Tenho
andado longe do blog.
Não
é só a idade que está a reduzir a minha capacidade de criar alguma coisa, mas a
série de gravíssimos acontecimentos que tem afetado a todos nesta casa, nesta
família e, com dificuldade começo a tentar “esconder” tratando de assuntos diversos.
Apesar
disso hoje vou falar do nosso filho Chico, com algo de interesse não só para a
sua história, relembrando com o que encontrei num jornal de 1983.
Hotel Intercontinental –
BAR JAKUI – Rio de Janeiro
Em
1971 a Pan American World Airways construiu, num lugar lindo, em São Conrado, Rio
de Janeiro um magnífico hotel de 5 estrelas.
Em
1981 vendeu todos os hotéis que tinha espalhados pelo mundo a uma empresa
gigante americana – Grand Metropolitan Limited – que começou a fazer reformas
em todos os seus 108 hoteis, incluindo o de São Conrado, que agora, 2024, está
a ser remodelado para se tornar um condomínio de luxo, deixando de ser hotel.
É
de uma página do Jornal do Brasil de 04 de Fevereiro de 1983, cuja cópia anexo,
que retiro as informações que nos interessam.
Do
jornal:
“O estilo do hotel tornara-se já pesado no
bar, discoteca e salões e teve que ser remodelado. Como a discoteca, que tinha
um volume de som incómodo; mudaram-se as posições dos alto-falantes, etc.
O projeto que levou um
ano para ser concluído é de Francisco
Amorim, um jovem português que decidiu ficar no Brasil. Entre suas
ideias, uma das mais originais foi a troca de posição do palco que passou a
estar num plano mais elevado, atrás do balcão. Em vez de bancos altos e
desconfortáveis, Francisco resolveu criar
mais conforto e por isso escolheu cadeiras, onde as pessoas se sentam de
verdade e podem ver o barman preparando as bebidas e os músicos tocando. Os
vidros de 2 cm trabalhados em jatos de areia dão leveza e realçam o ambiente. A
lapidação, feita a fundo, cria diferentes efeitos dependendo da luz que incide sobre
os desenhos.
Para fazer um bar que fosse ao mesmo tempo tropical e internacional, o arquiteto português concebeu um lugar
com muitos tons de verde e que aproveitasse ao máximo a vista do andar térreo.
O tapete todo com desenho novo, feito sob encomenda, tem folhas alongadas; o
sofá forma várias curvas para criar cantos aconchegantes e íntimos. Não foram
esquecidas as almofadas com estamparias em verde e dão um ar caseiro. As
paredes foram forradas de camurça e as cadeiras em dois tons diferentes de
veludo. As mesas de granito têm acabamento em latão e, no deck bar, espelhos
fumê formam nichos que são complementados com acrílico.
A iluminação é embutida
e, para cada lugar que se olha, os espelhos proporcionam um pedaço da natureza,
do próprio bar ou da piscina do hotel. Como elemento decorativo muitas plantas
e folhagens feitas de latão. As prateleiras de espelhos, iluminadas por baixo e
por cima destacam a grande variedade de bebidas.”
O
jornal segue com outras informações que já não se referem à reforma do jovem arquiteto português que assumiu um projeto importante aos 23 anos, e
que resultou magnífico!
Numa
área logo na entrada do hotel tinha algumas lojas de roupas e outros artigos chiques,
para clientela de hotéis 5 estrelas, entre elas uma do amigo Frank Sanches, que
tinha em exposição e venda algumas peças que o Francisco Amorim também desenhara, entre elas um ótimo casaco de lã
com um logo especial, ótima qualidade, que me deu e uso até hoje
Assim,
em colaboração com o filho, os dois Franciscos (pai e filho) trabalharam juntos
e o pai fez toda a instalação de som. Comprou o necessário equipamento em São
Paulo e começou logo no hotel a passar a fiação e preparar a instalação final.
De
São Paulo, essa quantidade de equipamentos (era grande) assim que chegou a
altura de ser instalada, foi transportada para o Rio numa Kombi do pai, tendo a
mãe como motorista, ela que nunca guiara tal viatura!
Uma
história com mais de 40 anos, que acabou envolvendo o jovem e promissor arquiteto, seu
irmão e seus pais.
N.- Jakuy: o rio dos Jacus, nome de uma ave grande, bonita.
15/08/2024