From
London... e muito frio!
Estando
em Londres não podia escrever “do Brasil”!
E como me vou atrever a escrever sobre “coisas” europeias, aqui estou... in
London.
Como
uns quantos europeus sabem, porque se
informam, aqui, nesta velha Albion, com toda a sua fleuma e arrogância, que
considera o continente isolado quando a Mancha está sob pesado nevoeiro, o
Parlamento continua com os mesmos debates, aqueles onde raramente se chega a conclusões.
Há
dias um ministro chegou atrasado um minuto – 60 segundos – pediu a palavra para
se desculpar pelo atraso, considerado uma falta de consideração para com os
demais, e à boa moda britânica entendeu que devia pedir demissão do seu cargo.
Não foi aceite este educado pedido, mas foi, sim, um exemplo de conduta ética.
Neste
momento o sobredito Parliament está
divido em dois blocos, que não se entendem: os Brexiteers que fingem que querem sair da EU, e os Remaineers, em maior número que os
antagonistas, que não querem e torpedeiam todo o esforço desencolatrado que a
Mrs. May vai tentando fazer, mais perdida que cego no meio dum tiroteio.
Depois
os jornais trazem entrevistas com MPs de ambos os lados e, a conclusão a que se
vai chegando é que ninguém sabe o que quer, nem como fazer, o que demonstra que
não se chega a qualquer conclusão.
Os
jornais xingam todos os dias a madama May, o negociador da União Europeia já
deu uns socos na mesa das negociações, para ver se a D. May resolve alguma
coisa, e... nada.
Nada,
neste caso, é um pouco a antítese da valentia e determinação dum soberbo e destemido British, tipo
capitão Cook ou do vencedor da Invencível
Armada, o good old man Nelson.
Como
me lembrou há dias um amigo, parece estar a fazer falta Trajano para construir
um novo muro lá dentro de Westminster, separando os picks dos que não picam nada.
Mas
eles são “nhurros” e a algum lado chegarão. Wait to see!
Entretanto
vi, em DVD, aliás, revi uma vez mais, um filme extraordinário: The Lion of the Desert, com Anthony
Quinn, que representa o grande líder e comandante da resistência dos líbios,
Omar Mukthar, que ficou conhecido como o Xeque dos Mártires (Shaykh al-Shuhada) que
mostra a luta, covarde, infame, dos italianos, na conquista da Cirenaica, a
metade oriental da atual Líbia.
Mataram
povos de aldeias inteiras, envenenaram e cimentaram poços de água, cometeram
atrocidades sem fim, e dei comigo a pensar que, agora, passados cerca de 100
anos, se os líbios não terão o direito de ocuparem, no mínimo, metade da
Itália!
Não
foi uma guerra religiosa, cristãos contra muçulmanos, mas uma guerra para
conquista de uma área imensa de terra, como os russos fizeram agora com a Crimeia!
Por
aqui os atos de terrorismo não acabaram, nem se prevê que venham a acabar pelos
próximos... talvez ainda muitos anos. A técnica continua a ser a de
atropelamentos, ataque com armas brancas, fáceis de transportar, e matar, e a
última é jogar ácido na cara das pessoas que ficam desfiguradas.
Quanto
ao mais, segundo “gritos” de protesto, alguns impostos estão a subir
loucamente, os políticos com toda a sua elegância e capacidade discursiva, são
iguaizinhos aos colegas de todos o mundo, incluindo os brasileiros, com a
diferença que aqui roubam imensamente menos, em número de ladrões e de valores.
Em
Londres há bairros onde 30% das crianças vivem no limite ou abaixo do nível de
pobreza, coisa que é difícil de acreditar, o Mayor anda a dar uma no cravo outra
na ferradura, para ver se se aguenta para novo mandato, o que já começa a
pôr-se em dúvida.
E
o preço dos imóveis sobe em flecha. Estranho, né?
De
resto, comparar Londres com o Rio de Janeiro é o mesmo tentar montar um
telefone celular com os restos duma roda de bicicleta!
Há
outra diferença muito confortável: o banho de banheira! No Brasil as águas são
um pouco acidas, Ph levemente abaixo de 7, e no fim do banho são necessárias
duas toalhas para se ficar seco, devido à alta humidade do ar. Nestas bandas
londrinas às águas são doces, isto é
calcárias, Ph por volta de 7,5, o que dá a sensação, agradável, de ter
misturado um hidratante.
Para
quem, nesta provecta idade, tem já a pele tipo a do crocodilo, fica com ela
macia com bumbum de recém nascido! Depois, devido ao ambiente muito menos
húmido, uma só tolha já deixa o corpo sequinho.
Podem
vir a Londres à vontade tomar banho de banheira. É ótimo!
O
clima está ótimo, máxima de 4-5º graus, felizmente Celsius e não Farenheit, as
ruas têm lá, de quando em vez, um ligeiro buraco – no Rio... de vez em quando
ainda tem um pouco de asfalto – os bus
continuam a trafegar com a tradicional pontualidade – no Rio... às vezes
passam... – e nesta altura do ano a cervoise
tiède, com este climazinho simpático, já sai quase estupidamente gelada.
Hoje,
para animar as roupas quentes, a neve chegou a fazer uma – curta – aparição!
O
maior drama, neste momento para os britânicos é a dona May, feita macha, mas
incapaz de fazer alguma coisa.
But...
God save the old Queen!
12/02/2018