quinta-feira, 12 de setembro de 2024

 

Escrito em Maio de 2004

 

O  HUMANO  E  O  DIVINO

 

Desde o princípio que há os que acreditam e os que se negam a acreditar. Através dos tempos sempre apareceram uns quantos, metidos a intelectuais, que punham em dúvida a simplicidade do Divino, chegando até a quererem, não a crerem, que no princípio não existira Verbo, mas... mas... o que, então?

Dizia-se que o comunismo ateu, quando, ferozmente, abria uma porta de argumentação contra a religião, encontrava pela frente outras duas portas, fechadas. Batalhava, argumentava, e por fim abria uma delas. À frente lá estavam mais duas, e assim sucessivamente, sem nunca conseguir abri-las todas e “cientificamente” provar algo que materializasse o Divino.

Como tudo isto começou? Ninguém sabe. O Universo, dizem, há uns 15 a 18 bilhões de anos e a Terra há 4 ou 5. Será? Lá vem a velha pergunta: e antes disso?

Houve muitos materialistas ou humanizadores, entre eles Renan com o seu livro “A vida de Cristo”. Surge agora um outro, já com milhões de exemplares vendidos que, romanceando, vai deixando nos leitores a impressão de que, há dois mil anos, pouco mais terá acontecido do que um simples “vento de verdade” e quase de demagogia!

Como vende fácil a falsidade, a maledicência, o obtuso! Como as pessoas gostam de se iludir, procurando resposta para aquilo que os seus corações já conhecem mas a sociedade teima em escarnecer! Porque pôr em dúvida a Verdade só porque é mais fácil jogar a primeira pedra do que lutar por essa mesma Verdade?

Tem “profissionais” da Igreja que a desacreditam. Tem, sim. Muitos, infelizmente. Mas esses são simplesmente homens, fracos como qualquer de nós, que melhor fariam se tivessem enveredado por qualquer outra profissão.

A verdade é que a Verdade não depende dos outros. Depende unicamente de cada um, do modo como olha para dentro de si e para os outros.

Alguns dos chamados intelectuais gostam, uns, de a pôr em dúvida, pretendendo até com argumentos chamados científicos, o que é por demais simples, negá-la, outros de jogar com a incredulidade popular e enriquecer, baralhando as idéias daqueles que se querem ver baralhados.

O cristianismo atravessa uma fase difícil. Saímos há muito da sua primeira etapa: a caridade. Foi preciso um ateu nos vir dizer que praticar a caridade é humilhar o seu semelhante. Contraria São Paulo, mas os tempos de hoje são outros. Vivemos um capitalismo selvagem em que se permite que alguns bilhões de seres humanos vivam na mais absoluta miséria, para a seguir lhes acenarmos com dádivas de sobras e os comprometermos com os nossos interesses político-econômicos. Vendemos-lhes armas para que pratiquem os genocídios que entenderem atrás de miragens de riquezas que sempre vão parar nas mãos dos gananciosos fabricantes de morte.

Publicamos livros sensacionalistas que pretendem negar o Divino, porque é isso que vende.

Permitimos que se minta, se roube, se mate, se matem até inocentes ainda no ventre das mães porque estas não perceberam ainda quanto de divino tem o ser-se Mãe.

Permitimos tudo isto, porque é mais cômodo e financeiramente mais rentável, e continuamos a não querer dar ouvidos àquilo que podia, se deixássemos, sair espontaneamente de dentro de nós: o culto da Verdade.

A Verdade que nos diz que somos todos irmãos, que podendo haver ricos e pobres nenhum irmão deve ou pode viver na miséria, que em vez de assistirmos aos permanentes e diários genocídios, devíamos andar sempre de bandeira branca nas mãos, que enfim devíamos ser inocentes de espírito como são as crianças, puras. Quem mais disse ou pratica isto?

Foi esta a mensagem que Alguém nos deixou, e que morreu para defender a Palavra da Sua Verdade.

Não bastasse a força desta mensagem há toda a história contada em quatro diferentes Evangelhos que só deixa dúvidas a quem não quer ver, e sobretudo não quer comprometer-se.

Alhear-se e negociar com a Verdade, é, infelizmente, humano. Comprometer-se até às últimas consequências, isso sim, também é Divino. Essa é a diferença.

 

Rio, 9-mai-04

Um comentário:

  1. Seguindo sempre e fielmente seu blog. Um abraço do chimango Ismaelino Valente.

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