sábado, 29 de outubro de 2022

 

O  RETORNO  DE  DEUS

(escrito em 2010)

 

No pequeno lugar ao sul de Inglaterra, Clayton, West Sussex, na sua simpática e simples “cottage”, casa típica das áreas rurais inglesas, Peter vivia com sua família, mulher e um casal de filhos na faixa dos 10 a 12 anos. Todas as manhãs saía de casa, andava cerca de quinze minutos até à estação de Hassocks para apanhar o trem para Londres, onde trabalhava há mais de dez anos sempre na mesma empresa.

Homem tranquilo, decidido e enérgico profissional, bom chefe de família, tinha, aparentemente, tudo para estar de bem com a vida. Aos domingos acompanhava a família ao serviço religioso, na antiga e linda igreja St. John Baptist, uma preciosidade do século 11, e sempre de lá saía cumprimentando os vizinhos, amigos e o pastor, mas com a estranha sensação de ter simplesmente perdido tempo.

O ambiente da igreja, com afrescos belíssimos, que ele conhecia desde há muitos anos, e os sermões do pastor, não lhe diziam quase nada, mesmo procurando estar atento, e isso acabou por se tornar para ele uma preocupação.

Num desses domingos, um lindíssimo dia de primavera, primavera com aquelas cores que só a Europa do Norte tem, nem um único fiapo de nuvem nos céus, tempo fresco, o ideal para gozar a beleza do mundo. 


 Sentado numa cadeira de jardim, Peter contemplava aquelas terras verdes e bonitas que se estendiam para além do limite do seu terreno. Eram dum agricultor, idoso, que parecia estar a desistir da sua milenar profissão por não poder competir com os grandes produtores, e até abandonara um equipamento agrícola que jazia a uns duzentos metros de sua casa. Ia ganhando ferrugem, entristecia um pouco aquele ambiente de calma e paz, e nada tinha já que se aproveitasse. Sucata.

Peter deixava o seu pensamento correr ao sabor daquela tranqüilidade, e teve então um quase sobressalto que de há muito mexia com a sua cabeça: “Se Deus existe, porque será que eu nunca me apercebi da Sua existência! Quanto gostaria de ter um sinal, qualquer que fosse!”

Naquele instante, do limpissimo céu claro, caiu um raio seguido de um trovão com um poder imenso. Peter, na sua semi sonolência, não esperava tamanho estrondo e quase cai da cadeira! Olhou em frente e viu que o raio atingira exatamente aquela máquina abandonada e que a fizera em frangalhos. E o céu não escureceu, nem qualquer outra nuvem se formou!

Peter temeu! Seria este o sinal que ele esperava que o tal Deus lhe mandasse? A verdade é que não havia nos ares a menor condição de formação de trovoada, e o trovão deu-se assim que ele “pedira” um sinal. Ficou abalado. Que “sinal” estranho aquele!

Não conseguiu almoçar nesse dia, mal falou com a mulher e filhos deixando a família receosa que algo estivesse a afetar a sua saúde. Quiseram levá-lo ao hospital, mas ele respondia que estava bem. Podia estar bem, mas parecia um estranho no seu próprio ambiente!

No dia seguinte voltou à rotina de ir pegar o trem, mas ao chegar à estação sentiu-se pouco firme, cambaleando, a custo voltou para casa e avisou a empresa de que não estava passando bem. Jamais faltara por essa razão de modo que, se profissionalmente isso não o afetava, os colegas e superiores ficaram preocupados.

Assim que entrou em casa foi sentar-se na mesma cadeira onde na véspera assistira ao estranho fenômeno, e ali esteve quase todo o dia à procura de compreender o que se tinha passado. Queria reagir, sair daquela espécie de torpor, e decidiu que no dia seguinte, sentindo-se bem ou mal, teria que voltar ao trabalho.

Voltou. O dia correu-lhe pesado, e até os colegas estranharam o seu silêncio e quase absentismo. Não parecia a mesma pessoa, jovial, comunicativa. Como na véspera avisara que não se sentia bem, o que era verdade, pensaram que seria ou o começo ou final de algum resfriado mais forte.

No final do dia, como de costume, saiu depois de todos os outros, e foi para Victoria Station pegar o trem de volta a casa.

Sentado num canto da carruagem, procurava nas páginas do “Evening Standard”, que sempre lia nas viagens de regresso, algo que ocupasse a sua mente cansada, baralhada, nem ele mesmo sabia exatamente por quê.

Na sua frente sentou-se uma mulher jovem, muçulmana, a cabeça coberta com o tradicional hijad, e ao seu lado um homem de origem africana, de meia idade, folheando também o mesmo jornal.

A viagem durava habitualmente hora e meia; dava tempo para, muitas vezes, ainda cochilar um pouco, mas nesse dia era no jornal que procurava distrair-se.

Pouco tinham andado, talvez trinta ou quarenta minutos e, de repente, um estrondo imenso, atirou com todos os passageiros para fora dos seus lugares, sentiam-se ferragens a torcer e a gemer até que a carruagem finalmente parou, fora dos trilhos, e inclinada sobre um dos lados.

A composição tinha-se chocado com outra parada irregularmente na mesma linha! Em Redhill.

