obrigado a reconhecer o valor de tal atitude, admirá-la e respeitá-la, e assim deixar de haver os dois lados que hoje estão em campos opostos. A Paz desceria sobre o país que então rapidamente iria ocupar o lugar que está à sua espera no cenário mundial: o Primeiro e Melhor país do Mundo!

Sonho lindo.

Mas em Brasília não há janelas! E se por acaso alguma coisa caísse na cabeça do super corruptus chefe, e lhe abrisse um buraco no crâneo, dali só sairiam mentiras, falácias, ódio e muito, muito, muito dinheiro roubado ao povo e muita mé....

É bom sonhar, mas é doloroso estar acordado em face de tudo isto, e não nos podemos regozijar por ter o mais criminoso tribunal supremo, supremo em falsidade, aberração e summum injuria.

 

14/09/2025 

sábado, 12 de julho de 2025

 Mais um pouco sobre o meu bisavô 

FRANCISCO GOMES DE AMORIM - 1827-1891

Escrito em 2002, que deve estar também algures neste blog, mas que vale a pena relembrar e, sobretudo, ajudar a despertar o conhecimento da medicina da Amazônia.

Os Açores e Gomes de Amorim

 Aquelas Ilhas Afortunadas, afortunadas pelas suas belezas naturais, pela sua história bonita, agitada, e por tantos filhos ilustres, entre os quais sempre sou levado a destacar o grande e controverso mestre Antero de Quental, controverso em si próprio e mestre sobretudo pela grandeza do seu caracter, desde a minha infância exercem sobre mim um atrativo que a vida não me proporcionou concretizar: visitá-las!

Há ali pairando um misto de tradição envolvido pelo verde dos seus campos e o azul do oceano que... deve ser respirado, vivido. Um dia, ainda pode ser... e como a esperança é a última que abandona o homem...

O nosso Gomes de Amorim, como disse um dia o Dr. Macedo Vieira, Presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, não teve adolescência. Saiu menino de 10 anos de Portugal e assim que chegou ao Brasil, na Amazónia, passou  a viver como um adulto. Fez-se homem de súbito num clima ainda hoje difícil, insalubre, e não tardou que a sua saúde começasse a pagar os rigores dessa sua vida e desse clima.

Em 1840, então com 13 anos de idade subiu o rio Xingu para ir explorar borracha. Diz ele, na Nota LV de “Ódio de Raça”:

Saímos do Pará em duas canoas com todo o necessário para os trabalhadores e tripuladas por uns doze tapuios e um branco natural do Rio de Janeiro. ...logo que passámos a última vila (Pombal)... (já teriam navegado mais de 1.000 quilómetros rio acima) desembarcámos defronte de uma ilha que depois soubemos chamar-se de Santa Maria... Derrubámos uma porção de arvoredo junto à borda do rio... amarrámos com cipós quatro travessas nas árvores dos lados. Cobrimos tudo com folhas de palmeira e ficámos proprietários de uma casa.

Não era exatamente um hotel cinco estrelas, não tinha ar condicionado, nem levavam com eles antimaláricos ou outras “modernidades”.

Dois anos depois

...Eu era caixeiro duns portugueses que fizeram um navio no sertão. Aqueles tratantes... obrigaram-me a trabalhar como carpinteiro e remador. Andávamos a tirar madeira de maçaranduba na margem austral do Amazonas, três dias de viagem acima da boca superior do rio Alenquer, quando adoeceu com sezões o mestre dos carpinteiros. ...peguei no machado do mestre dos carpinteiros e subi para cima dum grosso tronco de maçaranduba que andava a lavrar. Dei o primeiro golpe com tal força que o machado entrou dentro da linha do giz, por onde devia ser aparelhada a madeira; desci imediatamente para cortar o cavaco do lado oposto, mas, apanhando-o em falso o machado resvalou , correndo como um raio pelo pau fora, e veio dar-me um profundo golpe abaixo da articulação tíbio-társica do pé esquerdo, cortando-me o tarso obliquamente até à planta!

Perguntou a um dos tapuios:

- Que é bom para isto?

- Isca queimada.

- Dá cá.

... foi ao cesto (uru) onde se guardava, num canudo de taboca, o pano queimado que nos servia de isca, e voltou a correr. Rasguei um pedaço da camisa e limpei o sangue. O tapuio encheu o golpe com pano queimado e – um outro ­– pegando numa faca foi para o interior da floresta. Passados alguns instantes voltou trazendo um cipó de cujas pontas escorria um leite gomoso e avermelhado que ele me deitou no pé. Este suco grudou a isca sobre a carne.

