segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018


From London... e muito frio!

Estando em Londres não podia escrever “do Brasil”! E como me vou atrever a escrever sobre “coisas” europeias, aqui estou... in London.
Como uns quantos europeus sabem, porque se informam, aqui, nesta velha Albion, com toda a sua fleuma e arrogância, que considera o continente isolado quando a Mancha está sob pesado nevoeiro, o Parlamento continua com os mesmos debates, aqueles onde raramente se chega a conclusões.
Há dias um ministro chegou atrasado um minuto – 60 segundos – pediu a palavra para se desculpar pelo atraso, considerado uma falta de consideração para com os demais, e à boa moda britânica entendeu que devia pedir demissão do seu cargo. Não foi aceite este educado pedido, mas foi, sim, um exemplo de conduta ética.
Neste momento o sobredito Parliament está divido em dois blocos, que não se entendem: os Brexiteers que fingem que querem sair da EU, e os Remaineers, em maior número que os antagonistas, que não querem e torpedeiam todo o esforço desencolatrado que a Mrs. May vai tentando fazer, mais perdida que cego no meio dum tiroteio.
Depois os jornais trazem entrevistas com MPs de ambos os lados e, a conclusão a que se vai chegando é que ninguém sabe o que quer, nem como fazer, o que demonstra que não se chega a qualquer conclusão.
Os jornais xingam todos os dias a madama May, o negociador da União Europeia já deu uns socos na mesa das negociações, para ver se a D. May resolve alguma coisa, e... nada.
Nada, neste caso, é um pouco a antítese da valentia e determinação dum soberbo e destemido British, tipo capitão Cook ou do vencedor da Invencível Armada, o good old man Nelson.
Como me lembrou há dias um amigo, parece estar a fazer falta Trajano para construir um novo muro lá dentro de Westminster, separando os picks dos que não picam nada.
Mas eles são “nhurros” e a algum lado chegarão. Wait to see!
Entretanto vi, em DVD, aliás, revi uma vez mais, um filme extraordinário: The Lion of the Desert, com Anthony Quinn, que representa o grande líder e comandante da resistência dos líbios, Omar Mukthar, que ficou conhecido como o Xeque dos Mártires (Shaykh al-Shuhada) que mostra a luta, covarde, infame, dos italianos, na conquista da Cirenaica, a metade oriental da atual Líbia.
Mataram povos de aldeias inteiras, envenenaram e cimentaram poços de água, cometeram atrocidades sem fim, e dei comigo a pensar que, agora, passados cerca de 100 anos, se os líbios não terão o direito de ocuparem, no mínimo, metade da Itália!
Não foi uma guerra religiosa, cristãos contra muçulmanos, mas uma guerra para conquista de uma área imensa de terra, como os russos fizeram agora com a Crimeia!
Por aqui os atos de terrorismo não acabaram, nem se prevê que venham a acabar pelos próximos... talvez ainda muitos anos. A técnica continua a ser a de atropelamentos, ataque com armas brancas, fáceis de transportar, e matar, e a última é jogar ácido na cara das pessoas que ficam desfiguradas.
Quanto ao mais, segundo “gritos” de protesto, alguns impostos estão a subir loucamente, os políticos com toda a sua elegância e capacidade discursiva, são iguaizinhos aos colegas de todos o mundo, incluindo os brasileiros, com a diferença que aqui roubam imensamente menos, em número de ladrões e de valores.
Em Londres há bairros onde 30% das crianças vivem no limite ou abaixo do nível de pobreza, coisa que é difícil de acreditar, o Mayor anda a dar uma no cravo outra na ferradura, para ver se se aguenta para novo mandato, o que já começa a pôr-se em dúvida.
E o preço dos imóveis sobe em flecha. Estranho, né?
De resto, comparar Londres com o Rio de Janeiro é o mesmo tentar montar um telefone celular com os restos duma roda de bicicleta!
Há outra diferença muito confortável: o banho de banheira! No Brasil as águas são um pouco acidas, Ph levemente abaixo de 7, e no fim do banho são necessárias duas toalhas para se ficar seco, devido à alta humidade do ar. Nestas bandas londrinas às águas são doces, isto é calcárias, Ph por volta de 7,5, o que dá a sensação, agradável, de ter misturado um hidratante.
Para quem, nesta provecta idade, tem já a pele tipo a do crocodilo, fica com ela macia com bumbum de recém nascido! Depois, devido ao ambiente muito menos húmido, uma só tolha já deixa o corpo sequinho.
Podem vir a Londres à vontade tomar banho de banheira. É ótimo!
O clima está ótimo, máxima de 4-5º graus, felizmente Celsius e não Farenheit, as ruas têm lá, de quando em vez, um ligeiro buraco – no Rio... de vez em quando ainda tem um pouco de asfalto – os bus continuam a trafegar com a tradicional pontualidade – no Rio... às vezes passam... – e nesta altura do ano a cervoise tiède, com este climazinho simpático, já sai quase estupidamente gelada.
Hoje, para animar as roupas quentes, a neve chegou a fazer uma – curta – aparição!
O maior drama, neste momento para os britânicos é a dona May, feita macha, mas incapaz de fazer alguma coisa.
But... God save the old Queen!

