terça-feira, 29 de novembro de 2022

 

Carta Aberta

ao sr. Luis Fernando Padulla

e seu blog “Biólogo Socialista”

 

Primeiro apresentemos o sr Padulla: doutor em ciências da vida (doutorou-se em chimpanzés e outros animais selvagens... à distância), professor de biologia, mestre em entomologia, estudos em agricultura (por exemplo “como cultivar hortaliças), sociologia e mais uma boa porção de outros estudos diversos. Muitos estudos publicados, e um sangue envenenado, cheio de fel, admirador e adorador de ladrões e corruptos (como o ex presidiário) e outros  de afáveis e doces características.

Comecemos por dar uma olhada no tal blog:

Uma imagem de Jesus, dizendo “Jesus é socialista”. Imagem em cor vermelha (evidente) e na base, como configurando o socialismo de Jesus, o martelo e a foice, para o aproximar de Stalin, Mao, Fidel, King Kong III, Pol Pot, lula e outros adoráveis personagens que a história registra que, só à conta destes, foram assassinados dezenas de milhões de inocentes.

Como não creio que Jesus tivesse assassinado um só ser vivente, creio que o mestre de dezenas de matérias se deve ter equivocado.

O que me chamou a atenção deste mestre foi um artigo que ele escreveu naquele jornalzinho inocente, francês, o “Le Monde”, um jornal tão avermelhado que um dia, 1961 eu ia sendo posto fora de um hotel em França porque o estava a consultar e os donos não queriam comunistas lá hospedados.

O texto, longo do famigerado “Le Monde”, teve uma vantagem: o mestre criou um novo vocábulo. Chamou ao desenvolvimento do agro negócio no Brasil como sendo agronazismo.

Não creio jamais ter ouvido dizer que Hitler tenha cultivado hortaliças, mas quem sou eu para contradizer um mestre! O Hitler era louco, drogado, mas tomates tinha. Só para que tenha uma vaga ideia, quando o tal Adolf se tornou o chanceler da Alemanha já eu andava pisando esta terra... impoluta. De modo que muita, muita coisa ouvi até hoje do tal Hitler.

E então, mestre Padulla solta a verve e malha no desenvolvimento – extraordinário – da produção agrícola do Brasil, e considera o ainda atual presidente um assassino, pelo uso “excessivo” de insumos, que poluem rios, terras, todo o ambiente, e serão até responsáveis por parte da população ter apanhado o covid.

Vejam só: todos nós temos um profundo asco ao tal covid, mas dizer que as hortaliças do Brasil ajudaram a espalhar a pandemia... aí é um pouco exagero, né?

Pois é, o tal mestre vomita ódio e fel, sem saber NADA do modo como se desenvolveu a agricultura no Brasil, e chora pelo retorno do presidiário.

Ora vejamos o desenvolvimento do agro negócio, como e quando ele se deu, e para isso nada melhor do que as estatísticas do Professor Evaristo de Mendonça (este sim, Doutor) da Embrapa, quem mais sabe deste assunto, e foi inclusive colaborador ao anterior presidente, o seu tão admirado lula.

Para quem não sabe, a EMBRAPA – Empresa Brasileira de Agro Pecuária, é uma empresa pública, que tem demonstrado um profundo conhecimento da área que lhe está adstrita, e não conheço em qualquer outra parte do mundo alguma outra que se lhe compare em resultados.

Lembro até, talvez há perto de meio século, que o Brasil precisava importar ervilhas, porque a produção local era muito baixa e nada rentável. Entrou a Embrapa no assunto e em dois ou três anos apareceu com novas sementes e quintuplicou a produção. Alguém sabe onde, em outro país, se obtiveram resultados similares?

Olhemos para o 1º gráfico: a evolução de pastagens e do efetivo bovino:


- A curva de crescimento do plantel sobe mais rápido entre 1999 e 2004 (quando entra o pt, recua durante os primeiros 4 anos do “fome zero”com lula, estagna com a chegada da discursiva “mulher sapiens” e continua depois a crescer de forma regular e constante até 2018, tendo o rebanho passado, em 26 anos, de 145 milhões de cabeças para 187 milhões, e hoje está em cerca de 230 milhões.

