terça-feira, 23 de março de 2021

 

ERNESTO  LARA


Quem não o conheceu pessoalmente, pode ir fazendo uma ideia da sua personalidade, através de alguns textos e poemas que nos deixou.

Foi um amigo, coração grande, e sempre ótima disposição. Angolano a mais de 100%. Na sua querida cidade do Huambo, foi atropelado e faleceu na hora. 1977.

Hoje dois poemas. Sempre de grande sensibilidade. Merecem ser lidos mais do que uma vez.

Caminhos dos Musseques

Caminhos dos musseques
lá onde a areia entra pelos sapatos
daqueles que têm sapatos
lá onde o sol se filtra pelas fendas
pelos buracos dos pregos
dos tetos de zinco.

Caminhos antigos.
Caminhos antigos como o Mundo.

A cidade empurrou os musseques
e o cacimbo caíu mais de mansinho
escondendo as figuras esguias
e os rostos de chumbo.


onde a esteira cobre o chão varrido todas as manhãs

onde a fuba substitui todas as claridades

onde a cerveja escorre pouco
porque não há dinheiro de comprar.

Caminhos antigos
onde a eletricidade começa a fazer circular
"idéias estrangeiras"
onde os motores dos carros
acordam as madrugadas das crianças
que antigamente ouviam passarinhos.

As fendas, os muros, os tetos
os buracos dos caminhos
esboroando-se no passado
alcatrão penetrando e desmentindo a mudança
cimento e cal erguendo os muros cinzentos das fábricas
saias lutando contra os panos das velhas
telefone até.

Nas almas... um grande vazio
preenchido pelos merengues que vêm de fora.

Lá - caminhos da vida
Lá no mato. Lá no campo. Lá na floresta. Lá no estrangeiro.
Lá onde se nasce, vive e morre todos os dias
com kambaritókué ou sem ele
com um lençol simples ou uma vala comum
morrendo apenas é que tudo acaba.
A vida tem de ser dignamente vivida.
Vamos juntar as nossas cobardias
os nossos sofrimentos
as nossas ansiedades
nossas angústias
nossos sorrisos
nossos sarcasmos
a nossa coragem
nossas vidas.
Vamos
Lá - no musseque - areais vermelhos
onde passam os caminhos da vida
e vamos dizer
corajosamente
às crianças que esperam o nosso exemplo
que este quintal
tem de ser estrumado com sangue
adubado de sofrimento
cultivado com as dores
mangueiras
anoneiras
gindungueiros
frutificando ao sol e ao luar
para quê dizer mais versos
que só o povo entende?

(Antologia de poesia da Casa dos Estudantes do Império. Deve ter sido escrito nos anos 60)


HUAMBO

a que depois de Stalinegrado, Barcelona, Madrid, Londres,

também foi metralhada.

Depois das grandes cidades, também há pequenas cidades.

Viemos encontrar-te destruída, na paz das tuas ruas mortas,

desertas, mas não conformadas.

No teu arquejo de vida mais forte do que o estoiro

dos morteiros e das bazookadas.

A tua fria vontade de resistir.

HUAMBO,

das casas abandonadas, de portas arrancadas,

vidros partidos, destelhadas,

as belas cidades do Mundo contemplam-te com tristeza

e silêncio,

débeis em face do teu pavoroso sofrer,

mesquinhas no seu esplendor de mármores salvos e rios

não profanados com o sangue dos mortos,

as pobres e prudentes cidades, que se entregaram sem luta,

aprendem contigo o gesto do fogo.

Também elas podem esperar.

HUAMBO,

quantas esperanças!

Que felicidade brota das tuas casas?

De uma apenas resta a escada cheia de trampa,

de outras um cano de água partido, uma torneira,

nem uma bacia de criança.

Não há livros para ler, nem um teatro, um circo,

nem trabalho nas fábricas.

Uns morreram, outros estão estropiados,

os últimos como nós escrevem em pedaços de parede

onde escrevem o que sentem.

