sábado, 6 de dezembro de 2025

 

NATAL 2025

 

A Igreja estabeleceu o dia 25 de Dezembro para festejarmos a chegada do Menino que nos trouxe a solução para que a Paz não fosse procurada nos canons escritos em documentos antigos, mas dentro de cada um.

Conhece-te a ti mesmo  e define que tipo de indivíduo queres ser.  Mas nunca esqueças que as grandes almas só esperam pela humildade para tornar GRANDE qualquer um que consiga esconder ou vencer o seu Ego com o Ser.

E é a festa da Família. Que Família, aquela que tem sangue e ancestralidade comum, ou aquela com mais de 8 bilhões de Irmãos, espalhados por esta Terra, que são empurrados para batalhar, empobrecer, matar os que não sabem sequer quem são?

Mais de metade vive com fome, doenças ou medo das gangues de assassinos que proliferam mais do que qualquer pandemia.

E chega a Consoada, tocam os sinos, os mais abastados trocam presentes e, ali, ao nosso lado, milhões não vivem, mal sobrevivem.

Que gosto pode ter um jantar com rabanadas doces se na garganta a amargura do desiquilíbrio nos pode até engasgar?

E quando a família está espalhada por milhares de quilómetros, sem contar aqueles que já Lá estão em Paz e deixaram um vazio que jamais se preenche?

O que fazer neste e outros Natais? Juntar os que sobram e eventualmente podem comparecer e chorarmos juntos?

Há muitos anos que o Natal tem sido, para mim, a mais difícil data de viver, e o tempo só me tem mostrado que cada vez está sendo mais difícil.

Mas não deixaremos os seres amados, Lá ou Cá, de estarem presentes, e que todos, conhecidos ou não participem da nossa vontade e agir AMANDO a TODOS

 

Dezembro 2025

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

 " A pedido de várias famílias... decidi escrever mais alguma coisa. Vejam o que saiu, e comentem sem receio de me magoarem!"


Café para Quatro Anarcas

 Passeava há dias em Lisboa, na Baixa, a matar saudades do tempo em que ali vivi, gozava tudo aquilo que fazia parte do ambiente dos anos 50 do século passado, que tão bem conheci e lamentava o que já tinha esaparecido.

Não entrei na Praça da Figueira, hoje uma Praça sem graça, onde tanta vez entrei, sobretudo aos domingos, quando ali ia com um tio comprar uns petiscos para o almoço em casa as dos meus avós que moravam na Praça dos Restauradores.

Na esquina da Rua Agusta para o Rossio já lá não estava a famosa e muito chic Loja das Meias, um pouco adiante a magnífica Pastelaria Suissa, um ícone da Baixa da cidade, uma delícia de Pastelaria, com entrada para o Rossio e para Praça da Figueira também desaparecera, “junto ao Arco da Bandeira”  a velha tasca Tendinha, um padrão imortal” fez-me lembrar com muita saudade as tantas vezes que ali fui comer aquelas sanduiches de presunto, beber um copo de tinto e rematar com uma ginginha, no outro lado do Rossio, já na Rua do Carmo, era a Fotocolor onde mandei revelar e ampliar dezenas ou centenas de filmes fotográficos e que se transformou, imaginem, em Burger King.

Tudo isso estava a levar-me para longe do tempo que, mesmo sem o querer, estava a viver.

Subi a Rua do Carmo. No prédio que teve o nr. 5 e hoje é 97 (foi promovido?) viveu e faleceu o meu bisavô e homónimo; em frente da porta parei uns instante lembrando dele, que não conheci mas muito tenho feito para que não caia no esquecimento. Continuei a subir, ainda vi a Pastelaria Bernard, fundada em 1868 e que forneceu o esplêndido “repasto” no nosso casamento (em 1954), a Livraria Sá da Costa onde gastei, bem gastos, uns poucos escudos quando os conseguia arranjar, faltou a bela loja Ramiro Leão onde a minha mãe comprava tecidos e lã para nos vestir. Lá está ainda o Café “A Brasileira do Chiado” com o Fernando Pessoa submerso no meio de tanto turista.

Fui cumprimentar o velho poeta António Ribeiro, o “Chiado”, franciscano, satírico, século XVI, contemporâneo do grande Camões que “mora” ao lado no largo com o seu nome, mas também estava bastante esmagado também pelo peso do turismo, pelas transformações de uma cidade que foi minha e hoje é de outros, pelo pouco que guarda da sua história e segui pela rua da Misericórdia para me ir queixar ao bom São Rocque, jesuíta, que deu a sua vida para curar doentes, e eu estava a sentir-me baralhado da cabeça.

Enquanto subia a rua da Trindade parei para respirar um pouco em frente ao famoso e luxuoso Restaurante Tavares, o Tavares Rico, onde as minhas posses nunca permitiram que adentrasse, fundado em 1734, com histórias curiosas, hilárias, sempre com gente de posses que o animavam.

Mas... o Tavares “Rico” também morrera, em 2018! A aura de opulência do Tavares remonta a 1861, quando Vicente Caldeira e seu filho Manuel compraram um velho botequim de ambiente taciturno para o transformarem num lugar chique de Lisboa. O interior foi totalmente renovado a cozinha preparada para servir refeições. Foi retirado o velho quiosque que existia no meio da sala passando a chamar-se "Café - Restaurant, Tavares".

