sexta-feira, 29 de maio de 2020





Presidente e Presidentes e Presid’Anta

Há poucos dias um sobrinho, amigo, português, que se compraz a fazer lá da Europa algumas críticas ao Presidente do Brasil, mandou-me uma frase “lapidar”: Quem não está ao nível do cargo que exerce... irá ser sempre gozado, o caso do Trump e do Bolsonaro.”
Meu caro, não sei se alguém consegue encontrar algum modo de comparar estes dois indivíduos, a menos que use comparar, por exemplo, levar um tapa na cara com ir ver um filme horrível, coisa de que ninguém gosta, mas pode dizer que se inserem no mesmo capítulo de “coisas de que eu não gosto”.
É fácil explicar: o Trump foi, toda a vida, um grande vigarista, fala barato, vive numa casa com as paredes forradas a ouro, faliu umas sete ou oito vezes, nunca pagou um cêntimo aos seus credores, juntou uma fortuna imensa, mas deve outro tanto. Então com base em informações sólidas podemos dizer que o tal sr. Trump é um vigarista, desonesto, etc., que odeia os mais fracos, latinos e negros, porque disso há provas, etc.
Mas de Bolsonaro nada disto lhe pode ser imputado. Pode não ser um gentleman, não deve um centavo a ninguém, nunca roubou, tem um linguajar demasiado “popular”, usando palavras que nós, simples mortais usamos todo o dia e quase a toda a hora, mas criticamos quando as ouvimos de outrem (como se algumas palavras fossem nossa propriedade!).
Há talvez uns de 30 anos vi na tv uma pequena reportagem sobre o Trump, e fixei esta passagem: “Tinha na altura uma fortuna avaliada em 20 ou 30 milhões de dólares, mas devia mais de 40!” Imaginei que esse sujeito não tardava a ser uma carta fora de qualquer baralho. Enganou todo o mundo, não pagou a ninguém, espionou e torpedeou as eleições e chegou a presidente dos EUA.
Um outro português, que anda metido na política há muitos anos, o sr. Marques Mendes, também disse há dias uma grande besteira: “O Bolsonaro é um imbecil.” Comentador de tv, propalou aos sete ventos uma grande inverdade e muita inguinorança.
O Presidente Bolsonaro não é, nem um pouco, imbecil. Usa uma linguagem rude, popular, e mais, erudita! Explico: volta e meia usa a palavra “merda”. Pois é.
Em 1220 o rei de Portugal, Dom Sancho I, ordenou a um rico-homem Dom Martim Pires da Maia, alferes-mor, que desse uma carta de povoamento aos moradores da freguesia de Navais (na Póvoa de Varzim) estipulando os foros e isenções. Por exemplo não pagavam coima exceto por rousso (raptar ou violentar uma mulher), homicídio ou merda na boca (meter excremento na boca de alguém, que também se escrevia merdimbuca), que era tão grave que Dom Dinis impôs a pena de morte para este crime.
Perguntinha infantil: o que tem saído da boca de alguns jornalistas, comentadores de tv, etc.? Merda.
Alguém deveria ser julgado por lhes ter metido isso na boca ou na cabeça. É só saber quem manda, quem paga a essa gente e depois chamar o grande Rei Dom Dinis.
Bolsonaro ainda não fez isso, mas usou uma palavra usada por reis!
Talvez um pouco desbocado, sobretudo porque tem a mídia mundial, incluindo a SIC (ligada à Globo onde o sr. Marques Mendes emite suas “doutas” opiniões) a todo o dia chafurdarem na vida dos seus familiares, chegando a afirmar que a avó da sua esposa, uma velhota, pobre, doente com Parkinson, era traficante, porque um dia, faz anos, foi apanhada com uns papelotes de cocaína (que vendia a 5 reais cada, para sobreviver num meio onde reina o tráfico), foi presa e pagou sua dívida para com a sociedade.
Ora, sr. Marques Mendes, o senhor que foi ministro diversas vezes, agraciado com uma condecoração toda bonita por ser compincha do Presidente Marcelo, vomita disparates aos microfones duma tv pertencente a um grupo de milionários que prefere mentir para agradar à escumalha esquerdista do que enfrentar a verdade, com ar de grand seigneur que nem a passagem pela Universidade de Coimbra lhe conferiu e, com toda a proteção da covardia chamar imbecil a um homem que enfrentou a roubalheira e o esquerdismo destrutivo, é um demonstrativo, indiscutível, da sua pequenez.
Pequenez como homem, como político e como comentador.
Todos sabem, e o sr. Marques Mendes também, que há dois tipos ou sistemas de governação: presidencialismo (Brasil, França, USA...) e parlamentarismo (Portugal, Reino Unido, Espanha...)
Ambos têm vantagens como desvantagens.
No primeiro caso o chefe do Poder Executivo é o presidente, que é eleito pelo povo por meio do voto direto ou indireto, no caso do Brasil quase 58 milhões de votos ao senhor a quem um português, chamou de imbecil.
No parlamentarismo, o chefe do Poder Executivo é o primeiro-ministro, que é escolhido pelos membros do Poder Legislativo.
Vamos ver um pouco melhor: no Brasil há 33 partidos políticos registrados. Não fica difícil imaginar o que seria por aqui um parlamentarismo, todos a venderem-se para se coligarem e governar, de modo que por enquanto parece difícil alterar o status quo.
Em Portugal há menos de uma dúzia de partidos com alguma expressão, mas o grupo centrista, apesar de ter sido o mais votado, não soube entender-se com o que lhe estava mais próximo e o governo caiu nas mãos dos mais vivaços, esquerdistas.
O parlamentarismo transforma os presidentes das repúblicas e/ou monarquias em uma espécie de rainha de Inglaterra, que tudo quanto lhe cabe fazer, além de trocar aqueles chapéus horríveis, é dar o seu beneplácito a quem o parlamento manda. Palhaçada, inútil.
