sexta-feira, 16 de agosto de 2024

 

Tenho andado longe do blog.

Não é só a idade que está a reduzir a minha capacidade de criar alguma coisa, mas a série de gravíssimos acontecimentos que tem afetado a todos nesta casa, nesta família e, com dificuldade começo a tentar “esconder” tratando de assuntos diversos.

Apesar disso hoje vou falar do nosso filho Chico, com algo de interesse não só para a sua história, relembrando com o que encontrei num jornal de 1983.

Hotel Intercontinental – BAR  JAKUI – Rio de Janeiro

Em 1971 a Pan American World Airways construiu, num lugar lindo, em São Conrado, Rio de Janeiro um magnífico hotel de 5 estrelas.

Em 1981 vendeu todos os hotéis que tinha espalhados pelo mundo a uma empresa gigante americana – Grand Metropolitan Limited – que começou a fazer reformas em todos os seus 108 hoteis, incluindo o de São Conrado, que agora, 2024, está a ser remodelado para se tornar um condomínio de luxo, deixando de ser hotel.

É de uma página do Jornal do Brasil de 04 de Fevereiro de 1983, cuja cópia anexo, que retiro as informações que nos interessam.

Do jornal:

O estilo do hotel tornara-se já pesado no bar, discoteca e salões e teve que ser remodelado. Como a discoteca, que tinha um volume de som incómodo; mudaram-se as posições dos alto-falantes, etc.

O projeto que levou um ano para ser concluído é de Francisco Amorim, um jovem português que decidiu ficar no Brasil. Entre suas ideias, uma das mais originais foi a troca de posição do palco que passou a estar num plano mais elevado, atrás do balcão. Em vez de bancos altos e desconfortáveis, Francisco resolveu criar mais conforto e por isso escolheu cadeiras, onde as pessoas se sentam de verdade e podem ver o barman preparando as bebidas e os músicos tocando. Os vidros de 2 cm trabalhados em jatos de areia dão leveza e realçam o ambiente. A lapidação, feita a fundo, cria diferentes efeitos dependendo da luz que incide sobre os desenhos.
Para fazer um bar que fosse ao mesmo tempo tropical e internacional, o arquiteto português concebeu um lugar com muitos tons de verde e que aproveitasse ao máximo a vista do andar térreo. O tapete todo com desenho novo, feito sob encomenda, tem folhas alongadas; o sofá forma várias curvas para criar cantos aconchegantes e íntimos. Não foram esquecidas as almofadas com estamparias em verde e dão um ar caseiro. As paredes foram forradas de camurça e as cadeiras em dois tons diferentes de veludo. As mesas de granito têm acabamento em latão e, no deck bar, espelhos fumê formam nichos que são complementados com acrílico.

A iluminação é embutida e, para cada lugar que se olha, os espelhos proporcionam um pedaço da natureza, do próprio bar ou da piscina do hotel. Como elemento decorativo muitas plantas e folhagens feitas de latão. As prateleiras de espelhos, iluminadas por baixo e por cima destacam a grande variedade de bebidas.”

O jornal segue com outras informações que já não se referem à reforma do jovem arquiteto português que assumiu um projeto importante aos 23 anos, e que resultou magnífico!

Numa área logo na entrada do hotel tinha algumas lojas de roupas e outros artigos chiques, para clientela de hotéis 5 estrelas, entre elas uma do amigo Frank Sanches, que tinha em exposição e venda algumas peças que o Francisco Amorim também desenhara, entre elas um ótimo casaco de lã com um logo especial, ótima qualidade, que me deu e uso até hoje


 Para remodelar toda a discoteca e o som ambiente no bar e no salão, Francisco propôs ao pai, que trabalhava com essas instalações em muitas cidades, a partir de São Paulo, que apresentasse um orçamento para essa área, o que foi feito e aprovado pelo gerente geral do hotel.

Assim, em colaboração com o filho, os dois Franciscos (pai e filho) trabalharam juntos e o pai fez toda a instalação de som. Comprou o necessário equipamento em São Paulo e começou logo no hotel a passar a fiação e preparar a instalação final.

De São Paulo, essa quantidade de equipamentos (era grande) assim que chegou a altura de ser instalada, foi transportada para o Rio numa Kombi do pai, tendo a mãe como motorista, ela que nunca guiara tal viatura! Mas com a companhia do Tiago, com 15 anos, que ainda ajudou o pai na montagem de todos os aparelhos.

Uma história com mais de 40 anos, que acabou envolvendo o jovem e promissor arquiteto, seu  irmão e seus pais.

N.- Jakuy: o rio dos Jacus, nome de uma ave grande, bonita.



15/08/2024