Os remédios com que me curavam, além do pano queimado, eram cascas de árvores silvestres e leites de várias plantas.

Assim se curou o pé, depois de muitas outras peripécias, do nosso Aprendiz de Selvagem, como tão bem o retratou o Dr. Costa Carvalho no seu livro com este nome, que acaba por dizer que fiquei com o pé doente mais sólido do que o outro!, homenageando deste modo a sapiência tradicional dos índios da Amazónia.

Mas sezões, pés cortados a machado e outras violências dum ambiente hostil, um dia cobram os seus impostos.

Pouco tempo depois de casar, aos trinta anos, em 1857, foi acometido duma congestão cerebral, cujas consequências o acompanharam pela vida fora, impossibilitando-o de comparecer com regularidade ao seu trabalho, retendo-o em casa com enxaquecas e quase permanente falta de saúde, que o levaram a considerar-se um “valetudinário”.

À procura de solução para a sua saúde, que os médicos não conseguiam resolver, decide, não se sabe a conselho de quem, ir aos Açores, São Miguel, procurar nas águas quentes e sulfurosas de Furnas, o alívio que tanto desejava.

São de jornais de Ponta Delgada as seguintes notícias:

“Persuasão” - 24 de Setembro de 1862: Gomes d’Amorim, Francisco – Este notável poeta português que nas águas das Furnas veio procurar alívios a grandes padecimentos que sofre, vai para Lisboa nesta viagem do “Açoreano”. Sentimos que o ilustre enfermo não encontrasse as melhoras que deseja mas também não se lhe agravaram os males. Sabemos que o sr. Amorim vai muito penhorado da obsequiosa maneira com que foi recebido nesta ilha e de que leva gratas impressões de todos os lugares que visitou.

“Aurora dos Açores” - 27 de Setembro de 1862: Francisco Gomes de Amorim, desejando dar ao público um testemunho do seu reconhecimento pelas muitas provas de afectuosa consideração e simpatia, que recebeu durante a sua residência nesta ilha, e não lhe permitindo o seu mau estado de saúde despedir-se pessoalmente de todas as pessoas que lhe fizeram o favor de o visitar, tanto no vale das Furnas como em Ponta Delgada, a todos agradece por este modo, despedindo-se com profunda saudade e protestando conservar sempre viva a memória dos favores que recebeu nesta formosa terra.

Apesar de não ter obtido resultados volta no ano seguinte.

“Persuasão” - 3 de Junho de 1863:  Este mimoso poeta (Gomes d’Amorim) chegou a Ponta Delgada. Demora-se poucos dias na cidade e segue para as Furnas a fazer uso dos banhos termais.

Pior ainda se deu.

“Persuasão” – 9 de Setembro de 1863:  O ilustre poeta Gomes d’Amorim regressou das Furnas para esta cidade em muito mau estado de saúde. O sr. Dr. José Pereira Botelho, ornamento da medicina portuguesa, que tão desveladamente tratou nas Furnas o sr. Amorim, acompanhou o seu regresso e hospedou-o em sua própria casa, onde ele, sua excelente esposa e muito estimáveis filhas não poupam desvelos e carinhos na convalescença do sr. Gomes d’Amorim. Está muitissimo melhor do que veio das Furnas. Já se levanta, passeia e conversa há bastantes dias, sentindo ainda, infelizmente repetidas perturbações cerebrais. É possível que os banhos de mar, que já toma há dias, sejam proveitosos ao desditoso enfermo. Para tranquilidade de sua família e amigos do continente, asseguramos com profundo conhecimento, que o sr. Amorim, nem mesmo no meio de sua família seria tratado com mais afago e comodidades do que está sendo em casa do distinto e desinteressado médico de Ponta Delgada, o sr. Dr. José Pereira Botelho.

“Persuasão” – 30 de Setembro de 1863:  Sr. Redator.- Próximo ao movimento de seguir viagem para Lisboa venho pedir-lhe o favor de me conceder um cantinho do seu jornal, para eu dar público testemunho do meu sincero reconhecimento pelas muitas provas de afectuoso interesse que recebi durante a minha residência nesta bela ilha.

O doloroso estado em que vou partir, impede-me de agradecer pessoalmente os favores que me honraram, e tira-me toda a esperança de tornar a ver os que mos fizeram; mas creiam todos aqueles a quem devi um cuidado ou um afecto, que a minha memória e o meu coração lhes serão sempre fiéis enquanto eu viver.