O mesmo se passa em Portugal onde, ao PR pouco mais sobra para fazer do que se mostrar de cuecas no supermercado, ir à praia sem seguranças, etc. Também seguranças para quê? Ninguém se preocupa com inutilidades constitucionais.
E em Espanha? Alguém acredita que o rei Filipe é comunista? Certamente que não. Mas, teórico chefe de estado, sem quaisquer poderes, está a ver o seu (seu???) país a ser destruído pelos anarquistas bolcheviques, de mãos atadas, e só a aparecer em festas de caridade!
O mesmo acontece em outros países porque é nos parlamentos onde se criam as maiores sujeiras e desgraças, os arranjinhos, traições, corrupção moral ou financeira. Cadê a chamada “oposição” e a luta pela ética?
Chama-se isto democracia? Impossível.
Democracia foi uma palavra inventada pelos gregos para que os mais ricos e importantes pudessem governar em nome do povo!
Voltemos à frase do meu sobrinho: Quem não está ao nível do cargo que exerce...
Quem está? O PR de Portugal que nada faz, nem pode fazer? A rainha de Inglaterra ou Boris Johnson?
Macron a viver debaixo das saias da Merkel? António Costa e seus sequazes? Pedro Sanchez em Madrid? Giuseppe Conte na Itália? Os de tristes saudades Zédu ou o Samora?
Em outras bandas vemos o senhor Xi Jinping a tomar conta do mundo, Putin a fingir que é amigo dele, e o Kim Jong Un a brincar com foguetes atómicos deixando o povo morrer de fome.
Há, felizmente alguém ainda a quem se possa tirar um pouco o chapéu, e quem ainda há pouco os portugueses atacavam: a senhora Merkel, mesmo vendo a transformação da Alemanha em Germanistão?
Meu querido sobrinho, de que guardo o nome (evidente) ninguém está preparado para dirigir qualquer país, assim como não ninguém preparado para dirigir a Igreja Católica. Ainda mais difícil.
São muitos, muitos os interesses em questão, os galões adquiridos e que não se querem perder.
Portanto só existe uma solução: escolher aquele que menos mal possa fazer ao país. No caso do Brasil interrompeu-se mais de duas décadas de infiltração e estruturação anarco-bolchevista, de ladroagem duma imensidão incalculável, da total corrupção das estruturas do Estado – Legislativo, Judiciário e Executivo – com um homem de coragem, que até sofreu tentativa de assassinato.
E tão podres continuam algumas instituições que ainda não se revelou quem subsidiou e mandou matar o candidato Bolsonaro, assim como não se revelou, apesar de nisso se falar à boca cheia, quem assassinou ou mandou assassinar o prefeito de Santo André. O prefeito era do PT, mas em desacordo com a roubalheira institucionalizada. Ia “botar a boca no trombone”. Foi sequestrado e o corpo apareceu dois dias depois com onze tiros! Isto foi em 2002. Daqui a dois anos o caso prescreve e não se fala mais nisso. Quem o mandou matar tinha poder para calar a boca da polícia e dos tribunais e ainda por aí está rindo como uma hiena. O próprio PT. E quem era o chefe daquilo?
Após a morte de Celso Daniel foram assassinadas sete outras pessoas, todas em situações misteriosas:
Dionísio Aquino Severo – sequestrador de Celso Daniel e uma das principais testemunhas no caso. Uma facção rival o matou três meses após o crime.
Sérgio ‘Orelha’ – escondeu Dionísio em casa após o sequestro. Fuzilado em novembro de 2002.
Otávio Mercier – investigador da Polícia Civil. Telefonou para Dionísio na véspera da morte de Daniel. Morto a tiros em sua casa.
Antonio Palácio de Oliveira - O garçom que serviu Celso Daniel na noite do crime pouco antes do sequestro. Em fevereiro de 2003.
Paulo Henrique Brito - Testemunhou a morte do garçom. Levou um tiro, 20 dias depois.
Iran Moraes Redua - O agente funerário que reconheceu o corpo do prefeito jogado na estrada e que chamou a polícia em Juquitiba, morreu com dois tiros em novembro de 2004.
Carlos Delmonte Printes - Legista que atestou marcas de tortura no cadáver de Celso Daniel, foi encontrado morto em seu escritório em São Paulo, em 12 de outubro de 2005.
Um dos promotores do caso mostrou ao menor que alegou ter atirado no prefeito, uma foto de Celso Daniel. Este não conseguiu reconhecer a pessoa na foto, sendo posta em dúvida a hipótese de ele ter sido o autor dos disparos que vitimaram Celso Daniel.
A família pressionou as autoridades para que o caso da morte do prefeito fosse reaberto.
Em agosto de 2010 a promotora Eliana Vendramini, responsável pela investigação e denúncia que apurava o assassinato do ex-prefeito Celso Daniel, sofreu um acidente automobilístico em uma via expressa de São Paulo. O veículo blindado e conduzido pela promotora capotou três vezes após ser repetidamente atingido por outro automóvel, que fugiu sem prestar socorro.
Este era o método democrático do PT.
Só me falta uma palavrinha sobre o caso da Presid’Anta.
Para quem não conhece bem nem a fauna nem a gíria brasileira, “anta” é um belo animal, também conhecido como “tapir” que vive na metade norte do Brasil.
É muito comum quando uma pessoa quer insultar outra pela falta de inteligência, chamar-lhe de anta.
Essa expressão popular tem origem no período gestacional da anta ser de 13-14 meses, que se assemelha ao do burro e ter a visão prejudicada, em razão de ter olhos pequenos que não enxergam bem. Por isso parecem desastradas. As antas.
Mamãe anta e seu lindo filhote