O mais extraordinário disto é que a área de pastagens diminuiu de 225 milhões de hectares para cerca de 162 (hoje 167).

Ora bem seu mestre, aumentou-se a produção de bovinos em mais de 30% reduzindo a área ocupada em mais de 30%.

Entendeu? A isto chama-se agronazismo? Ou o sr., mestre de hortaliças desconhecia?

Mas tem mais, quer ver o segundo gráfico?  Produção de grãos:


Nitidamente se constata uma evolução constante, desde 1976 (tempo dos seus admirados generais!)

até 2018, onde se vê um fenómeno único, no mundo:

- a área de plantação começa com cerca de 40 milhões de hectares e chega a 2017/18 (transição lula/atual Presidente) a cerca de 67 milhões;

- entretanto a produção de milho passa de 40 milhões de toneladas para 240! Só 6 – seis – vezes mais! Só milho! Será milho nazista?

- o feito mais interessante é que a produção que era de 1.300 kg por ha está em 4 a 4.500!

Só pode ser milho do Hitler ou dos seus amigos fideis.

Resumindo: aumentou-se a área de produção em 67% (em 40 anos, note bem) e a produção de milho aumentou 600%.

- E vamos deixar a soja quieta, porque temos outro gráfico que cala a boca a quem se atrever a abrir, mas pode saber-se que só de soja o Brasil exportou, em 2021, US$ 35 bilhões!

O gráfico 3º, e último é talvez o mais interessante:

Olhem esta beleza: o Brasil, para cada 1 US$ gasto em defensivos agrícolas, produz 142 kg de alimentos! A Argentina que tem um dos mais ricos solos do mundo só chega a 114, os USA 94, a União Europeia 62, a França 53 e o Japão que quase não tem terras aráveis, só 8 kg.

Somos campeões em muito coisa, mestre, sobretudo em inventar mentiras e transmiti-las aos alunos.

Dá para perceber porque o mundo está todo contra o Brasil?

E porque querem de volta um ladrão?

Sobre isto eu explico no próximo texto.

Sr. Padulla, veja se ensina os seus alunos a amarem e respeitarem o seu país, que parece o sr. quer ver destruído.

 

28/11/2022

 

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quarta-feira, 16 de novembro de 2022

 

Menos um Amigo na Terra

Parece muito bonito viver-se muitos anos, mas as pessoas muitas vezes não realizam o que é ver os Amigos a irem embora deixando-nos mais pobres. Mais tristes.

Hoje recebi a notícia que mais um, depois de ter vivido os últimos anos bastante doente, finalmente descansou o corpo sofrido e a mente magoada com as injustiças por que passou.

Conhecemo-nos em 1965 quando fomos ambos trabalhar na mesma firma, em Luanda.

Ótimo colaborador, competente, sempre nos entendemos perfeitamente, e esse entendimento acabou em amizade.

Infelizmente quando de lá saí, pouco voltei a vê-lo, depois fui para Moçambique e depois da diáspora do 25/4 então durante muitos anos nada soube dele.

Quando nos reencontrámos, via Internet, fiquei a saber que tinha estado em Macau, de princípio numa boa situação, que depois lhe passaram a perna, em Portugal teve muitas promessas e nada de concretizar-se, os anos já a pesarem e a vida difícil.

Foi ele que me descobriu pela Internet.

E a carta que me escreveu, que não mostro porque a sua amizade extrapolou os elogios, guardo-a com especial carinho. Foi uma alegria termo-nos reencontrado.

Estava já doente, e eu a prometer-lhe que o iria abraçar quando fosse a Portugal. Em 2018, não me foi possível e tinha perdido a sua morada!