Do original, “Café Tavares” onde se reuniam “Os Vencidos da Vida”, pouco mais se aproveitou do que os vidros das portas, onde ainda se veem as letras originais.

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O “Tavares Rico” agonizando, abandonado (vejam os vidros das portas) e o” Café Tavares” em 1803. Só mesmo as portas são originais.

 “No Tavares, ainda solitário àquela hora, um moço areava o sobrado. E enquanto esperava o almoço, Ega percorreu os jornais sorriu, cofiando o bigode. Justamente o bife chegava, fumegante, chiando na frigideirinha de barro. Ega pousou a Gazeta ao lado, dizendo consigo: "Não é nada malfeito, este jornal!"

O bife era excelente: - e depois duma perdiz fria, dum pouco de doce de ananás, dum café forte, Ega sentiu adelgaçar-se enfim naquele negrume que desde a véspera lhe pesava na alma.

O relógio do café deu dez horas. "Bem, vamos a isto", pensou Ega.

Eça de Queirós, Os Maias, 1888.”

 Aquelas letras nas portas, as originais, de 1734, estavam a dizer-me alguma coisa. Saía dali uma energia que me estava a confundir.

De repente senti uma tontura, pensei que ia cair, fecho os olhos e quando os abro vejo-me em frente ao velho Café Tavares, gente dentro, os vidros limpos, e eu com outra roupa que jamais tinha vestido. Avancei, titubeando, para ver se estava sonhando, sem acreditar em nada.

Abri a porta, dentro um pouco escuro, mas luz suficiente para ver uma mesa com três homens barbudos que pareciam saídos do romance de Dafoe, Robinson Crusoe, mas não era náufragos, só barbudos, barbas até ao peito, roupas decentes.

Os três tomavam café, conversa amena, mas quando viram um velho, barba bem branca, mas curta, que ali nunca tinha entrado, calaram-se, entreolham-se, todos abanando a cabeça indicando que não conheciam o intruso.

Foto preta e branca de rosto de homem visto de perto

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O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.       Foto preta e branca de homem sentado em frente a uma cerca de metal

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.

         Guerra Junqueiro            Antero de Quental              Thomás da Fonseca

Cumprimentei-os; aquelas caras não me eram desconhecidas! De um deles eu sabia até com quem se parecia, com Antero de Quental. Os outros acabei também por reconhecer.

Sentei-me numa mesa pedi um café, um deles tomou a palavra e diz-me:

- Muito estranho. Uma pessoa de idade entrar aqui sem que nem um de nós jamais o tenha visto. Não quer sentar-se aqui nesta mesa conosco. Tem lugar, e certamente nos dará prazer e nos poderá esclarecer-nos sobre a sua pessoa.

- Obrigado. Aceito. É uma honra. E o mais curioso é que os reconheço e saberei dizer o nome de cada um, mas a todos terei que tratar por Mestre.

- Mestre? Não tem mestres. Tem três amigos. Mas diga-nos, por favor como se chama, e como chegou até aqui!

- Como cheguei não saberei dizer, até para mim que estou meio tonto neste meio. Chamo-me Francisco Gomes de Amorim.

- Francisco Gomes de Amorim, eu conheço bem. Um grande dramaturgo, poeta, sempre doente, deve estar em casa, e até é careca! Quem é você, afinal?

- Mestre Guerra Junqueiro, eu sou bisneto desse Francisco Amorim. Só que, por impossível que vos possa parecer ainda não desencarnei, por isso os reconheci a todos, porque o que deixaram são lições de liberdade que aprendi com um interesse sempre crescente. Parei aqui em frente do Café, tive uma tontura, entrei numa dimensão fora da terra, num encontro etéreo, e mais idoso do que qualquer um de vós, sinto-me um menino no vosso meio.

- Já sei até qualquer coisa, Francisco. Grande amigo do meu neto Henrique.

- É verdade. Temos até escrito algumas coisas sobre liberdade, cultura, etc., baseando-nos nas lições dos que consideramos Mestres. A anarquia tal como os três a discutiram são a base para uma vida decente em todo este planeta, que não precisa de normas, nem religiões, muito menos de governos. Um único Homem em poucas palavras disse-nos tudo: Amai-vos uns aos outros. Só assim se resolvem os problemas, insolúveis, do mundo. E muito disso aprendi com cada um de vós. Anarquista de verdade é aquele que ama o próximo, que se interessa por ele, e eu sei que na frente de três grandes figuras da bondade.

- Francisco, o que estás a dizer, toca-nos bem fundo. Eu lutei pelo bem estar dos mais desfavorecidos. Fui até para fora de Portugal tentar aprender a viver como vive o trabalhador pobre. Queriam aproveitar a minha vontade mas que não saísse fora da política do governo. Sofri muito. Era grande a luta que travava comigo mesmo. Não consegui vencer-me. Queria ser humilde e queriam que eu fosse uma bandeira arrogante. Achei que estaria melhor no “eterno” e despedi-me.