Ouviam-se gritos de dor e pedidos de socorro. Grande desordem e caos dentro de cada carruagem. Peter foi projetado nem ele mesmo percebeu para onde e como. Deve ter perdido os sentidos por alguns momentos e quando começou a ter consciência da situação, percebeu que tinha havido um grave acidente. Sangrava, mas nem percebia de onde. À sua volta corpos espalhados, contorcendo-se e sangrando. Perto, com um profundo golpe na cabeça, reconheceu a mulher que vinha sentada na sua frente. Deslocando-se com dificuldade e muita dor em todo o corpo, procurou ajudá-la. Com o seu casaco improvisou uma espécie de almofada onde deitou a cabeça da mulher, depois de ter afastado o véu, rasgado, deixando à vista uma ferida grande. Com palavras calmas ajudou a mulher a agüentar o sofrimento e ajeitou-a num canto da carruagem.

O homem que vinha a seu lado, jazia também, sem sentidos, uma perna torcida. Tinha uma grave fratura exposta! Peter rasgou a sua camisa e fez um torniquete na perna do desgraçado que sofria horrivelmente.

Ajudou ainda alguns mais até que exausto se sentou num canto, aguardando socorros, que não tardaram. Todos levados para o hospital mais próximo, Peter só pensava por que razão ele havia socorrido primeiro uma mulher muçulmana e um negro! Podia ter ajudado uns outros quantos, mas foi a esses dois que dedicou a pouca energia que conseguiu reunir até cair exausto.

No leito do hospital voltou a pensar que tudo quanto lhe estava a acontecer eram “coincidências” demais! Primeiro o raio e o trovão, e depois o auxílio que prestara tão imediato àqueles dois que considerava “semi” estrangeiros!

Seria tudo aquilo “obra” de Deus que lhe queria mostrar que a vida só tem valor quando a dedicamos, desinteressadamente, aos outros?

Tão logo teve alta do hospital foi direto a um lugar sossegado, silencioso, a sua tão antiga e bela igreja e, meditando com humildade, foi-se apercebendo que o “tal” Deus, afinal, lhe dera um recado completo!

 

12-abr-10

 

sábado, 22 de outubro de 2022

 

Silvana e Vittorio * Encontrados

 

Quem se lembra deste simpático casal de velhotes que sumiram “atrás da neblina que às primeiras horas da manhã subia das águas do Laco di Garda”, cuja história contei há em 2014 e só coloquei no blog há 5 anos? (https://fgamorim.blogspot.com/search?q=Silvana)

Passou-se muito tempo, e parecia que eles tinham “sido sugados” por uma nuvem, como hoje se faz com arquivos do computador!

Até que surge nova personagem que nos elucidou sobre o final da história.

Lembram-se que Silvana tinha já 80 anos e Vittorio 85, estavam de boa saúde, a prova foi aquele passeio matinal, onde desapareceram das vistas de quem os procurava.

Um jovem motorista passou àquela hora da manhã pela mesma estrada. Viu o casal de velhotes, muito agarrados (estava fria aquela neblina) e parou o carro para os ajudar.

O curioso é que esse motorista os reconheceu, a todas as família eram daquela região e, o curioso é o jovem ainda é da família da minha mulher, Meunier, e mais curioso ainda, tem o mesmo nome do avô dela!!!

A família Meunier, com várias gerações engenheiros especializados em tecelagem, em meados do século XIX dividiu-se e parte foi para Portugal e a outra ficou em Schio, onde até hoje têm fábrica de equipamentos.

Este parente seguiu a mesma profissão que lhe vinha de há uns dois séculos, veio há dias ao Brasil estudar um projeto de nova indústria, e sabendo que em Portugal havia família com o mesmo nome de família, ao passar por Lisboa tomou conhecimento da existência de uma senhora da sua família aqui no Rio de Janeiro e, muito amável veio visitá-la. Almoçou conosco, conversámos muito e no meio da conversa eu disse-lhe que tinha escrito uma pequena história sobre dois italianos, que haviam “sumido” passeando à bordas do Lago di Garda, e que quem leu se “zangou” comigo porque não tinha dado fim à história! Como podia, se eu não sabia o que lhes tinha acontecido?

Adriano (nome também do avô da minha mulher) fez uma cara de espanto, e disse que havia alguns anos tinha encontrado na estrada um casal idoso, que até conhecia bem as famílias, que moravam a menos de 20 quilómetros, e fez com que entrassem no seu carro, disposto a levá-los de volta ao hotel ou até a suas casas.

O casal entreolhou-se, abanaram significativamente a cabeça com um “não” e pediu-lhe que os deixasse onde houvesse um taxi para os levar a Milão.

- Adriano espantado: Milão???

- Sim, Milão. Decidimos ir para a Austrália.

- Para a Austrália???

- Sim. Tu, Adriano, sabes bem que eu vivo lá desde que saí de Vicenza, há mais de 60 anos!

E contou ao jovem como tinha encontrado a sua velha amiga de infância, e que tinham decidido juntar-se.

- E as malas onde estão?

- Vamos assim mesmo, antes de nos arrependermos. Compraremos no Aeroporto o que for necessário para a viagem e lá em casa, em Melbourne, teremos muita roupa!

- Mas sabem se tem voo, lugares marcados, etc.?

- Tem a toda a hora algum voo que vai para aquele lado, sabemos que haverá que fazer uma conexão no caminho, mas vamos lá chegar sem dizer nada a ninguém! Tudo quanto agora queremos é passarmos juntos o tempo que nos resta de vida, e não como dois viúvos meio isolados, mesmo com filhos e netos, e vivendo só de memórias. Tenho lá três filhos e uma boa quantidade de netos e bisnetos que nos irão ajudar. E mais, muito melhor para a Silvana, do que ficar só, num hotel, à espera de visitas de favor.