Mas a vida em ti é prodigiosa, começaram as chuvas,

está tudo a reverdecer, os insectos pululam ao sol,

oh meu querido HUAMBO de menino, das goiabeiras,

das pitangueiras, das mangueiras, dos milharais,

dos mandiocais, dos morangais,

apalpo as tuas paredes, os muros das tuas casas

desmanteladas,

caminho solitário pelas tuas ruas

Vejo as tuas crianças passarem de batas brancas

para as escolas

uma criatura que não quer morrer e combate

nas bichas do pão, do óleo, da farinha de milho e de bombó,

uma criatura que não quer morrer e combate

contra o céu, a chuva, as intempéries, o metal das balas,

a lâmina das catanas traiçoeiras,

contra outras criaturas que combatem, que nos combatem,

combatemos contra o frio, a fome, a noite,

combatemos sempre

Em teu chão regado pelo sangue dos que tombaram,

onde apodrecem cadáveres,

hão-de florir dálias roxas como as que colhi ontem

no meu quintal .

 

Ernesto Lara Filho                                                                           Dezembro de 1976

segunda-feira, 15 de março de 2021

 

Na Índia em 1943

 

Já faz anos que escrevi uma pequena história que me veio de Goa, sobre uma carta escrita a Camilo Castelo Branco, que nunca lhe fora entregue e um dia veio parar às minhas mãos.
Quem me entregou essa carta foi um amigo da família, nascido em Goa, de família tradicional, Noronha, que se formou em medicina no Porto, casou com uma amiga de infância da minha mãe e fez toda a vida profissional na Índia.
Tempos a tempos ia até Portugal, era muito comunicativo e nós, irmãos o tratávamos por tio. Foi dele que eu ouvi, faz muito tempo esta história, que de autentica tinha o facto de esse “tio” ter conhecido bem as personagens envolvidas.
Após a implantação da República em Portugal, Francisco Manuel Couceiro da Costa foi o primeiro governador, republicano, na Índia.
Um dos secretários do Governo, que já ali trabalhava há alguns anos era José Afonso Pereira da Costa, nascido em Goa, descendente de antigas famílias portuguesas com raízes no tempo de Afonso de Albuquerque, considerado brahman pelo lado da mãe e que casara também com uma senhora indiana, Alisha Sing, igualmente de casta superior indiana.
Em 1919 nasceu o primeiro filho, aliás o único de que ficou notícia, a que puseram o nome de Afonso Singh Pereira da Costa, educado com todo o cuidado e mandado mais tarde para Coimbra estudar na universidade, onde formou em Letras Orientais, sempre preocupado em conhecer cada vez melhor as línguas da sua origem asiática, que incluíam o hindu, árabe e outras.
Formado, voltou à sua terra onde foi recebido com grande alegria e festas, que o ajudavam a melhor penetrar nos costumes, língua e história de todo o país.
Num desses encontros foi-lhe contado por um velho brahman, meio em segredo, que em toda a Índia, as festas de casamento eram espetáculos lindos, mas em algumas regiões havia por vezes detalhes que vinham de tempos muito antigos, que todos conheciam, mas de que se fazia a mais completa discrição: a noiva não podia ser entregue virgem ao noivo para que não sofresse com o primeiro encontro sexual, que em alguns casos havia dado triste resultado.
Assim os pais da noiva encarregavam alguém de total confiança para que encontrasse um jovem, bem apessoado, desconhecido, que viesse de longe, ninguém o visse, que a meio da festa era levado a um quarto, com a noiva, para cumprir o seu trabalho, que lhe era pago, saindo logo após por um canto, escondido.
Afonso, 24 anos, jamais ouvira tal história, tinha sido já convidado para vários eventos onde, regra geral, as noivas eram lindas, muito bem vestidas e maquiladas, que o deixavam de olhos arregalados.
Arriscou. Disse ao velho brahman que se prontificava para exercer, pelo menos uma vez, esse papel, com toda a educação e secretismo que era exigido. O velho riu e disse-lhe que lhe comunicaria quando houvesse tal possibilidade.
Entretanto Afonso viajou por quase todo o país, encantou-se com os monumentos grandiosos que ia visitando, e sempre aprendendo com as gentes com quem conversava.
Não demorou muito, foi chamado pelo seu “amigo”, o tal senhor que lhe havia contado o caso das noivas.
- “Olha, vai haver um importante casamento em Gandhinagar, bem longe daqui, mais de 600 milhas, e eu já avisei que tinha encontrado o jovem ideal para aquele ‘trabalho’. Educado, culto, brahman e muito correto. Aceitaram. Dei um nome fictício e vais aparecer como sendo somente मनु, Manu. Deves chegar, no mais tardar, na véspera do casamento, encontrarás ao fim do dia o pai da noiva no Hotel Cambay Sapphire, onde receberás todas as instruções.
O casamento é daqui a duas semanas, mas tens que pensar que o trem vai levar uns 3 dias. Não pares no caminho à ida. À volta poderás visitar muitos lugares interessantes. Eu te avisarei quando deves partir. Agora é só boca calada!”
Afonso ficou perplexo. Jamais algo parecido lhe havia passado pela cabeça! Ficou nervoso, quase não saía de casa, disfarçando que estava a aprimorar o seu conhecimento de sânscrito, mas sonhava com a noiva, uma noiva! Como seria ela?
Talvez fosse a mulher mais feia lá da cidade! Ou a mais bonita. E como deveria comportar-se? Entrar, cumprir o serviço e sair correndo, fugindo? Se fosse como aquelas com quem sonhava... ia ficar perdido!