Os banhos de Furnas, propícios para tantos males, não me foram favoráveis; e a não serem os estremecidos cuidados com que me rodeou a mais pura, a mais caridosa, a mais fervorosa afeição, eu teria achado no meio das formosuras d’aquele vale, um lugar de repouso eterno, em vez do alívio que buscava.

Não o quis Deus assim. Ao lado da desventura, que agravou os meus padecimentos, surgiram logo milagres de zêlo, grandes afectos, uma nova família, que Deus mandava para substituir a que tinha longe: tudo, enfim, quanto o favor do céu produz na terra! Se a saúde fosse possível, eu tê-la-ia recobrado. De todos os lados me amparavam mãos abençoadas pela providência; e, ao partir, não posso deixar de derramar sobre elas todas as lágrimas da minha gratidão e da minha saudade.

Se me não é permitido citar nomes, nem dirigir mais claramente os meus agradecimentos àqueles a quem mais devo, e a quem mais amo, tenho-os todos no pensamento, ao dizer este último adeus à terra que os viu nascer.

Adeus, pois, formosa e querida ilha! Adeus, pátria dos bons corações! Que Deus te dê sempre destes belos frutos, e pague por mim  as dívidas que eu aqui deixo.

Ponta Delgada, 28 de Setembro de 1863. F. Gomes de Amorim.

Não ganhou saúde o nosso poeta, mas ganhou uma família nova, a família desse grande médico e grande homem que foi o Dr. José Pereira Botelho. Grande e muito conceituado médico, sendo o filho, homem, mais velho de 10 irmãos, como morgado, devia herdar a quase totalidade dos bens de seus pais. Fez questão de abdicar do morgadio e dividir a herança com os irmãos, coisa rara, e talvez única no seu tempo, o que demonstra o valor do seu temperamento moral.

É pois o Dr. Pereira Botelho, sem qualquer favor, uma das grandes figuras de São Miguel. Salvou a vida do nosso Gomes de Amorim e ganhou mais um admirador e um grande e reconhecido amigo.

Na biografia deste médico, publicada na revista “Insulana” em 1954, escreve António Augusto Ripley da Mota em “O Dr. Botelho e o seu tempo”:

Havia clientes que o adoravam. Daqui e de fora da Ilha! ... distinguiremos Francisco Gomes de Amorim, o conhecido biógrafo de Garrett que viera experimentar (aliás sem resultado) as águas termais de Furnas;

Mais adiante: Todos ficavam agradecidos, alguns permaneciam seus íntimos amigos, como Gomes de Amorim que bem o manifesta numa longa correspondência de mais de 20 anos ... e no Cap. IV do seu livro “Fructos de Vário Sabor” (Lisboa, 1876), intitulado “Saudades” e dedicado ao “Dr. J. P. B.”.

Deste modo, acabou Francisco Gomes de Amorim entrando para a história dos Açores.

Rio de Janeiro, Junho de 2002

 

 

segunda-feira, 30 de junho de 2025

 

SOMOS TODOS CRIMINOSOS

SE PERMANECERMOS CALADOS

 

O título deste texto é uma frase de Stefan Zweig, no seu livro AMOK, um drama pior do que horrível, mas que se aplica com a maior desfaçatez ao que está ocorrendo pelo mundo todo, com talvez especial incidência no Brasil.

No Brasil, o poder total, absoluto, está nas mãos de uns facínoras (não o posso afirmar em público e alta voz, se não serei “amokeado! Uma espécie maligna de aiatolás ou líderes supremos) que têm levado as pessoas, com especial e triste excelência de procedimentos aos mais altos chefes das Forças Armadas, mais exatamente às forças amordaçadas e amedrontadas ao total silêncio subserviente

Qualquer um que se permita fazer uma crítica ao staus quo, pode ser condenado, preso – sem julgamento – e, se expulso das FA, além de ir para a cadeia, perde salário, aposentadoria e quaisquer outros benefícios arriscando-se assim a deixar a família a pedir esmola. Mentira? Não, não é mentira.

Então o "boca calada e bico fechado" é hoje o dogma, quase lei imposta ao rebanho não só militar como civil, para parecer que tudo está bem. Mas está tudo mal.

O máximo que se pode dizer é plagiar os famosos Dupond e Dupont: calados e sobre nessa mudez insistirem na magnífica frase: “Eu direi mesmo mais”!