Minha mulher e eu, aqui em casa, ficámos espantados com a incrível história, mas não deixámos de aplaudir a coragem e decisão do casal.

Cada minuto que nos sobra de vida deve ser vivido com a mesma alegria de todos os outros. E a vida a dois é muito melhor do que a viuvez!

Perguntei: Adriano, você depois disso teve notícias deles?

Adriano: Eu pedi-lhes que me dessem dissessem alguma coisa após a chegada, mas só quase um ano depois é que soube, sem ser por eles nem alguém da família, que estavam muito bem. E nada mais. Imagino que nesta altura podem até estar já a dormir o sono dos justos, depois de terem aproveitado muito bem o que lhes restava. Achei sensacional.

Adriano pouco depois do almoço teve que seguir para o seu objetivo, e nós ficámos a cogitar como o mundo é pequeno: do nada surge-nos um parente, com o mesmo nome do avô da Dona Bela!

E mais, podendo finalmente dar a conhecer a uma amiga, carioca, que há anos nos pergunta se sabemos algo do casal “que desaparecera na neblina” e, por curiosa coincidência também através de um Adriano!

Tout est bien qui fini bien! Deo Gratias.

 

22/10/2022

domingo, 16 de outubro de 2022

 

A Fábula da Ignomínia

 

Procede sempre de maneira que de tua sabedoria

Nunca sofra o teu semelhante. Domina-te. Jamais te entregues

Rubaiyat – Omar Khayyam

 Era uma vez... e foi assim mesmo.

A história que vou contar, verdadeira, passou-se na Alemanha, e que eu presenciei há mais de 50 anos.

Nos arredores de uma pequena e muito bonita cidade, Giessen, um jovem engenheiro cedo se lançou na construção e fabricação de componentes elétricos para fins industriais.

Casou, e com a ajuda da mulher que assumiu a contabilidade, cresceu rápido por fabricar com grande qualidade e em poucos anos tinha já uma fábrica de grande referência e uma razoável quantidade de trabalhadores.

A fábrica era de um único proprietário, o engenheiro que a criou, mas estava já com idade para se aposentar, e sem filhos.

Chamou o advogado, reuniu todos os trabalhadores e no fim de um simpático almoço, num rápido pronunciamento, disse-lhes:

- Estou cansado, tenho direito a me aposentar, e, na presença do advogado que trouxe toda a documentação necessária, a empresa vai ser entregue a vocês todos. Vocês a partir deste momento, após a assinatura dos necessários documentos, serão os donos dela. Fica também consignado que, enquanto eu viver será a empresa que me pagará, a mim e minha esposa uma aposentadoria, também consignada na documentação a assinar.

Irão vocês escolher quem ficará no comando, em votação de todos, porque do mais modesto ao engenheiro mais qualificado, todos são sócios, donos, da empresa; à medida que forem saindo, ou se aposentando ou por qualquer outra razão, deixam a sociedade. Novos contratados, se necessários, após um estágio de poucos meses, se quiserem continuar na empresa, e merecerem, assumem a sua quota parte.

A votação foi fácil, garantiram ao diretor geral um período de quatro anos, e a empresa cresceu de forma ainda mais rápida, e era muito conceituada não só dentro da Alemanha como fora, exportando os seus equipamentos.

Ao fim dos quatro anos o pessoal quis mudar de diretor, um homem bem competente mas extremamente exigente, e escolheram um outro, mais aberto, até um tanto brincalhão, acima de quem logo começaram a cair algumas dúvidas sobre a sua seriedade nas compras e vendas, porque estaria a viver com mais pompa, sempre se tornando muito amável com os colegas.

Mandaram, em sigilo investigar, e confirmou-se que esse sujeito estava a fazer investimentos e comprar casa longe dali. Moral da história, estava a roubar a empresa e já se notava que as finanças andavam demasiado apertadas.

Imediata convocação para discutirem o futuro e foi apresentado novo candidato para diretor geral.

O alegre, brincalhão (e desonesto) tinha conquistado um bom número de colegas que, por razões óbvias queriam que ele continuasse a ser o responsável da empresa.

Discussão acesa na assembleia acabou por vencer o bom senso e a rigidez dos mais experientes e mudou-se novamente de diretor, sendo o que saía rebaixado no seu trabalho e logo convidado a sair.

Foi pena porque era um bom técnico, mas saiu. E não conseguiu trabalho em lugar algum.

Entretanto a fábrica continuava a progredir, muito bom nome entre os clientes, mas precisou de um técnico para substituir o que tinha sido dispensado, que após uma boa admoestação, foi readmitido.

Não tardou para inventar calúnias e a envenenar a cabeças de muitos colegas, que em nova assembleia, passados só dois anos, reconduziram o desonesto funcionário para o comando.

E recomeçou a empresa com dificuldades financeiras que jamais tivera. Logo se concluiu que a nomeação deste indivíduo tinha sido um erro que estava a matar a empresa. As vendas a cair, dificuldade de caixa mesmo para pagar salários, etc..

Nova assembleia geral.