                 Seria assim?                Ou assim?                                Ou ...

Chegou o dia. Avisado, entrou no comboio, naquela parafernália carregada de gente dentro e em cima das carruagens, aguentou quase três dias e ao chegar correu para o hotel, descansar. Era antevéspera, foi passear um pouco pela cidade, sempre com muito para ver, olhares estranhos o percorriam porque tinha mais cara de ocidental do que hindu e consideravam-no um turista ou talvez estudioso de arqueologia, que mesmo no tempo da guerra ainda por lá apareciam.
À noite dormiu como pôde, para à tarde se encontrar com o pai da noiva, como previsto.
Na devida altura entrou um senhor que se dirigiu a ele e só perguntou: Manu?
Afonso responde-lhe que sim, e veio então a explicação das instruções finais.
-“Espero que saiba para o que veio. Primeiro, tem que chegar a meio do dia vestido como se fosse um dos criados que vão servir a festa, e com eles se misturar. Aqui tem a roupa que deve usar. Entre na casa pelas portas traseiras. Até deve ajudar no trabalho para não levantar desconfiança.
Quando eu for à cozinha procurar um criado para fazer um serviço qualquer, você apresenta-se logo e vai comigo. Fique atento. Vou deixá-lo num quarto com o mínimo de luz possível, sem janelas e a porta trancada.
Pouco depois chegará a noiva. Ela entra, fecha a porta com a chave, e o ‘serviço’ a fazer tem que ser muito cuidadoso, sem outras intimidades (???) para não deixar a noiva complexada.
E deve levar o mínimo de tempo possível.
Depois, a noiva sai do quarto deixa a porta aberta, você volta para a cozinha e na primeira oportunidade vai embora, se possível direto para a estação do trem e regressa a casa.
Tudo entendido?
- Sim senhor.
- Aqui tem o pagamento estipulado.”
Afonso estava nervosíssimo. Nem sequer havia visto a noiva, e tinha que se comportar com muita cautela, porque se não fizesse tudo como mandava a tradição, arriscava-se até a ser morto, para não abrir mais a boca.
Dia seguinte ali vai ele, com a roupa que o pai da noiva lhe deixou, e misturou-se com uma quantidade de criados atarefados.
Bebeu um bom copo de água, estava com a boca seca. Não tardou a ser chamado.
Quando se acostumou à penumbra do quarto, viu a cama, uns cabides e cadeiras onde pudessem pendurar alguma roupa.
Entrou a seguir a noiva que mal se conseguia ver, mas à medida que se foi, lentamente, aproximando as suas feições e o seu corpo se definiam.
Muito enfeitada, o tradicional, mas linda. Nesta fase, para Afonso era mesmo linda de morrer!
Poucas palavras trocaram. Não estava previsto conversa. Só o essencial.
A noiva entregou-se, suave, e Afonso procurou ser o mais delicado e cuidadoso que era capaz. Mas a relação foi aquecendo, o que é natural, e já a noiva perdia a postura de sacrificada, para se agarrar bem ao homem que estava a amar. Sim, a amar. E quis que demorassem mais tempo do que eventualmente haviam previsto.
Afonso limitou-se por fim a perguntar-lhe, com atrevimento, porque tudo deveria ser secreto, como se chamava:
- Miska.
Afonso não aguentou ficar calado.
- Miska, você é muito bonita e deixou o meu coração apaixonado.
Ela corou, demoraram pouco mais, recompôs-se e antes de sair do quarto olhou para trás e fez um pequeno sinal, quase imperceptível. Um sorriso.
Afonso vestiu-se, arrumou-se, passou pela cozinha e correu para a estação para apanhar o primeiro trem que passasse.