Do mesmo modo, em Portugal, se chama burro a alguém menos dotado, mas o burro é um animal maravilhoso. Inteligente e cheio de personalidade. Mais do que alguns jornalistas e comentadores que se vendem barato.
Por aqui, um dia, elegeu-se uma das mais tristes anedotas de toda a história deste país, uma mulher, que logo de entrada impôs ser chamada de PresidentA, e em sequência as gerentas, sargentas, tenentas, etc., e com tanta calinada e bebedeiras de notoriedade pública, acabou por ser chamada de Presid’Anta.
Continuam a ser duma comicidade extraordinária os seus pronunciamentos, como fez em 2015 na ONU, dizendo que era preciso estocar o vento, uma forma de energia barata!
Moral da história:
1.- Quem está ao nível do cargo de presidente, por esse mundo, nos seus 193 países? Bem pesquisado... talvez meia dúzia onde a desgraça da civilização ainda não chegou!
2.- Qual o sistema de governo que pode ser menos corrompido e mais estável: presidencialismo ou parlamentarismo?
3.- Presid’Antas... nunca mais. Por favor.
Para que não haja dúvida sobre a “merda”, vejam o que diz a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira:


26/05/2020

segunda-feira, 25 de maio de 2020


CARTA ABERTA

aos meus amigos, aos mais ou menos conhecidos, aos desconhecidos e,
sobretudo aos jornais “O Público” e o “Expresso” para alguns dos seus
covardes jornalistas