12/02/2018

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018



O casamento do mês


Mansão imponente, jardim grande com belas árvores, piscina enorme, todo o exterior daquela casa refletia o luxo do interior, onde a única coisa que faltava era bom gosto! Ali podia faltar muita coisa, dinheiro, não.
O casal tinha uma filha só, toda a vida super mimada, Scarlett, era quem mandava na casa.
Bonitinha, entrara já na faculdade, onde conseguira o lugar de líder – animadora – da torcida da equipa de futebol americano, a despeito de haver mais colegas que tivessem, ferozmente, concorrido a tão disputado lugar. O dinheiro do pai sempre teve algum peso na decisão.
Scarlett, enquanto ainda no college, já se tinha destacado, se não nas torcidas, em animadas festas mais ou menos particulares, em que quase sempre acabava bebendo demais e terminado na cama de algum colega, assunto em que jamais falou. Mimada, por vezes fazia-se de embriagada e escolhia o parceiro que a carregasse para ficar com ele.
Normalmente os mais bonitões e fortes, e até de preferência com algum dinheiro para que os pais não achassem que andava com gente “pobre”.
Entrou na faculdade já com um razoável currículo, aliás desconhecido da maioria, e que ela agora procurava esconder tanto quanto imaginava ser possível.
Um belo carro que o pai lhe dera, nos fins de semana carregava para casa uma boa quantidade de colegas, de ambos os sexos, e aí faziam a festa. Na piscina, depois à tarde uma dancinha, onde o termo encostados era eufemismo e, na maioria das noites uns passos leves nos corredores mostravam que algo acontecia.
Os pais... nada. Desde que a filha não engravidasse, o problema não era deles.
E assim foi uns anos, quando Scarlett simplesmente declarou que a faculdade era uma chatice, não queria mais, precisava ficar em casa um tempo, etc..
Mas um colega, estudioso, simpático, de boa família, terminado o curso, tinha trabalho garantido, há muito se encantava ao fixar os olhos naquela moça, bonita, decidiu-se a avançar e não tardou em propor-lhe casamento.
Scarlett aceitou logo, os pais encantaram-se, preparam uma festa como raras vezes se via naquela cidade, montes de convidados, um serviço de bufê magnífico, orquestra e outras demonstrações de vitalidade financeira.
Johnny era uma rapaz calmo, sério, trabalhador, alto e forte, se nunca havia “provado” aquelas “carnes”, nem sonhava o quantas vezes elas haviam servido de prato principal a vários de seus camaradas. Entrava nessa de espírito puro e virginal.
Dia do casamento, Scarlett deslumbrante num vestido que teria custado caríssimo, rodeada de magníficas, lindas, damas de honra, Johnny num impecável smoking, exuberante de felicidade.
O pastor celebrou em casa os esponsais, e depois do tradicional beijo, que ia sufocando o noivo, foi serviço o esplêndido bufê, com tudo quanto se possa imaginar entre comida e bebidas, sobretudo muito champanhe, muito gelado a que ninguém resistia.
A orquestra tocava músicas para complementar o ambiente e logo chamaram o pai da noiva para a primeira dança, entregando a seguir a filha ao marido. Ambos já tinham bebido, um tanto além da conta, mas fizeram os passos necessários, e depois a noiva passou de mão em mão, aliás de braços em braços, bem como o noivo, apertado pelas damas de honra e outras bonitas convidadas.