Mais dois dias na volta, sempre a sonhar com a Miska. Em primeiro lugar não podia contar absolutamente a ninguém o que estivera fazendo fora de casa quase uma semana. Turismo. Depois jamais pronunciar o nome dela a quem quer que fosse e procurar apagar tudo aquilo da memória... se fosse capaz.
Pouco tempo depois despediu-se dos pais e regressou a Portugal, continuou a estudar, doutorou-se e ficou em Coimbra como professor. Solteiro. Sempre a sonhar com a Miska que lhe perturbava o descanso!
Um dia, poucos anos passados, vê um casal de turistas indianos num restaurante da cidade, ouviu-os a falar a sua língua, híndi, e procurou uma mesa por perto para ouvir falar a sua língua maternal. Quem estava virado para ele era o marido, de modo que a cara da senhora não se via.
A refeição prosseguia e de repente o marido começa a sentir-se mal, a desfalecer, Afonso corre para o ajudar, manda chamar um médico, mas tudo foi inútil. Enfarto fulminante.
Afonso só depois olha para a senhora, e algo mexeu com ele! Ela a chorar agradece-lhe, em inglês, ter tentado fazer alguma coisa.
Afonso responde-lhe em híndi, disse-lhe como se chamava e que estaria à disposição dela para o que necessitasse. Deu-lhe até um cartão de visita. Que não fizesse cerimônia.
Ela agradeceu muito e disse que se chamava Miska! Estava no hotel...
Nessa altura foi Afonso que teve que se sentar. Perdera a cor! Não teve coragem de se dar a conhecer.
Disse-lhe que fosse descansar no hotel que ele trataria de tudo quanto fosse necessário, e lhe iria dando notícias. Burocracias, complicações, como laudo médico, certidões e o que fazer com o corpo.
Procurou Miska que disse que queria levar o corpo para a Índia.
Afonso tratou de tudo. Muita burocracia, até que o assunto estava chegando ao fim.
Miska preparava-se para voltar a casa.
Afonso não resistiu. Convidou-a para jantar num recatado restaurante, tentando dar-lhe ânimo.
A conversa começou a fluir e Afonso sem saber como lhe dizer onde e como a tinha conhecido, mas aventou uma hipótese que poderia dar resultado.
Perguntou se tinha filhos, o que ela negou, com muita pena.
Afonso adiantou o que estava atravessado há anos na sua garganta:
- “Miska, você é agora uma mulher livre. Aqui em Portugal, porque lá na Índia talvez seja obrigada a casar com algum familiar do seu marido.
- É isso que receio.
- Então ouça com cuidado, e não se precipite em responder. Eu quero casar com você!
Miska corou, engasgou-se e ... nada disse.
- Vou-lhe confiar um segredo que guardo, religiosamente comigo. Mas para isso você tem que me responder se quer casar comigo. Eu tenho meios de sustentar uma família, sou professor, e não estou a brincar. Acho que nunca falei tão a sério em toda a minha vida. Além disso, como viu, falo híndi, minha mãe era goesa, bem como minha avó e por aí atrás. Não sou nenhum aventureiro a querer tirar vantagem da sua difícil situação.
- Deixe-me pensar. Estou muito confusa.
- Pense o quanto quiser, mas a partir de hoje vamos estar juntos todos os dias até você se decidir. Quando tiver a resposta simplesmente dirá: Sim, quero casar ou não quero. Se não quiser volta para a Índia.
Não passaram muitos dias. Miska acabou por dizer o tão aguardado e sofrido SIM.
Só então Afonso lhe contou o que se passara no seu casamento. Miska não havia também esquecido. Choraram de alegria agarrados, a amarem-se.
Casaram. Registo civil. Mais adiante veriam que cerimônias, religiosas, fariam.
Miska escreveu ao pai a dizer que casara com “Manu”, agora professor em Coimbra.
Afonso também escreveu aos pais e contou ao velho amigo brahman como o mundo era pequeno!
 