Antes de mais: sou português, 88 anos, vivo no Brasil há 45, aqui nasceram oito dos nossos netos, vivi 20 em Angola e Moçambique, tenho ainda uns poucos amigos em Portugal (a grande maioria já cá não está) e não posso deixar de me insurgir com a covardia que, pior que a atual epidemia do SARS-2, vai destruindo as mentalidades de muitos portugueses.
Um pouco de história, para ajudar a lavar as meninges dos intelectualoides metidos a sábios de política.
Parece que terá mesmo sido Pedro Álvares Cabral quem descobriu o Brasil, ou, pelo menos o que foi autorizado a anunciar essa descoberta.
Depois foram os portugueses que se instalaram nestas novas terras (sem falar dos franceses que por aqui andaram), que começaram o seu desenvolvimento, que exploraram os mais fracos (como fizeram todos os outros povos do mundo, e ainda fazem), que descobriram o riquíssimo subsolo cheio de ouro e pedras preciosas, que absurdamente pouco aproveitaram porque estavam endividados com os ingleses, e que pouco tempo passado perderam esta boquinha.
Tão zangados ficaram que Portugal foi o último país a reconhecer a independência do Brasil, tendo até declarado guerra.. que perderam.
O que aqui tem de bom, que é muito, deve-se a quem? A Portugal, de quem se herdou a corrupção, a burocracia e uma genética animosidade que ainda hoje se manifesta contra a soberania de um país que não lhe deve NADA?
Grandes jornalistas, doutorados em falsidades, ameaças, mentiras e rancor, como Francisco de Assis, que devia abjurar ao nome que os pais lhe deram,  David Pontes, Valdemar Cruz, Maria João Lopes, para só citar algumas dessas sumidades, que vomitam fel nos seus escritos contra um Presidente da República eleito com 55 milhões de votos, que insistem no insulto, na inverdade, num linguajar reles, no espalhar do ódio com vocábulos abjetos e falsos, que sabem eles do Brasil?
Sabem que o Presidente Bolsonaro correu com a gangue bolchevista, a quadrilha de ladrões que estava a levar, e quase levou, o país à bancarrota.
Esses intelectualoides choram como meninos desmamados porque o PCP e o Bloco de Esquerda lhes mandam prosseguir no insulto e nas inverdades.
O que Portugal tem a ver com o Brasil? Porque essa covardia de insultar um Presidente a 10.000 kms. de distância, e envenenar a mente dos que não se dão ao trabalho de procurar, lá no fundo, as verdades?
Já acusaram por exemplo o Mário Soares por ele ter afirmado que se fosse necessário se abatiam, a tiro, os portugueses que se opusessem à independência de Angola, pelo que ele roubou para criar a fundação que leva o seu nome, pela imensidão de dinheiro que gastou pavoneando-se pelo mundo? E pediram contas ao Cavaco e Silva o maior responsável pela imensa dívida de Portugal, pela sua arrogância e péssimo governo? Batem palmas ao Marcelo Rebelo de Sousa por ser muito bonitinho e popular andar de cuecas no supermercado e deixar o PCP fazer as festas públicas quando a população está como que obrigada a ficar em casa de quarentena? E porque não pedem que termine o processo judiciário do parceiro português da gangue brasileira o tal Sócrates? Porquê? Têm medo da Maçonaria  e de os acusarem porque estando aí ao lado podem levar uns açoites no traseiro?
O Brasil vai fazer 200 anos de independência. Tem andado aos trancos e barrancos desde 1500 e agora que os bolcheviques foram postos fora é que se vomita tanto ódio?
Estranho! Quem lhe paga para isso? O povo ignorante ou os partidos vermelhos?
O que sabem por acaso esses jornalistas arrogantes que até disseram que o Presidente era um militar de baixo escalão!!! Ó jornalista! Não sabe que o curso da Escola do Exército é um curso superior? Ele foi até capitão e não quis mais. Entrou na política e ali esteve 20 anos a ver o país ser roubado e espoliado. Berrou na Câmara dos Deputados, mas como não entrou nos esquemas da ladroagem, nunca lhe deram ouvidos.
Ninguém o consegue acusar de ter levado um cêntimo da roubalheira.
Mas tem razão, Bolsonaro é um militar de baixo escalão, como os que fizeram a Revolução de Abril. Tudo moleques, capitãesinhos que num instante levaram o país à beira da falência. (Eu que cumpri, em Portugal o serviço militar pensava que os militares de baixo escalão eram os recrutas. Os soldados já não eram.)
Este, capitão, quer tirar o país da bancarrota e correr com a escumalha. O oposto do 25/4.
O que sabeis vós jornalistas ignaros, como a Maria João Lopes que até “previu” que o Presidente Bolsonaro, uma vez eleito ia matar milhares de mulheres, criancinhas, homossexuais e outros absurdos, que vai ser uma desgraça mundial.
Kékéisso, Maria João? O seu caso é de demência, e da perigosa, agressiva.
Um dos atrás citados jornalistas afirma que já veio inúmeras vezes ao Brasil. Eu também fui inúmeras vezes à Alemanha, por exemplo, e nunca insultei nenhum governante daquele país. E mais, insurgi-me diversas vezes com atitudes dos governos de Portugal, e nunca insultei nenhum presidente, apesar de me ter manifestado, por escrito e em diversos jornais, contra atitudes com as quais não concordava (Nota: não sou jornalista).
E sabem porque é que o Presidente Bolsonaro não consegue governar?
1.- A Câmara dos Deputados engaveta as propostas de lei até caducar o prazo. As que são votadas, voltam com propostas de emendas até que os prazos vençam.
2.- Entre 15 a 20% desses deputados têm processos parados nos tribunais, assim como o presidente dessa câmara, que vai deixando correr até que prescrevam. Compinchas.
3.- No Senado a situação é a mesma.
4.- No STJ o panorama é uma espécie de Divina Comédia. Caronte está lá na porta à espera que os seus componentes entrem na barca, E todos têm moedas de sobra para pagar a travessia.
Os “passageiros”: um, o decano (de cano... qual cano?) foi lá colocado pela dupla FH/Lula, a esposa é advogada e defende perante a suprema corte, frente ao marido, os grandões, ricos e parceiros, além de ser padrinho de casamento de gente condenada que ele liberta, etc., etc. Outro é figura de destaque no PCdoB, dos onze ministros sete foram lá colocados pelo PT. Vão cuspir no prato onde comeram, ou adiam, adiam... até adeus? E os restantes mais ou menos na mesma. Resultado, fazem o que podem e não podem para torpedear o governo do Presidente Bolsonaro.
E a mídia? Igual à destes jornais que refiro, com histórias curiosas:
1.- A mãe de Bolsonaro faleceu há dias com 96 anos. Há 3 anos, a senhora, de família simples, criou 7 filhos, vivia numa pequena cidadezinha do interior de São Paulo e foi visitada por jornalistas do calibre dos que  aponto. À senhora, de cadeira de rodas, 93 anos, perguntaram-lhe se o filho, na altura ainda só candidato, dizia muita asneira. Ela confirmou que em pequenos todos diziam.
Manchete nos dias seguintes “A mãe do candidato Bolsonaro confirma que ele sempre disse muita asneira!”
2.- A avó da atual primeira dama, vive numa situação de quase miséria. Há mais de 20 anos, vendia uns papeletes de cocaína nas ruas, foi presa, julgada e cumpriu a pena. Está hoje com 80 anos, Parkinson, etc.
Manchete: “A avó da primeira dama é traficante!”
3.- Bolsonaro acusado de racista porque terá dito alguma coisa a propósito da cantora Preta Gil, e que havia provas disso numa K-7 gravada. O Presidente pediu para ver as provas. O acusador acabou por informar que a fita tinha sido regravada!
4.- Acusado ainda de um dia ter sido apanhado e multado pelo IBAMA quando era deputado.
Não lhe custou nada afirmar que foi verdade. Estava com um amigo a pescar num rio onde era proibido pescar. Ninguém sabia. Não usou a sua influência de deputado e pagou a multa.
5.- O PR tem um cartão de crédito corporativo da Presidência, de que ele sempre foi ferrenho opositor. Pode gastar até R$ 24.000, por mês sem ter que prestar contas disso. Sabem quanto gastou até hoje com ele? “0” – Zero. Mas usou o cartão sim, quando mandou dois aviões da Força Aérea à China buscar brasileiros para fugirem do COVID. A movimentação no cartão foi detectada, e em vez de se informarem sobre a razão do gasto, veio a manchete:
“Bolsonaro gastou muito mais do que permitido com o cartão corporativo!”
Poderia dar mais uma montanha de exemplos. Para quê? A mídia esquerdista continuará a vomitar ódio, enquanto o Presidente diz “porra” e “merda” sem que isso ofenda alguém.
A não ser os “preciosos” e tão bem falantes jornalistas portugueses.
Sabem que mais?
Vão à festa do Avante. Levem camisetas do Stalin, Lula Livre, Mao, Sócrates, família King Kong e outros semelhantes. Quase esquecia o defunto Fidel e o demente Maduro.
Não vos mando à m*#@*, porque seria bom demais para quem vomita isso a todo o momento.


24/05/2020

quinta-feira, 21 de maio de 2020


Que tal darmos um passeio por terras “pouco navegadas” trazendo à memória os tempos em que se podia sair de casa!
O “menu” de hoje será Cabo Verde e Guiné-Bissau. Desejo que apreciem o passeio.