Levantou-se a voz de um dos mais antigos colaboradores – sócio, como todos – e expôs o problema de forma dura e direta;

- Colegas e amigos

Estamos numa situação difícil, em risco de termos que fechar a fábrica, que alcançou grande qualidade e crédito junto dos seus cliente e dos bancos, fruto do trabalho do nosso antigo patrão e de todos aqueles que com ele trabalharam. Depois nós nomeamos o que considerávamos mais capaz, o engenheiro K... que, com seu grande trabalho e visão ainda elevou esta NOSSA empresa ao mais alto conceito, e quando um grupo de colegas, aqui presente, quis e conseguiu nomear uma pessoa desonesta, coisa que jamais pensámos que poderia estar entre nós, a NOSSA empresa começou a afundar, está neste momento a atravessar dificuldades nunca imaginadas.

Demos um passo para ir mais fundo quando o readmitimos, pior quando novamente o colocámos como diretor, o que mostra que esse homem deverá ter alguns parceiros nesta triste situação.

Ele está com um elevado património pessoal ROUBADO do nosso trabalho. E nós, todos, em risco de ver a fábrica fechar,

Vamos votar mais uma vez para ver se ainda conseguimos salvar o que já está meio perdido. Tem dois grupos aqui e cada um escolheu o seu representante. Não vale a pena enunciar o muito que por nós todos fez o engenheiro K... e sabemos que se votarem por aquele que nos roubado, a fábrica não terá mais que uns meses de vida.

Nós ficaremos pobres e o LADRÃO não sei se continuará a rir de nós, rico, porque aqui, na sala ao lado, está a equipa de investigadores da polícia, com o relatório de tudo o que esse homem tem feito e mais, trazendo já uma ordem de prisão.

Agora vamos votar:  Ou o engenheiro K..., sisudo, exigente, correto, ou no ladrão para nos roubar o que nos sobra.

É fácil imaginar em quem se votou.

 

Eu que estava, em 1966, naquela área em visita a duas fábricas de material fotográfico, depois de ouvir o que acima escrevo, pedi para fazer uma rápida visita a essa fábrica. Não recordo o nome dela, mas estava novamente em grande recuperação e era um exemplo em toda a região. Vi e ouvi o relato que acima transcrevo, certamente com algumas falhas porque são passados mais de 56 anos.

 

Aqui no Brasil está a passar-se algo semelhante, bem sei que em proporções muito maiores, onde estão envolvidos 225 milhões de habitantes, e a correr mal a votação, a ladroagem, em velocidade louca, levará muito milhões à miséria e, ainda para piorar, a toda a América Latina, que escumalha semelhante não deixa evoluir.

 

Pensai e meditai. O que se passou naquela fábrica na Alemanha Eu vi.

 

16/10/22

 

 

domingo, 9 de outubro de 2022

 

Num tempo em que os homens se matam porque, parece, nada mais sabem o que fazer, vou repetir uma pequena passagem já postada neste blog em 2010.

E relembro Alexandre Herculano, ou Blaise Pascal (?) que escreveram "Quanto mais conheço os homens mais gosto dos cães" ou ainda Rodrigo Santos que nos põe também frente a uma realidade: "Maior prova de que não dá pra confiar em humanos: até os cegos preferem ser guiados por cachorros", mostrar-lhes uma bela parte da história de um jovem FGA, com 14 anos. no interior da Amazónia


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Do livro “O Cedro Vermelho”, II volume,
“Notas e Esclarecimentos”,

de Francisco Gomes de Amorim, 1827-1891
******
Soldados desertores... que se reuniam aos assassinos
para roubar de sociedade

(I Vol., pag. 81, lin. 18)
Manteve-se a ortografia original.

É sabido como a maioria dos denominados cabanos se compunha de facínoras, aptos para todos os crimes. Expulsos da cidade do Pará, internaram-se no sertão e divididos em pequenos bandos continuaram flagelando a provincia. O presidente d'esta enviava de vez em quando destacamentos em perseguição d'elles para todos os rios, onde lhe constava que appareciam. Succedia porém ás vezes, que os soldados, não só se associavam com esses malfeitores, mas depois de os terem destruído os ficavam substituindo em alguns logares! Referirei um caso que se passou commigo.
Em 1841 construia-se uma escuna, por conta da casa Carmello & Barros, na margem direita do Xingu, próximo á foz do Curauatá. N'um sabbado á tarde todos os mestres e tapuios de casa pediram licença para irem passar a noite e o dia seguinte a uma aldeia da margem occidental, onde se fazia a festa de S. Thomé ou do Espirito Santo. Em casa ficaram apenas José António Carmello, portuguez, que teria trinta annos de idade; uma senhora branca, ainda moça, com um filhinho de collo; um preto de oito ou nove annos; e eu, que teria quatorze, e me achava empregado como caixeiro dos citados negociantes.
O logar era inteiramente deserto; a casa, construída de terra e estacas, e coberta de palha, estava situada quasi á borda do rio, no sopé de uma collina. Os vizinhos mais próximos ficavam a distancia de meia légua, na embocadura do Ourauatá (?), onde Ricardo Feio, natural de Lisboa, também construia um navio. Alem dos indivíduos acima ditos, havia em casa de Carmello & Barros um grande cão, de raça dinamarqueza, que a communidade de infortúnio me tinha associado como único amigo. Chamavam-lhe Rabicho, em vez de rabão, por lhe terem cortado a cauda! Este infeliz fora da cidade com Manuel de Lima Barros, sócio de Carmello; e os marinheiros, entre outras judiarias com que o atormentaram, por distracção, brearam-n'o e alcatroaram-n'o, sob pretexto de o tornar impermeável. Chegado ao Xingu, deixou-se ficar ali, quando o navio voltou para a cidade, vivendo do acaso, moído por todos com pauladas, porque a fome o tornava ladrão, e repellido sempre, por causa, da sua figura pouco sympathica das feridas cruéis que lhe tinham feito, da sua magreza repugnante e do seu caracter insociável, azedado pêlos maus tratos. Por acaso ou por uma tal ou qual identidade de destinos, reparámos um no outro e insensielmente nos approximámos. Rabicho começou a seguir-me por toda a parte com solicitude, atirando-se aos rios onde me via saltar para tomar banho, nadando ao meu lado, sem nunca me perder de vista, não me permittindo grande demora dentro da agua, explorando as florestas adiante de mim, cada vez que eu n'ellas entrava, e velando-me enquanto eu dormia. Grato a estas demonstrações, retribuia-lh'as com metade da minha ração; tosquiei-o cuidadosamente, livrando o da cobertura de breu; curei-lhe todas as mazellas; e quando lhe cresceu novamente o pêllo, ensaboava-lh'o com frequencïa, lavando-o por vezes com água de plantas aromáticas. Ao cabo de pouco tempo o animal tornara-se inteiramente diverso do que fora e ligara-se á mim com uma affeição, que só acabou com a sua morte.
Francisco Gomes de Amorim em 1891