Imagem digital fictícia de personagem de desenho animado

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.

Por outro lado há quem se permita emitir opiniões, científicas, a partir dos seus muitos conhecimentos e atrevimentos.

Stephen Hawking, um grande cientista, um dos maiores do nosso tempo, “desvendou” inúmeros problemas na esfera dos seus principais interesses: termodinâmicarelatividade, gravidade, mecânica quântica e etc.

Mas... navegou um tanto perdido entre o princípio da criação do mundo, dos buracos negros e outros assuntos que não mereceram a aprovação unânime do mundo científico.

E tanto falava em Deus, como se dizia ateu.

Eu nada, absolutamente nada sei sobre aqueles temas onde Hawking penetrou e se notabilizou, mas há sempre um detalhe que me faz desconfiar que muitas dessas “maravilhosas/científicas” descobertas não passam de uma espécie de “show-off”, já que o cientista, sendo uma sumidade terá sempre gente à espera de novos conceitos e descobertas.

Um desses casos, um dos últimos que deixou, no livro “The Grand Design”, afirma que Deus não criou o universo, sustentando uma nova visão sobre a origem do cosmos, baseada em leis naturais como a gravidade.

E eu, “mané”, não beato, fico perguntando a mim mesmo (Hawking faleceu há 7 anos), se Deus nada teve a ver com a criação do cosmos:

1.- Porquê sempre se escrever Deus com letra maiúscula? Se Ele nada fez...

2.- E então quem criou essas “leis” naturais, como a gravidade? De onde surgiram?

Diz Hawking que surgiram do Nada.

Boa piada. Tudo que eu sei, e sem querer parecer o dono da verdade, sei mesmo, é que do nada, NADA pode surgir, e até posso arranjar imensa quantidade de exemplos que estão em todo o lado.

Para não cansar as meninges, as minhas, puídas e esfarrapadas, basta deitar os olhos para o que nos rodeia, aqui e além, Norte e Sul e outros quadrantes.

Falam uns, discutem outros e a esmagadora maioria, o rebanho dos covardes, dos bons, dos idiotas e semelhantes, que olham, vêm, não entendem ou não se interessam, dos que não querem perder as corruptas bocas que os alimentam, ficam quietinhos, sem fazer ondas.

Uns não acreditam no Lobo Mau, outros dele fogem, mas ele está sempre à espreita.

Entrámos já numa nova Era que prepara o Governo Global. Dominam-se os meios tradicionais de comunicação que pouco já influem e, sobretudo, controlam-se os chamados “meios sociais” como Facebook, Twitter, Instagram e outros que estão aparecendo. Divulgam-se sub-repticiamente comunicados falsos corrompendo as mentes, com o objetivo de levarem os “calados” a obedecer a “ordens” ou “sugestões”, à obediência de algo que desconhecem e de que têm medo e raiva.

O COVID foi a primeira grande experiência mundial, resultando a 100%. Meteram-se bilhões, trilhões, muitos trilhões de todas as moedas nos bolsos dos assassinos e suas indústrias.

Como? Com o medo muito bem articulado, divulgado e apoiado por corruptos imbecis. A finalidade não foi só financeira, mas um ensaio político.

E continua a festa do Covid, através da falácia do álcool gel, que mais atrai bactérias e semelhantes, através do gel emulsionante do que os dez ou pouco mais por cento de álcool que o compõe.

Mas a natureza manda mais do que os homens.

Lembro Orwell, tanto com a “Fazenda dos Animais” como o “1984”, e admiro a premonição do escritor.

Com a tecnologia atual, os hackers e os “cientistas cibernéticos” um novo “1984” se prepara e já está em evolução faz tempo. Nada se consegue “do pé para a mão”, mas não esqueçam daquele pequenino pingo de água que acaba furando a rocha!

Para terminar é só ver como os EUA, com o babaca do Biden mancomunado com a tal esquerda mundial que prepara o colapso geral, interferiram na votação para Presidente aqui no Brasil, dando o cargo ao maior corrupto da história universal. E o Trump não ainda ligadão ao Putin?

Se por aí ainda andasse o Adolfinho Hitler, diria: wir sind lixadem!

Eu que já tenho as malas prontas para ir embora (fáceis de arrumar: nada levo), ainda vou reclamando.

Os que cá ficarem vão andar direitinhos às ordens de uns facebooks quaisquer.

 

29/06/2025