CABO VERDE

Quando estive a trabalhar para a GEIPEX e responsável por eventuais projetos de engenharia para as ex-colónias portuguesas, este foi um dos países que visitei, em 1991.
Cabo Verde é um país pobre, sobretudo as ilhas de Barlavento, entre as quais Sal, a que permitiu a construção dum aeroporto internacional e Santiago onde está a capital, cidade da Praia.
Terra de gente de todas as cores, de olhos azuis a pretos, simpatia tradicional e constante, alegria e música que se não esquece e pode-se ouvir todo o dia.
O Pão de Açúcar, em Lisboa, consegui-me um guia, seu representante, que foi incansável. Projetos? Pesca, só nas costas de África e tinham um pequeno acordo com a Mauritânia e creio com o Senegal, mas estavam em permanente desacordo! A velha pesca ao atum, que duas vezes por ano passava em imensos cardumes entre as ilhas do Sal, Boavista e Maio, sofria enorme concorrência de pesqueiros da União Europeia, melhor equipados, mais ricos, o que deixava Cabo Verde na sua minguada economia.
Projetos agrícolas na ilha principal onde chove durante um mês ou dois, uns 200 mm por ano, e caem em poucos dias, lavando as encostas e arrastando as terras, e como não tem como armazenar essa água, torna a agricultura um trabalho insano. No Sal então caem uns 50 mm. Estas ilha sofrem quase constantemente um vento quente, ido do Saara, o Harmattan, que tudo seca.
Qualquer projeto para guardar essa água só em cavernas o que seria faraónico, e como o tempo dos escravos há muito acabou... não parece que alguma coisa possa ser feita.
O interior montanhoso
Vive muito do dinheiro dos emigrantes, que muitos foram para os EUA, Canadá e Europa, mas é sabido que filho de emigrante cessa com essas remessas.
A água do mar é uma beleza, praias lindas em quase todas as ilhas, dificilmente nos meses frios baixa a 20º e fica a maior parte do tempo a 25° o que faz as delícias dos banhistas/turistas, que desde quando lá fui até hoje, fizeram na quase desértica ilha do Sal uma cidade, cheia de hotéis, condomínios, etc., mas... onde não há água potável. Têm que a tirar do mar e tratar os dejetos de forma química para poderem devolver ao oceano. Uma loucura que, como é de imaginar não vai durar muito. Além da invasão que sofreu com os traficantes de drogas que chegam a toda a hora da África continental.
As ilhas de Sotavento, são bem regadas, mas tudo montanhoso. Vive-se da agricultura familiar, já com algum desenvolvimento, e merecem muito uma visita, aliás uma estadia.
Na capital, Praia, tive um entrevista com o Ministro da Agricultura, a quem disse que, quando da independência das colónias eles deviam ter optado por ficarem ligados a Portugal, com o estatuto igual aos Açores e Madeira, porque ficariam integrados na União Europeia, o que acabaria com o problema dos que quisessem emigrar.
Ele retrucou que eram africanos e nada tinham a ver com Portugal, mesmo sabendo que os primeiros ocupantes daquelas ilhas foram exatamente os portugueses. Eles eram africanos!
Perguntei-lhe:
- “Quantas etnias há em Cabo Verde? Quantas línguas? Quantas religiões?”
A resposta foi sempre a mesma:
- “Uma. Só a língua é varia um pouco porque temos o crioulo”.
- “Mas o crioulo é uma variante do português. E por exemplo no Senegal, ou na Guiné, existem dezenas de etnias, de línguas, de religiões. Além disso as ilhas de Cabo Verde não pertencem ao bloco continental africano. São vulcânicas!”
Engoliu em seco (o clima ajuda) e pronto. Acabou o papo.
Como só tinha voo de regresso ao fim de uma semana, fomos um dia almoçar ao Tarrafal, onde esxistiu uma prisão política portuguesa, o Campo da Morte, de má, terrível história, mas com uma linda praia e ótimo peixe ali pescado. Infelizmente esse almoço acabou mal! Como o meu simpático guia tinha sido sempre muito amável comigo, eu achei que era uma boa ocasião de retribuir alguma coisa e paguei o almoço.
O que foste fazer! O sujeito ofendeu-se, levou-me de volta e não o voltei a ver.  Quer dizer: parece que em Cabo Verde não se pode ser amável com os locais!
Soube depois que havia na Praia um campo de golfe. Fui apresentado a um dos dirigentes que me emprestou os clubs, e lá fui, sozinho, jogar um pouco.
Os fairways não são verdes, são brawns, e os greens, que deviam ser verdes, eram pretos, feitos de pedra vulcânica, moída, onde a bola em vez de deslizar parecia grudada no chão! Quase acertei na cabeça de uma mulher que passava, com uma bilha de barro na cabeça, mas... a bola passou uns 10 ou 15 cm atrás!
Uma noite fui a um boteco onde havia uns músicos, todos amadores, e deliciei-me um pouco a ouvir aquelas mornas e coladeiras, de que sou fã.
Nada que pudesse fazer de útil, fui passar o último dia no Sal, no único hotel que lá havia nesse tempo, Hotel Morabeza com pequenos bangalôs afastados uns dos outros ocupando uma imensa parte da maravilhosa Praia de Santa Maria; andei uns largos quilómetros pela praia, e quase todo o tempo que estive naquele país quase só comi lagosta, feita de todo o jeito e muito camarão. Delícia. Tudo ido das costas de África.
Hoje está um hotel comum, muito bom, que até duas quadras de tênis tem.
E tem mais uma porção de outros hotéis, condomínios, casas de milionários, mas...
Perspectivas de projetos para o país: nada.
De Cabo Verde pouco mais ficou do que Soidade, como cantava a grande Cesária Évora.