No intervalo de cada música os amigos e colegas levavam os noivos a beber mais um copo, cantando sempre “he is a jolly good fellow...” ou “she is a beatifull good fellow”, arrancando aplausos embriagados de todos os convidados.
Scarlett começava já a não se aguentar bem nas pernas, mas sempre havia uns braços amigos (?) para a segurarem e Johnny estava a apagar-se sonolento.
Os noivos, apesar de terem à sua espera um magnífico Cadillac novinho, já todo enfeitado com fitas de diversas cores com frases como “Just married” e outros, que os deveria levar para uma lua de mel bem longe e socegada, os pais de Scarlett resolveram que era melhor, visto o estado de ambos, que passassem a primeira noite no quarto – aliás também magnífico – da filha. Com a ajuda de algumas e alguns colegas levaram os “pombinhos” para o quarto.
Johnny caíu no sofá e... desapareceu nos braços, profundos, de Morfeu, ajudado pelos amigos a desembaraçar-se da incômoda indumentária da cerimônia. Deixaram-no completamente nu, coberto com um simples lençol, para o caso de ele acordar mais tarde e querer deitar-se com a noiva.
Scarlett, em semiconsciência, foram as damas que despiram, vestiram-lhe uma mini camisola sexy cheia de enfeites, rendas e bordados, e deitaram-na na cama.
Mas alguém se escondera atrás das cafonas e caras cortinas de brocados e veludos, e quando tudo socegou, e viu que Johnny não acordaria nem com tiro de canhão, aproximou-se da cama onde Scarlett estava, ainda em adiantado estado de torpor. Quando viu um corpo avançar para ela, nem quis saber se era o noivo ou qualquer outro, porque o cérebro não conseguia avaliar esses “detalhes”. Abriu os braços e acolheu no seu regaço um colega com quem já, por mais de uma vez, havia trocado esses favores.
Ela meia bebeda, quase inerte, permitia que tudo lhe fosse feito, e ele, que tinha aguardado, são, este momento, tirava o máximo partido daquele corpo jovem, lindo, mesmo amolecido pelo álcool.
Quando se saciou, vestiu-se, abriu a porta do quarto com cuidado e não vendo ninguém, reapareceu na festa, que ainda não acabara, sem ser notado.
De madrugada Johnny começou a acordar, sem saber bem onde estava. Achou tudo estranho, via-se nu, num quarto que não conhecia, até descobrir que numa cama ali ao lado estava a mulher com quem tinha acabado de casar. Ela nua também, mas ainda a dormir depois da festa com o violador, nem se apercebeu que o marido se deitara a seu lado.
Johnny abraçou-a com cuidado. Não queria perturbar o seu sono, e assim se deixou ficar até que, dia nascido ela acordou, viu o marido a seu lado, agarra-o, beija-o e diz-lhe: “que noite maravilhosa que você me deu! Obrigado.”
Johnny não tinha dado nada, nadinha, mas levou aquele agradecimento à conta do alcool que os dois haviam bebido em excesso.
Ela estava linda. E ambos eram muito jovens. Embrulharam-se nos lençóis e deixaram-se ficar na cama.
Estava na hora do noivo lhe dar, também, alguma coisa, que ela, sempre carente, aceitou com o maior prazer e seu desportivismo sexual.
Levantaram-se tarde, tomaram juntos um belo banho na enorme banheira da suite dela, e foi aí que Johnny começou, pela primeira vez, a ficar mais entusiasmado, excitado, ao ver bem, e sentir, o corpo da mulher.