07/03/21

segunda-feira, 8 de março de 2021

 

Seu Ascenso e a Morte

 

Com enorme espanto li há dias que um português, doente, um tal Ascenso, num feroz acesso certamente provocado por grave desequilíbrio mental, ou num delírio covidesco, fez um terrível pronunciamento, que se pode desdobrar em duas etapas.

Prima, uma dor retroativa que muito o perturba e incomoda, por não se ter matado muito mais gente no vinteecincobarraquatro.

Não sou psiquiatra e por isso não compreendo como uma pessoa pode guardar tantos anos essa dor – já lá vão quase 47 anos !!! (Coitado do Ascenso só tinha 11 quando chegaram os vagões de cravos a Lisboa!) – sem ter sido examinado e tratado pela ciência médica. Muito deve ter padecido o Ascenso! Estar há quase meio século a sofrer, possivelmente arrependido, por não ter conseguido na altura uma bazuca ou uma metralhadora e ter saído às ruas a matar “mais gente”. Indiscriminadamente. Só mais gente.

Agora que ele está a ver como fazem os jihadistas, que matam, degolam, em qualquer altura e qualquer lugar, um monte de gente, chora o passado não mortífero que lhe perturba a mente.

Bem sei que nos dias que vão correndo, com a pandemia, os hospitais em Portugal e todo o mundo, estão abarrotados, o que impede que se interne o Ascenso, se faça um profundo e detalhado estudo do seu afetado cérebro e sistema nervoso, para que o pobre sofredor esqueça esses tempos de matança... em que ele não matou!

Secunda. A sua doença mental tem-se agravado muito nestes últimos tempos porque agora rosna, tal tigre acuado e enfurecido, contra um monumento que os portugueses decidiram erigir em memória daqueles que por obras valerosas se foram da lei da morte libertando, que arriscaram suas vidas por mares nunca dantes navegados, que enfrentaram o Adamastor, os ferozes e belicosos africanos, árabes e persas, mas deram novos mundos ao mundo.

Esse monumento saudado e admirado por nacionais e estrangeiros, o Padrão dos Descobrimentos, o Ascenso quer derrubar. Talvez pense que derrubando essa obra de todos os portugueses, com as suas 33 imagens de GRANDES figuras da história, ele se sinta realizado pelas mortes que não fez, “matando” assim uma boa mão cheia de portugueses, e dos melhores da história.