- Antero que falta nos fizeste, e quanto sofremos com a tua partida. Talvez uma das mais fortes personagens que souberam o que era ser humilde. Todos chorámos.

- Mas também apreciei muito a determinação, teimosia, retidão e consciência do Mestre Thomas. Constantemente perseguido, tinha nos guardas da prisão admiradores que lhe pediam autógrafos dos seus livros. Nunca baixou os braços e até lhe chamaram comunista o que sempre negou com veemência, mas que serviria aos hipócritas sugadores do erário público. Deixou, profunda a marca do verdadeiro socialista, o que se preocupa, em primeiro lugar com o Outro.

- Olha Francisco, todos os que nos atrevemos a lutar contra a mentira, onde está a falta de liberdade, fomos perseguidos, maltratados, incompreendidos. As críticas contundentes, absurdas, que fizeram ao meu livro “A Velhice do Padre Eterno” veio mostrar o espírito de ignorância e falta de capacidade de pensar da maioria do povo. Como já estou no Além há muito tempo, mesmo que lá não haja tempo, gostaria de saber se a opinião pública evoluiu.

- Mestre Guerra Junqueiro, não só não evoluiu como parece estar a regredir! Se antigamente havia ganância, hoje isso é o que domina. Ganância e inveja. E daí a pobreza não diminuir e as guerras vão crescendo. Eu estou perto de ir ter convosco lá onde não há tempo, mas o mundo está a caminho de uma imensa revolução.

- Francisco, vieste dizer-nos o que pensam os jovens no tempo atual, o que foi muito agradável e ouvir?

- Infelizmente não. Os jovens pensam cada vez menos, ignoram a história e sua cultura, e só procuram subir na vida profissional e financeira. Para a esmagadora maioria o Outro é um degrau em que ele vai pisar para subir.

Prezados mestres, sinto que alguma coisa se está a passar na minha cabeça. Talvez tenha chegado o fim que me foi dado para estar aqui. Foi um honra imensa ter estado convosco. Obrigado por me acolherem tão bem e, até breve.

Senti uma vez mais a cabeça tonta, uma profunda escuridão, duas pessoas que passavam na rua viram que eu passava mal, seguravam-me nos braços preguntando se precisava de ajuda, ambulância, etc.

Agradeci muito, mas disse que já me sentia bem.

Pensei ir direto contar a São Roque o que tinha “visto”, mas precisava de repousar a cabeça. Fui à magnífica Cervejaria da Trindade, no antigo refeitório do antigo Convento da Santíssima Trindade fundado em 1294, destruído em 1704 por conta de um incêndio, outro em 1755 devido ao terramoto e em 1756 devido a um novo incêndio. Com a extinção das ordens religiosas em Portugal no ano de 1834, o convento foi extinto. Em 1835, Manuel Moreira Garcia comprou o edifício e montou na Igreja, claustro e antigo refeitório do convento a Fábrica da Cerveja da Trindade e, no ano seguinte, em 1836, a Cervejaria Trindade. Aproveitando o revestimento azulejar do antigo convento para decorar o espaço. Para complementar, em 1863, encomendou painéis de azulejo da Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego, que pintou painéis alegóricos, na medida em que representam as quatro estações (Verão, Outono, Inverno, Primavera) e os quatro elementos (Ar, Fogo, Água, Terra).

Ali, naquele ambiente magnífico, dois copos de cerveja “lavaram-me” a cabeça baralhada.

Dali fui então ver o São Roque, muito calmo, santo, fez-me saber que tudo quanto eu estava a precisar era de algumas horas de sono.

Fui então dormir. Mal.

 01/12/2025

 


domingo, 30 de novembro de 2025

 

A MILÉSIMA (1.000) POSTAGEM NESTE BLOG

 

Não foram só as 999 postagens que escrevi. Em 2005 criei o meu primeiro blog, que, de repente, sem eu saber e sem qualquer aviso do provedor, foi tirado do ar três anos depois. Devia talvez ter 200 ou mais. Não lembro. Perdi muita coisa do que ali estava porque entretanto o meu computador também teve um piripaque.

Depois ainda ensaiei mais dois blogs, de curta vida, um sobre a Família La Rocque, que teve muitas perguntas, mas pouco seguimento, e abandonei. Ainda hoje se algum La Rocque quiser saber alguma coisa, pouco, o blog está disponível. Só teve três postagens.

Um outro blog, Zukumuna, que significa: "arremessar, atirar ou lançar com força” (pau ou coisa semelhante de acordo com o Dicionário Cokwe-Português do Pe. Adriano Barbosa) e vem bem a propósito das intenções dos textos que me ocupavam o tempo: lançar com força, para longe e para perto, para o máximo de gente, críticas, descrições de belezas naturais, muita crítica e outras histórias - normalmente verdadeiras, que o tempo e a inspiração me permitiram divulgar.

Este site durou uns dez anos, mas foi igualmente “esquecido”.

Em 2009 criei este, com o meu nome fgamorim, onde fui escrevendo sobre tudo quanto me vinha à cabeça, história (de Portugal, Angola, Moçambique, Brasil, Índia, Peru, Antártica, e diversos outros, como um dicionário de termos angolanos, etc.), contos romanceados, muita crítica política e... foram anos a escrever, pesquisar, divulgar. Calculo que tenha sido acessado, por quem quis ler, mais de 150.000 vezes.