Começava a lua de mel. Dele. Porque ela já tinha saboreado umas dezenas delas. E, menina mimada, fazia agora comparações entre o desempenho do marido e dos outros com quem estivera. Sentia que a “performance” do Johnny não a satisfazia. Ele era puro e novato naqueles jogos de amor, mas Scarlett não pretendia descartá-lo logo no começo. Seria um desastre e uma vergonha. Decidiu então que seria sua mestra.
Almoçaram com os pais e seguiram então no brilhante Cadillac, para a lua de mel. Johnny, que conduzia, não conseguia tirar os olhos da mulher. Parece que cada minuto que passava a achava mais bela e tentadora. Ela sorria.
Escolheram um lugar tranquilo, longe das vistas e das más línguas. De preferência no campo. Um hotel, quase isolado, junto a um campo de golfe, o lugar ideal.
À chegada correram para o quarto. Johnny despertara para uma vida que ele não conhecia, e já não queria largar a noiva.
Pouco ou nada prático em “especialidades” de alcova, era Scarlett, suficientemente conhecedora e cautelosa, que o ia inciando, deixando o marido enlouquecido.
Johnny não queria mais sair do quarto. Entrara num mundo de fantasia como jamais sonhara que existisse.
Estiveram uma semana sem fazer outra coisa. Davam de manhã uns passeios pelo campo de golfe, almoçavam, voltavam para a cama, à tarde repetiam o passeio, jantar e... cama.
Mas Scarlett começava a ficar cansada, ela que parecia sempre disposta, foi-lhe mostrando que por aquele andar estariam cansados de mais, talvez saturados e, quem sabe, com vontade de dormirem em camas separadas.
Johnny: “isso nunca vai acontecer”.
Voltaram à cidade onde o novo apartamento deles estava agora pronto e todo decorado. Uns dias depois Johnny, foi reapresentar-se no trabalho e Scarlett ficou em casa, só.
Aquilo não era vida para ela. Pensou então que o melhor seria voltar para a faculdade e terminar o curso que interrompera. Teria assim a vida ocupada e não a ociosidade de ficar em casa.
O que pensou... fez, com a aprovação do marido.
Encontrou ainda algumas e alguns colegas do tempo dela, em final de curso. Todos lhe fizeram grande festa, incluindo os professores. Até o atrevido estuprador, Carter, que continuava a rondar a presa.
Perguntaram-lhe se queria volar a ser líder da torcida, o que ela recusou, e disse que o objetivo agora era terminar o curso interrompido e depois, conforme os filhos viessem ou não, um ou mais, iria trabalhar.
Carter não desgrudava o olho de Sacarlett, e ela percebia isso muito bem, e temia-o porque alguma lhe dizia que não lhe agradava.
Johnny sempre que os horários coincidiam, passava na faculdade para buscar a mulher. Um dia chegou bem em cima da hora, quando Carter assediava a mulher e via-se bem na cara desta que não estava a gostar daquilo.
Calmo, Johnny sai do carro, vai até eles quase sem ser visto, e quando Carter decide que pode avançar o quanto queria, sentiu no ouvido o estouro de uma bomba! Um violento tapa na orelha, dado no momento preciso. Caíu direitinho no chão. E quando se preparava para se levantar, viu a figura de Johnny, que lhe fazia só um sinal, com o dedo na boca, a mostrar-lhe que ficasse caladinho.
Viraram costas, foram embora e uns meses depois nascia o primeiro filho.
Scarlett interrompeu mais um pouco os estudos, mas não desistiu.
Carter, ninguém sabe que sumiço levou.
E Johnny, se chegou a tomar conhecimento dos antecendentes amorosos da “ex-líder” nunca demonstrou. Estava bem com esta família e uma mulher que continuava a dar a maior, e gostosa, luta.


03/03/2014