Na noite a que me refiro tinha eu adormecido no copiar da casa, espécie de telheiro saliente para o lado do rio, onde o calor excessivo do clima me obrigava por vezes a atar a rede. No melhor do primeiro somno, senti que me sacudiam, e, acordando, vi o cão que me agarrava as bordas da rede, agitando-a com violência. Como n'aquelle tempo não havia noticia de se ter manifestado a hydrophobia no Brazil, julguei que Rabicho se divertisse commigo e empurrei-o com os pés, preparando-me para adormecer novamente. Vendo esta disposição, o intellígente animal, que tinha a grandeza dos maiores da sua espécie e raça, metteu-se debaixo da rede, e, suspendendo-a, deitou-me ao chão; em seguida correu para fora do copiar, voltou atraz, tornou a sair, e a entrar, como convidando-me a segui-lo; e tudo isto sem ladrar e sem fazer o menor ruído!
Levantei-me furioso, com intuito de puni-lo pela inopportunidade dos seus gracejos, quando me pareceu ouvir rumor do lado de traz da habitação. Fazia luar, claro como se fosse dia; Rabicho, notando que eu tomava a attitude de quem escuta, soltou um rugido surdo e correu novamente para fora.
—Avança, cão!
A este grito, dír-se-ia que um obuz o tinha arremessado contra a collina, e que lhe saia da garganta a voz dos trovões! Comprehendi então a causa por que elle me acordara; e todos os seus esforços para me advertir de um perigo imminente. Entrei logo em casa, fechei a porta por dentro, chamei Carmello, e accendi um candieiro.
— Que é?
— Não ouve o Rabicho? Penso que são ladrões!
— Ladrões?
— Tem-se dito que no Xingu anda uma quadrilha de cabanos e de soldados desertores...
Cannello, que tinha no quarto seis ou oito armas de munição, ergueu-se de um pulo acordou a mulher, e abrindo uma grande caixa de folha de Flandres, onde tinha mil cartuchos embalados, ensinou-a a carregar as armas com grande rapidez. Depois voltando-se para mim:
— O senhor sabe atirar?
Como eu hesitasse em responder, acrescentou:
— Tem medo?
— Ainda não sei bem do que se trata...
— Ah! trata-se simplesmente de nos tirarem a pelle.
— Isso é serio?!
— Vae ver.
— Estas espingardas darão grande couce? Se tivesse alguma mais pequena?...
— A occasiâo é boa para escolhas! E dirigindo-se outra vez á mulher:
— À medida que eu as for descarregando, faze assim... vê que fiquem bem escorvadas e vae-mas ponde a jeito.
Mordia os cartuchos, escorvava as armas, que eram todas de pederneira, mettia-lhes as cargas, batia com as coronhas no chão e em menos de um minuto as tinha todas promptas e encostadas á porta, que do lado de traz da casa deitava para a encosta.
— Se não quer morrer, vá fazendo o mesmo que eu fizer. Tira essa luz para traz da parede; convém que não nos vejam, nem saibam se somos muitos ou poucos. Como o Rabicho trabalha!
Effectivamente, o cão avançava com furia, segundo os seus latidos aos annunciavam.
— O senhor ha de abrir a porta muito devagarinho; como o luar vem do rio, a sombra da casa projecta-se para a encosta; assim que abrir, deixe-me manobrar, mas atire também, se gosta de viver... Tome sempre cuidado, não me mate a mim!
Abri a porta, como elle ordenara, e avistei uns poucos de homens, querendo encobrir-se com um grupo de pequenas arvores que havia a meia subida da collina, e defendendo-se do cão que os acommettia sem cessar. Carmello deu quatro tiros segui¬dos, fazendo pontaria ao bando; eu descar¬reguei também duas ou três armas, emquanto a mulher de Carmello carregava com rapidez admirável, e varonil sangue frio, as espingardas que o marido largava. O cão, sentindo-se mais forte com o nosso apoio, atacava com maior bravura.
— Mata esse diabo com uma baionetada! gritou um dos assaltantes.
— Mata! e avancemos á casa!
— Ai!
— Mata! Mata!
— Ai! Ai!
— Atira, diabo!
— Fujamos, que são muitos!
Estes gritos foram soltados pelos salteadores quasi todos a um tempo. Aos nossos tiros respondeu apenas um, cuja carga de chumbo foi cravar-se toda ao lado da porta, sem que nos tocasse um bago.
— Fogo, rapazes! Fogo n'aquelles cães! Avança, Rabicho! Ahi, cão! Aboca! Aboca!
Gritando assim, Carmello atirava com tanta rapidez, que os assaltantes desappareceram de corrida no alto da collina, persegui¬dos sempre pelo cão, que apesar de ferido não os largou senão depois de o chamarmos repetidas vezes. Pelos gritos e gemidos que ouvimos, ficámos suppondo, que as nossas balas nem todas se perderam e que Rabicho tinha marcado bem alguns dos ladrões. Revistando-o, logo que elle chegou ao pé de nós, achámos-lhe a boca cheia de sangue e fragmentos de pelle humana, misturados com fios da roupa dilacerada, conjunctamente com as carnes.
— Coitado! — exclamou Carmello, que o examinava.
— Fizeste bem o teu dever!
— Devemos-lhe a vida! —acrescentei eu, afagando-o. — Se elle me não acordasse, estávamos servidos!
— Ah! foi elle?!