Durante 17 anos fui “correspondente” do semanário canadense “Sol Português” que entretanto entregou a alma ao criador (17 anos a 52 semanas por ano, só para ali foram 884 textos).

Escrevi uns quantos livros, desde 1998, e chego agora a uma situação de cansaço, a cabeça vazia, a pedir que não me canse mais a pesquisar, redigir, escrever.

Imagino que devo ter escrito mais de 3 ou 4.000 páginas, o que não faz um escritor mas um modesto amador.

Paralelamente pintei alguns retratos de filhos, netos, bisnetos, família, amigos e conhecidos que somam cerca 700. E pintei quadros a óleo e aquarelas, poucas centenas.

Assim fui ocupando o tempo que me sobrou sobretudo desde que me mandaram para casa, “velhinho”, com 70 anos!

Agora não me apetece fazer mais nada disto, mas ao mesmo tempo começo a preocupar-me sem saber como vou ocupar o tempo que me resta, pouco e fraco, já que nunca consegui estar sem fazer nada, e até nem sei como é viver assim.

E pronto. Tive bastantes seguidores no blog, razoável número de interessantes comentários (até uma ameaça de morte, que achei divertido!) entre os milhares de visitas, mas agora as pessoas parecem estar mais interessadas em IA e deixam os que teimam em manter um pouco da sua IN.

Pode ser que, vez por outra, ainda me dê um surto de intelectualice e escreva qualquer coisa. Mas não estou muito confiado nisso.

Despeço-me assim dos leitores que, alguns, às vezes me fizeram crer que escrevia bem. Amáveis. Vou manter troca de e-mails e conversas no whatsapp sempre e quando puder.

Abraço todos, todos.

A vida segue

22/Novembro/2025

 Já tenho duas novas ideias a mexerem no cérebro, mas este está... cansado!

A ver...

domingo, 23 de novembro de 2025

 

Como se vai destruindo a (pouca) cultura de um país

ABL

ABERRAÇÕES  BRASÍLICAS  de  LETRAS

Este país tem cada coisa! Bem, mas não é bem assim, porquanto apesar de ter muita coisa, positiva, ainda não conseguiu, nem tem querido, encontrar o caminho da ética, retidão, educação e consequente desenvolvimento sócio económico.

A luta é feroz, governado por feras famintas de poder, dinheiro, corrupção e outros males semijantes (novo vocábulo) forçando a educação e a cultura a baixarem a cabeça, abrindo, para encher, os bolsos das camisas e das calças (quem tem calças) e atacando com ferocidade doentia (cancerosa, leprosa/contaminável) os opositores, dos mais simples aos... outros, porque os grandes estão encolhidos, calados, bajulando à espera de milagres.

Como é sabido milagres não vem de fora para dentro, mas podem acontecer de dentro para fora desde que haja... muita Fé, Esperança, e Força.

Há dias a ex vetusta ABL, lia-se Academia Brasileira de Letras, com grandes, cultos e admirados intelectuais, como Machado de Assis, Joaquim Nabuco, Olavo Bilac, Rui Barbosa (a Águia de Haia) e outros, tendo por lá passado ainda João Guimarães Rosa, Luis Fernando Veríssimo, João Ubaldo Ribeiro e outros admiráveis, tenha eligido uma passarola (para competir com Ruy Barbosa?) que no seu discurso de introdução junto aos “imorríveis”, se identificou como “a primeira mulher negra (a cor da pele da indivídua... é bem clarinha) a ali ser recebida por falar PRETOGUÊS (sic) a partir da ORALITURA e ESCREVIVÊNCIAS (sic, sic).

"Sic transit gloria mundi."

E pasmem, oh gentes: nem um só dos imorríveis ao ouvirem tamanha bestialidês se levantou para sair da sala e, em vez disso, todos, mas TODOS literalmente, se levantaram e bateram palmas, aplaudindo a nova “pássara”, "sem olhos de cigana oblíqua e dissimulada", aquela URUBUA albina, que estraçalhou e escarrou na língua portuguesa, com a introdução de novos vocábulos, que vão ser distribuídos pelas escolas e faculdades debaixo do comando político do PT, impressos em papel higiénico.

Podiam ter-se limitado a “rir, a mais antiga e mais terrível forma de crítica”, como dizia Eça tão admirado no Brasil.

Os fundadores e muitos outros que ali passaram revolveram suas ossadas onde descansavam. Ouviu-se, perto dos cemitérios, um roçar de ossos, arrepiados, que conseguiam ainda chorar.

Perguntei a Machado de Assis o que ele tinha achado desta nova Urubua. Disse simplesmente que dava Graças a Deus por não fazer parte daquele amontoado de idiotas e políticos que bajulam um governo que quer destruir as poucas raízes e rara cultura, infiltrando-se e destruindo tudo quanto poderia ser uma organização de apoio ao desenvolvimento. E ainda, Joguei para fora do meu túmulo tamanha enormidade linguística”.