Há porém um detalhe que me está incomodando! É que se o Ascenso derrubar esse Padrão vai mexer com, pelo menos, um meu antepassado. Não lhe digo qual é porque família deve ser discreta.

E atenção ó Ascenso: eu não gosto que mexam com a minha família! Mexeu com ela... eu, que toda a vida fui profundo adepto do código do grande Hamurabi, porque é a única lei feita em todo o mundo que resolve os problemas na hora, sem mais quesitos e requisitos jurídico-político-burocráticos, vou invocá-lo.

E é bem claro quando prescreve no capítulo 197°-

Quem quebra o osso a um outro, se lhe deverá quebrar um osso.

Imagine, ó Ascenso (se eventualmente estiver em condições mentais de imaginar algo que não seja morte ou destruição) que se conseguir o seu paranoico objetivo de derrubar o Padrão, os corpos, mesmo de pedra, das trinta e três extraordinárias personagens que ali estão, vão ficar com os ossos todos quebrados. Todos.

E como ficarão os seus? Não se preocupe. Alguém vai cumprir a mais antiga lei e, como haverá muito osso a vingar, penso que o melhor é esmagá-lo totalmente, a si, ó Ascenso!

Já lhe disse que não gosto que se metam com a minha família!

Isto não é uma ameaça. Não. Nunca ameacei ninguém na minha já bem longa vida.

Mas é um aviso.

E tem mais: ameaçar destruir monumentos nacionais também é passivo de condenação em tribunal, mas como agora os tribunais estão, muitos deles, em mãos de outros alienados... pode até ser que lhe entreguem uma comenda: a Comenda da Morte a ser-lhe solenemente entregue por Caronte, com a presença do monhé e do que sobra da escória do MRPP.

Pode esperar por ela. Não tarda.

Entretanto seria bom que o resguardassem em Rilhafoles ou no Julio de Matos!

Com colete de forças e um pífaro na boca para não dizer tanta bestialidade.

*          *          *

Após ter escrito o que vai acima, pesquisei na Internet e o Ascenso lá está!!! Ou a discutir na rua e ofendendo o povo, ou discutir com grosseria adversários políticos. Belo CV também cheio de cursos e mestrados e bacharelatos, e comissões e presidências, etc.

Enfim tudo o que uma pessoa pode reunir para inflar o seu ego, ser grosseiro e depois... endoidar!

Mas vou-lhe contar uma coisa, seu Ascenso: não há muitos anos escrevi um texto no meu blog, sobre história de Portugal, que enaltecia diversos feitos e a seguir lastimava que após a tão apregoada democracia-demagoga, se tenha vindo a destruir o país. Como hoje você e sua camarilha estão a fazer.

Um dia depois recebo num comentário no blog uma ameaça de morte! Dizia mais ou menos:

“Ó pá! Já te estou a ver! Quando vieres a Portugal (eu moro no Brasil) vou-te matar!”

Estranho. Respondi de imediato ao anônimo ameaçador/matador, para que marcasse dia e hora para nos encontrarmos e ele me poder matar. (Os anônimos são muito machos!)

Logo o provedor tirou isso do blog, mas ainda fui a tempo de guardar uma cópia que tenho guardada.

Agora fico a pensar se não seria o Ascenso que me tenha feito essa ameaça! Você queria que tivesse morrido muita gente no 25/04. Logo eu que nessa altura vivia em África, gente a quem o Ascenso tem uma raiva danada. Ele que só sabe onde fica Angola pelo mapa!

Se foi você que me ameaçou... ainda vai a tempo. Deixa o Covid baixar um pouco eu irei a Portugal e poderá então cumprir a sua ameaça.

Não se preocupe porque não levarei nenhuma arma, nem seguranças, nem aviso a polícia. Nem testemunhas. Vou só para ver aonde está a machice dum boca-rota, ignorante.

Atenção: espero que o Covid não o liquide antes de eu aí poder chegar.

 

06/03/21