GUINÉ -BISSAU

Dentro do mesmo plano da GEIPEX, fui à Guiné.
O meu espanto começa logo à chegada, quando vejo o pessoal a descarregar as malas do avião: à mão! Traziam um ou duas malas, depois sentavam-se um bocado “a descansar”!.
Como em Cabo Verde, foi um representante do Pão de Açúcar que me acolheu e foi dizendo que não valia a pena esperar que tirassem as malas todas porque isso demoraria muito. “Eles depois vão entregar as malas ao hotel!” E foram, já eu estava para dormir pelado, à espera da mala, mesmo que antes de subir para o meu quarto tivesse estado uma meia hora na conversa com o simpático anfitrião.
O hotel, novo, creio que era Sheraton, construção muito simples – estrutura de ferro e paredes tipo dry wall ou coisa semelhante. Como ficava fora da cidade no dia seguinte mudei-me para um outro que tinha sido a residência e messe dos oficiais portugueses. Agora bem arrumado era o “point” mais importante de Bissau. Parece que hoje se chama Dunia ou 24 de Setembro. Até o presidente, João Vieira, gostava de ir-se pavonear nas ruas dentro do espaço do hotel, acenando “ao povo hóspede”, tipo faraó, sem sair do carro seguido de dois jipes com soldados armados de metralharas!
O hotel em 1991

Comecei por ir ao Ministério de Agricultura, uma área grande, e logo na entrada dou de caras com um trator completamente novo, que ali estava a apodrecer... sem as rodas e pneus!
Pela cidade havia uns quantos geradores porque a distribuição de energia elétrica era muito falha, mas a maioria deles estava também abandonada. Não havia nem mecânicos nem peças para reparações.
Sua excelência o ministro não estava, falei com um técnico agrónomo (?) que me pareceu que não distinguia capim dum fio de ferro!
Mas soube que as magníficas mangas que exportavam para Portugal, com selo da Guiné, na verdade eram produzidas na Guiné-Conakry, e entravam de contrabando em Bissau. Eu mesmo vi a chegada de dois caminhões carregados!
A Guiné é um país difícil separar a parte continental da insular. Tem 80 ilhas, e o território continental é cortado por inúmeros rios que dificultam a comunicação e o escoamento de eventuais produções agrícolas.
País pobre, onde os generosos países que decidiram ajudar após a independência, cometeram o que se pode chamar de crimes. Roubo, corrupção, neo-colonialismo.
A agricultura é muito dividida em razão das dificuldades de transportes, mas foram mostrar-me um “fábrica” de descasque de amendoim – mancarra, na Guiné – construída em perfis de ferro, lá.. lá... no meio do mato, floresta, clima tropical húmido, para que dali pudesse seguir por embarcações para Bissau de onde seria exportada.
Estava totalmente enferrujada e o que produziam era quase nada. Mas assim mesmo quando lá chegámos fomos barrados por militares que não nos deixaram visitar aquele lixo!
Constatei que fazia falta ensinar mais técnicas agrícolas, visto que o povo só conhecia, e bem, o que produzia desde toda a vida, tendo até descoberto que podiam plantar arroz irrigado com agua salobra! Com marés muito fracas, levantavam “camalhões”, plantavam o arroz no topo e a humidade que chegava às raízes já ia filtrada do sal! Inteligente!
Fui apresentado a um senhor guineense, já de avançada idade, que tinha sido deputado no tempo colonial, completamente votado ao ostracismo, mas tinha uma boa e grande propriedade nos arredores da capital, boas instalações, boa terra, água etc., e estava já cansado para trabalhar.
Pareceu-me o lugar ideal para se fazer dali uma escola de agricultura. O senhor ficou entusiasmado com a ideia.
Fui falar com um alto funcionário, ministro já não sei de que, de origem caboverdiana, reminiscência da luta colonial, mas que ainda tinha muito poder, e expus-lhe a ideia.
Escutou com atenção, e foi mostrar-me um mapa grande do país que tinha na parede.
Disse logo que uma escola agrícola ao lado da capital não seria uma ideia boa, melhor lá no interior e mostrou-me claramente onde gostaria que se fizesse. Nesse mesmo dia fiquei a saber que essas outras terras eram dele! Resultado: não se fez nada.
Voltei ao Ministério da Agricultura, mas como sabia que o deserto, a norte, todos os anos estava a comer uma parte do país, quis ver os índices pluviométricos, e constato que nos últimos 20 anos havia uma queda de 25%, e que as florestas no norte também estavam a ser cortadas para a venda da madeira.
Quando pus o problema o engenheiro achou que continuava a chover bem e que não havia caso para preocupações. E as áreas de floresta a transformarem-se em savanas! O que haveria a fazer seria um grande trabalho de reflorestamento para segurar as areias e o vento quente. Não se interessou.
No hotel aparecia todos os dias, um vendedor de artesanato que ele obtinha, tudo contrabandeado, de diversos países africanos, com coisas interessantes. Com a nossa casa cheia de “recordações”, não queria mais nada. Chamava-se Mamadou, um sujeito grandão, muçulmano, muito simpático.
A primeira pessoa a quem sempre se dirigia ao chegar ao hotel era a mim, que o mandava sentar-se para conversarmos. Perguntei-lhe quantas mulheres tinha. “Só quatro, porque a lei não permite mais!” Curioso, perguntei com fazia para dormir com todas elas.
Tinha tudo perfeitamente organizado. A primeira era a chefe geral e até vigia, dedo duro (!) não fosse alguma das outras querer dar uma escapadinha. Cada uma tinha a sua casa, onde vivia com os seus filhos.
Toda a semana trocava de comanhia. Saía uma, que levava toda a roupa da cama e do marido para lavar, e entrava outra com tudo lavadinho! Organização perfeita!
Mas vender-me qualquer coisa, o seu maior objetivo, não foi alcançado, o que não impediu que nos víssemos quase todos os dias e tivéssemos papos interessantes.
Véspera de ir embora, já tinha conhecido um colega e dois amigos deste, fomos comer ostras. Um boteco, na esquina, fornecia as cervejas e a casa ao lado as ostras. Eram servidas abertas que ele punha em cima de prateiras de metal (das estantes roubadas dos antigos serviços administrativos portugueses!), a prateleira com 15cm. de lado era uma dose e as largas, com 30 eram duas ou três doses. Ótimas ostras, serviço original.
Ao regressarmos a pé ao hotel, de noite, somos abordados por vendedores de artesanato. Como eu já tinha tido problemas em Moçambique não quis comprar nada. O cara insistia e pediu, por uma marimba e outra coisa, 500 Francos CFA. Para o despachar disse-lhe que não valiam 50. “Dá os cinquenta!” Tive que engolir.
Além disso comprei, na rua dois livros de estudos agronómicos da Guiné, ainda com o carimbo dos antigos Serviços de Agricultura (!), um pacotinho de caju, e entretanto tinha mandado fazer uma camisa com aqueles lindos panos que usam os africanos. E uns panos tecidos no local que achei lindos