Prometi que seria em 2020. O artificial e assassino covid manteve-nos prisioneiros em casa. Pensei poder ir em 2021. Ainda estávamos presos. E recebi esta mensagem:

Meu querido Francisco! Como vai tudo? Venho fazer-lhe duas confissões: uma, estou com cancro. Duas, fiquei muito triste por não me ter dado a possibilidade de o ver quando cá veio a Portugal. Teria sido o nosso último encontro físico e eu sabia disso. Mas já passou. A gente encontra-se por aí, num dia destes... Um abraço para si e um beijo para ela. Fiquem bem, na graça de Deus. Descrição: ❤Descrição: ❤Descrição: ❤

Informei que não fora. Finalmente este ano, em Fevereiro, levava como dos objetivos primários cumprir a promessa e o prazer de um forte abraço. E assim foi.

Conversámos um pouco, pouquíssimo tempo num café, nem meia hora, e à despedida o forte abraço, que sabíamos ser o último, tão apertado foi que nos fez a ambos que as lágrimas não se contivessem “lá” dentro!

Não sei se lhe chame um grande filósofo, se místico, mas profundo nos textos com que nos foi deliciando no livro “Era Uma Vez Em LUANDA” e nos inúmeros textos no Facebook, sempre com uma qualidade de escrita admirável, mas acima de tudo um AMIGO.

Para o livro “Os Meus Amigos”, fiz também este retrato dele


Meu querido Amigo, não falta muito para termos todo o tempo do Universo para conversarmos.

Sei que está em muito merecida Paz.

Vou fechar este apontamento com um dos seus e profundos poemas com que nos presenteou:

 

Lembro-me da criança que eu fui

E dos sonhos que não tive

Lembro-me de outros sonhos que sonhei

Que eram doutros

Sonhos doutros que roubei

Lembro-me das viagens que eu fiz

E de lugares donde fugi

Lembro-me de tudo, enfim, que já vivi

Mil séculos passaram já por mim

Vagabundo de mim próprio

Proscrito de mil vidas que já vivi

Em viagens loucas me perdi

Em sonhos de rei me confundi

Em pedinte da esperança me tornei


Desculpem-me: esqueci-me de dar o nome deste Amigo:

Guilherme Augusto Valadão

16/11/2022

sábado, 12 de novembro de 2022

 

Histórias da Velha do Arco

Como o Ali virou Ali Baba

(Relembrando...)

 

Há uns poucos meses escrevi um pretencioso poema, em que falava numas noites passadas com a famosa e formosa Sherazade!

Contou-me imensas histórias. Algumas delas, garantia ela, como se tendo passado, autênticas, mas tão embebido estava eu a contemplá-la e ouvi-la que não me interessou acreditar, mas simplesmente ouvir aquela voz doce e carinhosa contar-mas para me entreter... malgré houvesse outros entretimentos entremeados! Mas esses são íntimos, que não seria correto contar.

Passou algum tempo e comecei a recordar umas quantas dessas, aliás famosas, histórias, que me fizeram pensar que tinham até sido sugeridas pelo, igualmente famoso Nostradamus, tal a coincidência de premonição.

A bela história de Ali Baba.

Todos sabem que Ali era um jovem, modesto, dizem uns que era lenhador, outros que andava à procura de notícias, correndo o reino, para informar o rei lá daquela banda, a Pérsia, outros ainda afirmam que ele nada mais fazia do que limpar as cavalariças do rei, cheia de cavalos e camelos, o que é confirmado por historiadores mais recentes.

Assim corria a vida do alegre e descuidado Ali.

O pobre Ali pertencia à dinastia dos Ghznévidas que fugira dos Seldjúcidas quando estes ocuparam toda a área da Pérsia, e depois dos mongóis, comandados pelo simpático Gengis Kan, e a seguir por Tamerlão, que conquistaram novamente a Pérsia, destruíram tudo na sua passagem, e o Ali perdeu o emprego de estafeta/limpador de cavalos, pois teve que dar o fora... Se ferrou!

Fugiu, desempregado, analfabeto, foi ter a um lugar escondido, onde seu pai, o Baba, era o chefe dum bando de ladrões, assaltantes, e estava cheio de riqueza. Quarenta era o número dos bandidos, conhecido na época por Κλέψτε ό,τι μπορείτε (está escrito assim, nos livros antigos, em grego), fora os que por fora o iam informando onde havia riqueza para assaltar, e que recebiam uma “comissão” pelo “serviço de informação”.