Referi a Carmello como as cousas se tinham passado.
— Todos se portaram bem! Eu penso que matei dois d'aquelles cachorros.
— Eu atirei ao monte... —E conclui commigo: — Fechando os olhos!
— Agora é arriscado irmos ver o effeito dos nossos tiros. O Ricardo Feio deve tê-los ouvido na sua feitoria, e, provavelmente, mandará alguem pela manhâ saber o que foi.
— Talvez se persuadisse de que eram salvas que nós dávamos, festejando o dia em que se poz a primeira tábua do costado?...
— Isso é verdade... Aqui não se faz nada sem descargas ou sem foguetes! Maldito costume dos tapuios!... Se a gente quizer pedir alguma vez soccorro, ninguém percebe!...
— Quem sabe se os ladrões não iriam tambem assaltar a feitoria do Ricardo?!
— É possível... Mas elle não ha de ter sido tão asno como eu, que deixei ir os carpinteiros todos para a outra banda, sabendo que o Xingu anda ha dias mal assombrado!
— Pobre Rabicho! Tem umas poucas de picadas no cachaço, e está perdendo muito sangue!
— Vá lavá-lo com sal e vinagre, que eu, pelo seguro, fico aqui de sentinella até amanhecer. Dá cá o meu cachimbo, e arranjem café.
Fiz o curativo ao cão, que protestava latindo dolorosamente contra a brutalidade do medicamento; mas comprehendendo sem duvida que era para seu beneficio, não me recompensou, mordendo-me, como poderia fazer qualquer creatura de certa espécie que sabemos... Depois voltei com elle para junto do Carmello e ficámos conversando e fumando até pela manha; é claro que Rabicho não to¬mou parte nos nossos prazeres e distracções, comquanto fosse tão digno como qualquer outro de se associar a ellas; mas tinha profundo horror ao café, e não era mais tratavel com o tabaco.
No dia seguinte pela manhã subimos a collina e achámos a terra revolvida de meia encosta para cima, e as folhas que a juncavam abundantemente regadas de sangue. Como não apparecesse ninguém, embarcámos todos n'uma canoa e fomos á feitoria de Ricardo Feio. Encontrámo-lo em casa, com todos os seus tapuios, e referimos-lhe os successos da noite. Os nossos tiros tinham sido ouvidos; porém, como eu suspeitara, attribuiram-n'os a causas festivas. Logo que souberam o verdadeiro motivo, armaram-se e partiram comnosco para a feitoria de Carmello. Chegados ali, seguimos, guiados pelo cão, o rasto do sangue, perfeitamente visível; e depois de termos andado por espaço de uma hora através da floresta, descemos novamente para a Beira do rio. Ahi notavam-se na areia não só os vestígios sanguinolentos como as piugadas de muitos homens. Pareceu-nos, pelo exame a que procedemos, que os facínoras não seriam menos de vinte! Apesar de nós não sermos tantos, como íamos armados e sabíamos por experiência que elles tinham apenas uma espingarda ou que lhes faltava pólvora ou balas para se servirem de outras, continuámos a dar-lhes caça. Mais adiante havia uma coroa de areia, separada da margem por um canal que teria meia dúzia de braças de largura. As piugadas sumiam-se na agua em direcção a essa pequena ilha. Rabicho atravessou o esteiro e começou a cavar do outro lado. Como o passo era fácil, fomos atraz d'elle e em poucos segundos o vimos descobrir o cadáver de um homem agigantado, que lhe ajudámos a desenterrar. O morto era mulato e vestia a fardeta de soldado de um dos regimentos que, das outras províncias, haviam ido em auxilio do Pará. Tinha o peito varado por duas balas e uma das pernas dilacerada pelos dentes do meu guarda fiel. O rasto dos que fugiam desaparecia no fim do areial, á beira do rio. Provavelmente ali os esperara a canoa em que tinham vindo e na qual reembarcaram mas os signaes de sangue e a impressão de alguns passos mais profundamente marcados na areia, radicavam que o morto deixado não fora o único ferido pelas nossas balas. Talvez que outros corpos fossem confiados ao Xingu, cujos monstros sabem ás vezes guardar melhor um segredo do que as sepulturas da terra. O certo ó que nunca mais ouvimos fallar dos que foram nem dos que ficaram.
Este facto não foi único; houve differentes assaltos d'esta natureza, e nem sempre os malvados encontraram para recebe-los homens com a bravura e sangue frio de Carmello. Muitas canoas dos negociantes chamados regatões foram tomadas por elles, roubadas e desamparadas ás correntes dos rios, depois de assassinadas as guarnições. E se não fora a justiça summaria e a energia do general Andréa, presidente da província, só Deus sabe como e quando esta se veria livre dos malfeitores cabanos e seus associados!
O cão Rabicho seguiu ainda durante algum tempo a minha fortuna pelo Amazonas; e quando uma doença prematura me privou da sua affeição, reguei com lagrimas sinceras a sepultura que lhe abri na costa de Paricátiba, na margem direita do Amazonas, consagrando á sua memória os primeiros quatro versos que escrevi e foram gravados n’uma lápida de itaúba (Acrodiclidium Itauba).