Hora de ir embora, no aeroporto a fiscalização começou logo por embirrar com as duas porcarias do artesanato, o que me pôs p. da vida. Depois disseram que não podia levar caju, artesanal, um pacotinho com meio kilo, porque caju era uma das únicas coisas que eles exportavam!!!
Tive um ataque, deixei tudo em cima do balcão, disse-lhes que podiam roubar à vontade e virei-lhes as costas.
Fui esperar que chamassem para o embarque. Ali vejo o meu colega, guineense, e fui-lhe dizer que o que me estavam a fazer era um roubo. Ele foi lá e disseram-lhe que eu podia ir buscar tudo. Mas quando retirei as minhas coisas mandaram-me para uma sala para ser revistado. Vingança. Puseram-me de cuecas e depois com ar de sarcasmo: “pode ir embora!”
Ao meu colega fui dizendo que no meu relatório da visita à Guiné ia escrever que nada podia ser feito. Terra de bandidos! E como eu viajava em 1ª classe e ele na turística, disse-lhe mais: “Quando chegar a Lisboa, como eu saio primeiro vou avisar as autoridades que você é um traficante. Vai gostar!"
Fez um ar de espanto, deve ter viajado a pensar no que lhe ia acontecer ao chegar a Lisboa, mas é de imaginar, não denunciei ninguém.
Mas uma viagem para esquecer.
Como a Guiné está hoje não sei, mas continua numa enorme instabilidade política, corrupção e... muita pobreza.
Independente há quase meio século!




quarta-feira, 13 de maio de 2020


Memórias... de há muito tempo

Eu sei que ainda tenho muita coisa escondida no fundo do cérebro (dizem que as memórias mais antigas estão no hipocampo! Será?), mas também sei que o tal hipocampo está cheio, cheio até de pó e lixo, por muito que, de vez em quando passe por lá e dê uma arrumada, algumas dessas memória surgem de repente, e o mais curioso, muitas vezes quando já deitado, fazendo força para adormecer.
E fico depois tentando reconstruir o filme dessa memória, que tanta vez demora até dias!
Hoje duas historinhas que agradam e tocaram, como sempre o coração. Obrigado ao hipocampo.

LEMBRANÇAS DE CONHECIDOS

Lá para traz recordei já um muito querido amigo João Matos Chaves (Amigos 26) mas lembrei-me agora de um trio de colecionadores de que este fazia parte, mesmo sem conhecer ou outros componentes.
Os outros dois, Manuel Braamcamp Sobral, trabalhava nos “Tratores de Portugal”, onde eu estive também três meses antes de ir embora para Angola, mais uns oito ou dez anos do que eu que na altura tinha 22.
O outro, Mimon Anahory, advogado, bem mais velho do que eu conheci-o quando fui fazer uma lavagem  ao fígado, depois de ter estado com uma grave biliosa, em Angola. Nas Termas de Monfortinho, onde estive uma semana. Mimon já tinha mais uns  20 anos do que eu, e conhecemo-nos em 1960.
O primeiro foi um grande amigo, os outros dois foram conhecimentos curtos, mas enriquecedores por serem ambos pessoas muito simpáticas, com quem, mesmo por pouco tempo, me dei muito bem, e os recordo com saudade.
Mas porque colocar o três neste trio ?
Todos colecionavam “preciosidades”, de que vou descrever uma de cada.
O João colecionava Menus e Cartas de Vinhos de restaurantes sempre que neles encontrava algo interessante.
Em Luanda havia o restaurante Mar e Sol na entrada da Ilha. O cardápio, entre outras coisas iguarias propunha Flá Minhão. Muito bom.
Na carta de vinhos tinha outra delícia de vinho branco: Levafumique, uma forma simples de traduzir Liebfraumilch!
O Manual Sobral só guardava anúncios especiais dos jornais, e um dia levou para a empresa um álbum, com as suas descobertas que me fez rir a valer. Passei a colaborar nas pesquisas e até encontrei alguns lhes levei como este:
Cavalheiro procura senhora para fins matrimoniais,
de 40 a 50 anos, de busto desenvolvido.
Favor enviar foto de perfil.
Se não servir devolve-se a foto.
Maravilha de precisão!
O dr. Mimon já era mais exigente: cartões de visita ou convites. Lembro de um que me mostrou. Um homem, em Cascais comunicava do seguinte modo o falecimento da sua mãe, em cartão muito bem impresso:
“F... comunica aos seus amigos que a sua mãe... faleceu no dia...
Já estava velhinha, levantou-se de noite para fazer as suas necessidades, sentou-se no penico
e aí ficou com uma passarinho fica no seu ninho.”
Não se pode duvidar da dor do órfão!