Papai Baba, assim que viu o filho na pior chamou-o para “trabalhar” nos assaltos e roubos, a seu lado.

Foi nessa altura que Ali passou a usar também o nome do pai e virou Ali Baba. Os 40 ladrões eram comandados pelo Baba, e estavam com um enorme depósito cheio de riquezas, até de presentes que adversários lhe tinham dado para fazerem acordos. Todos ricos. Compravam juízes, políticos, etc. Tudo.

Um deles, que se chamaria algo como Dhan Dhantass, rico, havia já pago generosamente ao Baba para que o deixasse continuar a negociar, e nessa altura Baba lembrou-se que o parceiro ideal pra o Dhantass seria o seu Ali Babazinho que, apesar de fraco de meninges e raciocínio, lhe serviria, não para levar mais notícias ao rei que havia sumido, mas para seu papai, o Baba, vulgo o καλαμάρι. Era um portador de notícias, como hoje são os telefones celulares, para fofocas, fake news e informações ‘.

Ali Babazinho, com o que o tal Dhantass lhe ia dando para manter o Baba quieto, não tardou a ficar rico, riquíssimo, e logo era grande proprietário e, agradecido, para recompensar o Dhantass, abandonou-o e o traiu!

O Baba quis até que ele fosse ouvido em tribunal... de malandros. Surgiram vários indivíduos que tanto queriam defender um quanto atacar o outro, ambos com nomes complicados (persas...) como o sr. Proto Genius Sathyagrah e o sr. γκρινάλντα.

Baba viu que o filhotinho, o limpador de cavalos, corria perigo com o desjo de vingança do Dhantass, chamou o seu secretário que ficou conhecido – e ainda é – por Guyl Querqus, o feroz, o sanguinário, obediente aos maléficos desígnios do Baba.

Logo o Querqus mandou liquidar o Sathyagrah (até pelo nome parecia que ia suceder o contrário), o Dhantass fugiu e refugiou-se na Mongólia, e o γκρινάλντα, subiu mais uns pontos na esfera do Baba.

Ali Babazinho, vendo a fortuna do Dhantass, parada, a dar moleza, meia abandonada, deitou-lhe a mão e ficou tão rico quanto o Baba. Isto é um pouco de exagero, mas que ficou riquíssimo, para os padrões da época – século XII – quanto mais para os padrões atuais, é o que reza a história.

Nunca mais cheirou as fezes de um cavalo, nem as dele, porque comprou logo uma privada japonesa (eles já as fabricavam nesse tempo) que lhe lavava as “partes” com água morna, fria ou quente conforme as estações do ano.

Não andou mais a pé, mas em carruagens cobertas a ouro, puxadas por quadrigas de zebras que outros escravos limpavam e, mesmo cada vez mais fraco, meningiticamente falando, logo se atreveu a fazer pronunciamentos políticos contra todos aqueles que não tinham um papai tão bonzinho. Se em vez disto se ter passado há dez séculos, hoje o Babazinho andaria de avião a jato.

Deixou de beber água de poços e, para satisfazer as suas sedes, e mandava buscar à Arménia e à Galiza (não é a da Espanha) os melhores e mais caros vinhos (reza a história que ele e o Baba gostavam muito de um chamado Tariri, que corresponde ao Chateau Lafitte deste tempo moderno, um dos mais caro vinhos do mundo naqueles tempos) e que bebiam nele como quem bebe água que os deixava normalmente αλκοολισάδος.

Também se entretinham, nas horas de folga da roubança, a fumar umas opiáceas, reclinados em camas de seda roubada aos mongóis.

Bem tentou o Danthass oferecer-lhes umas caixas dessa preciosidade enológica, para ver se recuperava parte do que lhe haviam subtraído. Mas não só não se livrou do ostracismo, como teve que sumir.

E assim anda, até hoje, o mundo: uns bebem do bom e do melhor, roubam, riem até que...

Outros bebem o que o diabo amassou.

São, uns as zelites, e os outros...

Eu sou dos “outros.

 

N. Quem souber grego... que se vire. Procure Aristóteles

 

09/11/22

segunda-feira, 7 de novembro de 2022