Eça de Queiroz mandou uma mensagem criptografa (olha a IN – Inteligência Natural - a funcionar), dizendo: Não te preocupes com porcarias, e lembra-te que “políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo.”

Esqueceu-se a recém inguinorante imorrível, de falar sobre obras de seus pares (nunca ali tinha passado um “par” tão tristemente analfabruto), porque quando não teria informada o quanto lhe tinham valido as LEITURICES dos antecessores.

E assim vai-se a língua de Camões (que ao ouvir tamanha calamidês fechou o outro olho), de Machado de Assis, Gonçalves Dias e tantos magníficos. Lamento, e muito, que João Ubaldo e, pelo menos, juntando o Barão de Itararé e Nelson Rodrigues não possam comentar. Eles saberiam bem o que dizer.

Que descansem em Paz.

 

Escrito em Pindorama, a 16/nov/2025, poucos dias depois da Oralitura oficial da Urubua.

terça-feira, 18 de novembro de 2025

 2ª Parte, (final) sobre a História dos Cagots /                                      Agotes.

Sempre interessante, quase novidade para a maioria das pessoas, como foi para mim.

Toponomia

Uma placa da Rue du Pont des Cagots em Campan

A toponímia e a topografia indicam que os locais onde os cagots foram encontrados têm características constantes; são brechas, geralmente através de rios ou fora das muralhas da cidade, chamadas de “crestian” (e derivados) ou “place” (os nomes de Laplace são frequentes) junto a pontos de água, locais destinados a viver e sobretudo a exercer os seus ofícios. 

A toponímia também fornece evidências de áreas onde os Cagots viveram no passado. Vários nomes de ruas ainda estão em uso, como Rue des cagots nos municípios de Montgaillard  e LourdesImpasse des  cagots em LaurèdePlace des cagots em RoquefortPlace des capots em Saint-Girons e Rue des Capots nos  municípios de MézinSosVic-Fezensac Aire-sur-l'AdourEauze e Gondrin .

Em Aubiet, existe uma localidade chamada "les Mèstres". Era neste povoado que viviam os cagots (Mèstres) de Aubiet, na margem esquerda do rio Arrats, separados da vila pelo rio. A descoberta do nome do local permitiu aos professores descobrir a história local dos Cagots e iniciar o trabalho educativo. Até ao início do século XX, vários bairros dos Cagots ainda ostentavam o nome de Charpentier ("Carpinteiro"). 

 Os cagots eram evitados e odiados; embora as restrições variassem de acordo com o tempo e o lugar, com muitas ações discriminatórias codificadas em lei na França, eles eram obrigados a viver em separados.  Os cagots eram excluídos de vários direitos políticos e sociais. 

Pia de água benta para Cagots na catedral de OloronBéarn.

 Embora os Cagots seguissem a mesma religião que os não-Cagots que viviam ao seu redor,  eles estavam sujeitos a uma variedade de práticas discriminatórias em ritos e edifícios religiosos, incluindo serem forçados a usar uma entrada lateral nas igrejas, muitas vezes intencionalmente baixa para forçar os Cagots a se curvarem  e lembrá-los do seu status subserviente. Essa prática, feita por razões culturais e não religiosas, não mudou nem mesmo entre áreas católicas e huguenotes, como mostra o historiador Raymond A. Mentzer (americano, professor universitário UIOWA, nascido em 1945), que registra como mesmo quando os Cagots se converteram do catolicismo para o calvinismo, eles continuaram sujeitos às mesmas práticas discriminatórias, inclusive em ritos e rituais religiosos. Esperava-se que os Cagots entrassem nas igrejas silenciosamente e se reunissem nos piores lugares. Eles tinham suas próprias pias de água benta reservadas para os Cagots, e tocar na pia normal era estritamente proibido. Essas restrições eram levadas a sério; numa história recolhida por Elizabeth Gaskell explicando a origem do esqueleto de uma mão pregada à porta da igreja em Quimperlé, Bretanha, onde no século XVIII, um rico Cagot teve a mão cortada e pregada à porta da igreja por ousar tocar na pia batismal reservada aos cidadãos "puros". 

 Os cagots não tinham permissão para casar com não-cagots, o que levava à endogamia forçada, embora em algumas áreas nos séculos posteriores (como Béarn) eles pudessem casar com não-cagots, sendo que, a partir de então, o não-cagot seria classificado como cagot.  Não tinham permissão para entrar em tabernas ou usar fontes públicas. A marginalização dos cagots começava no batismo; os sinos não eram tocados em celebração como era o caso dos não-cagots, e os batismos eram realizados ao anoitecer. Nos registros paroquiais, o termo cagot, ou seu sinônimo acadêmico gezitan, era inserido. Os cagots eram enterrados em cemitérios separados dos não-cagots, havendo relatos de tumultos caso os bispos tentassem transferir os corpos para cemitérios não-cagots.  Normalmente, os cagots não recebiam um sobrenome padrão em registros e documentos, mas eram listados apenas pelo primeiro nome, seguido da menção "crestians" ou "cagot", em sua certidão de batismo. Só podiam entrar na igreja pela porta especial e, durante o culto, uma grade os separava dos outros fiéis. Eram proibidos de ingressar no sacerdócio, e totalmente proibidos de participar do sacramento, e a Eucaristia lhes era dada na ponta de uma colher de pau, enquanto uma pia de água benta era reservada para seu uso exclusivo.  Obrigados a usar uma vestimenta peculiar à qual, em alguns lugares, era preso o pé de um ganso ou pato (daí serem às vezes chamados de Canards ) e, posteriormente, passaram a ter uma representação vermelha de um pé de ganso costurada em tecido nas suas roupas. Em Navarra, uma decisão judicial exigiu que todos os Cagots usassem capas com um acabamento amarelo para os identificar como Cagots. 

