O Lobo Mau e os 3 Porquinhos
Era uma vez... Não, já por várias vezes, sempre pelo
mundo fora desde que a humanidade entrou na sua fase mais destrutiva e a que se
deu o nome de Homo Sapiens, por eles, nós, aprendemos rapidinho a destruir
tudo que aparecesse pela frente.
Mas esta é mais uma história à la George Orwell,
e qualquer semelhança com a realidade hodierna, não é coincidência. É história.
Todos sabem que os Três Porquinhos, no original,
representam o povo, o povinho, humilde e desprotegido. Neste caso são “figuras
importantes”!
Fábula de que se não sabe a origem - Contos de
Fadas Celtas? Ésopo? - mas que ficou
na cultura talvez de todo o mundo (exceto Coreia do Norte?) divulgada que foi
por Joseph
Jacobs em 1853. Consta até
que já se contava essa historinha no século X.
A verdade, se é que
verdade existe, é que continuam, por todo o lado, muitos porquinhos a viver
mal, ameaçados por maus, péssimos lobos, que por sua vez sabem que acima deles
há uma foça maior que os pode derrubar se eles não cumprirem ordens que vêm lá
do “alto”.
Nesta história mudamos
os nomes dos porquinhos até porque ninguém sabe como eles se chamavam no tempo de
Etelredo, rei da Inglaterra no ano 1000; estes são atuais.
Porquinhos espertos,
artistas, mas sem representação popular, tipo puxa saco construíram
casas de todo o tipo, interessaram-se por artes, adotaram nomes das cores com
que pintaram suas casas, e nunca mais pensaram nos outros porcos que de entrada
punham neles a esperança de se verem livres de maus lobos e de deuses
enraivecidos.
Um deles construiu a
casa perto da costa, chamou-se Azul, como o mar; o segundo, mais dentro da
floresta, o Verde, e o terceiro numa capina, plana, muito sol, Branco.
O Lobo Mau, bem
gostaria que lhe chamassem o rei da matilha e adotou o nome, inglês, de King Cefalop,
o “Mau”, mas temia algo superior, chamado Camulus, nome que ouvira (?)
aos celtas, alguma coisa a que mais tarde se definiu na Bíblia, como Tzevaot, o
Deus da Guerra, mesmo que em outras línguas tenha outro nome, como Xandaot, mas
sempre a mesma incógnita, o mesmo poder de vida e de morte sobre qualquer ser
vivente.
O lobo, King Cefalop,
era psicopata, sociopata, sonhava perpetuar-se como King, mas sempre à sombra do
medo que Tzevaot lhe fazia, podendo tirar-lhe o poder terreno.
Para agradar ao seu
deus King Cefalop fazia guerra aos mais indefesos, e de muitas maneiras.
Roubava tudo quanto
podia, exigia tributos absurdos mas, esperto, precisou de três capangas para
executar a sua maldade, ameaçando-os com a destruição de sus casas e até com a
hipótese os comer.
E assim obrigava os
Três porquinhos a lhe fornecerem alimentação, sempre boa. Cordeiros, perdizes, vitelos, que
pacificamente pastavam nos prados onde morava o Azul, que há tarde se deliciava vendo os bandos de patos que voavam por cima da sua cabeça irem aterrar num lago no meio da campina, lagosta, ostras, vieiras, camarão grande, peixe fresco que o Branco tinha que lhe arranjar, queixando-se em segredo às brancas ondas do mar 1que vinham quase lavar-lhe os pés (as patas!), e o Verde, sentindo-se senhor das florestas e montanhas onde habitavam os grandes animais como búfalos e elefantes, explorava também outros infelizes para dali obter verduras saudáveis, como trufas, alho
poró, espargos, pupunha. Nenhum trabalhava diretamente. Todos tinham
subalternos que obedeciam, para que os Três não levassem desaforo para casa, ou perdessem tão elevada posição...
Cantava assim o king
Cefalop:
- Estou muito
contente, na boa festança, sempre bons petiscos para encher a minha pança!