Seria assim o grande Rabicho ?

terça-feira, 4 de outubro de 2022

 

A  FOME

No Brasil e no Mundo

 Há 17 – dezessete – anos, i. é, em 2005, escrevi alguns textos sobre a situação do Brasil, que reproduzo abaixo (letra colorida), e que comentavam a vergonha do governo petista, tão elogiado pela Europa... ainda hoje.

Naquele tempo o jornal “O Globo” malhava! Depois foi invadido pela esquerda e virou também ele, o jornal, um instrumento de divulgação de falsidades, quando os seus falsificadores deixaram de receber o pagamento que lhes chegava da corrupção.

Passou-se o mesmo com “artistas conceituados” que eram financiados pela esquerda e que hoje, quando acabou a mamata, choram por esses “bons” tempos.

Quando o “sapo-barbudo” concorreu à presidência, e venceu, apregoou que o Brasil ia virar um paraíso. E tinha razão! Roubou e deixou roubar dos cofres públicos centenas de BILHÕES de Reais ou Dólares, que ajudou muitos apaniguados a viverem no paraíso, como o semianalfabeto filhinho, que de ajudante de servente no zoológico virou um dos homens mais ricos no país. Andava de ónibus e hoje anda num avião particular (a jato, evidente) tem milhares de hectares de fazendas de gado, é sócio de inúmeras empresas, etc. Esse e muitos outros entraram, ipsis verbis, no paraíso.

O povo... que bicho é esse a quem chamam povo ???

Um dos programas anunciados e elogiados pelo excelência, urbi et orbi, foi o Fome Zero. Berrou do alto dos palcos, de onde vomitava promessas, que ia acabar com a fome no Brasil, e mais, que todo o brasileiro “ia ter três refeições por dia” !

Entre esses vómitos de baixaria, em um dos pronunciamentos pela TV, declarou aos berros – tipo Hitler – que “Vou tirar o povo da merda!” E, como nos sambas, insistiu no refrão, repetiu: “Vou tirar o povo da merda!”

Se até há pouco esta palavra era considerada baixo calão, coisa de pessoas chulas, sem qualquer nível, a Lusofonia que se prepare para retirar a palavra da baixaria e a colocar nos altos níveis de pronunciamentos que são esperados de um Presidente da República.

Mas com este linguajar o presidente da merda, só ganha cada vez mais popularidade, aqui e pelo mundo todo, ao ponto de em Espanha ter sido considerado a Personalidade do Ano! Aqui, internamente, ainda seria natural, já que o nível cultural da maioria da população é de m#@&a, e adora ouvir este tipo de palavreado. Eles adoram, aplaudem e gritam na euforia da ignoraria; “Viva! Ele é coma nóis!”

Mas Espanha dar o título de personalidade do ano a um presidente que só fala m&@#a! ? E faz gestos simpáticos para o mundo. (ver em

https://zukumuna.blogspot.com/search?q=merda, 12/12/2009)

Brilhante.

Ignorante é assim. Mente, mente que o povo acaba por acreditar, e seguindo esta linha de atuação ganhou os mais abandonados do norte e nordeste do Brasil, que ainda estão à espera da primeira refeição!

A FOME é uma calamidade mundial. Segundo a Worldometer em todo o mundo há oitocentos e cinquenta milhões de desnutridos e, pasmem, ó gentes, o dobro de gente com peso a mais, além de oitocentos e vinte milhões de obesos.

E o fala barato ía acabar com a fome no Brasil! Os ignorantes acreditaram, e ano e meio depois de tomar posse o fantasioso e mentiroso plano foi encerrado. Aumentaram os esfomeados.

Há muitas ONGs a pedirem dinheiro para aliviar a fome no mundo. Não consta em relatório algum que a FOME esteja a diminuir. Pelo contrário. Os homens não se interessam por isso. Não rende. Melhor investir em indústrias farmacêuticas (e de material bélico) do que ensinar as pessoas a comerem bem, com custo baixo.

Não é impossível, mesmo parecendo que é.