Nos territórios espanhóis, os cagots estavam sujeitos aos estatutos de limpieza de sangre.  Esses estatutos estabeleciam a discriminação legal, a restrição de direitos e a restrição de privilégios dos descendentes de muçulmanos, judeus, ciganos e cagots. 

                               

Bairro de Bozate, em Arizkun, antigo gueto de Agotes, tem o Museo Etnográfico de los Agotes 

 Os cagots eram proibidos de vender comida ou vinho, tocar em comida no mercado, trabalhar com gado ou entrar em moinhos. Os cagots eram frequentemente restritos a ofícios artesanais, incluindo os de carpinteiro,  pedreiro, lenhador,  entalhador de madeira,  tanoeiro,  açougueiro, e fabricante de cordas. Eles também eram frequentemente empregados como músicos em Navarra.  Os cagots que trabalhavam com alvenaria e carpintaria eram frequentemente contratados para construir grandes edifícios públicos, como igrejas, sendo um exemplo o templo protestante de Pau.  Devido à associação com o trabalho em madeira, os Cagots frequentemente trabalhavam como operadores de instrumentos de tortura e execução, além de fabricarem os próprios instrumentos. Essas profissões devem ter perpetuado seu ostracismo social. 

As mulheres Cagot eram frequentemente parteiras até ao século XV. Devido à exclusão social , na França, os Cagots eram isentos de impostos até o século XVIII. No século XIX, essas restrições parecem ter sido suspensas, mas os ofícios continuaram a ser praticados por eles, juntamente com outros ofícios, como tecelagem e ferraria . Como a principal marca identificadora dos Cagots era a restrição de seus ofícios a algumas poucas opções, sua segregação foi comparada ao sistema de castas na Índia ,  com os Cagots sendo comparados aos Dalits . 

 Poucas razões consistentes foram apresentadas para explicar por que os Cagots eram odiados; as acusações variavam desde serem cretinos, leprosos, hereges, canibais, feiticeiros, lobisomens,  desviantes sexuais, a ações das quais eram acusados, como envenenar poços, ou simplesmente por serem intrinsecamente maus. Eles eram vistos como intocáveis, com Christian Delacampagne (filósofo, sec. XX)  observando como se acreditava que eles podiam causar doenças em crianças apenas tocando-as ou mesmo olhando para elas, sendo considerados tão pestilentos que era crime andarem descalços em estradas comuns  ou beberem do mesmo copo que não-Cagots. Também era uma crença comum que os Cagots exalavam um cheiro fétido. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo (pregador franciscano, português, séc.XVIII) registrou que muitos acreditavam que os Cagots nasciam com cauda. Muitos bretões também acreditavam que os Cagots sangravam pelo umbigo na Sexta-feira Santa . 

O psiquiatra francês Jean-Étienne Dominique Esquirol (francês, sec. XVIII/XIX) escreveu em suas obras de que os Cagots eram um subgrupo de "idiotas" e distintos dos "cretinos" (quando agora se confunde o significado de ambas as palavras). Em meados do século XIX, crenças pseudomédicas anteriores e a crença de que eles eram intelectualmente inferiores haviam diminuído e médicos alemães os consideravam "capazes de se tornarem membros úteis da sociedade". Embora vários médicos franceses e britânicos continuassem a rotular os Cagots como uma raça inerentemente afetada por deficiências congênitas até o final do século XIX. Daniel Tuke (séc. XIX, médico inglês especialista em doenças mentais) escreveu após visitar comunidades onde viviam Cagots, observou que os moradores locais não submetiam "cretinos" nascidos de não-Cagots a viver com Cagots.

Os Cagots tinham uma cultura própria, mas muito pouco dela foi escrito ou preservado; como resultado, quase tudo o que se sabe sobre eles está relacionado à sua perseguição. A repressão durou a Idade Média , o Renascimento e a Revolução Industrial , com o preconceito a diminuir apenas nos séculos XIX e XX. 

 O filósofo Jacob Rogozinski  (francês, atual) destaca como, mesmo desde a obra de François Rabelais, no século XVI, o termo cagot era usado como sinônimo de pessoas consideradas enganadoras e hipócritas. Na linguagem contemporânea, o termo cagot foi ainda mais dissociado de ser o nome de uma casta distinta de pessoas para ser um termo pejorativo para qualquer pessoa "preguiçosa" ou "vergonhosa".  Transformações semelhantes ocorreram com o equivalente espanhol agote .

 

Um apelo dos Cagots ao Papa Leão X (1475-1521) foi bem-sucedido, que publicou uma bula papal instruindo que os Cagots fossem tratados "com bondade, da mesma forma que os outros crentes". Ainda assim, pouco mudou, pois a maioria das autoridades locais ignorou a bula. 