12/05/2020

O JANTAR DO AJUDANTE

Naquele tempo, aí 1954… quando em Angola saíamos de carro para o interior, sempre levávamos um ajudante, que servia principalmente para trocar pneus ou ajudar a tirar o carro dum atoleiro, o que na época das chuvas era frequente, enfim, era um colaborador indispensável.
Normalmente dormia dentro do carro quando pernoitávamos em algum lugar, ficando por vezes melhor acomodado do que o “patrão” que mais de uma vez se “encontrou” em camas com colchão de palha de milho com carolo que se enfiava nas costas, roupas já usadas, etc.
Para comer dávamos-lhes uns quantos escudos e ele ia comer na cozinha do “restaurante”. Passar fome, jamais os que andaram comido passaram, até porque eu sempre perguntava se tinham comido bem.
Outras vezes, sabendo que para onde íamos era difícil encontrar um lugar decente para comer, levávamos um conveniente farnel de casa, sentávamo-nos na beira da estrada e vá de refazer energias já dispendidas.
Muito mais do que uma vez fui eu quem comeu em humildes casas de angolanos, lá pelos recônditos do país, e não me lembro de ter comido mal, muito pelo contrário, ainda hoje choro com saudades das galinhas, e até perdizes ou “angolas,” que num repente se preparavam à última hora, churrasco que daquela qualidade nunca mais comi, mesmo tendo percorrido inúmeros países e comido em restaurantes de 1ª classe.
Num dia lá por uma área meia a sudeste, a fome apertava e nada aparecia para nos saciarmos, quando se avista uma casa de comércio, daquelas que vendiam de tudo e até tinha no canto da loja, mais ou menos separadas por uma surrada cortina, umas quatro mesas e cadeiras para quem passasse e quisesse beber umas Cucas ou comer qualquer coisa que a mulher do comerciante rapidamente providenciava.
Era aquele canto mais ou menos reservado aos “brancos”. 
Era noite, a loja/restaurante iluminada com dois “Petromax”, aquele ambiente que de feérico nada tinha, apesar dos Petromax darem uma luz excelente.
Saí do carro, ajudante atrás, perguntei se nos podiam dar de comer, resposta positiva até com os detalhes do “petisco”, e avancei para o “salão”. O ajudante ficou parado; eu chamei-o para que viesse sentar-se comigo.Nessa altura o comerciante diz que ali não era para pretos!!!
Voltei ao carro, pequei na minha caçadeira calibre 12 o que deixou o homem aterrado.
- Façamos o seguinte: eu atiro nos dois Petromax, fica tudo escuro e já ninguém vai ver se ali estão brancos ou pretos. Você nunca se deitou com uma mulher preta? (a esposa era uma bimba portuguesa, e estava a ouvir a conversa). Com certeza que sim. Então quer dizer que pode ter uma preta na cama mas não quer ter um preto a comer à mesa?
- Por favor não atire!
- Não, eu não fazia tenções de atirar; só queria dar um recado. Aquele homem que está ali comigo, além meu ajudante é meu amigo. E eu não mando os amigos comerem na rua. Mas se acha que ele não pode entrar... então diga adeus a dois clientes e a dois candeeiros.
O Zé Mané engoliu em seco, nós sentámo-nos e veio a comidinha para os dois. O ajudante não se sentia muito à vontade mas eu sosseguei-o. Quando a madame  trouxe a comida, fez um ar de espanto ao olhar o segundo comensal, mas não abriu o bico.
Perguntei se tinha vinho, bom e, pressuroso, trouxe uma garrafa de vinho mesmo bom, cuja marca não lembro, creio era Romeira, alentejano, que tinha em casa há anos e estava uma delícia, e um copo só conforme pedi. O ajudante tem que ir atento e possivelmente vai a conduzir quando daqui sairmos, por isso ele não bebe.
Depois chamei o comerciante e disse-lhe para trazer outro copo para beber comigo. O homem já obedecia a tudo o que eu dissesse.
Sentou-se na nossa mesa, estava bem encabulado mas bebeu um copo, e depois que terminámos e paguei a despesa, ainda lhe perguntei se tinha feito muita diferença o comensal angolano.
Meio gaguejando, pediu desculpa.
Muitos meses depois passei novamente no mesmo lugar e quis rever o ambiente. O sujeito fez-me uma grande manifestação e quando olhei para o lado do “restaurante” estavam lá quatro africanos a beber cerveja!
Acabou por me dizer: Maldito hábito que nos fazia ver os angolanos com olhos de superioridade. Hoje tenho, todos os dias, clientes novos, e mesmo os brancos que aqui entram nem reparam nisso. E como fui o primeiro a abrir-lhes as portas, num instante isso correu por todo o lado e hoje os meus melhores clientes são os africanos.
Que bom.
África era assim. Os matarruanos que chegavam à África de pé descalço, a maioria ignorante, de repente achavam que a cor da pele era um sinónimo de hierarquia, e a humildade, forçada dos africanos, no colonialismo, os ajudava a assim pensarem.
Talvez pensamento atávico do tempo dos visigodos quando se criou o mito do “sangue azul” como sinónimo de nobreza!
Poucos se deram a pensar que o azul vinha da circunstância da cor da pele dos germânicos. Muito branca, em comparação com a dos portugueses, tisnados pelo sol e pela mistura de milhares de anos com berberes e com mouros, as veias viam-se bem e davam a impressão que o sangue era azul. Os visigodos foram os que mandaram na Península quase meio milénio.
E os babacas que se arvoram a grandes árvores ginecológicas gabam-se do seu sangue azul!
Lembro de uma piada, um pouco (?) digamos, porca, mas só com termos técnicos:
- A senhora condessa, menstruada, vai lavar-se e ouve o bidé: Com que então sangue azul, hein!”
É assim a vida.
Falta cultura, educação, humildade e o tão apregoado e desprezado “Amor ao Próximo!” 

Nota. Este meu ajudante ficou tão ligado a mim, que depois de eu sair da empresa e ter voltado a Portugal, um dia recebi uma carta dele e começava assim: “Meu amado mestre!”  Era um simples, e deles é o Reino dos Céus, mas eu... “Mestre”... A finalidade da carta não era endeusar-me, como se pode imaginar, mas pedir se eu lhe mandava 20 escudos. Com muita pena, não mandei. As cartas com dinheiro eram todas roubadas!

12/05/2020