quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

 

NATAL – 2022

 

Como era fácil, nos anos há muito já passados, mandar um cartãozinho de Natal, com uns anjinhos, um presépio ou algo na mesma tónica. Era mais um negócio à sombra da religião.

Esse tempo da “comodidade” e idolatria e exploração já quase passou e hoje usamos estas ferramentas eletrônicas para nos comunicarmos.

Mas, o que dizer nesta quadra que não digamos todos os dias nos nossos pensamentos sobre o Outro? Que passe um Bom Ano, Bom Natal, muita Paz e Saúde? Não fizemos isso o ano todo, quase todos os dias, lembrando filhos, netos, bisnetos, irmãos, família, amigos –alguns de amizade tão funda que só lhes chamamos irmãos – e ainda a pensar nos que nada têm disso e só pensam em guerra, roubo, cifrões, mas a quem eu gostaria de poder levar a palavra da Verdade: o Amor.

Estou com idade suficiente para dizer que estou velho! Não envelhecido que isso pressupunha parecer mais e ter menos, mas à cabeça assaltam-me todos os dias, virtualmente todos, saudades e desejos impossíveis de satisfazer.

Pois neste Natal, e sempre, eu queria ter o colo da minha mãe e do meu pai, abraçá-los muito e deixar-me ali a chorar como uma criancinha, que a velhice nos traz de volta. Ao mesmo tempo agarrar com muita força os filhos que já estão “lá em cima” e não os largar mais. E ainda aos que estão longe.

E eu sei que ficaria com as lágrimas a correr algumas eternidades.

Não me sobraria tempo para os restantes membros da família, dos amigos e de todos os outros? Sempre penso muito em todos.

Escrevi um livro – “Os Meus Amigos” – para não deixar esquecer aqueles que já descansam, e às vezes ainda me vem à memória um ou outro que deixei esquecido, com quem tive pouco contato ou que por respeito não falo neles.

Já lá estão quase 200! O livro está na nossa sala onde de vez em quando o vou folhear e “conversar” com alguns, lembrando uma brincadeira, uma ou outra vivência, e antes de fechar o livro dizer-lhes simplesmente “até logo”!

E muitas vezes comentar novamente algo que na altura nos fez e faz rir com aquele amigo que descansa no Eterno.

O que mais posso fazer nesta quadra? Mandar abraços e beijos?

Não consigo abraçar aqueles que vivem dentro de mim, foram e continuam a ser parte da minha vida. Sem eles, a sua amizade, o seu rir, as suas admoestações, eu hoje seria um velho, seco, como trapo abandonado.

Vou fazer o possível, para no momento “solene” do Natal, quando levantar o meu copo para uma “saúde”, mesmo estando presentes só nove descendentes, de um total de mais de vinte, eu possa desejar, sorrindo, Urbi et Orbi, Saúde, Paz e Amor ao Próximo.

E depois sento-me num canto e fico a pensar nos que estão longe. Ou muito longe.

E lamento, com Camões:

IX - 28

Vê que aqueles que devem à pobreza

Amor divino, e ao povo caridade,

Amam somente mandos e riqueza,

Simulando justiça e integridade.

Que o Deus vos abençoe, sempre.

 

11/12/22

 

7 comentários:

  1. FRANCISCO, O QUE FOR, SOARÁ. E DEUS NOS ABENÇOARÁ. DAQUI A UNS DIAS, FARÁ ANOS. ABRAÇOS.

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  2. Querido Tio, considere-se abraçado, lembrado e mto amado por mim :)) Um grd bjn. Desejo-vos um Natal Feliz e em Paz!

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  3. Que maravilha...guardarei sempre para meus próximos Natais....! Obrigada!

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    1. Evidente que não sei quem é o ou a Anónimo que escreveu estas palavras tõ simpáticas. Um abraço, forte

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  4. Querido Francisco! Querida Bela! Queridos sobrinhos, do ❤️ vos desejo um Novo Ano muito feliz! Também tenho muitas saudades do tempo que passou! ❤️❤️❤️

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