Os aliados nominais, embora geralmente ineficazes, dos Cagots eram o governo, os instruídos e os ricos. Isso incluía Carlos V que oficialmente apoiava a tolerância e a melhoria das vidas dos Cagots. Sugere-se que a estranha mistura de áreas que reconheciam os Cagots tenha mais a ver com quais governos locais toleravam o preconceito e quais permitiam que os Cagots fossem uma parte normal da sociedade. Um estudo de médicos que examinaram os Cagots não os consideraram diferentes dos cidadãos comuns. Notavelmente, eles não sofriam de lepra ou qualquer outra doença que pudesse explicar sua exclusão da sociedade. Os parlamentos de Pau, Toulouse e Bordéus foram informados da situação e verbas foram destinadas para melhorar a situação dos Cagots, mas a população e as autoridades locais resistiram. 

Ao longo de muitos séculos, os Cagots na França e na Espanha estiveram sob a proteção e jurisdição da igreja. Os senhores Ursúa do município de Baztán defenderam o reconhecimento dos Cagots locais como residentes naturais de Baztán.  Também no século XVII, Jean-Baptiste Colbert libertou os Cagots na França de sua servidão às igrejas paroquiais e das restrições impostas a eles, embora na prática nada tenha mudado.

No século XVIII, os Cagots constituíam porções consideráveis ​​de vários assentamentos, como em Baigorri, onde os Cagots constituíam 10 % da população. 

Postal do século XIX "Une procession de cagots arrive sur les bords du Lapaca" ,

mostrando pés de gansos ou patos presos às suas roupas.

 O influente político Juan de Goyeneche  (nascido em Arizcun, valle del Baztán, Navarra en 1656) planejou e construiu a cidade industrial de Nuevo Baztán (em homenagem ao seu vale natal de Baztan, em Navarra, perto de Madrid. Ele trouxe muitos colonos Cagot para Nuevo Baztán, mas, depois de alguns anos, muitos retornaram a Navarra, insatisfeitos com suas condições de trabalho. 

O Parlamento de Bordéus instituiu uma multa de libras francesas para quem insultasse qualquer indivíduo como "supostos descendentes da raça Giezy, e os tratasse como agots, cagots, gahets ou ladres"; ordenando que fossem admitidos em assembleias gerais e particulares, em cargos municipais e honras da igreja, podendo mesmo ser colocados nas galerias e outros locais da referida igreja, onde seriam tratados e reconhecidos como os demais habitantes dos locais, sem qualquer distinção; bem como que os seus filhos fossem recebidos nas escolas e colégios das cidades, vilas e aldeias, e fossem admitidos em todas as instruções cristãs indiscriminadamente.

Durante a Revolução Francesa, foram tomadas medidas substanciais para acabar com a discriminação contra os Cagots. As autoridades revolucionárias afirmaram que os Cagots não eram diferentes dos outros cidadãos, e a discriminação de jure geralmente chegou ao fim. E embora o tratamento que recebiam tenha melhorado em comparação com os séculos anteriores, o preconceito local da população não-Cagot persistiu, embora a prática tenha começado a diminuir. Além disso, durante a revolução, os Cagots invadiram cartórios e queimaram certidões de nascimento numa tentativa de ocultar sua herança. Essas medidas não se mostraram eficazes, pois a população local ainda se lembrava. Canções rimadas mantiveram os nomes das famílias Cagot conhecidos. 

Kurt Tucholsky escreveu em seu livro sobre os Pirenéus em 1927 "Havia muitos no vale de Argelès, perto de Luchon e no distrito de Ariège. Hoje eles estão quase extintos, você tem que procurar muito se quiser vê-los". Exemplos de preconceito ainda ocorreram nos séculos XIX e XX, incluindo um escândalo na vila de Lescun, onde na década de 1950 uma mulher não-cagot casou-se com um homem cagot. 

Existiu uma comunidade Cagot distinta em Navarra até o início do século XX, sendo a pequena aldeia do norte chamada Arizkun em basco o último refúgio dessa segregação, onde a comunidade estava confinada ao bairro de Bozate. Entre 1915 e 1920 a família nobre Ursúa vendeu as terras que os Cagots cultivavam há séculos na área de Baztan, para as famílias Cagot. Sobrenomes de família na Espanha ainda associados a ancestrais Cagot incluem: Bidegain, Errotaberea, Zaldua, Maistruarena, Amorena e Santxotena . 

Os Cagots deixaram de formar uma classe social separada e foram em grande parte assimilados à população em geral. Muito pouco da cultura Cagot ainda existe, pois a maioria dos descendentes dos Cagots preferiu não ser conhecida como tal. 

Existem dois museus dedicados à história dos Cagots, um no bairro de Bozate, na cidade de Arizkun , Espanha, o Museo Etnográfico de los Agotes, inaugurado pelo escultor Cagot, Xabier Santxotena, e um museu no Château des Nestes em Arreau, França. 