Ver órgãos de informação do porte do jornal “O Globo” divulgar nas suas páginas, e muito bem, que para isso serve a liberdade de imprensa (até quando ???), opiniões sobre o presidente do nosso país, que são de arrasar, levam-me a duas conclusões: primeiro rir até que caiam as lágrimas pelo caricato de tudo isto, e depois continuar deixando as lágrimas rolarem pela desgraça que representa.

Um país conduzido por um “vivaldino de araque” (expressão, muito interessante, de Joaquim Ferreira dos Santos), um “babau”, “cabeça chata” que “bota boné e faz metáforas”, mas que até hoje, passados quase dois anos e meio, não governou rigorosamente nada, permitindo que o país ande à deriva e que os dinheiros públicos derivem por sua vez para grupos nepotistas ou corruptistas. só chorando.

Há dois anos escrevi que isto era inevitável. Está até publicado em alguns jornais de menor circulação: o governo Lula não vai fazer nada nos dois primeiros anos, por incapacidade, guardando os investimentos para os últimos tempos do primeiro mandato, porque não vai ficar na mamata somente quatro anos. Os urubus vieram para ficar, no mínimo, no mínimo, oito. E vão. Tal como diz Arnaldo Jabor: “o Lula vai ser reeleito, aposto e registro em cartório”.

O apregoado aos sete ventos programa Fome Zero, e até elogiado no estrangeiro, onde nada sabem do que aqui se passa, virou só Fome! O Zero, que estaria à esquerda... foi-se. Não se criaram postos de trabalho, não se desenvolveram infra-estruturas, não se facilitou a instalação de novas empresas, enfim não se deu oportunidade ao povo de aceder à dignidade que lhe é devida: trabalhar e receber o suficiente para sustentar a sua família, sem ter que esmolar programas do governo que têm servido, em tantos e tantos casos, para que intermediários se locupletem com a anarquia que reina neste pobre país rico... de araque!

Vivaldino: indivíduo espertalhão, muito vivo, grande malandro.

Araque: de qualidade inferior, ordinário.

Babau: personagem fantástico da farsa popular bumba-meu-boi.            

É chato insistir, mas a obsessão pela reeleição levou o país à situação de maior desgraça. Não se investiu em segurança, nem em coisa alguma. Da dotação orçada e autorizada para segurança, o país aplicou menos de nove por cento. Só gastou bem na compra de votos do compadrio e na imensa quantidade de farinha para fazer a pizza que vai cobrir a malandragem do PT, incluindo os virgens e ingênuos Zés Dirceus e Genoínos, com muito molho de tomate, vermelhão “à la soviética”.

Gastou-se, isso sim, e muito, também em viagens, despesas de deslocação e alojamento (só em 2005, até fim de Setembro, quase dois bilhões de reais!), enquanto o governo/desgoverno se pavoneia por esse mundo afora a apregoar que o Bolsa Família e o Fome Zero vão salvar o país da miséria, dois aleijões políticos que os babacas lá de fora aplaudem como se estivessem a ver a reencarnação da Madre Tereza de Calcutá! E condecoram o chefe desta grande desgovernação! Ao fazerem isso, em vez de homenagearem o país, o desprestigiam! Cada vez que um governo estrangeiro se lembra de condecorar o chefe desta palhaçada, nós todos devíamos ficar envergonhados.

Estamos agora “à beira de outra calamidade”!

As eleições mostraram que a luta pelo segundo turno, entre um ladrão/corrupto (condenado a 21 anos de cadeia, não absolvido mas o compadrio com o ultra corrupto tribunal supremo anulou o julgamento e mandou o processo para outra vara, que o arquivou e deixou prescrever !!!) e um individuo, infelizmente de fraco nível, vai ser terrível.

Se o ladrão, aplaudido pela esquerda feroz de todo o mundo, ganhar, toda a vergonha dos 14 anos do governo pt, vai reaparecer com ganas de mais roubar e de vinganças.

E o famigerado tribunal supremo continuará a ditar ordens anti-constitucionais, desta vez com o aplauso do governo.

O país pode entrar numa situação extrema que obrigue as Forças Armadas a intervir.

Quem viver verá.

A mídia, super esquerdista, sobretudo na Europa, divulgou aos sete ventos que o Bolsonaro ia matar homossexuais, (uma jornalista portuguesa, Maria João Lopes até “previu” que o Presidente Bolsonaro, uma vez eleito ia matar milhares de mulheres, criancinhas, homossexuais e outros absurdos, que vai ser uma desgraça mundial. Outros compararam-no a Hitler, e fez-se a cabeça da maioria das pessoas que acabaram por achar que seria um ditador ultra direita.

Gente estúpida inventa coisas estupidez para continuar a aparecer!

A esquerda internacional não perdoa a alguém que não seja da sua cor. Chegam até a aplaudir Noriega, Che (que se entretinha a matar presos políticos em Cuba) e outros bandidos que se apoderaram da maioria dos países, na América e na Europa, e quando Putin decidiu retalhar a Ucrânia, fingiram que estavam a apoiar os Ucranianos, mas nada fizeram.

Não tarde a ver a Turquia começar a morder na Grécia, como mordeu na Arménia, nos Curdos e outros.

O mundo está cada vez mais confuso, no salve-se quem puder.

Mas se unir e acabar com a fome... isso é assunto de menor ou nenhuma preocupação.

Ainda por cima a FOME não é um problema político, mas um problema sobretudo cultural: ensinar, ensinar, ensinar.

Aqui no Brasil não é diferente.

 

03/10/2022