Uma voz grave ouviu-se
ressuou:
- E o que bebes? Também
é o Verde que fornece?
- É. Ele esmaga umas
frutinhas que dão um líquido muito bom, e chamam-lhe PerMank, Rotxil, Bruto do
Montalchin, Pedradus, etc. Até um que ele chama Castel Amargou.
- Ao almoço. E à
janta?
Ah! A jenja também
come e bebe tudo isto.
Era uma vida luxuosa e
miserável que os porquinhos viviam, sempre ameaçados de perderem as suas casas,
que se iam transformando em mansões, medo de perderem, os Três, o seu sossego, sem
atinar como sair daquela tirania, com pavor à medida que satisfaziam as
exigências do Cefalop, este absoluto escravo obedecendo ao deus Xandaot.
O deus dos Três era o
deus do bem bom, do “não te preocupes, não te rales nem te entales”, mas a vida
estava a tornar-se impossível para os outros milhares ou milhões de porcos,
carneiros e restantes mamíferos que viam tudo degradar-se, sem encontrarem um
líder que os conduzisse para a paz geral.
O Verde, o Branco, e
o Azul, sectários do King Cefalop, iam vivendo bem, bem demais, mas lá no fundo
sabiam que um dia o pau os ia comer...
Nesta difícil
situação começaram algumas vozes a levantar-se contra a situação.
Quando chegavam aos
ouvidos do deus Xandaot (este deus ouvia muito bem, coisa rara) logo essas
vozes eram abafadas e os falantes ameaçados, maltratados, sem apoio perdiam até
o que comer porque lhes era retirado o espaço de pastagem!
A natureza tem o seu
modo de reagir. Nada é a correr. Os mais desprezados começaram a movimentar-se
e do meio deles saíram uns jovens porcos, carneiros e até mulas, cavalos e
bois, que, em reunião supersecreta estabeleceram um plano.
“Temos que correr com
o king cefalop das nossas terras e passarmos também a adorar outro deus que não
este feroz e imoral xandaot.”
Aplauso na reunião.
“Mas quem assume a
liderança?”
Dois respeitados idosos,
que assistiam à reunião aconselharam:
“Nós lutámos muito
quando jovens. Hoje não temos mais condições; mas o caminho, para evitar assassinatos
e outras mortes é juntar o maior número possível de todos os animais – o ideal
seriam todos – e chamar para a reunião os Três covardes e que tragam o Cefalop.
Nessa altura dizemos-lhes:
Não
queremos mais a vossa presença em nossas terras.
Podeis
trazer mais capangas para nos matarem.
Mas
reparem, nós somos milhões!
Vão-nos
matar a todos? Vocês serão esfolados vivos.
Cefalop tremeu. Ficou
lívido. Teve um ataque e ali mesmo virou cadáver. Teve um AVC (naquele tempo
conhecido como paulada na testa). Os Três covardes coloridos saíram de fininho
da reunião e desapareceram com suas fortunas para muito longe.
E os velhos
terminaram com esta solução:
Quem vai agora escolher
aqueles que nos possam governar somos nós. Estamos pobres porque nos roubam
tudo e nos ameaçam. Se algum novo escolhido se atrever a roubar nem que seja
uma pequena palha, nós corremos com ele. E notem bem, a partir de agora, desacreditamos
também o deus Xandaot. Ele que vá dar ordem no reino de Hades. Aqui... chega. Não
mais nos ameaçará. Já escolhemos uma deusa. As fêmeas são mães, protetoras. Os
machos são guerreiros. A nossa deusa a partir deste instante será Freya, associada
à paz, harmonia e natureza, assim como à compaixão, beleza, magia e fertilidade.
Naquelas terras a
harmonia voltou, Cefalop apagou-se, e Xandaot entrou no reino de Hades. Vai lá
arder até ao fim dos tempos.
Oxalá!
O póbrema é, de acordo
com Orwell, que sempre haverá uns porcos que são mais porcos que outros!
18/01/25