Em 2021 e 2022 manifestantes antivacinação e passaportes antivacina na França começaram a usar o símbolo do pé de ganso vermelho que os Cagots foram obrigados a usar e distribuíram cartões explicando a discriminação contra eles. 

 Referências a Cagots, bem como a Cagots como personagens, apareceram em obras ao longo dos últimos milênios. Um dos primeiros exemplos é a lenda da batalha O Tributo das Três Vacas , onde se diz que o povo do Vale de Barétous, na França, era liderado por um Cagot com quatro orelhas. Referências a Cagots ocorrem com certa regularidade em obras literárias francesas, como na peça francesa, Le jugement dernier des rois, de Sylvain Maréchal (Filósofo francês, sec. XIX). Os súditos libertados dos reis da Europa criticam e insultam seus antigos governantes, afirmando que o rei espanhol tem "estupidez, cagotismo e despotismo impressos em seu rosto real". Múltiplas referências a Cagots apareceram nos poemas do poeta francês do século XIX, Édouard Pailleron. Vários viajantes dos Pirenéus, ao tomarem conhecimento e verem os Cagots, inspiraram-se a escrever sobre as suas condições, tanto em obras de ficção como de não ficção. Entre esses viajantes estava o autor e diplomata irlandês Thomas Colley Grattan (historiador e diplomata inglês, sec. XIX), cujo conto, A Cabana do Cagot, detalha a alteridade que ele percebeu nos Cagots durante as suas viagens pelos Pirenéus franceses, descrevendo muitas das características míticas que se tornaram folclore sobre a aparência dos Cagots. O poeta alemão Heinrich Heine (poeta alemão, sec. XIX) visitou a cidade de Cauterets no começo do século XIX, e tomou conhecimento dos Cagots e da discriminação que sofriam, o que posteriormente se tornou o tema do seu poema Canto XV em Atta Troll . Depois de viajar pelo sul de França, Elizabeth Gaskell publicou a sua obra de não ficção Uma Raça Amaldiçoada , detalhando a condição contemporânea dos Cagots. 

Mais recentemente, o diretor basco Iñaki Elizalde  lançou um filme em espanhol intitulado Baztan. O filme trata de um jovem que luta contra a discriminação que ele e sua família sofreram durante séculos por serem Cagots. Existem várias referências à história e à perseguição dos Cagots no romance Creation Lake de Rachel Kushner (escritora americana, atual)

Protruding badge on the facade indicating the dwelling of a Cagot in Langogne (Lozère). 
Marca de habitação de um Cagot, e uma casa, em França

 CONCLUSÕES

 Não parece difícil compararmos a vida dos Cagots/Agotes, ostracizados, maltratados, perseguidos durante muitos séculos e até agora, à perseguição aos judeus, cuja diáspora terá começado na Babilónia há uns 2.500 anos, e a toda a sua história, como a invasão romana em 70 dC, a expulsão da Espanha e Portugal no final do século XV, Judengasse, um gueto Judeu em Frankfurt em 1614, o progrom na Rússia no séc. XIX, o execrável holocausto nazi, ao uso de emblemas com a cruz de David, etc.

Os judeus sempre se mantiveram coesos agarrados à sua religião, guardando religiosamente a sua misteriosa Cabala cultos, que lhes valia serem durante séculos os únicos ou os melhores médicos e financeiros.

Pela descrição que acabamos de expor dos Cagots, ficámos a saber que há cerca de 1.500 anos grupos de hindus, começaram a sair do Noroeste da Índia, Punjab e Rajastan, atravessando a Pérsia e chegando à Europa por volta do ano 1100. Grandes artesãos. De madeira e pedra (basta ver alguns dos antigos palácios dos Marajás, para ver que teriam sido construídos por grandes mestres) e mais tarde também ótimos ferreiros, que lhes valeu a perseguição dos povos “invadidos”, resultado da sua incompetência e enorme inveja, a mais poderá característica dos humanos.

Segundo relatos da época, até medieval, “eram tanto eram loiros de olhos azuis como de pele escura”, o que é fácil de constatar que são iguais aos atuais indianos, pela milenar mistura de grupos humanos.

Também lhe chamavam Christianus uma vez que essa gente procurava integrar-se na religião do povo onde se instalavam para serem melhor recebidos, o que não evitou a segregação e perseguição, com brutalidade. Um ou outro que escreveu sobre os Cagots usaram gezitan ou Gésitains. Os ingleses chamaram-nos de gypsies porque imaginaram que aquele grupo teria vindo do Egito, mas bem mais para trás já chegaram com um nome grego medieval atsinganos, que significa "intocável" e se referia a uma seita de adivinhos de grandes pedreiros, carpinteiros, grandes músicos e as mulheres, as que liam a sina nas mãos, a que se chamava bruxaria!

Não parece haver dúvida que os ciganos, chamando-os de diversas formas ou estejam onde estiverem, em qualquer parte do mundo, são de origem indiana.

Infelizmente ainda sofrem volta e meia de racismo, uma doença que parece incurável na cabeça dos ignorantes e dos sempre invejosos, porque por trás desse racismo está a inveja.

Por inveja Caim matou Abel, Jacó passou a perna em Ezaú, José foi vendido para os egípcios... tudo, sempre, a mesma causa.

 14/11/25